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Novembro 2007 - Edição 284 - Cave

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Ano XLI - n0 <strong>284</strong> NO NO NOVEM NO NO VEM VEMBRO/<strong>2007</strong><br />

VEM <strong>2007</strong>


2 ducave<br />

O mês de novembro vem do latim<br />

novem (nove), do antigo calendário romano<br />

e é consagrado a Diana, Deusa<br />

Celestial, Lunar e Luminosa da Floresta.<br />

Diana, filha de Zeus e irmã gêmea de<br />

Apolo, deus solar. Ela pediu ao seu pai<br />

para viver em liberdade nos bosques que<br />

protegia, nadando e caçando. O culto da<br />

deusa Diana difundiu-se no mundo greco-romano<br />

e inspirou diversos artistas e<br />

me fez pensar sobre se seria coincidência<br />

ou não comemorarmos neste mês o<br />

dia da nossa Proclamação da República<br />

(15), da Bandeira (19) e da Consciência<br />

Negra (20). Acredito que a força dos<br />

deuses, no caso, da deusa, tenha motivado<br />

os homens a agirem, buscando assegurar<br />

sua cidadania e seus direitos.<br />

O Curso CAVE escolheu o mês de<br />

novembro para promover o seu primeiro<br />

supersimulado, possibilitando não só<br />

seus alunos, mas todos os interessados<br />

a treinar e se preparar melhor para o Vestibular<br />

2008 da UFJF ou para o ingresso<br />

seriado (PISM). Você não deve ter dúvida,<br />

se ainda não se inscreveu, faça-o<br />

já. É uma excelente oportunidade para<br />

Super Super-R Super -R -Recor -R ecor ecordação<br />

ecor dação<br />

Participando,<br />

você aumenta<br />

seu sucesso no<br />

VESTIBULAR 2008.<br />

INSCRIÇÕES<br />

até 9 de novembro<br />

É GRATUITO para os alunos<br />

que quitarem sua anuidade.<br />

Início:<br />

19 de novembro<br />

você se auto-avaliar e aproveitar a SU-<br />

PER-RECORDAÇÃO para sanar todas<br />

as dúvidas que ainda estão lhe incomodando.<br />

Lembre-se: seu objetivo maior é<br />

acertar o alvo: conquistar uma vaga no<br />

curso que você escolheu. E conte com a<br />

equipe CAVE para tal desempenho.<br />

Outro motivo de comemoração é a<br />

Missa em Ação de Graça pelo encerramento<br />

da terceira série do ensino médio,<br />

que será no dia 17, às 9h, na Catedral.<br />

Momento de alegria, por encerrar uma<br />

etapa e de tristeza, pois muitos dos alunos<br />

estão na Academia desde o maternal.<br />

Temos ainda que comemorar três<br />

grandes eventos que ocorreram: no dia<br />

29 de setembro, o X TORNEIO IN-<br />

TERNO. Sobre ele, acredito que a melhor<br />

declaração foi a do motorista de táxi<br />

que, ao me deixar na Sede Campestre<br />

do SESI, não resistiu e disse; “Se esses<br />

meninos e meninas jogam bem eu não<br />

sei, mas estes jovens felizes e com essas<br />

camisas coloridas, me comoveram<br />

muito. O CAVE está de parabéns.”<br />

No mês de outubro: o sucesso da palestra<br />

do professor Demétrio sobre PO-<br />

EXPEDIENTE<br />

Ano XLI - nº <strong>284</strong> - NOVEMBRO - <strong>2007</strong><br />

Raquel N. Carvalho: jornalista responsável. Reg. Profissional Mtb-MG 4230<br />

Nilcilea Peixoto: coordenação editorial<br />

Fernanda Nalon Sanglard: colaboradora<br />

Vitor Gonçalves: editoração eletrônica e<br />

arte final<br />

PULISMO lotou o Cine-Theatro Central,<br />

na noite do dia 23. Sob a organização<br />

e participação do Coordenador da<br />

área de Humanas e professor de Geografia<br />

do CAVE Marcus Siqueira Dutra.<br />

Na mesma noite, tivemos também a<br />

divulgação do resultado do 7º CONCUR-<br />

SO DUCAVE DE REDAÇÃO - em homenagem<br />

a Oscar Niemeyer, que em dezembro<br />

completa 100 anos. A primeira<br />

colocada foi Música Petrificada, de<br />

Bruno Carlos R. de O. Medeiros, aluno<br />

do Intensivo, a qual publicamos com as<br />

outras cinco vencedoras em um encarte<br />

desta edição. Parabéns a você, aos demais<br />

premiados, e os nossos agradecimentos<br />

a todos os alunos que entregaram<br />

seus textos e permitiram, assim, o<br />

sucesso de nossa iniciativa.<br />

Apresentamos ainda, nesta edição,<br />

uma entrevista inédita com o Reitor da<br />

UFJF, Prof. Henrique Duque, que esclarece<br />

sobre a importância da UFJF participar<br />

do REUNI.<br />

Um abraço<br />

Nilcilea Peixoto<br />

Professora de Português<br />

Celebração<br />

O CAVE-Academia conta com<br />

a sua presença na Missa em Ação<br />

de Graças pelo encerramento da<br />

3ª série, no dia 17 de novembro,<br />

às 9 horas, na Catedral Metropolitana<br />

de Juiz de Fora.<br />

Ana Maria da Silva: revisão<br />

Tiragem: 2.300 exemplares<br />

Impressão: CAVE Editora Ltda.<br />

O Ducave está na íntegra no site do CAVE na Internet<br />

http://www.cave.com.br/noticias/jornal/ducave.php<br />

Fale conosco: comunicacao@cave.com.br


ducave 3<br />

Com o intuito de motivar os estudantes<br />

para as provas do Programa de<br />

Ingresso Seletivo Misto (PISM) e Vestibular<br />

da Universidade Federal de Juiz<br />

de Fora (UFJF), o curso CAVE, em<br />

parceria com a Rádio Cidade JF e o<br />

Centro de Ensino Superior de Juiz de<br />

Fora (CES-JF), desenvolveu uma ação<br />

inovadora em Juiz de Fora: o Supersimulado,<br />

que acontecerá nos dias 10 e<br />

11 de novembro de <strong>2007</strong>. As inscrições<br />

já estão abertas e vão até 7 de<br />

novembro.<br />

O Supersimulado tem como objetivo<br />

simular parte dos processos de seleção<br />

da UFJF e segue os mesmos<br />

Populismo é tema de debate com Demétrio Magnoli<br />

CAVE enche o Cine-Theatro Central<br />

Aproximadamente 1.800 pessoas<br />

participaram da iniciativa do curso CAVE<br />

de promover uma discussão sobre “Populismo<br />

na América Latina”.<br />

O público, que lotou o Cine-Theatro<br />

Central na terça-feira, 23 de outubro,<br />

conferiu a palestra do jornalista e cientista<br />

social, Demétrio Magnoli, mediada<br />

pelos professores Marcus Vinicius Siqueira<br />

Dutra e Ana Maria Beraldo e pelo<br />

aluno da <strong>Cave</strong>me, José Marcelo.<br />

Magnoli abordou diversos temas e<br />

afirmou que o momento populista acabou,<br />

e, no caso do Brasil, não pode mais<br />

dar soluções para um país em que a maioria<br />

da população é urbana e a economia<br />

cresce, aproximadamente, 3% ou<br />

4% ao ano. “Não considero que Lula<br />

faça um governo populista”, afirma.<br />

Segundo ele, o estilo populista é diferente<br />

do regime ou governo populista.<br />

“É por isto que eu acho que o termo<br />

CAVE promove SUPERSIMULADO<br />

critérios estabelecidos pela instituição,<br />

além de servir como um termômetro<br />

para os estudantes que se preparam para<br />

disputar uma vaga em uma universidade.<br />

As inscrições são abertas ao público,<br />

mediante o investimento de cinco<br />

reais (R$5,00). Poderão participar das<br />

provas do PISM I, os alunos regularmente<br />

matriculados na 1º série do Ensino<br />

Médio; para o PISM II, os da 2º<br />

série; para o PISM III, os da 3º série; e<br />

para o Vestibular, alunos matriculados<br />

na 3º série ou que já tenham concluído<br />

o Ensino Médio.<br />

Os primeiros colocados de cada modalidade<br />

receberão como prêmio com-<br />

populismo não pode ser usado hoje em<br />

dia a torto e direito. Você pode dizer que<br />

o Lula usa o estilo populista, assim como<br />

o Collor utilizou, mas Lula e Collor são<br />

muito diferentes”.<br />

O governo de Hugo Chávez e o de<br />

Evo Morales também foram analisados<br />

durante a palestra e Magnoli criticou a<br />

utilização do termo neo-populismo pela<br />

mídia.<br />

O debate, que durou, aproximadamente,<br />

duas horas, agradou tanto aos<br />

alunos do curso, que permaneceram<br />

no Central até o último momento e<br />

aplaudiram com entusiasmo, quanto<br />

aos professores e funcionários que<br />

compareceram, prestigiando ainda<br />

mais o evento. De acordo com o professor<br />

de geografia e organizador da<br />

palestra, Marcus Vinicius Siqueira Dutra,<br />

o debate teve como intuito provocar<br />

os alunos a participarem de uma<br />

Mediadores e convidado debatem o tema<br />

putador, ipod e celular com câmera, respectivamente.<br />

Ao total, serão 12 premiados.<br />

As inscrições serão feitas nas secretarias<br />

do CAVE, no micro-ônibus do programa<br />

e no site (neste último o valor é<br />

de R$7,00). O micro-ônibus visita locais<br />

estratégicos de Juiz de Fora e cidades<br />

da região para realizar as inscrições,<br />

divulgar o supersimulado e o curso CAVE<br />

e promover um Quiz com os estudantes.<br />

Além disto, haverá distribuição de<br />

brindes e esclarecimento de dúvidas. O<br />

edital do Supersimulado e outras informações<br />

podem ser consultados no site<br />

do CAVE, www.cave.com.br.<br />

avaliação crítica<br />

do comando<br />

político latino-americano,<br />

através de<br />

uma ação interdisciplinar.<br />

Magnoli<br />

também se de-<br />

monstrou satisfeito com a realização e<br />

afirmou que a iniciativa é interessante<br />

por proporcionar uma discussão ampla<br />

sobre o tema, “nós discutimos a realidade<br />

política da América Latina e procuramoscontribuir<br />

com a<br />

formação<br />

geral dos<br />

alunos.<br />

Não se trata<br />

apenas<br />

de entrar<br />

na faculda-<br />

Diretor Editorial do jornal<br />

Mundo, Demétrio Magnoli<br />

Professores prestigiam o evento<br />

de, mas de compreender o mundo à nossa<br />

volta”, concluiu.<br />

Antes da Palestra, foi realizada a solenidade<br />

de premiação do 7º Concurso<br />

ducave de Redação. Os seis primeiros<br />

colocados foram: Bruno Carlos Medeiros,<br />

Thiago Abrantes de Oliveira, Maria<br />

Alice Freitas Costa, Rafael Dias<br />

Moura, Lucas Lisboa Peths e Marina<br />

Lima Morais.


