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“Ecologia química de esponjas marinhas: multifuncionalidade ... - UFF

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Biologia Marinha<br />

Pós-Graduação - uff<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE<br />

CENTRO DE ESTUDOS GERAIS<br />

INSTITUTO DE BIOLOGIA<br />

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MARINHA<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MARINHA<br />

<strong>“Ecologia</strong> <strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong>:<br />

multifuncionalida<strong>de</strong>, variação congenérica,<br />

intrapopulacional, latitudinal e estádios <strong>de</strong> vida”<br />

SUZI MENESES RIBEIRO<br />

2008<br />

i


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE<br />

CENTRO DE ESTUDOS GERAIS<br />

INSTITUTO DE BIOLOGIA<br />

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MARINHA<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MARINHA<br />

<strong>“Ecologia</strong> <strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong>:<br />

multifuncionalida<strong>de</strong>, variação congenérica,<br />

intrapopulacional, latitudinal e estádios <strong>de</strong> vida”<br />

SUZI MENESES RIBEIRO<br />

ORIENTAÇÃO<br />

PROF. Dr. RENATO CRESPO PEREIRA<br />

PROF a . Dr a . VALÉRIA LANEUVILLE TEIXEIRA<br />

Niterói 2008<br />

ii


SUZI MENESES RIBEIRO<br />

<strong>“Ecologia</strong> <strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong>:<br />

multifuncionalida<strong>de</strong>, variação congenérica,<br />

intrapopulacional, latitudinal e estádios <strong>de</strong> vida”<br />

BANCA EXAMINADORA:<br />

__________________________________________________<br />

Prof. Dr. Renato Crespo Pereira<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

__________________________________________________<br />

Prof a . Dr a . Valéria Laneuville Teixeira<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

___________________________________________________<br />

Prof a Dr a. Gisele Lôbo Hajdu<br />

Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

__________________________________________________<br />

Prof. Dr. Abílio Soares Gomes<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

___________________________________________________<br />

Dr. Fernando Coreixas Moraes<br />

Museu Nacional<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

____________________________________________________<br />

Dr a. Diana Negrão Cavalcanti<br />

Fundação Oswaldo Cruz<br />

(Suplente)<br />

ABRIL 2008<br />

Tese apresentada ao Curso <strong>de</strong> Pós-<br />

Graduação em Biologia Marinha da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

como requisito parcial para a obtenção<br />

do grau <strong>de</strong> Doutor em Biologia<br />

Marinha.<br />

iii


R 484 Ribeiro, Suzi Meneses<br />

Ecologia <strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong>: multifuncionalida-<br />

<strong>de</strong>, variação congenérica, intrapopulacional, latitudinal e está<br />

-dios <strong>de</strong> vida./ Suzi Meneses Ribeiro.—Niterói, RJ : [s.n.] ,<br />

2008.<br />

132f<br />

Tese—(Doutorado em Biologia Marinha)—Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral Fluminense, 2008.<br />

1. Poríferos. 2 Ecologia Química. 3. Tethya sp. 4. Compo-<br />

sição <strong>química</strong>. I.Título.<br />

CDD.: 593.4<br />

iv


AGRADECIMENTOS<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao Renato a orientação e todo apoio durante a execução <strong>de</strong>sse<br />

projeto. Agra<strong>de</strong>ço a Valéria por me apresentar o “incrível mundo da <strong>química</strong>” e ter<br />

paciência todas as vezes que precisei <strong>de</strong> muitas explicações. A Etiene Clavico por<br />

ter me incentivado a iniciar o doutorado e também todo o apoio na finalização<br />

<strong>de</strong>ssa tese, mesmo que longe, via MSN. Obrigada!<br />

Durante os quatro anos, foram muitas saídas <strong>de</strong> campo, seja para coletar ou<br />

fazer experimentos e muitas pessoas me ajudaram, espero não ter esquecido <strong>de</strong><br />

ninguém: Patricia Oliveira Silva, Etiene Clavico, Daniela Lopes, Marquinhos, Svenja<br />

