particular <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>. Ela se encontra representada no próprio código que sustenta a imagem enquanto tal. Contraditoriamente, essa subjetivida<strong>de</strong> construída, sustentada nessa noção <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> um suposto sujeito a observar a cena, ela encontra-se voltada para a percepção e representação da realida<strong>de</strong> objetiva. Ela está voltada para algo que passa a ser compreendido como sendo exterior a ela: a realida<strong>de</strong> visível. Essa noção <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> exterior encontra-se representada na parte visível da imagem: o espaço da representação. Um espaço que se configura em perspectiva, que se hierarquiza a partir <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> vista i<strong>de</strong>al, e que, no entanto, é compreendido como homogêneo e infinito. É um espaço objetivo, na medida em que nos remete a essa suposta realida<strong>de</strong> objetiva, exterior. No entanto, essa realida<strong>de</strong> visível encontra-se subordinada a um processo <strong>de</strong> codificação. Essa suposta objetivida<strong>de</strong> da representação é contrariada, portanto, pela intervenção do código. Quando se afirma, então, que o espaço encontra-se configurado em perspectiva geométrica, subenten<strong>de</strong>-se que ele é organizado a partir <strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> vista i<strong>de</strong>al. A configuração espacial <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> imagem, remete-nos, na verda<strong>de</strong>, a um modo particular <strong>de</strong> articular a subjetivida<strong>de</strong>. Em última instância, esse tipo <strong>de</strong> imagem expressa muito mais uma noção <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> do que essa suposta objetivida<strong>de</strong> da realida<strong>de</strong> visível. Uma subjetivida<strong>de</strong> construída que, no entanto, está voltada para a realida<strong>de</strong> que a cerca. Uma interiorida<strong>de</strong> voltada para a exteriorida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos então concluir, por outro lado, que esse tipo <strong>de</strong> configuração espacial da imagem produz essa dicotomia interiorida<strong>de</strong>/exteriorida<strong>de</strong>, negando, contudo, a percepção da primeira em prol da segunda. Um modo particular, enfim, <strong>de</strong> representar-se a si mesmo e ao universo segundo uma relação particular e exclu<strong>de</strong>nte entre sujeito e objeto. Haveria, contudo alguma objetivida<strong>de</strong> possível a essa imagem? Ou seja, algo da realida<strong>de</strong> que pu<strong>de</strong>sse se manifestar nesse tipo <strong>de</strong> imagem sem se subordinar ao processo <strong>de</strong> codificação promovido pela linguagem articulada? Algo que escapasse a essa intervenção <strong>de</strong> uma subjetivida<strong>de</strong> construída? Algo que se mantivesse, portanto, objetivo, não codificado? Parece-nos que sim. No paradigma fotográfico, o modo <strong>de</strong> inscrição da imagem parece viabilizar essa “objetivida<strong>de</strong> essencial”. Nesse caso, não haveria mais a dicotomia interiorida<strong>de</strong>/exteriorida<strong>de</strong>. A “objetivida<strong>de</strong> essencial” nos remeteria, pois, a um nível do real ainda não codificado por nenhuma subjetivida<strong>de</strong>. Nele, não haveria, portanto, diferença entre “objetivida<strong>de</strong>” e “subjetivida<strong>de</strong>”. Uma instância da realida<strong>de</strong> na qual tudo 46
se confundiria <strong>de</strong> maneira indistinta. Não mais, enfim, a realida<strong>de</strong> codificada, mas o real não-codificado. Como seria possível, então, a inscrição do real na imagem? O real em sua “objetivida<strong>de</strong> essencial”? 47
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