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Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

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perspectiva albertiniana (perfeitamente histórica), e a inscrição no clichê faz<br />

<strong>de</strong> um objeto tridimensional uma efígie bidimensional. Esse é um <strong>de</strong>bate em<br />

vão. Nada po<strong>de</strong> impedir que a fotografia seja analógica; mas ao mesmo<br />

tempo o noema da fotografia não está <strong>de</strong> modo algum na analogia (traço que<br />

ela partilha com todos os tipos <strong>de</strong> representações).” (Barthes, 1984, p. 131 et<br />

seq.)<br />

No paradigma fotográfico, enfim, a relação entre real e representação ganha<br />

<strong>de</strong>staque nos <strong>de</strong>bates travados entre os teóricos da imagem, sobretudo durante os anos<br />

sessenta e setenta. E o cinema traz consigo essa herança da fotografia. A gênese fotográfica<br />

que sustenta os fotogramas não só garante à imagem móvel a manutenção do “realismo”,<br />

como o intensifica ainda mais com a possibilida<strong>de</strong> do movimento. Ismail Xavier (1984)<br />

nos fala a respeito:<br />

“Se já é um fato tradicional a celebração do “realismo da imagem<br />

fotográfica, tal celebração é muito mais intensa no caso do cinema, dado o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento temporal <strong>de</strong> sua imagem, capaz <strong>de</strong> reproduzir não só mais<br />

uma proprieda<strong>de</strong> do mundo visível, mas justamente uma proprieda<strong>de</strong><br />

essencial à sua natureza – o movimento.” (Xavier, 1984, p. 12)<br />

Voltaremos a essa questão mais adiante, quando analisarmos o processo químico<br />

que dá origem às imagens fotográficas e cinematográficas. Por enquanto, cabe-nos concluir<br />

que é justamente nos processos óticos que ocorrem na câmara obscura que po<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong>tectar um “código visual” em operação no processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ssas imagens. E esse<br />

código insere essas imagens em um novo contexto histórico. Ele as remete a “movimentos<br />

gnosiológicos” (Machado, 1984, p. 66) <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> que passa a estabelecer um novo<br />

estatuto para o sujeito, o qual passa a ser concebido como o “centro do universo”. A<br />

câmara obscura (e suas sucessoras, a câmera fotográfica, a cinematográfica, a vi<strong>de</strong>ográfica<br />

e até a digital) passa (m) a difundir nas imagens mo<strong>de</strong>rnas um código visual renascentista<br />

capaz <strong>de</strong> expressar esse “alargamento da esfera do EU” (Panofsky, 1975, p. 160), à medida<br />

que o espaço pictórico passa a ser hierarquizado e sistematizado a partir do ponto fixo<br />

pressuposto no arranjo em perspectiva, potencializando, enfim, através da forma <strong>de</strong><br />

enunciação da imagem, o po<strong>de</strong>r do homem sobre o mundo.<br />

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