Descarregar PDF - Jornal de Leiria
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Opinião<br />
Criminosos… Dizem eles.<br />
Criminosos…Dizemos nós<br />
António<br />
Soares<br />
Viva!<br />
OEstado Social está a acabar. Não por outra,<br />
que, pela simples razão, que o socialismo<br />
sempre acaba, quando acaba o dinheiro<br />
dos outros. Para escon<strong>de</strong>r a vergonha, os<br />
comunistas, encerraram fronteiras, levantaram<br />
muros, bloquearam as comunicações, colocaram<br />
pais, filhos, vizinhos, em vigia mutua,<br />
exterminaram 80 e 100 milhões dos seus próprios<br />
cidadãos e, mesmo assim, caíram <strong>de</strong> podres. Quem<br />
os ouve hoje e não conhece a história, po<strong>de</strong> até<br />
confundi-los com paladinos da liberda<strong>de</strong>. Só quem<br />
não queria, não via que Portugal, há muito, estava<br />
em rota <strong>de</strong> colisão com um asteroi<strong>de</strong>, chamado,<br />
abismo. Deslumbrados pelo po<strong>de</strong>r, que a todo o<br />
custo era mister obter, os políticos andaram a<br />
ven<strong>de</strong>r a banha da cobra, prometendo o que não<br />
tinham. Em vez <strong>de</strong> aguardarem pacientemente um<br />
ovo, cada dia, acharam que a solução seria abrir a<br />
galinha. Durante décadas as farmácias foram uma<br />
activida<strong>de</strong> produtiva e rentável. Hoje, meia dúzia<br />
<strong>de</strong> anos volvidos sobre a perseguição política que<br />
sobre elas se abateu, <strong>de</strong>zenas faliram e centenas<br />
estão à beira disso. Centros históricos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s<br />
como Lisboa e <strong>Leiria</strong>, fervilhavam <strong>de</strong> vida,<br />
activida<strong>de</strong> comercial, cultural, serviços, lazer. Nas<br />
últimas décadas, os políticos, passaram a perseguir<br />
tudo o que mexia nas cida<strong>de</strong>s. A burocracia e<br />
coacção sobre os agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
como promotores e comerciantes, foi mais que<br />
muita. Enquanto isso, nos sinistros corredores do<br />
po<strong>de</strong>r, facilitava-se tudo, aos po<strong>de</strong>rosos interesses<br />
que arrastavam a vida das cida<strong>de</strong>s, para as<br />
periferias. Hoje os centros <strong>de</strong> Lisboa e <strong>Leiria</strong>, estão<br />
Assistindo aos “pulinhos <strong>de</strong> alegria” do<br />
governo lusitano provocado pela<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regresso aos mercados,<br />
recor<strong>de</strong>i uma afirmação <strong>de</strong> Kant a que<br />
sempre atribuí muito significado. Disse ele: "No<br />
reino dos fins, tudo tem ou um preço ou uma<br />
dignida<strong>de</strong>. Quando uma coisa tem preço, po<strong>de</strong> ser<br />
substituída por algo equivalente; por outro lado, a<br />
coisa que se acha acima <strong>de</strong> todo preço, e por isso não<br />
admite qualquer equivalência, compreen<strong>de</strong> uma<br />
dignida<strong>de</strong>." Mesmo partindo <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia simples<br />
<strong>de</strong> mercado como um local físico ou virtual, on<strong>de</strong><br />
ven<strong>de</strong>dores e compradores procuram o melhor<br />
negócio, fácil se torna perceber que é <strong>de</strong> coisas com<br />
preço <strong>de</strong> que nos mercados se fala e que nalguns<br />
<strong>de</strong>les, até a dignida<strong>de</strong> dos mercadores se dispensa!<br />
Fica sempre <strong>de</strong> fora essa dignida<strong>de</strong> quando, a única<br />
finalida<strong>de</strong> é conseguir a todo o custo a rentabilida<strong>de</strong><br />
máxima dos que têm dinheiro para comprar o que os<br />
outros precisam <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r. Como no caso do<br />
mercado financeiro on<strong>de</strong>, com recurso a<br />
procedimentos imorais, os <strong>de</strong>tentores do dinheiro<br />
