Descarregar PDF - Jornal de Leiria
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Desporto<br />
“Batiam-nos à porta a dizer<br />
que o Marinhense <strong>de</strong>via”<br />
José Robalo O presi<strong>de</strong>nte do AC Marinhense fala das dívidas que herdou e<br />
aponta caminhos para o futuro do clube. Certo é que não se recandidatará<br />
Miguel Sampaio<br />
miguel.sampaio@jornal<strong>de</strong>leiria.pt<br />
❚Médico <strong>de</strong> profissão, José Robalo garante<br />
que está a fazer uma verda<strong>de</strong>ira<br />
cura às dívidas do Atlético Clube<br />
Marinhense. Pegou no clube num<br />
momento <strong>de</strong>licado, mas está aos<br />
poucos a erguê-lo. Acredita que a<br />
equipa sénior <strong>de</strong> futebol cair nos distritais<br />
é inevitável, numa altura em<br />
que os apoios são cada vez menores.<br />
Foi eleito há ano e meio e herdou uma<br />
dívida muito gran<strong>de</strong>. O problema<br />
está resolvido?<br />
Não. Conseguimos equilibrar as contas<br />
neste ano e meio <strong>de</strong> mandato. Tínhamos<br />
imensas dívidas e algumas<br />
mantêm-se, <strong>de</strong>verão rondar meta<strong>de</strong><br />
daquelas que recebemos.<br />
De quanto é que era a dívida?<br />
Não temos um valor, porque houve<br />
um altura em que nos batiam à porta<br />
todos os dias a dizer que o Marinhense<br />
<strong>de</strong>via dinheiro. As contas no<br />
banco estavam a vermelho, os cartões<br />
<strong>de</strong> créditos tinham saldos negativos<br />
<strong>de</strong> alguns milhares <strong>de</strong> euros, havia dívidas<br />
fiscais e à Segurança Social, e<br />
também a jogadores <strong>de</strong> há três ou<br />
quatro anos. Já <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tomarmos<br />
posse, um dos anteriores directores<br />
também disse que terá emprestado dinheiro<br />
em 2004 – e tudo indica que<br />
sim – e exigiu que se pagasse os 25 mil<br />
euros na altura.<br />
Qual é a situação actual?<br />
Neste momento, à Segurança Social<br />
não <strong>de</strong>vemos nada, o IVA está pago e<br />
o guarda do campo, que tinha quatro<br />
meses em atraso, neste momento<br />
tem só dois. Aos jogadores do actual<br />
plantel, os que ficaram e aceitaram jogar<br />
sem receber nada e tinham dívidas<br />
anteriores, <strong>de</strong>ve-se um terço do<br />
que se <strong>de</strong>via.<br />
Mas há jogadores que avançaram<br />
para tribunal para receber...<br />
Isso parou, porque baseiam-se num<br />
documento do anterior presi<strong>de</strong>nte a<br />
dizer que se <strong>de</strong>ve, mas esse documento<br />
tem <strong>de</strong> ter três assinaturas<br />
para ser válido. Os advogados estão a<br />
tratar disso. É evi<strong>de</strong>nte que têm <strong>de</strong> receber,<br />
mas é quando o clube tiver disponibilida<strong>de</strong>.<br />
Temos outras priorida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> pagamento: primeiro ao Estado,<br />
<strong>de</strong>pois à pessoa que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />
clube, que é a guarda do campo, em<br />
terceiro, aqueles que a custo zero – não<br />
pagámos or<strong>de</strong>nados a jogadores nestes<br />
dois anos - optaram por continuar<br />
a representar o Atlético Clube Marinhense.<br />
Depois virão os outros.<br />
Como está a questão dos terrenos<br />
da Portela?<br />
É uma situação que se arrasta há 15<br />
anos. Teve a ver com a venda inicial<br />
a um promotor imobiliário, que <strong>de</strong>u<br />
