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Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

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outra dimensão da imagem. Uma dimensão temporal, que passa, então, <strong>de</strong>ixar a imagem se<br />

ampliar pelos efeitos da duração. A análise <strong>de</strong> casos particulares po<strong>de</strong>ria averiguar tal<br />

hipótese, na medida em que explicitasse procedimentos <strong>de</strong> montagem que viabilizem a<br />

abertura da imagem para a manifestação do sujeito-causa, possibilitando, enfim, a<br />

emergência tanto do produtor, quanto do espectador, na imagem. 6<br />

Para o trabalho atual, contudo, o que nos interessa ressaltar é a idéia <strong>de</strong> que esses<br />

jogos <strong>de</strong> olhares ten<strong>de</strong>m a estruturar a narrativa a partir da expressão, ou visibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

um espaço da representação que se propõe como unificado e homogêneo. É a partir <strong>de</strong>ssa<br />

noção homogênea e unificada do espaço da representação que os sucessivos pontos <strong>de</strong><br />

vista – <strong>de</strong>finidores do enquadramento da imagem – passam a ser compreendidos como<br />

efeitos visuais <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos do (s) personagem (s). Ou seja, eles insinuam a idéia <strong>de</strong><br />

trajetórias que são promovidas pelos personagens em atuação no espaço da representação,<br />

ou mesmo pela passagem do olhar <strong>de</strong> um personagem para outro, alternando, assim, o<br />

personagem que vai assumir a função <strong>de</strong> sujeito-causa da imagem. A temporalida<strong>de</strong> da<br />

imagem, implícita em cada plano e em cada corte, nesse contexto, restringe-se a essas<br />

ações dos personagens; ou seja, a seus <strong>de</strong>slocamentos no espaço. Os planos que, por<br />

hipótese, <strong>de</strong>ixassem <strong>de</strong> se subordinar a esses jogos <strong>de</strong> olhares, aqueles que não fossem<br />

submetidos, por alguns instantes, à subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nenhum personagem, adquiririam,<br />

então, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> expressar uma nova temporalida<strong>de</strong>, não mais atrelada a essa noção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocamento dos personagens no espaço, não mais vinculada à ação <strong>de</strong>les. Sem esse<br />

vínculo com o movimento dos personagens, a imagem po<strong>de</strong>ria, então, expressar uma outra<br />

temporalida<strong>de</strong>: permitir ao plano a expressão da duração. Entre a ação e a reação <strong>de</strong> seres<br />

móveis <strong>de</strong>slocando-se em um espaço que se amplia através da sucessão <strong>de</strong> planos, haveria,<br />

portanto, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão da própria temporalida<strong>de</strong> da imagem, enquanto algo<br />

que dura. Uma ação sem efeito espetacular. O que acontece? O que vai acontecer? Ao<br />

invés <strong>de</strong>ssas perguntas que <strong>de</strong>ixam o público apreensivo a respeito do futuro, do porvir,<br />

estabelecer-se-iam outras posturas diante da imagem: isso acontece; isso; isso acontece<br />

enquanto o tempo passa. O enquanto, neste caso, não seria mais uma noção <strong>de</strong><br />

simultaneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acontecimentos paralelos sugeridos, por exemplo, pela montagem<br />

alternada <strong>de</strong> duas ações, mas o enquanto <strong>de</strong> uma única ação que dura, <strong>de</strong> uma mise-en-<br />

scène que se <strong>de</strong>senvolve no tempo. Ao invés da sucessão <strong>de</strong> ações, a <strong>de</strong>scrição do gesto.<br />

6 Penso, por exemplo, nos filmes <strong>de</strong> Yasujiro Ozu e Akira Kurosawa, nos quais alguns planos vazios se<br />

intercalam à ação dos personagens.<br />

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