Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

particular de subjetividade. Ela se encontra representada no próprio código que sustenta a
imagem enquanto tal.
Contraditoriamente, essa subjetividade construída, sustentada nessa noção de ponto
de vista de um suposto sujeito a observar a cena, ela encontra-se voltada para a percepção e
representação da realidade objetiva. Ela está voltada para algo que passa a ser
compreendido como sendo exterior a ela: a realidade visível. Essa noção de realidade
exterior encontra-se representada na parte visível da imagem: o espaço da representação.
Um espaço que se configura em perspectiva, que se hierarquiza a partir desse ponto de
vista ideal, e que, no entanto, é compreendido como homogêneo e infinito. É um espaço
objetivo, na medida em que nos remete a essa suposta realidade objetiva, exterior. No
entanto, essa realidade visível encontra-se subordinada a um processo de codificação. Essa
suposta objetividade da representação é contrariada, portanto, pela intervenção do código.
Quando se afirma, então, que o espaço encontra-se configurado em perspectiva geométrica,
subentende-se que ele é organizado a partir desse ponto de vista ideal. A configuração
espacial desse tipo de imagem, remete-nos, na verdade, a um modo particular de articular a
subjetividade. Em última instância, esse tipo de imagem expressa muito mais uma noção
de subjetividade do que essa suposta objetividade da realidade visível. Uma subjetividade
construída que, no entanto, está voltada para a realidade que a cerca. Uma interioridade
voltada para a exterioridade. Podemos então concluir, por outro lado, que esse tipo de
configuração espacial da imagem produz essa dicotomia interioridade/exterioridade,
negando, contudo, a percepção da primeira em prol da segunda. Um modo particular,
enfim, de representar-se a si mesmo e ao universo segundo uma relação particular e
excludente entre sujeito e objeto.
Haveria, contudo alguma objetividade possível a essa imagem? Ou seja, algo da
realidade que pudesse se manifestar nesse tipo de imagem sem se subordinar ao processo
de codificação promovido pela linguagem articulada? Algo que escapasse a essa
intervenção de uma subjetividade construída? Algo que se mantivesse, portanto, objetivo,
não codificado? Parece-nos que sim. No paradigma fotográfico, o modo de inscrição da
imagem parece viabilizar essa “objetividade essencial”. Nesse caso, não haveria mais a
dicotomia interioridade/exterioridade. A “objetividade essencial” nos remeteria, pois, a um
nível do real ainda não codificado por nenhuma subjetividade. Nele, não haveria, portanto,
diferença entre “objetividade” e “subjetividade”. Uma instância da realidade na qual tudo
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