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10 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 24 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2013<br />

Entrevista<br />

Rui Crespo O porta-voz da Comissão <strong>de</strong> Ambiente e<br />

Defesa da Ribeira dos Milagres aponta o <strong>de</strong>do ao presi<strong>de</strong>nte<br />

da Associação <strong>de</strong> Suinicultores <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> e ao po<strong>de</strong>r político,<br />

local e central, que tem permitido arrastar o problema da<br />

poluição suinícola<br />

“David Neves <strong>de</strong>via<br />

ser afastado<br />

do processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>spoluição”<br />

Maria Anabela Silva<br />

anabela.silva@jornal<strong>de</strong>leiria.pt<br />

❚ Na sequência das <strong>de</strong>scargas registadas<br />

nos últimos dias, a<br />

Comissão <strong>de</strong> Ambiente e Defesa<br />

da Ribeira dos Milagres anunciou<br />

que irá promover uma campanha<br />

<strong>de</strong> boicote à carne <strong>de</strong> porco. É o último<br />

recurso?<br />

É quase um último recurso. Admito<br />

que esta posição <strong>de</strong> força<br />

acabe por penalizar fundamentalmente<br />

os suinicultores cumpridores<br />

e responsáveis por talhos,<br />

por quem tenho muito respeito.<br />

A campanha valerá mais<br />

pelo efeito mediático do que pelas<br />

consequências práticas. Tendo<br />

em conta a situação económica<br />

das famílias, as pessoas não se<br />

interessarão muito se a carne é<br />

produzida na região ou em Espanha.<br />

O importante será o preço. O<br />

objectivo passará por chamar para<br />

a nossa causa alguns agentes económicos<br />

prejudicados pelas <strong>de</strong>scargas<br />

e que muito terão a ganhar<br />

com a resolução do problema.<br />

Gostávamos que esses agentes<br />

pu<strong>de</strong>ssem anunciar que, durante<br />

um <strong>de</strong>terminado período, não<br />

consumiriam carne <strong>de</strong> porco da região.<br />

O presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>de</strong><br />

Suinicultores <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, David<br />

Neves, consi<strong>de</strong>rou a i<strong>de</strong>ia um<br />

“disparate”.<br />

Outra coisa não seria <strong>de</strong> esperar.<br />

Nunca teremos qualquer apoio<br />

do senhor David Neves, que sempre<br />

fez parte do problema. A senhora<br />

ministra <strong>de</strong>via pôr os olhos<br />

na pessoa em causa, que já <strong>de</strong>u<br />

provas da sua incompetência. A<br />

bem do projecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>spoluição e<br />

da construção da ETES, David Neves<br />

<strong>de</strong>via ser afastado do processo.<br />

Ele está ligado à produção <strong>de</strong><br />

carne e <strong>de</strong> rações e ao transporte<br />

e tratamento <strong>de</strong> efluentes. Interessa-lhe<br />

protelar a situação.<br />

Depois <strong>de</strong> um período sem chuva<br />

e com a previsão <strong>de</strong> pluviosida<strong>de</strong>,<br />

as <strong>de</strong>scargas dos últimos dias<br />

eram previsíveis. As forças poli-<br />

ciais pecaram por inércia?<br />

A fiscalização <strong>de</strong>via ter ido em<br />

força para a ribeira. A GNR <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong><br />

tem apenas dois elementos<br />

com equipamento a<strong>de</strong>quado para<br />

andar <strong>de</strong>ntro da ribeira, o que é<br />

manifestamente pouco. Devia haver<br />

maior presença fiscalizadora,<br />

nomeadamente junto das suiniculturas,<br />

mas há explorações on<strong>de</strong><br />

a fiscalização nunca vai. Entre os<br />

Pinheiros e os Marrazes há suiniculturas<br />

que, praticamente todos<br />

os dias, lançam efluentes nos cursos<br />

<strong>de</strong> água sem qualquer tipo <strong>de</strong><br />

pudor ou <strong>de</strong> receio. Há suiniculturas<br />

com condutas directas a <strong>de</strong>spejar<br />

para a ribeira. Algumas já foram<br />

<strong>de</strong>tectadas pelas força <strong>de</strong> segurança<br />

e retiradas, mas nada nos<br />

garante que não tenham sido instaladas<br />

<strong>de</strong> novo. Há suinicultores<br />

que adquiriram terrenos entre as<br />

explorações e a ribeira para vedarem<br />

o espaço e impedirem que as<br />

autorida<strong>de</strong>s entrem livremente.<br />

O rio tem <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros on<strong>de</strong><br />

não se vê a água <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>nsi-<br />

Amante da pesca<br />

Defensor da ribeira<br />

Rui Crespo nasceu e vive a cerca<br />

<strong>de</strong> 400 metros da Ribeira dos<br />

Milagres, on<strong>de</strong> diz ter passado<br />

alguns dos momentos mais<br />

felizes da sua infância e<br />

juventu<strong>de</strong>, a pescar e a tomar<br />

banho. “Fui felicíssimo na<br />

ribeira”, confessa Rui Crespo,<br />

que há cerca <strong>de</strong> sete anos<br />

assumiu o comando da<br />

Comissão <strong>de</strong> Ambiente e Defesa<br />

da Ribeira dos Milagres,<br />

fundada por José Carlos Faria, a<br />

quem o actual porta-voz da<br />

comissão presta “a maior<br />

homenagem” pelo seu empenho<br />

nesta causa. Depois <strong>de</strong> uma<br />

carreira profissional como<br />

administrativo, Rui Crespo, 57<br />

anos, está em situação <strong>de</strong> pré-<br />

-reforma. Casado e pai <strong>de</strong> dois<br />

filhos, nos tempos livres gosta<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportos ao ar livre, como<br />

caça e pesca.<br />

da<strong>de</strong> da vegetação. É uma situação<br />

conveniente para os suinicultores,<br />

porque serve para ocultar focos<br />

poluidores.<br />

Parece-lhe, então, aceitável o argumento<br />

das forças <strong>de</strong> segurança,<br />

que alegam que não é fácil i<strong>de</strong>ntificar<br />

a origem das <strong>de</strong>scargas?<br />

Reconheço essa dificulda<strong>de</strong>, assim<br />

como as questões legais que impõem<br />

que apenas o flagrante <strong>de</strong>lito<br />

conte. Em <strong>de</strong>terminado momento<br />

há uma alteração ao caudal<br />

da água, numa zona on<strong>de</strong> há uma<br />

suinicultura, mas porque a exploração<br />

já não está a lançar ao rio<br />

não se consi<strong>de</strong>ra flagrante. Há casos<br />

<strong>de</strong> tractores que <strong>de</strong>spejam na<br />

ribeira, mas isso também acontece<br />

por falta <strong>de</strong> controlo. Se as autorida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>tectam um tractor<br />

com um <strong>de</strong>pósito têm <strong>de</strong> apurar o<br />

que leva e on<strong>de</strong> vai <strong>de</strong>spejar.<br />

Na sequência das últimas <strong>de</strong>scargas<br />

falou na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> endurecer<br />

a luta. Além do boicote à<br />

carne <strong>de</strong> porco, que medidas estão<br />

a ser equacionadas?

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