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Cristina Toshie Lucena Nishio - Biblioteca Digital de Teses e ...

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ela se torna cada vez mais parecida com a anterior, até quase aniquilar a diferença. Uma<br />

reação que passa a ter cada vez menos investimento da subjetivida<strong>de</strong>. Os hábitos são úteis<br />

para situações on<strong>de</strong> a reação rápida é requerida. Eles são responsáveis pela agilida<strong>de</strong> na<br />

ação. É Bergson mesmo que, em um momento do texto, nos diz que a memória<br />

<strong>de</strong>senvolvida pelo hábito “(...) que é ativa ou motora, <strong>de</strong>verá inibir constantemente a<br />

primeira, ou pelo menos aceitar <strong>de</strong>la apenas o que é capaz <strong>de</strong> esclarecer e completar<br />

utilmente a situação presente.” (ibi<strong>de</strong>m, p. 65 et seq.)<br />

Essas reações tornadas automáticas pela repetição habitual <strong>de</strong> um movimento<br />

passam a exigir do ser menos atenção diante do presente que o atinge. Mas, como<br />

dissemos, elas só são possíveis após um esforço do corpo em <strong>de</strong>senvolver tais hábitos<br />

sensório-motores. Antes que o movimento se realize <strong>de</strong> maneira automática, é necessário<br />

que se aprenda a executá-lo. Po<strong>de</strong>mos observar em nosso cotidiano o quanto ações hoje<br />

tidas como fáceis foram, um dia, consi<strong>de</strong>radas difíceis, antes <strong>de</strong> serem apreendidas.<br />

Apren<strong>de</strong>r a andar, a coor<strong>de</strong>nar o corpo em movimentos precisos, a falar, ler, escrever,<br />

comportar-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada maneira diante <strong>de</strong> situações do presente, tudo isso implica em<br />

um esforço doloroso do ser em aprendizagem. Nesse sentido, antes que o hábito seja<br />

adquirido e o movimento <strong>de</strong> reação diante do presente se torne automático, exigindo assim,<br />

pouca atenção do ser diante não só da realida<strong>de</strong> que o atinge, quanto do próprio movimento<br />

que seu corpo elabora, a aprendizagem <strong>de</strong>sse mesmo hábito exige <strong>de</strong>le o investimento <strong>de</strong><br />

muita atenção e concentração a cada vez que ele tenta repetir a ação.<br />

É nesse sentido que Bergson contrasta o reconhecimento por distração do<br />

reconhecimento atento. No processo <strong>de</strong> conhecimento, ou aprendizagem, exige-se uma<br />

percepção atenta da consciência diante do movimento que atinge o corpo em forma <strong>de</strong><br />

estímulos sensoriais; uma busca por meios que viabilizem ao corpo reconhecer<br />

posteriormente esse mesmo movimento por simples indícios <strong>de</strong>le; do mesmo modo que a<br />

resposta a esse movimento percebido exige uma concentração maior da atenção sobre o<br />

movimento a ser executado. A maneira mais eficiente que o corpo encontra para apreen<strong>de</strong>r<br />

um movimento que se apresenta para ele é tentando repeti-lo em seu próprio corpo. Assim,<br />

no exemplo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong> uma língua, o corpo tenta reproduzir com o próprio corpo<br />

aquele som que ele percebe do exterior. Essa repetição implica, pois, em uma fase inicial<br />

<strong>de</strong> análise do movimento em suas partes mínimas e, posteriormente, em uma síntese capaz<br />

<strong>de</strong> refazer sua unida<strong>de</strong>. A memória motora se forma justamente a partir <strong>de</strong>ssa<br />

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