4<br />

Reuni<br />

Polêmica chega ao fim e UFJF aprova a adesão<br />

Após diversas reuniões e protestos<br />

por parte dos estudantes da Universidade<br />

Federal de Juiz de Fora<br />

(UFJF), o Conselho Universitário<br />

(Consu) aprovou, na quinta-feira, 25<br />

de outubro, na assembléia realizada<br />

no prédio do MAMM, a adesão ao<br />

Programa de Expansão e Reestruturação<br />

das Universidades (Reuni). Na<br />

ocasião, o MAMM foi cercado por<br />

policiais militares, necessidade justificada<br />

pela reitoria como forma de<br />

proteger a integridade física dos participantes<br />

e do patrimônio, já que as<br />

reuniões anteriores foram impedidas<br />

por um grupo de alunos. Com a aprovação<br />

pelo Consu, por 30 votos contra<br />

quatro e quatro abstenções, a proposta<br />

foi encaminhada ao Ministério<br />

da Educação (MEC), que fará a<br />

avaliação final. Caso o projeto seja<br />

aceito, a Universidade começa em<br />

2009 a implementação das mudanças.<br />

A UFJF foi a 18ª instituição a<br />

aprovar a adesão.<br />

A discussão sobre o Reuni na<br />

UFJF é de longa data e o ápice da<br />

questão se deu quando os integrantes<br />

do Diretório Central dos Estudantes<br />

(DCE) invadiram, no dia 21<br />

de junho, o prédio da reitoria e permaneceram<br />

lá por oito dias como<br />

forma de protestar e de reivindicar,<br />

dentre outras coisas, um plebiscito<br />

para votar o Reuni e a construção<br />

de um novo Restaurante Universitário<br />

(RU). Após a invasão, Reitoria<br />

e DCE entraram num consenso<br />

sobre alguns temas (como a ampliação<br />

do RU), mas o Consu não discutiu,<br />

na época, a viabilidade do<br />

plebiscito como era esperado pelo<br />

DCE, por considerar uma atitude<br />

precipitada e por já ter aceito a proposta<br />

da Apes de realizar uma ampla<br />

consulta sobre o Reuni com os<br />

três segmentos da Universidade.<br />

No entanto, o presidente da Apes,<br />

Marcos Freitas, considera que esta<br />

ampla consulta não foi realizada.<br />

Segundo ele, o que houve foram al-<br />

gumas discussões e a criação de uma<br />

comissão para avaliar e reunir as<br />

propostas, mas sem muito aprofundamento.<br />

O reitor da UFJF, professor<br />

Henrique Duque, discorda e garante<br />

que basta rever os últimos seis<br />

meses para avaliar como a Universidade<br />

se esforçou para divulgar o<br />

projeto. Relembrou também a campanha<br />

nacional e a grande divulgação<br />

na imprensa. “A própria Apes<br />

participou de discussões e debates,<br />

inclusive internamente, de acordo<br />

com o seu ponto de vista, que é contra.<br />

A proposta também foi discutida<br />

por cada instituto e a comissão formatou<br />

os ideais propostos”, ressalta<br />

o reitor.<br />

De acordo com a UFJF as principais<br />

mudanças provocadas pelo<br />

Reuni no período de 2008 a 2012<br />

serão:<br />

- 8.529 novas matrículas.<br />

- Os ingressos anuais passam de<br />

2.115 (número atual) para<br />

3.790.<br />

- Admissão de 241 novos professores,<br />

com média de 50<br />

professores por ano.<br />

- O número de matrículas nos<br />

cursos de mestrado e doutora-<br />

O Programa de Apoio a Planos de<br />

Reestruturação e Expansão das Universidades<br />

Federais (Reuni) foi estabelecido<br />

pelo Decreto Nº 6.096, de<br />

24 de abril de <strong>2007</strong>, sendo parte integrante<br />

de um conjunto de ações do<br />

Governo Federal no Plano de Desenvolvimento<br />

da Educação, do Ministério<br />

da Educação.<br />

REPASSE DE RECURSOS<br />

PROGRAMADOS:<br />

2008 5.373 milhões<br />

2009 14.429 milhões<br />

2010 14.429 milhões<br />

2011 14.429 milhões<br />

2012 Não há repasse previsto<br />

do sobe de 600 para 1.350.<br />

- Criação de 11 cursos de mestrado.<br />

- Criação de 160 novas bolsas<br />

de mestrado.<br />

- Aumento de 50% de cursos de<br />

doutorado oferecidos.<br />

- Criação de 70 novas bolsas de<br />

doutorado.<br />

Uma das grandes novidades e,<br />

talvez, a mais polêmica, seja a criação<br />

dos bacharelados interdisciplinares<br />

de ciências, artes e humanidades.<br />

Esses bacharelados são<br />

cursos de graduação, com duração<br />

de três anos, que oferecem maior<br />

mobilidade e liberdade para o estudante<br />

escolher sua própria base<br />

de matérias a serem cursadas. Eles<br />

serão instituídos como primeira<br />

etapa de formação universitária e<br />

vão anteceder a formação profissional<br />

oferecida nos cursos de graduação<br />

acadêmicos. A UFJF vai assegurar<br />

que após a conclusão do<br />

bacharelado interdisciplinar o estudante<br />

se matricule na segunda etapa<br />

de formação acadêmica e profissional.<br />

Veja no box abaixo alguns detalhes<br />

sobre o Reuni.<br />

Objetivos do Reuni:<br />

- expandir o número de vagas.<br />

- atingir média de 18 alunos por<br />

professor.<br />

- atingir 90% de taxa de<br />

conclusão de curso.<br />

- reduzir a evasão e ocupar<br />

vagas ociosas.<br />

- ampliar a mobilidade<br />

estudantil.<br />

As verbas destinadas ao Programa<br />

devem ser utilizadas com:<br />

- construção e adequação de<br />

infra-estrutura e<br />

equipamentos.<br />

- bens e serviços necessários<br />

ao funcionamento dos novos<br />

cursos.<br />

- despesas de custeio e pessoal<br />

associadas à expansão.<br />

ducav


cave<br />

Entrevista exclusiva com o Reitor Henrique Duque<br />

Em entrevista exclusiva ao<br />

ducave, o reitor da UFJF, Henrique<br />

Duque, esclareceu detalhes do Reuni<br />

e disse que “o Programa vai marcar<br />

uma página na história da Universidade<br />

e tanto os problemas que<br />

ocorreram quanto os que ainda estão<br />

por vir e as melhorias que também<br />

vão acontecer, fazem parte de<br />

toda mudança” e, revelou-se esperançoso<br />

com o processo de implantação<br />

que se inicia em 2009.<br />

ducave - Além do aumento de<br />

verbas, vagas, de contratação de<br />

professores e funcionários, que fatores,<br />

principalmente pedagógicos,<br />

serão modificados com a implementação<br />

do Reuni?<br />

Henrique Duque - Temos que separar<br />

em dois os fatores pedagógicos.<br />

Primeiro, é que os cursos já existentes<br />

não serão alterados, mesmo os que<br />

aderiram ao Reuni. Em alguns, haverá<br />

um acréscimo no número de alunos,<br />

mas não vai haver mudança pedagógica<br />

ou de grade curricular. No<br />

curso de Medicina, por exemplo, as<br />

vagas serão aumentadas em praticamente<br />

10%, mantendo a mesma grade<br />

curricular. Já o segundo fator refere-se<br />

aos novos cursos e bacharelados<br />

interdisciplinares. Assim que<br />

aprovados, eles passarão pelos conselhos<br />

próprios de cada unidade, a<br />

exemplo do que já acontece nos outros<br />

cursos. Estes colegiados é que<br />

irão decidir como será o conteúdo e<br />

esta nova forma pedagógica.<br />

ducave - A UFJF foi considerada<br />

a terceira melhor Universidade<br />

do país pelo Enade. Que fatores o<br />

senhor acredita que a levaram a<br />

esta posição?<br />

Henrique Duque - São fatores diversos,<br />

mas o humano é o principal.<br />

Professores altamente qualificados,<br />

funcionários técnico-administrativos<br />

em educação com ótima qualificação<br />

e, sem dúvida, a qualidade dos alunos<br />

muito contribuiu para sermos a<br />

terceira melhor do país.<br />

ducave - Que fatores negativos<br />

ainda presentes poderão ser contornados<br />

a partir do Reuni?<br />

Henrique Duque - Melhoria na<br />

infra-estrutura, o aumento de professores<br />

e de funcionários, são algumas<br />

soluções para estes problemas.<br />

E além do Reuni, a gente tem<br />

uma esperança de que o governo resolva<br />

os problemas de carência das<br />

Universidades, as lacunas que não<br />

serão preenchidas pelo Reuni, como<br />

as aposentadorias, falecimento de<br />

alguns servidores que não foram<br />

substituídos. Precisamos que isto<br />

seja sanado. Esperamos que até o<br />

fim do ano saiam oitenta vagas pagas<br />

para conscursos de servidores<br />

técnicos-administrativos, fora o<br />

Reuni. Temos uma deficiência de<br />

269 servidores sem contar os que o<br />

Hospital Universitário precisa. Com<br />

essa liberação, passamos a ter grande<br />

esperança em relação ao nosso<br />

setor hospitalar, no caso, o HU. Pois<br />

a contratação de terceirizados causam<br />

um grande dano para o ensino<br />

e também para a pesquisa e extensão,<br />

uma vez que estas verbas poderiam<br />

ser empregadas em outras<br />

necessidades, e esta é uma situação<br />

que o governo está buscando solucionar.<br />

ducave - Por que há tanta resistência<br />

do DCE e da Apes em relação<br />

ao Reuni?<br />

5<br />

Henrique Duque - Estas são duas<br />

entidades que, pelo movimento nacional,<br />

têm feito este trabalho contra<br />

o Reuni não só em Juiz de Fora. A<br />

Apes que é vinculada à Andes, nossa<br />

entidade nacional, e o DCE, que<br />

é ligado politicamente ao PSTU, têm<br />

feito uma política nacional radical<br />

contra o Reuni.<br />

ducave - Alguma área será mais<br />

beneficiada com o Reuni, ou toda<br />

a Universidade vai receber de forma<br />

proporcional os benefícios?<br />

Quem entrou para participar do<br />

Reuni vai ser beneficiado, o dinheiro<br />

vem batizado para aquela finalidade.<br />

A administração superior deixou<br />

que o Reuni fosse construído de<br />

baixo para cima, ou seja, cada unidade<br />

e instituto discutiu internamente<br />

a forma de criar uma comissão que<br />

formatou as idéias. Estes projetos<br />

formatados, quando aceitos, serão<br />

beneficiados.<br />

ducave - As unidades que se demonstraram<br />

contra o Reuni no<br />

Consu serão de alguma forma prejudicadas<br />

após a implementação?<br />

Henrique Duque - Claro que não.<br />

A Universidade tem a obrigação de<br />

assistir e dar todo apoio a todas as<br />

unidades, inclusive as que não entraram<br />

no Reuni.<br />

Fernanda Nalon Sanglard<br />

Colaboradora ducave


6 ducave<br />

Resultado do 7º Concurso ducave de Redação<br />

O Concurso ducave de Redação teve como tema “A influência da arquitetura nos<br />

hábitos e costumes das pessoas”. Oscar Niemeyer, que completa 100 anos em dezembro,<br />

