Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...
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<strong>de</strong> Demenÿ, ambos aparelhos capazes <strong>de</strong> projetar imagens móveis e luminosas. Quando o<br />
quinetoscópio <strong>de</strong> Edison surge, Lumière se interessa em construir uma máquina similar.<br />
No entanto, aquela que ele engendraria, além <strong>de</strong> viabilizar a projeção luminosa da imagem,<br />
<strong>de</strong>veria ser reversível; ou seja, uma máquina capaz tanto <strong>de</strong> projetar as imagens fixas na<br />
tela, quanto <strong>de</strong> produzir essas mesmas imagens na película em estado latente. No dia 13 <strong>de</strong><br />
fevereiro <strong>de</strong> 1895, Lumière registra a patente <strong>de</strong> um “aparelho cronofotográfico” reversível<br />
que, na época, viria a ser conhecido como quinetoscópio <strong>de</strong> projeção, e, <strong>de</strong>pois, finalmente<br />
chamado <strong>de</strong> cinematógrafo.<br />
Po<strong>de</strong>-se dizer, então, que o cinematógrafo <strong>de</strong> Lumière surge a partir <strong>de</strong> uma espécie<br />
<strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> três tipos distintos <strong>de</strong> dispositivos técnicos: a câmara obscura, utilizada pelos<br />
pintores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI para produzir imagens em perspectiva, e que se <strong>de</strong>sdobraria<br />
na câmera fotográfica em meados do século XIX, com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suportes<br />
sensíveis à luz e processos químicos <strong>de</strong> revelação e fixação das imagens latentes que neles<br />
se produziam; a lanterna mágica, manipulada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVII para a projeção <strong>de</strong><br />
imagens luminosas no interior <strong>de</strong> uma sala escura, as quais, freqüentemente, serviam <strong>de</strong><br />
atração para a produção <strong>de</strong> espetáculos visuais públicos e pagos; e, finalmente, os aparatos<br />
<strong>de</strong>senvolvidos ao longo do século XIX para a produção <strong>de</strong> imagens mutáveis, tais como o<br />
fenacistioscópio <strong>de</strong> Plateau, e o zootrópio <strong>de</strong> Stampfer. Como vimos, os dispositivos<br />
responsáveis pela viabilização do movimento à imagem já haviam sido levados ao<br />
encontro da lanterna mágica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados do século XIX, gerando, assim, espetáculos<br />
visuais públicos e pagos, inspirados em imagem luminosas e mutáveis. O Teatro Óptico <strong>de</strong><br />
Emile Reynauld <strong>de</strong>staca-se nessa conquista, quando, em 1879, possibilita a produção <strong>de</strong><br />
espetáculos visuais elaborados, nos quais imagens pintadas à mão davam origem a<br />
pantomimas sofisticadas e complexas quando se apresentavam ao público através da<br />
projeção luminosa. Mas a possibilida<strong>de</strong> do movimento só po<strong>de</strong> chegar à fotografia alguns<br />
anos mais tar<strong>de</strong>, quando a <strong>de</strong>composição do movimento em instantes fotográficos se<br />
tornou possível. Muito embora tenham surgido outros inventos similares, o cinematógrafo<br />
<strong>de</strong> Lumière, se <strong>de</strong>staca nessa conquista pela simplicida<strong>de</strong> e eficiência do mecanismo. Ao<br />
mesmo tempo câmera e projetor, ele po<strong>de</strong> ser manipulado tanto para a produção dos<br />
instantâneos fotográficos que se enfileiram na película, viabilizando assim, a<br />
<strong>de</strong>composição do movimento em várias imagens fixas, quanto para a projeção luminosa<br />
<strong>de</strong>sses vários instantâneos fotográficos, possibilitando, enfim, a aparição da imagem única<br />
e mutável, que passa <strong>de</strong> fotográfica para cinematográfica.<br />
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