Hampl, Bruno Lopes, Pedro Ribeiro, Amanda Ferreira, Mariana Melão, Camilla F.<br />

Souza, Ricardo Rogers, Magui Vallin, Juliana Ferrari, Bernardo P. da Gama,<br />

Ecidine Alves Barbosa (agra<strong>de</strong>ço em especial as coletas em dias <strong>de</strong> chuva), Aline<br />

Oliveira, Marcelo Vasconcelos, Wilton Ferreira, Fredy Ortiz, Gláucia Ank, Leonardo<br />

Lima, Amanda Ferreira, Eduardo Xavier, Carlos Brito e a nova geração do Lab,<br />

Rodrigo, Natália e Claudinha.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a Ludmila Bomeny, Joel <strong>de</strong> Paula, Odinéia Pamplona, Éverson M.<br />

Bianco que me ajudaram prontamente sempre que me senti perdida no laboratório<br />

<strong>de</strong> <strong>química</strong>. Aprendi muito com vocês. Obrigada!<br />

Ao Lab. <strong>de</strong> Ressonância Magnética (<strong>UFF</strong>), Lab. <strong>de</strong> Porifera (Museu<br />

Nacional/UFRJ).<br />

Alexandre Santos <strong>de</strong> Souza (IBAMA) pela i<strong>de</strong>ntificação dos paguros, Diana<br />

Calvalcanti (análises CG/MS), Prof. Keyla e Prof. Moisés (Instituto <strong>de</strong> Matemática,<br />

Departamento <strong>de</strong> Estatística) pelas análises estatísticas.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a minha família, José, Josefa, Pedro, Shele e Mariane por serem<br />

pessoas maravilhosas.<br />

v


A Eunice por todas (e foram muitas) vezes que apareci na secretaria<br />

precisando <strong>de</strong> algo, em especial, a paciência momentos antes do meu estágio no<br />

exterior quando eu não agüentava mais tantos papéis.<br />

Ao Dr. Guilherme Muricy pela ajuda prestada sempre que precisei e por ter<br />

sido meu gran<strong>de</strong> incentivador na carreira científica.<br />

Ao Dr.Mikel Becerro por me receber no Centro <strong>de</strong> Estudos Avançados <strong>de</strong><br />

Blanes (Catalunha, Espanha), a Dr. Ioshune Uriz, Adriana Villamor e Oriol Sacristan<br />

(CEAB) por tanta ajuda nos trabalhos <strong>de</strong> campo que não daria para enumerar, Dr.<br />

Cristobo e Dr a . Pilar (Galícia, ES) por serem pessoas tão maravilhosas além <strong>de</strong><br />

profissionais exemplares.<br />

A Ana Lumbreras e Marc Terradas pela inestimável amiza<strong>de</strong> e gran<strong>de</strong><br />

torcida para finalização <strong>de</strong>sse trabalho. Todos os meus amigos do CEAB, pessoas<br />

tão especiais e que compartilharam comigo momentos que certamente nunca<br />

esquecerei.<br />

A Dulce Gilson Mantuano, pela inestimável amiza<strong>de</strong> e pelas inumeráveis,<br />

produtivas e engraçadíssimas discussões ao longo da vida. A Patrícia (minha irmã)<br />

por me dar a alegria <strong>de</strong> sua amiza<strong>de</strong> durante tantos anos...<br />

Ao meus amigos <strong>de</strong> Marambaia: Ester, Viviane e Tiago. Sempre passo<br />

ótimos momentos com vocês. Obrigada!<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao Matthew J. Parker pelas figuras e revisão do inglês, além <strong>de</strong> ter<br />

me suportado nos difíceis momentos finais da tese.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a CAPES pela bolsa <strong>de</strong> doutorado e estágio <strong>de</strong> doutorando no<br />

exterior (PDEE) que foram fundamentais na execução <strong>de</strong>sse trabalho. A FAPERJ<br />

pelos recursos do laboratório.<br />

projeto.<br />

Ao IBAMA por conce<strong>de</strong>r as autorizações necessárias para execução <strong>de</strong>sse<br />

vi


SUMÁRIO<br />

Ficha catalográfica............................................................................................ iv<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos................................................................................................ v<br />