foi o homenageado. Confira os textos dos seis primeiros colocados.<br />

1º Lugar<br />

Música petrificada<br />

Diante dos olhares desatentos e<br />

exaustos, que viajam carregados pelos<br />

passos apressados pelo constante atraso;<br />

perdido por entre o ar impuro das<br />

grandes cidades, vive parte de uma história<br />

infinda; contada por tijolos, concreto<br />

e cimento, em capítulos que se renovam,<br />

se desmancham ou sobrevivem<br />

ao caminhar desesperado do tempo implacável.<br />

Alguns, singelos e modestos, porém<br />

belos e inseridos pela ação do tempo na<br />

história do espaço que ocupam: uma história<br />

presente na própria história, por<br />

vezes ignorada até mesmo pelos que com<br />

ela convivem. À beleza esquecida da<br />

natureza, junta-se a beleza da obra do<br />

homem. Nas curvas simplórias das capelas,<br />

o sinal da cruz quando os passos<br />

delas nos aproximam, mesmo que o rosto<br />

se esqueça de curvar-se de sua encantadora<br />

simplicidade; os aplausos de-<br />

2º Lugar<br />

“Mi casa. Su casa”<br />

A história da arquitetura<br />

é a história<br />

da humanidade. Durante<br />

todo o período<br />

em que o homem habita<br />

o planeta, tudo<br />

tem sido feito para<br />

deixar sua morada mais condizente com<br />

seu jeito de pensar, de sentir. E o lugar<br />

peculiar que a vida escolheu para prosperar<br />

oferece espaço de sobra para quase<br />

todas as idéias grandiloqüentes e surtos<br />

de (des)organização que possam despontar<br />

no horizonte das invenções. A co-<br />

dicados ao artista no palco, sem que ao<br />

menos parte deles um dia tenha sido em<br />

agradecimento ao trabalho dos homens<br />

que muito contribuíram para que mais<br />

um espetáculo encontrasse abrigo; as<br />

antigas moradas, destoantes por entre os<br />

edifícios, que guardam consigo parte de<br />

uma realidade que não mais existe...<br />

Como se em vão fosse perder-se por<br />

entre os próprios pensamentos e visões<br />

confusas, e a atenção voltar-se, ao menos<br />

por pequenos instantes, ao brincar<br />

mágico dos seres humanos que, na personificação<br />

de deuses, capazes são de<br />

imaginar e erguer uma arte única, de estilo,<br />

às vezes, constante em um espaço<br />

que se torna símbolo de uma terra, de<br />

uma cidade, a síntese de toda uma cultura.<br />

Mesmo que, às vezes, corriqueiros<br />

como os dias são, a beleza do simples<br />

se confunda com o familiar ou com o<br />

ainda desconhecido, e uma tímida feição<br />

de espanto tome conta da face dos<br />

seres, como quem descobre uma pungente<br />

e impressionante novidade; logo,<br />

entretanto, os rostos retornam à aflição<br />

e aos sorrisos fabricados, e o surpreendente<br />

torna-se, novamente, mais uma<br />

confusa visão. O que um dia fora belo,<br />

viraria mais uma passagem pelo tortuoso<br />

trajeto diário. O que um dia nem sequer<br />

tivera valor, há de permanecer na<br />

escuridão.<br />

Outros, suntuosos, atingíveis apenas<br />

no mundo dos sonhos, como quadros<br />

memoração do centenário de Oscar Niemeyer<br />

oferece um momento propício<br />

à reflexão acerca do relacionamento que<br />

estabelecemos com tudo aquilo que nos<br />

rodeia.<br />

É curioso o fato de que grande parte<br />

dos brasileiros associe Niemeyer ao planejamento<br />

e à “construção” de Brasília,<br />

a despeito de seus outros projetos. Mas<br />

em tempos de total incredulidade nas instituições<br />

e poderes que, daquela cidade,<br />

comandam o país, parece não haver uma<br />

disposição em dissociar a imagem “corrupta”<br />

da cidade de seu aspecto urbanístico.<br />

É quase como se ela tivesse sido<br />

planejada no The Sims e depois habita-<br />

de Monet, Michelangelo ou da Vinci deixam<br />

o papel e tornam-se palpáveis;<br />

transformados em alegoria de um povo.<br />

Como a Torre Eiffel, para os franceses;<br />

o Kremlin, para os russos; a Estátua da<br />

Liberdade, para os norte-americanos e<br />

o Taj Mahal, para os indianos. Uma imagem<br />

que se espalha, ilustra cartões postais,<br />

livros, filmes, programas de televisão<br />

e apresenta ao planeta um ingente<br />

espanto e curiosidade que ultrapassa as<br />

barreiras oceânicas.<br />

Encantados, como meros mortais que<br />

somos, buscamos a prova de que as imagens<br />

vistas é realidade. E tantas férias já<br />

foram e ainda são reservadas para esta<br />

busca. A arquitetura impulsiona o turismo,<br />

une os povos e suas diversas culturas<br />

e movimenta rendas, não apenas enquanto<br />

suas linhas são traçadas e construídas,<br />

mas enquanto sua existência é<br />

observada. Seja em nossa busca por um<br />

capítulo amarelado da história ou alguma<br />

página recém-escrita.<br />

Arquitetura é um misto de arte e<br />

mágica, de prosa e poesia. É a narração<br />

de uma história, uma anedota, a transmissão<br />

de um sentimento de alegria,<br />

amargura ou tristeza; lembrança viva de<br />

um tempo que, graças a ela, não se perdeu<br />

e há de perdurar com o passar das<br />

gerações. Como disse Goethe: “Arquitetura<br />

é música Petrificada”.<br />

Bruno Carlos R. de O. Medeiros<br />

da exclusivamente por políticos estilo<br />

“Lego”, altamente articulados. Muito se<br />

fala a respeito do projeto inicial da cidade,<br />

inspirado no desenho de um avião.<br />

E eis que pondero se os habitantes de<br />

Brasília se sentem realmente cidadãos<br />

ou meros passageiros que, tal qual numa<br />

aeronave, não escolhem as manobras do<br />

piloto. Talvez provenha daí o sentimento<br />

de que “criar” uma cidade seja algo<br />

superficial, visto que é um organismo<br />

vivo e em constante transfiguração.<br />

Entretanto, mais do que nas fachadas,<br />

o mundo acontece mesmo é nos<br />

interiores - os espaços privados provam,<br />

num nível mais restrito, interesses incu-


ducave 7<br />

tidos nas maneiras de se criar ambientes,<br />

usar cores e delimitar áreas. Da organização<br />

de mictórios e suas respectivas<br />

ocupações, que respeitam uma certa<br />

descontinuidade em prol da privacidade<br />

alheia, a detalhes como a altura da<br />

cadeira do chefe (ligeiramente mais alta),<br />

percebemos que tanto nos muros, cercas<br />

e outras formas de isolamento, quanto<br />

nos objetos e suas disposições, há uma<br />

representação de vontades moldadas deliberadamente.<br />

E questione-se sobre atitudes<br />

impensadas em locais muito formais,<br />

como igrejas e casas de conhecidos.<br />

A falta de noção de como se portar<br />

num meio acima de seu nível social.<br />

A lógica usada por certos estabelecimentos<br />

para “filtrar” os freqüentadores - processo<br />

perpetrado pelo próprio indivíduo,<br />

que sente sua inadequação ao local.<br />

As transformações realizadas ao longo<br />

dos séculos e que continuam a acontecer<br />

em ritmo frenético são uma exteriorização<br />

daquilo que se passa em nosso<br />

interior (e essa é uma via de mão du-<br />

3º Lugar<br />

A dinâmica espacial sob a<br />

perspectiva arquitetônica<br />

Para as ciências<br />

geográficas, o espaço<br />

é o ponto primitivo<br />

das proposições de<br />

estudo. A geografia<br />

nasce a partir da necessidade<br />

de elucidar<br />

