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Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

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que vagueia, que se per<strong>de</strong>. O sujeito-causa <strong>de</strong>ixaria, então, <strong>de</strong> ser causa para se<br />

transformar em efeito. Um sujeito errante, manco mesmo, intermitente, mas capaz <strong>de</strong> fazer<br />

falar na imagem, significados que transcen<strong>de</strong>m o controle rígido do sistema semiótico que<br />

sustentaria a configuração formal da imagem. Uma abertura possível para essa imagem,<br />

co-existente com a estrutural textual responsável por sua tendência ao fechamento, por sua<br />

relativa estabilida<strong>de</strong> semântica, a qual seria sustentada pela presença <strong>de</strong> um ou mais<br />

personagens da ficção cujo olhar teria esse po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> subjugar e direcionar a imagem. Uma<br />

abertura, enfim, para o sujeito: para o produtor da imagem, enquanto aquele que se<br />

preten<strong>de</strong> como sujeito-autor da fala; para o espectador da imagem, enquanto aquele que se<br />

apropria <strong>de</strong>ssa fala que lhe é dada, que toma a imagem para si e a transforma em sua<br />

própria fala ao lhe oferecer o olhar, abrindo nela a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> sentidos.<br />

Para ambos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a imagem falar algo novo e imprevisível sobre eles,<br />

algo que talvez nem mesmo eles sabiam saber. Uma proposta cuja práxis po<strong>de</strong> ser<br />

apreciada em diversos filmes já existentes.<br />

Esse procedimento, contudo, ten<strong>de</strong> a romper a estrutura clássica da narrativa.<br />

Dentro <strong>de</strong>sta tradição <strong>de</strong> imagens, on<strong>de</strong> o recurso à montagem se faz premente, o que nos<br />

parece interessante mesmo é a conciliação <strong>de</strong>sses momentos <strong>de</strong> contemplação e <strong>de</strong>vaneio<br />

com momentos outros, nos quais a estrutura narrativa restabelece a unida<strong>de</strong> do todo – a<br />

imagem enquanto uma unida<strong>de</strong> maior – , alternando um ritmo <strong>de</strong> imagem com outro, tal<br />

qual a música, que alterna imagens sonoras com o silêncio.<br />

Dayan (1985, p. 109) nos mostra que é o próprio Oudart (1969) quem reconhece<br />

que o “sistema <strong>de</strong> sutura” prevê uma alternância entre „imagens objetivas‟ e „imagens<br />

subjetivas‟. “Estruturalmente, este cinema passa constantemente da forma pessoal para a<br />

impessoal.” Apesar disto, ele reconhece nesse sistema que “a imagem não tarda a ser<br />

confirmada como sendo o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> alguém [um personagem]. Neste cinema [<strong>de</strong><br />

estrutura narrativa clássica] a imagem só é „objetiva‟ ou „impessoal‟ durante os intervalos<br />

da ação dos olhares dos atores.” Tal fato levaria a imagem como um todo a ser<br />

compreendida, ainda assim, como uma “imagem subjetiva”. Não acreditamos, contudo,<br />

que <strong>de</strong>va ser necessariamente assim em todos os casos. Po<strong>de</strong>-se intensificar a presença<br />

<strong>de</strong>sses “intervalos” na imagem. Fornecer-lhe momentos <strong>de</strong> suspiro, <strong>de</strong> silêncio para o<br />

sujeito, esvaziando o lugar i<strong>de</strong>al preenchido constantemente pela presença imaginária <strong>de</strong><br />

um personagem. Esses intervalos nos jogos <strong>de</strong> olhares parecem remeter, enfim, a uma<br />

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