Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

quando este entra em funcionamento, que o movimento intermitente da película viabiliza o
surgimento da imagem móvel, uma imagem com duração.
No caso do projetor, esse mecanismo irá projetar na tela várias imagens por
segundo, a intervalos constantes nos quais a tela volta a se escurecer pela ausência
temporária do feixe de luz. Como resultado da alta velocidade na substituição de uma
imagem pela outra, o público não percebe várias imagens imóveis e diferentes, mas apenas
uma única imagem mutável. Da pequena diferença entre uma imagem fixa e outra surge a
aparente mutação das formas na imagem cinematográfica. As formas ganham movimento e
as figuras parecem adquirir vida.
Resultado de um processo mecânico de movimento intermitente da película, ao
menos no que diz respeito ao dispositivo técnico, o movimento aparente da imagem
cinematográfica pode ser considerado, então, desde já, como um elemento capaz de
particularizar essa imagem dentro daquilo que Santaella (1998) chama de “paradigma
fotográfico”, apontando para o que há de específico em sua constituição. Essa
peculiaridade possibilita à imagem cinematográfica expressar um novo tipo de
temporalidade, à medida que estabelece um novo modo de lidar com a duração.
Ela será priorizada na segunda parte do trabalho, quando iremos nos concentrar
sobre o processo de percepção e representação psíquica e investigar sobre o modo como o
público participa da constituição da imagem móvel. Antes, porém, procederemos, nesta
primeira parte, ao desenvolvimento de uma análise mais minuciosa sobre esses processos
óticos e químicos que ocorrem na câmera e que estão implicados, portanto, no modo de
produção dessas imagens que se encontram impressas em cada fotograma.
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