as formas naturais e antropogênicas que<br />

compõem o delineado deste espaço, assim<br />

como as relações sociais que se processam<br />

neste cenário. Todavia, a progressiva<br />

transformação do espaço, fomentando<br />

a evolução da sociedade, exige<br />

uma sobreposição efetiva destas variáveis,<br />

desenvolvendo uma geografia<br />

hábil para interrelacionar o natural, o artificial<br />

e o social.<br />

A dinâmica espacial, que compreende<br />

uma correlação entre os fatores natural,<br />

artificial e a sociedade, em linhas<br />

gerais, pode ser entendida como a apropriação<br />

do espaço natural e, posteriormente,<br />

edificação de aspectos postiços<br />

imbuídos do trabalho humano. Entretanto,<br />

a introdução do ideário capitalista,<br />

em que “todo espaço é mercadoria”, vem<br />

maximizando as transformações das áreas<br />

virgens, que adquirem perfis bastante<br />

diferentes.<br />

Para que o vertiginoso crescimento<br />

populacional, ainda esperado pelo mun-<br />

pla). O movimento desordenado e desprovido<br />

de sentido - que se faz em direção<br />

a todo e a nenhum lugar, erigindo<br />

conceitos, demolindo edifícios, expandindo<br />

fronteiras e efetuando permutações<br />

- deve encontrar um convincente<br />

paralelo no funcionamento do cérebro<br />

humano, com suas ligações e impulsos<br />

nervosos. Destes movimentos, surgem<br />

cidades, países e afins. E neste frenesi<br />

de ocupação e mudança, não faltou quem<br />

tentasse, à sua maneira, racionalizar o<br />

processo todo, de forma a dar um rumo<br />

aos ímpetos habitacionais. Mas estas são<br />

tentativas com eficácia limitada, visto que<br />

o mundo é pródigo em abrigar dubiedades<br />

tão caras e, por vezes, indesejáveis<br />

à nossa existência.<br />

E vemos florescer a coexistência de<br />

situações, não exatamente antagônicas<br />

ou excludentes, mas que dizem muito a<br />

respeito da indubitável falta de controle<br />

que exercemos sobre o lugar em que<br />

moramos. É o caso de um país como a<br />

França, que tem em sua Torre Eiffel um<br />

do, decorrente principalmente dos grandes<br />

contingentes asiáticos, somados às<br />

intenções exploradoras da economia não<br />

denigram o meio ambiente, é necessário<br />

(re)pensar e aperfeiçoar o conhecimento<br />

pleno do espaço geográfico, propondo<br />

formas sustentáveis de habitação.<br />

Neste contexto, profissionais habilitados<br />

nas áreas de arquitetura e construção<br />

tornam-se funcionais, com o propósito<br />

de valorizar o território e promover<br />

uma apropriação segura, fundamentando-se<br />

no estudo inter-relacional<br />

do espaço. São eles os responsáveis pela<br />

infra-estrutura de um ambiente, apresentada<br />

na forma de obras de saneamento,<br />

habitação e transporte. Compete<br />

a estes profissionais, portanto, conciliar<br />

desenvolvimento com respeito ao<br />

meio ambiente.<br />

Contudo, a arquitetura não se restringe<br />

a edificar de forma sustentável, já<br />

que estão arraigados, nas grandes obras,<br />

fortes valores sociais. Por exemplo, numa<br />

mesma conurbação existe acentuada heterogeneidade<br />

estrutural, afigurando as<br />

diferenças de renda, a partir da segregação<br />

espacial, característica das sociedades<br />

estratificadas. Sendo assim, é possível<br />

afirmar que a arquitetura é um fator<br />

que expõe as diferenças sociais, uma vez<br />

que determina os moradores e freqüentadores<br />

de um espaço. Da mesma forma,<br />

sob uma ótica dialética, os próprios<br />

símbolo pungente de ostentação e, ao<br />

mesmo tempo, é o lugar de muçulmanos<br />

que não se sentem “em casa”. O<br />

que dizer, então, da representatividade<br />

da grande Muralha da (comunista) China,<br />

que traça uma semelhança com o<br />

sinuoso e incipiente processo de transformação<br />

do país em um império? E os<br />

limites pouco claros de territórios do Oriente<br />

Médio, que fazem proliferar países<br />

cujos nomes têm terminação “ão”, mas<br />

mentalmente “inha”? No passado recente,<br />

um muro que, simbolicamente,<br />

separou um país. E no Brasil? Um Rio<br />

de Janeiro dividido entre ricos e pobres<br />

amedrontados que, vivendo em favelas<br />

perigosíssimas, talvez nunca tiveram a<br />

chance de visitar o maior monumento<br />

da cidade, que agora não sabemos se<br />

abre os braços para receber ou para pedir<br />

trégua. Opostos que vivem num mesmo<br />

ponto. Um prato virado pra cima,<br />

outro pra baixo. (Valeu, Niemeyer).<br />

Thiago Abrantes de Oliveira<br />

habitantes e freqüentadores de um lugar<br />

determinam a sua arquitetura.<br />

Esta característica, sintomática em<br />

espaços relativamente menores, como as<br />

cidades, também é observada no panorama<br />

global. São nítidas as diferenças<br />

entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos,<br />

dado que são diferenças<br />

alarmantes no âmbito da infra-estrutura.<br />

É notória a desigualdade social existente<br />

entre os países da África sub-saariana<br />

e as grandes potências atuais, como<br />

Estados Unidos, França e Alemanha, da<br />

mesma forma como são antagônicos os<br />

perfis destes espaços, ratificando a célebre<br />

frase de Niemeyer: “A arquitetura<br />

serve somente aos mais poderosos; os<br />

mais pobres dela nada usufruem”.<br />

Sendo assim, é inegável a importância<br />

da arquitetura sobre toda a estrutura<br />

da sociedade, seja no plano físico ou no<br />

ideológico. O manuseio do espaço, a fim<br />

de prover condições à habitação, exige<br />

um processamento da natureza da área,<br />

fornecendo as condições preliminares<br />

para a criação artificial no espaço. No<br />

entanto, a estrutura física artificial do<br />

meio reflete ainda as idéias dos homens,<br />

sendo por isso, essenciais ao entendimento<br />

das culturas, além de denunciar a<br />

segregação social comum ao sistema capitalista.<br />

Maria Alice Freitas Costa


8 ducave<br />

4º Lugar<br />

De Hipódamo de Mileto<br />

a Oscar Niemeyer<br />

As primeiras grandes<br />

construções arquitetônicas<br />

erigidas pelo<br />

homem datam da préhistória.<br />

A chamada<br />

neolítica surge a partir<br />

do momento que o<br />

homem começa a trabalhar com a pedra,<br />

e faz de seu uso, um importante instrumento<br />

capaz de revolucionar a sua inserção<br />

no meio em que vive. As primeiras<br />

construções estavam intrinsecamente relacionadas<br />

com a idéia de abrigo, que é<br />

um elemento de caráter organizacional em<br />

grande parte das civilizações ocidentais, inclusive<br />

dos povos ameríndios.<br />

Com o desenvolvimento das civilizações<br />

e o aumento da população, a arquitetura<br />

assumiu um caráter bélico. Neste<br />

momento, surgem as primeiras cidades,<br />

que contavam com grandes muralhas para<br />

proteção. Outra característica notável é a<br />

concepção religiosa, em que a fusão do<br />

divino com o sobrenatural deu origem às<br />

construções que cultuavam os deuses das<br />

correntes politeístas da época, que possibilitavam<br />

que o poder divino se transfigurasse<br />

na forma de poder secular, o que<br />

contribuiu para a manutenção de dinastias<br />

e governos durante séculos.<br />