Resumo............................................................................................................. ix<br />

Abstract............................................................................................................. x<br />

Lista <strong>de</strong> figuras ................................................................................................. xi<br />

Lista <strong>de</strong> tabelas................................................................................................. xiv<br />

Introdução geral.............................................................................................. 1<br />

Esponjas <strong>marinhas</strong> e seu potencial químico.......................................... 1<br />

Capítulo 1 - Perfil químico e <strong>de</strong>fesas antipredação do gênero Tethya<br />

(Porifera: Demospongiae).................................................................................<br />

1. Introduçao............................................................................................ 12<br />

2. Materiais e métodos............................................................................ 17<br />

3. Resultados.......................................................................................... 26<br />

4. Discussão............................................................................................ 46<br />

5. Conclusões.......................................................................................... 52<br />

Capítulo 2 – Variação intrapopulacional nos metabólitos <strong>de</strong> Tethya sp. e<br />

perfil químico dos brotos...................................................................................<br />

1. Introdução............................................................................................ 55<br />

2. Materiais e métodos............................................................................ 58<br />

3. Resultados.......................................................................................... 68<br />

4. Discussão............................................................................................ 69<br />

5. Conclusões.......................................................................................... 71<br />

Capítulo 3 - Multifuncionalida<strong>de</strong> na <strong>química</strong> <strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong> Hymeniacidon<br />

heliophila (Parker, 1910) contra predadores.....................................................<br />

11<br />

54<br />

72<br />

vii


1. Introduçao............................................................................................ 73<br />

2. Materiais e métodos............................................................................ 75<br />

3. Resultados........................................................................................... 78<br />

4. Discussão............................................................................................ 82<br />

5. Conclusões.......................................................................................... 85<br />

Capítulo 4 - Variação latitudinal na produção <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> em<br />

<strong>esponjas</strong> do Atlântico Sul, Atlântico Norte e Mediterrâneo...............................<br />

1. Introduçao........................................................................................... 89<br />

2. Materiais e métodos............................................................................ 93<br />

3. Resultados........................................................................................... 96<br />

4. Discussão............................................................................................ 98<br />

5. Conclusões.......................................................................................... 107<br />

Conclusões gerais........................................................................................... 108<br />

Referências bibliográficas.............................................................................. 110<br />

ANEXO I – Artigo: Variability on the <strong>de</strong>fensive strategies of two Tethya<br />

species (Porifera: Demospongiae)”, submetido ao periódico “Biological<br />

Bulletin”<br />

ANEXO II – Artigo: “Como as <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> interagem no meio em que<br />

vivem?”, aceito para publicação na revista “Ciência Hoje”<br />

88<br />

viii


RESUMO<br />

As <strong>esponjas</strong> estão entre os organismos marinhos dos quais se têm extraído<br />

diversos produtos naturais. Essa diversida<strong>de</strong> <strong>química</strong> estimulou o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da ecologia <strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>, porém, poucos trabalhos investigaram a ecologia<br />

<strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> na costa brasileira. Os objetivos <strong>de</strong>sse trabalho foram: a)<br />

<strong>de</strong>screver o perfil químico e as <strong>de</strong>fesas antipredação <strong>química</strong>s e físicas <strong>de</strong> duas<br />

espécies do gênero Tethya; b) <strong>de</strong>screver a variação nos metabólitos secundários<br />

da esponja Tethya sp.; c) <strong>de</strong>screver o perfil químico dos brotos <strong>de</strong> Tethya sp.; d)<br />

investigar se extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila com baixa, média e alta<br />

polarida<strong>de</strong>s reduzem o consumo <strong>de</strong> ouriços, peixes e paguros e e) avaliar a<br />

existência <strong>de</strong> variação latitudinal na eficiência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> contra o consumo<br />

por peixes em <strong>esponjas</strong> <strong>de</strong> três regiões distintas (Atlântico Norte, Atlântico Sul e<br />

mar Mediterrâneo). Em ensaios <strong>de</strong> laboratório, o extrato bruto <strong>de</strong> Tethya sp. evitou<br />

a predação por paguros, o que não ocorreu com Tethya rubra. Em ambas espécies<br />

as espículas e a combinação <strong>de</strong> espículas com extrato bruto foram <strong>de</strong>fensivas. Os<br />

três extratos brutos <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila foram repelentes a predação por<br />

paguros, enquanto apenas o <strong>de</strong> alta polarida<strong>de</strong> evitou a predação por ouriços e o<br />