um cheque ao presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> então,<br />
Fernando Luís. Deveria ter sido <strong>de</strong>volvido,<br />
uma vez que o negócio não<br />
se efectuou. É uma questão que<br />
está em tribunal, não sei o que dali<br />
vai sair, mas não será bom para o Marinhense,<br />
com toda a certeza.<br />
Mais tar<strong>de</strong>. o terreno esteve vendido<br />
à E.LeClerc para a construção <strong>de</strong><br />
um hipermercado...<br />
Acabaram por <strong>de</strong>sistir. Depois, houve<br />
um grupo <strong>de</strong> sócios, com a aprovação<br />
da assembleia-geral e a custo<br />
Em <strong>de</strong>staque<br />
Muito<br />
provavelmente<br />
o saneamento<br />
financeiro<br />
completo passará<br />
pela alienação da<br />
se<strong>de</strong>, se os sócios<br />
assim o<br />
enten<strong>de</strong>rem<br />
zero para o clube, que <strong>de</strong>cidiu pôr<br />
em tribunal o E.LeClerc, o anterior<br />
presi<strong>de</strong>nte [Hél<strong>de</strong>r Fernan<strong>de</strong>s] e<br />
mais dois directores, porque a cláusula<br />
<strong>de</strong> incumprimento do contrato<br />
era <strong>de</strong> 1,4 milhões <strong>de</strong> euros e eles<br />
aceitaram 800 mil euros. Questionam<br />
a legitimida<strong>de</strong> que a anterior direcção<br />
tinha em fazer o Marinhense<br />
per<strong>de</strong>r 600 mil euros.<br />
Nesse terreno colocaram um sintético,<br />
bastante polémico, por sinal...<br />
Não fizemos acordo com a SAD da<br />
União <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> nem com a empresa.<br />
A Câmara perguntou se estávamos<br />
interessados e se preparávamos o<br />
terreno. Dissemos que sim e a obra<br />
avançou. O problema <strong>de</strong> o sintético<br />
ainda não ter sido pago por quem <strong>de</strong><br />
direito é que não temos o certificado,<br />
o que impe<strong>de</strong> a realização dos jogos<br />
das competições nacionais. As<br />
obras que eram da nossa responsabilida<strong>de</strong><br />
estão todas pagas, não <strong>de</strong>vemos<br />
um tostão a ninguém.<br />
Como é que o Marinhense enfrenta<br />
a crise?<br />
É muito difícil, mas não será só para<br />
o Marinhense. Cada vez os apoios<br />
são menores. Houve alturas em que<br />
havia alguns benefícios para as empresas<br />
que subsidiavam os clubes,<br />
mas terminaram. Ainda por cima, actualmente<br />
as empresas trabalham<br />
com margens <strong>de</strong> lucro reduzidas.<br />
Depen<strong>de</strong>m, então, dos apoios da<br />
autarquia?<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 24 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2013 31<br />
RICARDO GRAÇA<br />
Sem esses apoios é impossível resistir.<br />
Apesar <strong>de</strong> pouco, é fundamental<br />
para a sobrevivência dos<br />
clubes. No dia em que a câmara<br />
cortar - e está no direito <strong>de</strong> o fazer -<br />
não sei como é que os clubes vão sobreviver.<br />
Principalmente o futebol<br />
sénior, porque na formação é possível<br />
aplicar o conceito <strong>de</strong> utilizador<br />
pagador. É isso que estamos a implementar,<br />
com alguma dificulda<strong>de</strong>,<br />
porque muitos pais estão <strong>de</strong>sempregados.<br />
Com a reformulação dos campeonatos<br />
é muito provável que o Marinhense<br />
caia nos distritais. Incomoda-o?<br />
Não. Nos tempos que correm, sem<br />
apoios financeiros, estar na 2.ª Divisão<br />
po<strong>de</strong>ria ser uma catástrofe.<br />
Basta ver quanto custaria uma <strong>de</strong>slocação<br />