O grande desenvolvimento da arquitetura<br />

se deu na Antigüidade Clássica.<br />

Gregos e romanos transformaram a arquitetura<br />

em obras de arte, a partir do<br />

momento em que as cidades tornaramse<br />

a base destas civilizações, acompanhados<br />

do desenvolvimento da política e das<br />

relações sociais. A ágora grega, que era<br />

destinada para a realização de assembléi-<br />

5º Lugar<br />

Arquitetura e seu papel<br />

contraditório<br />

Arquitetura, mais<br />

do que arte, é ferramenta<br />

para a construção<br />

da igualdade e,<br />

por conseguinte, humanidade.<br />

É bem paradoxal<br />

pensar que<br />

algo tão concreto - com o perdão do trocadilho<br />

- seja, ao mesmo tempo, tão bonito,<br />

tão teórico e tão utópico, quando<br />

existe o interesse. É estranho pensar que<br />

a mesma coisa que constrói, também destrói,<br />

não apenas prédios, mas sonhos e<br />

as públicas, torna-se um símbolo da nova<br />

visão de mundo, incentivando debates<br />

entre cidadãos e oposição às ordens despóticas.<br />

O arquiteto grego Hipótamo de<br />

Mileto é considerado o primeiro urbanista<br />

da história, a partir de seu trabalho, o<br />

mistério-religioso transpôs as barreiras dos<br />

templos e tornou-se assunto dos cidadãos,<br />

sendo incorporado ao espaço público, sobretudo<br />

na acrópole.<br />

Na Idade Média, em virtude das invasões<br />

bárbaras, houve o recrudescimento<br />

das cidades e a ascensão da Igreja Católica.<br />

Passou a ser a igreja, a detentora do<br />

capital necessário para o desenvolvimento<br />

das grandes obras arquitetônicas, que<br />

submetiam a vontade humana aos desígnios<br />

divinos. A Igreja tornou-se assim, a<br />

grande instituição social da sociedade medieval,<br />

ditando as normas de conduta a<br />

partir da monopolização do poder divino,<br />

que mais tarde, foi contestada pelas<br />

religiões protestantes.<br />

Com o fim da Idade Média, a Europa<br />

mergulhou em um profundo processo<br />

de transformação com o surgimento<br />

dos Estados Nacionais, a Igreja começou<br />

a perder influência e o poder divino<br />

voltou a ser subjugado ao poder secular,<br />

sobretudo após a crise decorrente da<br />

Reforma Protestante. O Renascimento<br />

‘abriu’ a Idade Média ao criticar o teocentrismo<br />

e a guerra, impondo uma visão<br />

antropocêntrica, baseada no Classicismo<br />

(valorização dos valores da Antigüidade<br />

Clássica). Antigos tratados arquitetônicos<br />

são redescobertos, influenciando<br />

profundamente as novas construções<br />

com liberdade científica e avanços<br />

técnicos, que permitiram o advento<br />

de novas concepções.<br />

A partir da Revolução Industrial e dos<br />

ideais iluministas, o racionalismo e os<br />

direitos. Sem mais paradoxos, vamos aos<br />

fatos (concretos...).<br />

Muitas vezes, não percebemos a relação<br />

do meio em que vivemos com o<br />

nosso bem-estar, com a nossa vivência<br />

de um modo geral. A arquitetura está diretamente<br />

aplicada neste relacionamento,<br />

na medida em que influencia o comportamento<br />

de milhões de pessoas diariamente,<br />

seja na agilidade do mundo globalizado,<br />

seja na consciência da acessibilidade<br />

(que atualmente vem crescendo,<br />

mesmo que seja só por modismo e autopromoção).<br />

Os projetos arquitetônicos<br />

deixaram de ser apenas sinônimos de beleza<br />

e viraram sinônimos de necessidade,<br />

principalmente em centros urbanos de<br />

avanços tecnológicos passaram a nortear<br />

a sociedade do mundo contemporâneo.<br />

Em virtude dos paradoxos sócio-culturais<br />

gerados pelo conflito arcaico x moderno,<br />

a arquitetura assume um caráter duplo,<br />

tinha o papel de denunciar a degradação<br />

do homem e ao mesmo tempo, de denunciar<br />

as aspirações de uma burguesia<br />

em franca expansão. Surge, neste contexto<br />

conturbado, a imagem de Oscar<br />

Niemeyer, um jovem arquiteto que se<br />

sentia insatisfeito com a arquitetura que<br />

via nas ruas e acreditava que podia construir<br />

uma nova concepção estética, capaz<br />

de representar de maneira harmônica<br />

as facetas de uma sociedade multicultural<br />

regida pela nova ordem globalizada.<br />

Niemeyer era um menino na Revolução<br />

Russa, um jovem idealista durante a<br />

Segunda Guerra Mundial e enxergou com<br />

olhos críticos a Guerra Fria. Seguidor do<br />

Stalinismo, deu um caráter universalista<br />

para suas criações, que até nos dias atuais,<br />

são consideradas modernas e arrojadas.<br />

Considerado um dos nomes mais<br />

influentes na arquitetura moderna internacional,<br />

construiu, com concreto armado<br />

e sensibilidade, uma estética que se<br />

renova com o passar dos anos.<br />

Durante a história da humanidade, a<br />

arquitetura assumiu características peculiares<br />

em cada época, servindo de instrumento<br />

de manifestação do desenvolvimento<br />

humano ao longo do tempo.<br />

Desde a sua concretização e popularização<br />

por Hipódamo de Mileto na Grécia<br />

antiga, até os dias atuais, com o universalismo<br />

moderno de Oscar Niemeyer, a<br />

arte transpôs fronteiras e se transformou<br />

em um caráter peculiar e, ao mesmo tempo,<br />

homogeneizador de todos os povos<br />

do mundo.<br />

Rafael Dias Moura<br />

constante crescimento vertical.<br />

Pare e pense nestas situações: o que<br />

certa mudança do meio em que um cidadão<br />

de classe média traria como benefícios<br />

a ele? Talvez algumas facilidades a<br />

mais, como o ganho de tempo, a facilidade<br />

de locomoção e, principalmente, a qualidade<br />

de vida ligada ao menor stress e<br />

maior auto-estima. Boas mudanças, que<br />

irão modificar claramente a vida do cidadão,<br />

de uma forma geral, correto? Agora,<br />

analise a situação de quem necessita,<br />

mais do que qualquer pessoa, da arquitetura<br />

como forma de vivência: imaginese<br />

“na pele” de um cadeirante - andar<br />

pelas ruas se tornaria uma maratona; realizar<br />

tarefas simples, seria sinônimo de


ducave 39<br />

constrangimento. E o que a mudança do<br />

meio traria aos cadeirantes, de uma forma<br />

geral? Mais do que facilidade e conforto,<br />

traria de volta a própria condição<br />

de cidadão, a dignidade, correto?<br />

Os exemplos acima foram apenas algumas<br />

considerações sobre a influência<br />

da arquitetura, existindo ainda, diversas<br />

outras situações que poderiam ser citadas.<br />

Devemos, então, a par deste papel<br />

socializador e cumpridor de direitos, tratar<br />

a arquitetura de uma forma ampla,<br />

não levando em conta apenas os interesses<br />

pessoais. Ela deve ser considerada e<br />

utilizada como ferramenta de transformação<br />

social. O que pode significar pouco<br />

para alguns, pode ser muito para tantos<br />

outros. Várias obras arquitetônicas são<br />

6º Lugar<br />

Arquitetura: arte da<br />

humanidade há séculos<br />

Como afirma Antônio<br />

Candido em Literatura<br />

de Dois Gumes,<br />

a literatura é fruto<br />

dos aspectos históricos<br />

que permeiam a<br />

sociedade, bem como<br />

do aprimoramento estilístico dos escritores.<br />

A arquitetura é também uma arte, a<br />

de edificar e, portanto, é produto dos mesmos<br />