<strong>de</strong> média polarida<strong>de</strong>, eficiente contra a predação por peixes generalistas. Concluiu-<br />

se que <strong>esponjas</strong> com perfis químicos muito semelhantes (Tethya sp. e Tethya<br />

rubra) po<strong>de</strong>m apresentar distintas estratégias <strong>de</strong>fensivas. A multiplicida<strong>de</strong> nas<br />

<strong>de</strong>fesas antipredação foram constatadas em extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila.<br />

Não foram encontradas tendências latitudinais em <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s antipredação<br />

contra peixes generalistas em <strong>esponjas</strong> do Mediterrâneo, Atlântico Norte e Atlântico<br />

sul.<br />

ix


ABSTRACT<br />

Sponges are amongst a group of marine organisms from which many, diverse,<br />

natural products have been extracted. This chemical diversity has stimulated the<br />

<strong>de</strong>velopment of the sponges’ chemical ecology, however, there have been few<br />

works investigating the chemical ecology of sponges from the Brazilian coastline.<br />

This work aims to: a) <strong>de</strong>scribe the chemical profile and the physical & chemical anti-<br />

predatory <strong>de</strong>fenses of two different Tethya species; b) <strong>de</strong>scribe the secondary<br />

metabolite variations in Tethya sp.; c) evaluate the chemical profile of the buds of<br />

Tethya sp.; d) investigate if extracts from Hymeniacidon heliophila, with low,<br />

medium and high polarities can reduce consumption by sea urchins, fishes and<br />

hermit crabs and e) evaluate the existence of latitudinal variation in the chemical<br />

<strong>de</strong>fense effectiveness of marine sponges in three distinct regions (North Atlantic,<br />

South Atlantic and the Mediterranean). In laboratory tests, the cru<strong>de</strong> extract of<br />

Tethya sp. avoids predatory attacks from hermit crabs, whilst this does not happen<br />

with Tethya rubra. In both Tethya species, the spicules and the combination of<br />

spicules with cru<strong>de</strong> extract, <strong>de</strong>monstrated <strong>de</strong>fensive properties. Of the three cru<strong>de</strong><br />

extracts of Hymeniacidon heliophila, all were a <strong>de</strong>terrent to hermit crabs. Only high<br />

polarities <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>d against sea urchins, whilst medium polarity, was efficient in<br />

<strong>de</strong>fending against generalist fish. In conclusion even sponges with similar chemical<br />

composition (Tethya sp. and Tethya rubra) may present different <strong>de</strong>fensive<br />

strategies. Multiple anti-predatory <strong>de</strong>fenses were recor<strong>de</strong>d in extracts of<br />

Hymeniacidon heliophila. In related sponges from North Atlantic, South Atlantic and<br />

the Mediterranean, consistent latitudinal inclination in anti-predatory chemical<br />

<strong>de</strong>fenses of sponges, against generalist fish, was not found.<br />

x


LISTA DE FIGURAS<br />

Capítulo 1<br />

Figura 1 Esqueleto básico <strong>de</strong> um esterol do tipo colestano. 14<br />

Figura 3<br />

Exemplar <strong>de</strong> Tethya sp. (A) e Praia <strong>de</strong> Tarituba, Paraty - RJ (B).<br />

Figura 4 Exemplar <strong>de</strong> Tethya rubra (A) e Ilha do Fra<strong>de</strong>, Baía <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos – BA (B).<br />

Figura 5 Indivíduos <strong>de</strong> paguros Calcinus tibicen (A) e Clibanarius antillensis<br />