a Castelo Branco. É irrealista,<br />
a não ser que haja um gran<strong>de</strong> suporte.<br />
Se calhar a Marinha Gran<strong>de</strong><br />
até tem condições, mas não está<br />
vocacionada para isso. São muitos<br />
clubes, muitas associações...<br />
Vai recandidatar-se em Maio?<br />
Não. Estarei disponível para ajudar,<br />
não me importarei <strong>de</strong> fazer parte <strong>de</strong><br />
uma comissão para os melhoramentos<br />
na Portela, mas da direcção<br />
não farei parte <strong>de</strong> certeza. Foram<br />
dois anos muito intensos e cansativos.<br />
Mas o Marinhense tem outras<br />
pessoas, mais dinâmicas e outros conhecimentos.<br />
Atletismo<br />
Vidigalense<br />
soma pódios<br />
no Nacional<br />
<strong>de</strong> juniores<br />
❚ A equipa masculina da Juventu<strong>de</strong><br />
Vidigalense (JV) repetiu o segundo<br />
lugar alcançado no ano passado<br />
no Campeonato Nacional <strong>de</strong><br />
Juniores em pista coberta, que se<br />
realizou no passado fim-<strong>de</strong>semana,<br />
em Pombal. O clube <strong>de</strong><br />
<strong>Leiria</strong> foi apenas superado pelo<br />
Benfica, que tem dominado nestes<br />
últimos anos esta competição. De<br />
resto, o emblema <strong>de</strong> Lisboa também<br />
venceu a competição feminina,<br />
na qual a JV foi terceiro classificada,<br />
um lugar abaixo do conseguido<br />
em 2012. Ricardo Men<strong>de</strong>s no<br />
triplo-salto (14,42 metros), Juliana<br />
Pereira no peso (12,02 metros) e Tatiana<br />
Rosário nos 200 metros (25.20<br />
segundos e novo recor<strong>de</strong> distrital)<br />
conquistaram os títulos individuais<br />
para a JV, que ainda somou<br />
sete medalhas individuais <strong>de</strong> prata<br />
e uma <strong>de</strong> bronze. Por sua vez,<br />
Ana Oliveira, do Grupo <strong>de</strong> Atletismo<br />
<strong>de</strong> Fátima, sagrou-se campeã<br />
nacional do salto em altura, com<br />
1,72 metros, recor<strong>de</strong> absoluto <strong>de</strong><br />
Santarém. No próximo fim-<strong>de</strong>semana,<br />
Pombal recebe o apuramento<br />
para o Nacional <strong>de</strong> clubes.<br />
Cross country<br />
Olímpico David<br />
Rosa muda-se<br />
para o Team<br />
MoveFree<br />
❚ O tricampeão nacional <strong>de</strong> cross<br />
country assinou um contrato <strong>de</strong><br />
quatro anos com o Team MoveFree<br />
e vai, já este ano, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> pedalar<br />
numa Focus trocando <strong>de</strong> bicicletas,<br />
e equipamento, para a Scott. David<br />
Rosa, <strong>de</strong> Fátima, 23.º nos Jogos <strong>de</strong><br />
Londres, consegue assim condições<br />
para abraçar o projecto olímpico<br />
com vista uma nova participação<br />
mais mais mediática competição<br />
do Mundo, <strong>de</strong>sta feita no<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 2016. “É, para<br />
mim, um orgulho po<strong>de</strong>r contar<br />
com a MoveFree e os meus outros<br />
parceiros como um apoio para tentar<br />
conseguir atingir os meus objectivos<br />
na modalida<strong>de</strong>, conseguirmos<br />
mais notorieda<strong>de</strong> para o<br />
nosso <strong>de</strong>sporto e uma maior presença<br />
do nosso país nas competições<br />
internacionais”, referiu David<br />
Rosa durante a assinatura do contrato.<br />
O atleta vai elegeu para os<br />
treinos e competição a Scott Scale<br />
RC900, a Scale 910 e ainda a Foil,<br />
para a parte <strong>de</strong> estrada.