fatores sócio-políticos que a literatura.<br />

Assim, há uma influência recíproca<br />

entre arquitetura e sociedade que, por vezes,<br />

se confundem. É relevante entender<br />

como um conjunto de obras<br />

arquitetônicas expressa uma visão de<br />

mundo e como esta visão de mundo determina<br />

este conjunto.<br />

A arquitetura vem sendo desenvolvida<br />

para atender às necessidades práticas<br />

e culturais da população desde a Antigüidade.<br />

A grandiosidade das Pirâmides<br />

egípcias pode ser verificada ainda hoje<br />

nas proximidades do rio Nilo. Elas são<br />

grandes túmulos que guardam corpos mumificados<br />

e seus pertences, já que o povo<br />

egípcio acreditava na vida após a morte e<br />

no retorno do corpo.<br />

Os Zigurates mesopotâmicos, templos<br />

que podiam abrigar celeiros e oficinas,<br />

eram verdadeiras torres de observação<br />

dos céus e possibilitaram que esta civilização<br />

desenvolvesse princípios de astronomia<br />

e astrologia.<br />

O Partenon, construído em homenagem<br />

à Atena, deusa da sabedoria e protetora<br />

da cidade, filha de Zeus, edificado<br />

em Atenas, é um templo dórico que, atra-<br />

capazes de mudar, para melhor, a vida<br />

de inúmeros cidadãos, e não somente<br />

àquelas que envolvem quantias milionárias.<br />

A arquitetura, em contraponto à afirmação<br />

do saudoso Niemeyer, não é objeto<br />

somente para os ricos, tendo em vista<br />

este contexto.<br />

Niemeyer assumiu um papel contraditório<br />

quando fez tal afirmativa: disse que<br />

a arquitetura é privilégio dos ricos, mas<br />

parece ter ignorado suas próprias obras,<br />

que privilegiaram a população de baixa<br />

renda. Exemplo disso é o edifício Copam,<br />

que, na época de sua inauguração, teve<br />

os apartamentos vendidos por quantias<br />

consideravelmente baixas, em vista de sua<br />

atual valorização. O edifício abriga extremos,<br />

desde decoradores bem-sucedidos<br />

vés da simplicidade de seu capital e da<br />

proporção de suas colunas, enfatiza os<br />

valores gregos de equilíbrio e leveza.<br />

O Coliseu romano foi uma construção<br />

de extrema importância, onde ocorriam<br />

espetáculos característicos da política<br />

do “Pão e Circo”, com os quais a população<br />

se distraía e, desta forma, eram<br />

evitadas as rebeliões contra o César. Os<br />

aquedutos, estradas e pontes têm seu destaque,<br />

pois, tendo em vista a dimensão<br />

do império e a população de mais de um<br />

milhão de pessoas que habitou Roma,<br />

eram necessárias obras que pudessem<br />

garantir uma boa infra-estrutura.<br />

Durante a Alta Idade Média européia,<br />

a arquitetura refletiu a insegurança e a religiosidade<br />

do período. As principais construções<br />

foram as igrejas românicas: grandes<br />

edifícios, com grossas paredes, pequeno<br />

número de janelas e simplicidade ornamental.<br />

O interior delas era escuro e frio,<br />

dava a impressão de proteção e expressava<br />

uma perspectiva teológica: mais reflexão<br />

que ação, mais fé cega que razão, típicas<br />

da mentalidade agostiniana.<br />

Na Baixa Idade Média, ocorreu a crise<br />

feudal e o renascimento comercial, urbano<br />

e cultural europeu. Logo, as artes<br />

passaram a expressar outra visão de mundo,<br />

inclusive a arquitetura. Surgiu o estilo<br />

gótico, em oposição ao românico. As catedrais<br />

góticas tinham um aspecto de leveza,<br />

eram bem ornamentadas, verticalizadas,<br />

dotadas de altas torres que se projetavam<br />

em direção aos céus, imponentemente.<br />

As paredes eram menos espessas,<br />

havia grandes janelas cobertas por<br />

vitrais multicoloridas que permitiam a iluminação<br />

do interior das igrejas, as quais,<br />

se tornaram ambientes claros, motivadores<br />

da razão. Além de serem locais de<br />

até travestis, demonstrando, em parte, a<br />

auto-afirmação socialista do arquiteto. Por<br />

outro lado, como reforço à afirmativa de<br />

Niemeyer, existe a construção de Brasília,<br />

demonstrando o auge de sua contradição<br />

arquitetônica e partidária.<br />

Com tudo isto sendo relacionado, vemos<br />

que a possibilidade da mudança social<br />

através da arquitetura é plenamente<br />

possível, mas infelizmente, ela vai de encontro<br />

aos interesses de uma minoria privilegiada.<br />

A mudança chega em curtos<br />

passos. Para que ela se torne concreta,<br />

basta acabar com uma luta de classes<br />

milenar. Difícil, mas não impossível. Tomara<br />

que a mudança social não se torne<br />

de vez uma mera utopia...<br />

Lucas Lisboa Peths<br />

culto, elas passaram a abrigar assembléias<br />

civis e se tornaram verdadeiros centros<br />

de cultura e de arte do período.<br />

Atualmente, a sociedade é pragmática,<br />

busca produtividade, velocidade e,<br />

portanto, a arquitetura deve ser prática e<br />

funcional e deve aproveitar bem os espaços<br />

disponíveis, atuando como peça de<br />

marketing de empresas ou pessoas - deve<br />

transmitir a idéia, o estilo e os anseios de<br />

quem a utiliza. Como exemplo, há os<br />

modernos prédios de Brasília, projetados<br />

pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a pedido<br />

de Juscelino Kubitschek, cujo objetivo era<br />

constuir uma capital que transmitisse ao<br />

mundo a idéia de um novo Brasil, destinado<br />

ao crescimento econômico-industrial<br />

e ao progresso.<br />

O planejamento urbano e arquitetônico<br />

de uma cidade pode significar bemestar,<br />

segurança e equilíbrio para sua população.<br />

Esta ação deveria ser mais praticada<br />

no país, pois, junto com a população,<br />

crescem também os problemas urbanos,<br />

quando não são arquitetados locais<br />

adequados de moradia, lazer, etc.<br />

É importante frisar que não só os arquitetos<br />

são responsáveis pelo conjunto<br />

arquitetônico de um território, já que a<br />

arquitetura vai além de um diploma ou<br />

de um talento, dado que, para erguê-la,<br />

colaboram também trabalhadores de uma<br />

olaria, pedreiros, serventes, eletricistas,<br />

marceneiros, serralheiros, pintores, engenheiros,<br />

etc. Estes se empenham em pequenas<br />

atividades que, quando somadas,<br />

transformam-se em belas e indispensáveis<br />

construções que, juntamente com a<br />

pintura, escultura, música, dança, literatura,<br />

culinária, teatro e cinema representam<br />

a cultura e a identidade de um povo.<br />

Marina Lima Morais


10 ducave<br />

A história feita pelos vitoriosos nem<br />

sempre demonstra a realidade pois, na maioria<br />

das vezes, é baseada em apenas um<br />

lado o qual produz uma versão que aparece<br />

como verdade absoluta.<br />

O Brasil do pós-64<br />

demonstrou bem essa<br />

realidade. As forças que<br />

assumiram o poder controlaram<br />

os órgãos de<br />

informação e a mídia,<br />

reprimindo quem tivesse<br />

opinião contrária.<br />

Muitas vozes foram silenciadas,<br />

outras tiveram<br />

que se manifestar<br />

de longe, esperando<br />

muitos anos para voltarem<br />

e, assim, colocarem<br />

as suas versões dos fatos.<br />

Entre todos aqueles<br />

que foram perseguidos<br />

pela ditadura , um homem<br />

não pode voltar e<br />

ocupar o seu espaço que lhe foi tomado à<br />

