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Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

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a ser percebidos como um único evento. 26 Esse fenômeno é conhecido, hoje em dia, como<br />

fenômeno <strong>de</strong> integração. Reconhece-se, atualmente, que esses efeitos, na verda<strong>de</strong>, são<br />

produzidos em níveis pré-retinianos. Desse modo, po<strong>de</strong>-se concluir que o efeito visual<br />

conseguido com o movimento circular do carvão a uma <strong>de</strong>terminada velocida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve,<br />

na verda<strong>de</strong>, a fenômenos que não se restringem apenas à persistência retiniana.<br />

A resposta rápida, por outro lado, é encontrada em casos nos quais os estímulos<br />

visuais variam rapidamente. Estímulos luminosos que aparecem e <strong>de</strong>saparecem a uma<br />

freqüência constante – como acontece com a imagem cinematográfica – costumam<br />

produzir esse tipo <strong>de</strong> resposta no sistema visual humano. Produz-se, então, um efeito<br />

conhecido como cintilação (flicker, em inglês), caracterizado pelo ofuscamento da<br />

imagem. Para que esse efeito seja evitado, <strong>de</strong>ve-se aumentar a freqüência das aparições,<br />

possibilitando, assim, a percepção <strong>de</strong> um estímulo constante e unificado. Esse efeito visual<br />

<strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> e unificação dos vários estímulos recebe, portanto, a colaboração daquele<br />

outro tipo <strong>de</strong> resposta do sistema visual: a resposta lenta, na qual se opera o efeito <strong>de</strong><br />

integração. Além da freqüência dos estímulos, há, enfim, um outro fator que <strong>de</strong>termina se<br />

a fonte luminosa vai promover um efeito <strong>de</strong> cintilação ou um efeito <strong>de</strong> integração: a<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse estímulo. 27<br />

Contudo, a experiência com o carvão, realizada no século XVIII, não per<strong>de</strong> seu<br />

mérito. Ela resi<strong>de</strong>, pois, no esforço que os homens <strong>de</strong>ssa época empreen<strong>de</strong>ram na tentativa<br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r melhor quais eram as condições que levavam a visão humana a perceber a<br />

trajetória do carvão incan<strong>de</strong>scente como uma forma sintética. Sabia-se que esta forma<br />

circular não existia na realida<strong>de</strong>, mas resultava <strong>de</strong> um efeito visual que se produzia com o<br />

26 Aumont (1993, p. 32) observa que, para que seja possível perceber dois estímulos visuais não sincrônicos<br />

como distintos é necessário que haja um intervalo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> pelo menos 60 a 80 milissegundos entre eles.<br />

E esse intervalo <strong>de</strong>ve passar para 100 ms (1/10 <strong>de</strong> segundos) caso se queira distinguir qual <strong>de</strong>les é posterior<br />

ao outro.<br />

27 Jacques Aumont (1993, p. 35) comenta sobre a influência <strong>de</strong>sses efeitos visuais na produção da imagem<br />

cinematográfica: “Os primeiros projetores ofereciam, na maioria das vezes, uma imagem cintilante: entre<br />

outras coisas, é para eliminar esse efeito que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projeção (logo, também a velocida<strong>de</strong> do<br />

instantâneo) não parou <strong>de</strong> aumentar, passando <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 12 a 16, e <strong>de</strong>pois, progressivamente, a 24 imagens<br />

por segundo. Quando a intensida<strong>de</strong> das lâmpadas aumentou (principalmente com os projetores a arco<br />

voltaico), a freqüência crítica aumentou acima <strong>de</strong> 24 Hz, e com 24 imagens por segundo a cintilação<br />

reapareceu. Para eliminá-la sem aumentar ainda mais a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projeção – o que acarretaria sérios<br />

problemas mecânicos – usou-se <strong>de</strong> um artifício ainda em vigor, que consiste em „<strong>de</strong>sdobrar‟ e até „triplicar‟ a<br />

paleta giratória do projetor, interrompendo assim o fluxo luminoso do projetor, duas ou três vezes em cada<br />

fotograma projetado. Tudo se passa, então, como se cada fotograma fosse projetado duas ou três vezes antes<br />

que a película avance para o fotograma seguinte. Passa-se assim, com 24 imagens diferentes por segundo, a<br />

2x 24 = 48, ou a 3x24 = 72 imagens projetadas por segundo, portanto, acima da freqüência crítica [que é da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 Hz para intensida<strong>de</strong>s médias].”<br />

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