(B).<br />

18<br />

Figura 6 Praia <strong>de</strong> Itaipu (costão esquerdo), Niterói - Rio <strong>de</strong> Janeiro. 18<br />

Figura 7 (A) Incorporação do gel a matriz quadriculada, (B) <strong>de</strong>talhe do<br />

alimento após cortado na malha, contendo um controle e um<br />

tratamento e (C) unida<strong>de</strong> experimental utilizada: pote plástico com<br />

um paguro e alimento artificial.<br />

Figura 8 (A) unida<strong>de</strong> experimental contendo um alimento controle e um<br />

alimento tratamento, (B) mol<strong>de</strong> em acrílico utilizado para obtenção<br />

dos alimentos.<br />

Figura 9<br />

(A) limpeza das espículas a vácuo, (B) Espículas limpas.<br />

Figura 10 Partição com funil <strong>de</strong> bromo realizada com os extratos brutos em<br />

acetona <strong>de</strong> Tethya sp. e Tethya rubra.<br />

Figura 11 Filtração com funil <strong>de</strong> Büchner realizada com o extrato bruto <strong>de</strong><br />

Tethya sp.<br />

Figura 12 Cromatografia em camada <strong>de</strong>lgada do extrato bruto em acetona<br />

<strong>de</strong> Tethya sp. (A) e Tethya rubra (B). Eluente: AcOEt/ Hexano 1:1.<br />

Figura 13 RMN 1 H (CDCl3, 300 MHz, TMS como referência interna) do<br />

extrato bruto <strong>de</strong> Tethya sp. coletada em Parati (RJ) (acima) e<br />

Tethya rubra coletada na Bahia (abaixo).<br />

Figura 14 CG/MS do extrato bruto em acetona <strong>de</strong> T. rubra, BA (1,4<br />

mg/1mL).<br />

Figura 15 CG/MS do extrato bruto em acetona <strong>de</strong> Tethya sp., BA (1,4<br />

mg/1mL).<br />

Figura 16 Extrato bruto em acetona <strong>de</strong> T. rubra (à esquerda), padrão <strong>de</strong><br />

colesterol (ao meio) e extrato bruto em acetona <strong>de</strong> Tethya sp. (à<br />

direita).<br />

Figura 17<br />

CCD das frações 1-63 <strong>de</strong> Tethya sp. Eluente: AcOt/Hexano 1:1<br />

Figura 18<br />

CCD das frações 1-41 Tethya rubra. Eluente: AcOt/Hexano 1:1<br />

Figura 19 Estrutura dos principais esteróis <strong>de</strong>tectados das espécies <strong>de</strong><br />

Tethya sp. (RJ) e Tethya rubra (BA).<br />

Figura 20 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais contendo extratos<br />

brutos em acetona das <strong>esponjas</strong> Tethya sp. e Tethya rubra e dos<br />

respectivos controles. N = número <strong>de</strong> réplicas. A barra vertical em<br />

cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

17<br />

18<br />

20<br />

21<br />

22<br />

24<br />

25<br />

26<br />

27<br />

28<br />

29<br />

30<br />

31<br />

32<br />

34<br />

35<br />

xi


Figura 21 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais controle e tratamento<br />

contendo espículas das <strong>esponjas</strong> Tethya sp. e Tethya rubra pelo<br />

paguro Calcinus tibicen. N = número <strong>de</strong> réplicas. A barra vertical<br />

em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Figura 22 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais contendo controle e<br />

tratamento contendo espículas e extrato bruto das <strong>esponjas</strong><br />

Tethya sp. e Tethya rubra pelo paguro Calcinus tibicen. N =<br />

número <strong>de</strong> réplicas. A barra em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao<br />

<strong>de</strong>svio padrão.<br />

Figura 23 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais contendo extrato bruto<br />

das <strong>esponjas</strong> Tethya sp. e Tethya rubra por peixes generalistas. N<br />

= número <strong>de</strong> réplicas. A barra em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao<br />

<strong>de</strong>svio padrão.<br />

Figura 24 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais contendo espículas das<br />