força, num momento em que o país vivia<br />

a oportunidade de mudar. A política havia<br />

saído da exclusividade do parlamento e ganhado<br />

as ruas e, no dizer de Caio Navarro<br />

Toledo, “invadia as fábricas, o campo e os<br />

quartéis. Para os conservadores era tempo<br />

de subversão e caos social. Para outros,<br />

foi um tempo mais criativo e mais<br />

inteligente para o país”. Na condução do<br />

processo encontrava-se João Belchior<br />

Marques Goulart, vice de Jânio, que em<br />

viagem à China comunista foi pego de surpresa<br />

com a renúncia, e com o veto dos<br />

ministros militares à sua posse. Começava<br />

aí o calvário do estancieiro que chegara<br />

ao poder pela força do voto, ministro<br />

da fazenda de Getúlio Vargas, que havia<br />

concedido 100% de aumento no salário<br />

mínimo, e puxado para si todo o ódio dos<br />

setores conservadores e dos militares que<br />

o colocavam como comunista , ou de querer<br />

um golpe para implantar uma República<br />

Sindical nos moldes de Perón. Não<br />

chegaria ao fim do seu governo, derrotado<br />

pelas forças conservadoras e pelo capital<br />

externo, em nome da defesa da Constituição,<br />

da democracia. Na verdade, o que<br />

aconteceu foi uma agressão ao povo brasileiro,<br />

a crescente mobilização popular,<br />

e a democracia que tanto juravam defender.<br />

Mas quem foi Jango?<br />

Gaúcho de São Borja, não teve atuação<br />

política no tempo estudantil, e depois<br />

de concluído o curso de Direito foi cuidar<br />

dos negócios da família. Obteve sucesso<br />

como pecuarista e já tinha convívio<br />

com a família Vargas, o que só fez estreitar<br />

a relação com o líder gaúcho durante<br />

o seu exílio. Por recomendação de Var-<br />

Jango: Um presidente do Brasil !<br />

gas, ingressa no PTB, tornando-se articulador<br />

político, participando da campanha<br />

para presidente em 1950. Torna-se presidente<br />

do PTB e logo depois é eleito deputado<br />

federal. É nesse<br />

período que assume o<br />

papel de articulador político<br />

de Vargas, principalmente<br />

com relação<br />

aos trabalhadores, onde<br />

sobressai o seu carisma.<br />

Em 1953, assumiu o<br />

Ministério do Trabalho,<br />

na qual concedeu o aumento<br />

do salário mínimo<br />

que tanto estardalhaço<br />

causou, sendo acusado<br />

de chefiar os comunistas,<br />

entre outras alucinadas<br />

mentiras. Acabou<br />

afastado, retornando<br />

à câmara e às articulações<br />

políticas. Foi vicepresidente<br />

duas vezes,<br />

na chapa com Juscelino, e depois com Jânio.<br />

Como se vê não era um despreparado<br />

como acusavam os seus detratores. O que<br />

pesava era o ódio da UDN, dos setores<br />

conservadores e dos militares ao passado<br />

varguista que teimava em voltar na figura<br />

de Jango. Assumiu o país em meio à onda<br />

golpista, evitou o confronto e preferiu a<br />

conciliação aceitando a solução parlamentarista,<br />

para depois receber do povo o sim<br />

na volta ao presidencialismo e na restauração<br />

dos seus poderes como presidente<br />

da República.<br />

Enfrentou forte oposição, principalmente<br />

daqueles que visavam unicamente<br />

o poder, a cadeira de presidente, como<br />

Carlos Lacerda, Ademar de Barros , e até<br />

Juscelino Kubitschek que pensava em voltar<br />

ao cargo maior da nação. As acusações<br />

sobre Jango são variadas; para a direita era<br />

radical, comunista, para a esquerda, moderado<br />

demais, vacilante, para muitos estudiosos,<br />

abandonou o país e correu para<br />

o exílio, além de algumas idéias sobre um<br />

suposto golpe para fortalecer o seu poder.<br />

Nos dizeres de Raul Riff 1 “o governo<br />

Goulart teve virtudes que o arrastaram à<br />

queda, por intoleráveis aos olhos daqueles<br />

que não toleram ver o Brasil crescer e<br />

prosperar com independência”, ou, nas palavras<br />

de Darcy Ribeiro 2 , o golpe foi dado<br />

contra os acertos e não contra os erros”.<br />

Passado tanto tempo, dá para avaliar as<br />

virtudes e os erros, como diz João Pinheiro<br />

Neto 3 “a estratégia do governo estava<br />

certa. Sem a reformulação social, sem a<br />

liquidação de velhas estruturas, iríamos<br />

para o aviltamento econômico, para a destruição<br />

da classe média e a condenação<br />

definitiva à miséria das grandes massas<br />

tangidas pelo abandono e que hoje mais<br />

do que nunca procuram as luzes enganadoras<br />

das grandes cidades. Mas, se a estratégia<br />

era correta , o mesmo não se pode<br />

dizer da tática. Analisado agora, é fácil<br />

concluir que o Governo de João Goulart<br />

comprou briga demais, com gente forte<br />

demais. Como poderia ao mesmo tempo,<br />

ameaçar o latifúndio, acabar com o privilégio<br />

das refinarias particulares, ameaçar<br />

com a regulação da remessa de lucros para<br />

o exterior, acenar com a reforma urbana e<br />

discutir a nacionalização do sistema bancário,<br />

como poderia tudo isto ser feito ao<br />

mesmo tempo e em tão curto espaço de<br />

tempo?”<br />

O texto procurou mostrar um pouco<br />

de João Goulart, tão pouco discutido nos<br />

livros didáticos, quase nunca em provas de<br />

vestibulares, e quando apresentado, um<br />

presidente fraco, despreparado, sem visão.<br />

Em meio à turbulência que marcou a<br />

sua derradeira participação política, tomou<br />

as decisões que achava melhor, acertou<br />

e errou como qualquer ser humano,<br />

buscou a reforma agrária (era estancieiro),<br />

incomodou as elites, da qual fazia parte,<br />

e foi por isso tratado como traidor,<br />

buscou ampliar o acesso à universidade,<br />

direito de voto aos analfabetos e, por ter<br />

um passado ligado ao trabalhismo e a Vargas,<br />

foi abominado pelos conservadores.<br />

Não dá para dizer se as reformas de base<br />

seriam implementadas num país resistente<br />

a mudanças, se seria apenas uma jogada<br />

de poder, difícil dizer. Mas, se só as idéias<br />

já incomodaram, imagine a prática. É<br />

preciso sim resgatar a imagem de Jango,<br />

um presidente do Brasil, que foi brutalmente<br />

afastado do poder em nome de uma<br />

democracia que seria cerceada de 64 a 85,<br />

e que hoje convive com o pior dos congressos,<br />

que se proclama o defensor da<br />

sociedade brasileira. Denise Goulart, filha<br />

de Jango, afirma: “No caso do meu pai,<br />

a situação é dramática porque não teve a<br />

oportunidade que outros alcançaram - a de<br />

retomar seu espaço político, que lhe foi<br />

violentamente tomado. Vejo muitas rasuras<br />

em sua biografia feitas, seguramente,<br />

pelos seus adversários políticos, e considero<br />

um dever o de restabelecer para a história<br />

toda a verdade.” Termino o texto<br />

com essas palavras diante do agora, só resta<br />

dizer, ACORDA BRASIL !!!<br />

Luis Carlos Vianelli<br />

1 Raul Riff - Secretário de imprensa da Presidência<br />

da república de João Goulart<br />

2 Darcy Ribeiro - grande intelectual do nosso país,<br />

chefe da casa Civil do Governo João Goulart, um<br />

dos criadores da UNB<br />

3 João Pinheiro Netto - escritor, Ministro da<br />

Previdência do Governo João Goulart, Presidente<br />

da SUPRA (Superintendência da Reforma Agrária)


