Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...
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Em 1676, o professor Johann Christoph Sturm <strong>de</strong>screve e ilustra, em seu tratado<br />
Collegiun Experimentale, sive Curiosum, a primeira câmara reflex. Em 1685, o cientista<br />
Johannes Zann ilustra vários tipos <strong>de</strong> câmera obscura, na obra Oculus Artificialis. Ao<br />
chegar o século XVIII, a câmara obscura havia se difundido entre os meios mais cultos. A<br />
maioria das obras que tratava <strong>de</strong> ótica, pintura, <strong>de</strong>ntre outras novida<strong>de</strong>s da ciência,<br />
<strong>de</strong>dicava algum espaço para a sua <strong>de</strong>scrição.<br />
Os resultados obtidos com esses aperfeiçoamentos técnicos da câmara obscura<br />
po<strong>de</strong>m ser encontrados ainda hoje na estrutura básica tanto <strong>de</strong> uma câmera fotográfica<br />
quanto <strong>de</strong> uma câmera cinematográfica: a lente, inserida no orifício para produzir uma<br />
imagem mais nítida, o sistema <strong>de</strong> vários diâmetros <strong>de</strong> abertura no diafragma, possibilitando<br />
um melhor equilíbrio entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> luz e a qualida<strong>de</strong> da imagem, a variação da<br />
distância focal nos jogos <strong>de</strong> lentes – nas objetivas –, possibilitando uma aplicação<br />
diferenciada da perspectiva da configuração da imagem e prenunciando o surgimento das<br />
objetivas zoom, a inserção <strong>de</strong> um espelho para corrigir a inversão da imagem, que seria<br />
posteriormente aperfeiçoado em um sistema mais complexo capaz <strong>de</strong> viabilizar a<br />
confecção <strong>de</strong> visores prismáticos que disponibilizam para o produtor, agora fora da<br />
câmera, uma outra imagem semelhante àquela que se configura no interior da câmera, a<br />
confecção, enfim, <strong>de</strong> câmeras portáteis, mais leves, menores e, portanto, mais práticas.<br />
Antes mesmo do surgimento das primeiras imagens fotográficas, no século XIX, a câmara<br />
obscura já adquirira traços essenciais que viriam a <strong>de</strong>finir o funcionamento básico do<br />
dispositivo fotográfico, ao menos no que diz respeito aos processos óticos. Faltava apenas<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos químicos <strong>de</strong> fixação da imagem que dispensassem o gesto<br />
do pintor. Todavia, no que diz respeito aos processos óticos, os aspectos fundamentais que<br />
caracterizam ainda hoje o funcionamento do dispositivo responsável pela produção <strong>de</strong><br />
imagens pertencentes ao “paradigma fotográfico” estavam ali já <strong>de</strong>finidos.<br />
Como vimos, o que estabelece uma diferença qualitativa entre a imagem produzida<br />
pelos pintores e aquela produzida por fotógrafos é o modo como a imagem se inscreve no<br />
suporte, como ela se materializa. Portanto, só po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar uma imagem como<br />
pertencente ao “paradigma fotográfico” quando seu modo <strong>de</strong> produção trouxer implícito<br />
em sua operacionalização o processo químico <strong>de</strong> fixação. E isto só se dará com o advento<br />
da fotografia. Contudo, assim como a aplicação da perspectiva geométrica já nas pinturas<br />
renascentistas prenuncia traços essenciais que seriam <strong>de</strong>finidores da imagem pertencente<br />
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