compram a baixíssimo preço e com juros<br />
inimagináveis, as dívidas públicas dos países, <strong>de</strong><br />
todos os países, mas principalmente, dos que<br />
estiverem mais pobres e em maior sofrimento! Não<br />
<strong>de</strong>ixa pois <strong>de</strong> ser triste que os governantes do meu<br />
país façam surgir aos nossos olhos, sem qualquer<br />
explicação, o ingresso nesse antro mercantil como o<br />
objetivo máximo da sua governação! Com uma<br />
economia moribunda e com os rumores<br />
permanentes <strong>de</strong> políticas ineficazes sempre a<br />
precisarem <strong>de</strong> mais cortes, a que preço vai Portugal<br />
Amélia do<br />
Vale<br />
<strong>de</strong>sertos, a empurrar para a miséria os seus agentes,<br />
anteriormente prósperos. Em sequência, <strong>de</strong>ste<br />
turbilhão <strong>de</strong> incompetências, <strong>de</strong>magogias e erros<br />
estratégicos políticos, milhares <strong>de</strong> empresários, vão<br />
encerrando as portas, muitas vezes resistindo até à<br />
exaustão, consumindo todas as suas economias na<br />
esperança <strong>de</strong> dias melhores, acabando por não<br />
conseguir pagar impostos e segurança social. E o<br />
que fazem os políticos, verda<strong>de</strong>iros responsáveis<br />
por esta situação? Com as prerrogativas a que se<br />
auto-atribuem, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m que os empresários <strong>de</strong>vem<br />
ser tratados como criminosos e, para além <strong>de</strong> lhes<br />
confiscarem o património, ainda os ameaçam com<br />
ca<strong>de</strong>ia. Em vez <strong>de</strong> estarem a ser julgados, os<br />
verda<strong>de</strong>iros criminosos andam por aí a estudar<br />
filofantasias e a ocupar cargos importantes no<br />
sistema nacional e internacional, com todas as<br />
mordomias inerentes, incluindo viaturas e<br />
motoristas privados, continuando a gastar à tripaforra.<br />
Enquanto isso, passaram a intimidar as suas<br />
vítimas, em vergonhosos processos <strong>de</strong> contornos<br />
persecutórios e confiscatórios que, não sendo mais<br />
do que a aplicação da sua vonta<strong>de</strong> sinistra,<br />
<strong>de</strong>savergonhadamente apelidam <strong>de</strong>, lei. Ajudados<br />
pela ganância <strong>de</strong> um sistema financeiro<br />
<strong>de</strong>sregulado, colocaram Portugal e outros povos<br />
numa situação complicadíssima <strong>de</strong> proporções<br />
imprevisíveis. Vamos pois colocar as coisas no seu<br />
lugar: Os criminosos são vocês, não nós,<br />
empresários e povo que trabalha. Tratem, pois, <strong>de</strong><br />
corrigir a “lei”.<br />
Empresário<br />
conseguir financiar-se? Pela minha parte perceciono<br />
este mercado como um polvo, um enorme polvo que<br />
continuando a pertencer à classe Cefalópo<strong>de</strong> (um<br />
cérebro com pés), <strong>de</strong>ixa a or<strong>de</strong>m Octópo<strong>de</strong> (com oito<br />
pés) criando mais e mais pés sempre que nos países<br />
os governos tratam os respetivos povos não como<br />
pessoas, mas como meios para negociarem nos<br />
mercados. E <strong>de</strong> facto o que somos nós hoje, se não<br />
apenas coisas dispensáveis, vidas a quem se agrafa<br />
uma etiqueta com um preço! Dizem os freudianos<br />
que há vários tipos <strong>de</strong> medo, mas que o pior <strong>de</strong>les é<br />
aquele que resulta <strong>de</strong> nos sentirmos culpados pela<br />
situação que nos ameaça. Dizem que esse medo nos<br />
paralisa. E é verda<strong>de</strong>! Andamos ou não com esse<br />
medo? Se não, o que nos leva a aceitar docilmente e<br />
sem revolta, que alguém an<strong>de</strong> a trocar a nossa<br />
dignida<strong>de</strong> por um preço necessário a figurar na folha<br />
<strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> um qualquer mercador? Quem sabe se<br />