ducave 11<br />

E a humanidade continua pretendendo<br />

ser feliz. E realmente não há<br />

nada mais legítimo que isso. Só que<br />

para muitos vestibulandos a felicidade<br />

se esgota e se resume a um único fato:<br />

passar no vestibular. Grande engano.<br />

O que se celebra a cada tempo vivido<br />

é justamente o ter vivido e o estar vivendo.<br />

Porque outro grande equívoco<br />

é procurar a felicidade lá onde ela não<br />

está. Se no passado? Sinto muito já<br />

passou. Se no futuro? Sinto mais ainda:<br />

ele é uma incerteza...<br />

Recordo-me agora de uma mensagem<br />

tão divulgada na internet e até pelo Pedro<br />

Bial na TV, mas que se encaixa perfeitamente<br />

nos momentos de encerramento<br />

de um ciclo de nossas vidas. Aliás, a<br />

criação do texto se deu por ocasião de<br />

um discurso de formatura. Vamos a ele:<br />

Conselhos para a vida<br />

“Desfrute do poder e da beleza de<br />

sua juventude. Oh, esqueça. Você só<br />

vai compreender o poder e a beleza de<br />

sua juventude quando já tiverem desaparecido.<br />

Mas acredite em mim. Dentro<br />

de vinte anos você olhará suas fotos<br />

e compreenderá de um jeito que<br />

não pode compreender agora, quantas<br />

possibilidades se abriram para você e o<br />

quão fabuloso você era. Você não é tão<br />

gordo/a quanto você imagina.<br />

Não se preocupe com o futuro. Ou<br />

se preocupe, mas saiba que se preocupar<br />

é tão eficaz quanto tentar resolver<br />

uma equação de álgebra mascando chiclete.<br />

É quase certo que os problemas,<br />

que realmente têm importância em sua<br />

vida, são aqueles que nunca passaram<br />

pela sua mente, tipo aqueles que tomam<br />

conta da sua mente às 4 horas da<br />

tarde de uma terça-feira ociosa.<br />

Todos os dias faça alguma coisa que<br />

te assuste.<br />

Cante.<br />

Não trate os sentimentos alheios de<br />

forma irresponsável. Não tolere aqueles<br />

que agem de forma irresponsável<br />

em relação aos seus sentimentos.<br />

Relaxe.<br />

Não perca tempo com inveja. Às<br />

vezes você ganha, às vezes você perde.<br />

A corrida é longa, e no final, tem<br />

que contar só com você.<br />

Mais um ano finaliza...<br />

Lembre-se dos elogios que você recebe.<br />

Esqueça os insultos. (Se você<br />

conseguir fazer isso, me diga como.)<br />

Guarde suas cartas de amor. Jogue<br />

fora seus velhos extratos bancários.<br />

Estique-se.<br />

Não tenha sentimento de culpa por<br />

não saber o que você quer fazer da sua<br />

vida. As pessoas mais interessantes que<br />

eu conheço não tinham aos 22 anos,<br />

nenhuma idéia do que fariam na vida.<br />

Algumas das pessoas interessantes de<br />

40 anos que eu conheço ainda não sabem.<br />

Tome bastante cálcio. Seja gentil<br />

com seus joelhos. Você sentirá falta deles<br />

quando não funcionarem mais.<br />

Talvez você se case, talvez não. Talvez<br />

tenha filhos, talvez não. Talvez<br />

você se divorcie aos 40. Talvez você<br />

dance uma valsinha quando fizer 75<br />

anos de casamento. O que você fizer,<br />

não se orgulhe, nem se critique demais.<br />

Todas as suas escolhas tem 50% de<br />

chance de dar certo. Como as escolhas<br />

de todos os demais.<br />

Curta seu corpo da maneira que puder.<br />

Use-o de todas as formas que puder.<br />

Não tenha medo dele ou do que as<br />

outras pessoas pensam dele. Ele é o<br />

maior instrumento que você possuirá.<br />

Dance. Mesmo que o único lugar<br />

que você tenha para dançar seja sua<br />

sala de estar.<br />

Leia todas as indicações, mesmo<br />

que você não as siga.<br />

Não leia revistas de beleza. Elas só<br />

vão fazer você se sentir feio.<br />

Saiba entender seus pais. Você não<br />

sabe a falta que você vai sentir deles<br />

quando eles forem embora pra valer.<br />

Seja agradável com seus irmãos. Eles<br />

são seu melhor vínculo com o passado<br />

e aqueles que, no futuro, provavelmente<br />

nunca deixarão você na mão.<br />

Entenda que os amigos vão e vêm,<br />

mas que há um punhado deles, preciosos,<br />

que você tem que guardar com<br />

muito carinho. Trabalhe duro para<br />

transpor os obstáculos geográficos e os<br />

obstáculos da vida. Quanto mais você<br />

envelhecer, tanto mais vai precisar das<br />

pessoas que te conheceram quando<br />

você era jovem.<br />

More em New York City uma vez.<br />

Mas mude-se antes que ela te transforme<br />

em uma pessoa dura. More<br />

no Norte da Califórnia. Mas<br />

mude-se antes de se tornar uma<br />

pessoa muito mole.<br />

Viaje.<br />

Aceite algumas verdades eternas:<br />

os preços vão subir, os políticos<br />

são mulherengos e você<br />

também vai envelhecer. E quando<br />

você envelhecer, você fantasiará<br />

que, quando você era jovem,<br />

os preços eram razoáveis, os políticos<br />

eram nobres e as crianças respeitavam<br />

os mais velhos.<br />

Respeite as pessoas mais velhas.<br />

Não espere apoio de ninguém. Talvez<br />

você tenha um fundo de garantia.<br />

Talvez você tenha um cônjuge rico.<br />

Mas você nunca sabe quando um ou<br />

outro pode desaparecer.<br />

Não mexa muito em seu cabelo. Senão,<br />

quando tiver quarenta anos, vai ficar<br />

com a aparência de oitenta e cinco.<br />

Tenha cuidado com as pessoas que<br />

lhe dão conselhos, mas seja paciente<br />

com elas. Conselho é uma forma de<br />

nostalgia. Dar conselho é uma forma<br />

de resgatar o passado da lata do lixo,<br />

limpá-lo, esconder as partes feias e reciclá-lo<br />

por um preço muito maior do<br />

que realmente vale.”<br />

Para encerrar, queria dirigir-me especialmente<br />

aos alunos concluintes do<br />

Ensino Médio e parabenizá-los pela<br />

conquista, lembrando que a felicidade<br />

não é um estado final ao qual se chega<br />

e, depois disso, não há mais nada a fazer.<br />

O mesmo vale para o sucesso. Uma<br />

coisa é chegar lá, outra, diferente e mais<br />

trabalhosa, é preservar o que foi conquistado.<br />

Portanto, meus amigos, mãos<br />

a obra!<br />

Grande abraço,<br />

Eliana Balena


12<br />

ducave<br />

Solidariedade, animação e espírito esportivo. Esta foi a essência da décima<br />

edição dos Jogos Internos do CAVE. O evento, com caráter filantrópico, foi<br />

realizado no dia 29 de setembro, no Sesi Campestre. Lá, professores, funcionários,<br />

alunos e familiares tiveram a oportunidade de confraternizar, praticar<br />

esportes e torcer para os amigos durante todo o dia. Cerca de duas toneladas<br />

de alimentos e materiais de higiene foram arrecadados e doados ao Instituto<br />

de Difusão Espírita (IDE).<br />

As professoras Marta e Cláudia com as campeãs do<br />

futebol - 3TD<br />

Prof. Teixeira e os campeões do tênis<br />

de mesa - turma Zé da Luz<br />

Andrei Moreira - Campeão tênis de mesa<br />

individual<br />

Prof. Dão e seu filho Sandro foram<br />

os campeões da peteca<br />

Fernanda Nalon e os campeões do volêi<br />

Prof. Marcus Vinicius e o aluno Rodolfo<br />

Campeões do Futebol - CAVE Centro T4 Time de futebol dos professores<br />

Melhor uniforme - 3MG<br />

Psicóloga Eliana Balena e o campeão<br />

do arborismo, Custódio Lima - 3MG<br />

Prof. Dudu entre os campeões de truco<br />

- Alameda 3<br />

Nathália e Denise, alunas do CAVE Centro<br />

tarde, foram as vencedoras da peteca

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