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Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

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Antônio Moreno, ofereceu aos alunos a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver alguns projetos <strong>de</strong><br />

realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos animados. Apresentei-lhe um, inspirado no poema A Casa, <strong>de</strong><br />

Vinícius <strong>de</strong> Moraes. A proposta foi aceita. Bastava então convencer minha irmã a<br />

participar do trabalho com sua habilida<strong>de</strong> eloqüente para o <strong>de</strong>senho. Cui<strong>de</strong>i <strong>de</strong> encontrar<br />

bons músicos para a canção e para os efeitos sonoros. As vozes das crianças. Tracei o<br />

conceito do filme. Fui à produção. À noite, Yoko <strong>de</strong>senhava as figuras em papel fino. De<br />

dia, eu ia para a mesa <strong>de</strong> luz e passava os <strong>de</strong>senhos para outra folha, produzindo, com meu<br />

amigo Mauro Vergne – também estudante <strong>de</strong> cinema – a arte final que seria posteriormente<br />

filmada na truca – câmera cinematográfica adaptada para filmagem quadro a quadro. Antes<br />

da filmagem, cada cena era testada em um computador. Podíamos avaliar o movimento das<br />

figuras, seu ritmo, sua <strong>de</strong>finição e a flui<strong>de</strong>z na imagem. Eu fazia contas e mais contas para<br />

informar minha irmã sobre quantos <strong>de</strong>senhos seriam necessários para cada cena. Depois<br />

fazia novas contas para ajustar o ritmo dos movimentos na imagem ao ritmo da música:<br />

<strong>de</strong>cidia quantas vezes seriam filmados cada <strong>de</strong>senho, quais seriam registrados em um<br />

fotograma, quais em dois, ou mesmo em três. As alternâncias entre imagens que se<br />

repetiriam. Ajustava o movimento pensando em cada fotograma, e registrava esses<br />

números no plano <strong>de</strong> filmagem. Após todo esse trabalho, quando assisti ao copião pela<br />

primeira vez, na sala <strong>de</strong> projeção do CTAv - FUNARTE, fiquei tomada pela emoção.<br />

Todos esse processo me fez perceber que, em meio aos fotogramas, por mais que se<br />

modulasse o ritmo do movimento, por mais que ele se disponibilizasse a ser manipulado,<br />

contabilizado, ainda assim, algo nele estava além <strong>de</strong> qualquer controle, <strong>de</strong> qualquer<br />

expressão numérica. Algo <strong>de</strong> subjetivo se insinuava na imagem. Perpetuava-se a mágica.<br />

Uma carga afetiva. Um ritmo que se alterava a cada projeção. Tive a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

assistir várias vezes ao pequenino filme, e a cada projeção percebia nele a expressão um<br />

tempo diferente.<br />

Mas essa experiência também me trouxe uma certa angústia. Apesar da alegria tão<br />

pueril, tão ingênua, na <strong>de</strong>scoberta do movimento, da animação <strong>de</strong> formas tão lúdicas, algo<br />

parecia ainda preso na imagem. O modo como me era permitido articular o movimento, a<br />

própria configuração da imagem. Pedira a Yoko para evitar o realismo nas figuras, fugir da<br />

perspectiva geométrica, e explorar, no <strong>de</strong>senho, seus elementos mais básicos, como as<br />

linhas, as superfícies e a cor; buscar a simplicida<strong>de</strong> no que havia <strong>de</strong> mais essencial do<br />

<strong>de</strong>senho. Gostei bastante do resultado. Mas imaginava, então, como seria trabalhar com a<br />

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