não residirá nesta situação, <strong>de</strong> assunção <strong>de</strong><br />
dignida<strong>de</strong> humana perdida, a causa para<br />
regressarmos à nossa condição animal e muitos <strong>de</strong><br />
nós passarmos a enten<strong>de</strong>r o abate <strong>de</strong> um animal que<br />
mata uma criança, como uma ameaça às nossas<br />
próprias vidas! E é nesta situação insustentável que<br />
eu ando à procura <strong>de</strong> caminhos. Se para mim faz<br />
sentido que no reino dos fins, tudo tenha, ou um<br />
preço ou uma dignida<strong>de</strong>, eu não prescindo <strong>de</strong> agir<br />
para que todos estejamos no tudo que tem<br />
dignida<strong>de</strong>. Por on<strong>de</strong> começar? Assim, com um grito:<br />
Viva a Constituição da República Portuguesa! Com<br />
muita emoção e razão, façamo-la viver.<br />
Professora<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 24 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2013 17<br />
Teorias Rurais<br />
Francisco<br />
Freire<br />
Ao Sábado e ao Domingo<br />
calam-se as pedreiras.<br />
Durante a semana<br />
aquilo é mais alegre, e<br />
sempre <strong>de</strong>scem ambulâncias<br />
com umas pernas retalhadas e<br />
umas costas amolgadas,<br />
lembrando outras coisas<br />
entretanto perdidas nas lagoas<br />
adjacentes. A pedra, como a<br />
batata, já dá pouco rendimento.<br />
Para o peso que tem, não dá<br />
mesmo quase nada. Mas numa<br />
serra sem terra, não temos<br />
outro remédio. A semana<br />
passada, antes da higiénica<br />
tempesta<strong>de</strong>, um tipo sem<br />
travões veio parar <strong>de</strong>ntro do<br />
café, pisou 20 carros antes <strong>de</strong><br />
entrar e pedir outra Macieira.<br />
Qualquer dia ainda o levam<br />
preso, a ele e aos outros calões<br />
que se recusam a emigrar para a<br />
colónia <strong>de</strong> Angola (on<strong>de</strong> há sol e<br />
bom marisco), e que preferem<br />
antes retirar-se para a prisão-<br />
-escola. Eles bem querem<br />
plantar e colher, mas não há<br />
condições, o vento não <strong>de</strong>ixa, e<br />
assim se alcançam estes<br />
paupérrimos resultados. Cabras<br />
e mandriões, a serra está cheia<br />
<strong>de</strong>les! Nas planícies, lá em<br />
baixo, já curtiram o estrume e já<br />
andam a semear alhos, favas e<br />
rabanetes; aqui em cima ainda<br />
querem que eu vá fazer mais<br />
azeite!? Já se sabe o que a casa<br />
gasta, e não tenho outro<br />
remédio senão ir para o lagar<br />
prensar azeitona. De certeza<br />
que na Angola também há<br />
tempesta<strong>de</strong>s, mas lá não têm<br />
pedreiras, senão até mandava<br />
uns CV's. A dormir não vamos<br />
lá! As cepas já estão a ficar<br />
marrecas e daqui a umas<br />
semanas já as vou podar. Há<br />
esperança <strong>de</strong> conseguir sair<br />
daqui outra vez, quando a<br />
chuva seguir viagem (não sei<br />
para on<strong>de</strong>) e o sol voltar a sorrir.<br />
Com este tempo, nem as silvas,<br />
nem as canas - sempre<br />
atrevidas – aparecem por cá.<br />
Entretanto vou afiando a<br />
gadanha, a espingarda já está<br />
bem oleada. Tenho umas<br />
tábuas para meter na porta do<br />
curral, antes do boi se <strong>de</strong>cidir a<br />
partir aquilo tudo outra vez. O<br />
ano passado queimei 18<br />
cartuchos antes <strong>de</strong>le voltar a<br />
entrar. Está visto que não é <strong>de</strong><br />
falas mansas. Não é um boi<br />
violento, mas gosta <strong>de</strong> pregar<br />
sustos, e às vezes nem parece<br />
um ruminante. Da maneira que<br />
isto caminha, se não me mexo,<br />
qualquer dia nem tenho<br />
dinheiro para os chumbos. Para<br />
combater o frio é preciso<br />
alguma criativida<strong>de</strong> e muita<br />
ambição pessoal, requisitos que<br />
não me faltam, como<br />
facilmente se nota.<br />
Investigador Associado,<br />
CRIA/FCSH-UNL