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Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

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alternância que não é percebida pelo público como tal, mas cuja atuação viabiliza a<br />

aparição <strong>de</strong> uma única imagem luminosa e mutável em uma continuida<strong>de</strong> plena.<br />

O movimento que surge com a imagem cinematográfica não é, portanto, um<br />

simples efeito visual promovido pela síntese <strong>de</strong> várias imagens fixas. No cinema, há, na<br />

verda<strong>de</strong>, uma espécie <strong>de</strong> encontro entre o visível e o invisível, entre a presença e a ausência<br />

<strong>de</strong> imagem. É <strong>de</strong>sse encontro que surge a imagem móvel. No visível, o fotográfico garante<br />

o vínculo da imagem com o real que lhe <strong>de</strong>u origem, ao mesmo tempo em que preserva<br />

nela um tipo <strong>de</strong> codificação visual <strong>de</strong> origem renascentista. No invisível, algo emerge e<br />

vem ao encontro do visível, viabilizando a aparição da imagem cinematográfica.<br />

Po<strong>de</strong>-se inferir, nesse sentido, que a câmera possibilita a produção da parte visível<br />

da imagem cinematográfica, sua materialida<strong>de</strong>; e cujo processo químico <strong>de</strong> produção<br />

confere a ela um vínculo como real. O projetor, por outro lado, viabiliza o encontro entre o<br />

visível e o invisível, possibilitando, então, a aparição da imagem cinematográfica.<br />

Na verda<strong>de</strong>, a imagem cinematográfica não surge da soma entre os vários<br />

instantâneos fotográficos que se projetam em sucessão. Não é o encontro entre esses<br />

instantâneos visíveis o que promove a aparição da imagem cinematográfica; o encontro<br />

entre os fotogramas. Mas o encontro entre o visível e o invisível, entre os fotogramas e o<br />

intervalo. A materialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa imagem é complementada por algo que não é material,<br />

que transcen<strong>de</strong>, portanto, o dispositivo técnico. É esse encontro que parece sustentar a<br />

ambigüida<strong>de</strong> da imagem sobre a qual havíamos comentado. Um encontro entre os<br />

fotogramas, os quais remetem ao real, e os intervalos do visível, que remetem à memória<br />

do espectador. São duas instâncias que não se confun<strong>de</strong>m, apesar <strong>de</strong> estarem imbricados na<br />

imagem cinematográfica.<br />

Até então, priorizamos em nossas reflexões a parte visível <strong>de</strong>ssa imagem. Mas o<br />

que vem a ser essa dimensão invisível que possibilita sua aparição? Como <strong>de</strong>finir esse<br />

encontro entre o visível e o invisível? Para compreen<strong>de</strong>r melhor como se dá a aparição da<br />

imagem cinematográfica, propomos, enfim, um cruzamento <strong>de</strong> nossas idéias com a tese do<br />

filósofo Henri Bergson sobre a matéria e a memória. É o que faremos a seguir.<br />

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