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Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

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contudo, <strong>de</strong> uma progressiva diminuição do seu contato tanto com o presente, o real,<br />

quanto com o passado, o virtual. É nesse sentido que as representações vão<br />

progressivamente se afastando da duração.<br />

Para que o passado, propriamente dito, encontre meios <strong>de</strong> subverter os hábitos<br />

adquiridos pelo processo <strong>de</strong> aprendizagem, ou seja, para que os estados afetivos ainda não<br />

conhecidos possam atualizar-se à consciência, é necessário, então, estabelecer mecanismos<br />

capazes <strong>de</strong> quebrar as reações automáticas. É preciso, portanto, subverter as representações<br />

que já estão consagradas pelo hábito. Subverter, pois a língua. Não só aquela que<br />

eventualmente é comungada pela comunida<strong>de</strong>, mas inclusive aquela que possivelmente o<br />

próprio ser construiu para si mesmo como meio <strong>de</strong> garantir uma soberania e estabilida<strong>de</strong><br />

maior da consciência perante o passado caprichoso e imprevisível.<br />

Quando os produtores da imagem cinematográfica manipulam os dispositivos<br />

técnicos em vistas <strong>de</strong> intervir na matéria significante, eles <strong>de</strong>senvolvem códigos visuais<br />

que, com a repetição continuada, ten<strong>de</strong>m a habituar o público em interpretações já<br />

conhecidas. Para que o hábito não diminua a intensida<strong>de</strong> da imagem, para que ele não<br />

afaste da imagem a carga afetiva gerada pelo acionamento do inconsciente, faz-se<br />

necessário, então, subverter os códigos já consagrados por um Saber que passou então a ser<br />

comungado pela comunida<strong>de</strong> envolvida. Nesse sentido, a subversão da linguagem em<br />

pesquisas que levem o produtor da imagem a <strong>de</strong>senvolver novos arranjos na matéria<br />

significante é fundamental para que o público continue a ser estimulado a participar<br />

afetivamente no esforço <strong>de</strong> interpretação imaginativa dos estímulos visuais que se<br />

apresentam para ele. A atitu<strong>de</strong> poética é essencial para a emergência da memória na<br />

produção <strong>de</strong> representações.<br />

É Bergson ainda quem observa que é o reconhecimento <strong>de</strong> uma situação similar a<br />

outras já elaboradas, e, portanto, já conhecidas, que permite ao ser aquela sensação <strong>de</strong><br />

familiarida<strong>de</strong> que tanto o apazigua. Diante do presente, a percepção consciente não só<br />

toma conhecimento da situação atual, como reconhece nela semelhanças com situações já<br />

vividas. O reconhecimento viabiliza então o acionamento <strong>de</strong> uma reação automática. É o<br />

que ocorre, por exemplo, quando já conhecemos um lugar e po<strong>de</strong>mos circular por ele com<br />

<strong>de</strong>senvoltura. Basta captar alguns indícios da situação presente para que possamos percebê-<br />

la em seu todo. A percepção se torna quase instantânea, inferindo-se o todo pela parte.<br />

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