<strong>esponjas</strong> Tethya sp. e Tethya rubra. N = número <strong>de</strong> réplicas. A<br />

barra vertical em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Figura 25 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> frações <strong>de</strong> Tethya sp. N = número <strong>de</strong> 40<br />

réplicas. A barra em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Figura 26 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais contendo as frações 41<br />

obtidas com clorofórmio e água <strong>de</strong>stilada <strong>de</strong> Tethya sp. N =<br />

número <strong>de</strong> réplicas. A barra vertical em cada coluna correspon<strong>de</strong><br />

ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Figura 27 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais contendo as frações 42<br />

obtidas com clorofórmio e água <strong>de</strong>stilada <strong>de</strong> Tethya sp. N =<br />

número <strong>de</strong> réplicas. A barra vertical em cada coluna correspon<strong>de</strong><br />

ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Figura 28 Comparação da fração ativa com as frações 37-39 e 42. 43<br />

Figura 29 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais contendo as frações 37-<br />

39 e 42 pelo paguro Calcinus tibicen. N = número <strong>de</strong> réplicas. A<br />

barra vertical em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

36<br />

37<br />

38<br />

39<br />

44<br />

xii


Capítulo 2<br />

Figura 1 (A) Um broto <strong>de</strong> Tethya sp. na extremida<strong>de</strong> da pinça. Escala = 1<br />

cm, (B) brotos vistos sob lupa.<br />

Figura 2 Estrutura dos principais esteróis <strong>de</strong>tectados das espécies <strong>de</strong><br />

Tethya sp. (RJ) e Tethya rubra da (BA).<br />

Figura 3 Concentração <strong>de</strong> colesta-4,6-dienol-3 em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya<br />

sp.<br />

Figura 4<br />

Concentração <strong>de</strong> colesterol em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

Figura 5 Concentração <strong>de</strong> ergosta-5,22-dienol-3 em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya<br />

sp.<br />

Figura 6 Concentração <strong>de</strong> ergosta-5,24(28)-dienol-3 em 10 indivíduos <strong>de</strong><br />

Tethya sp.<br />

Figura 7 Concentração <strong>de</strong> estigmasta-5-enol-3 em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya<br />

sp.<br />

Figura 8 Cromatograma do extrato bruto dos brotos <strong>de</strong> Tethya sp. (CG/MS).<br />

Figura 9 Cromatograma do extrato bruto <strong>de</strong> adultos <strong>de</strong> Tethya sp. (CG/MS). 68<br />

Figura 10<br />

Colesta-5-enol- 3-ona-7 (presente nos brotos, não <strong>de</strong>tectado nos<br />

69<br />

indivíduos adultos).<br />

Capítulo 3<br />

Figura 1 Esponja Hymeniacidon heliophila (Parker, 1910). Foto: G. Muricy. 75<br />

Figura 2 Praia <strong>de</strong> Itaipu, Niterói, Rio <strong>de</strong> Janeiro. A seta indica o local <strong>de</strong><br />

coleta dos organismos (Modificado <strong>de</strong> Salvador e Silva 2002).<br />

Figura 3 Enseada do Forno, Arraial do Cabo, Rio <strong>de</strong> Janeiro. A seta indica o<br />

local on<strong>de</strong> foram realizados experimentos (Modificado <strong>de</strong> Ribeiro et<br />

al. 2003).<br />

Figura 4 Método <strong>de</strong> obtenção dos três extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila<br />

(EB1, EB2, EB3).<br />

Figura 5 Cromatografia em camada <strong>de</strong>lgada dos extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon<br />

heliophila. (A) Placa não revelada e (B) placa revelada com sulfato<br />

cérico.<br />

Figura 6 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos controle e tratamento contendo<br />

extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila pelo paguro Calcinus tibicen.<br />

O número <strong>de</strong> réplicas utilizados está indicado acima das colunas<br />

correspon<strong>de</strong>ntes assim como o valor <strong>de</strong> p. A barra em cada coluna<br />

correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Figura 7 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos controle e tratamento contendo<br />

extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila pelo ouriço Litechinus<br />

variegatus. O número <strong>de</strong> réplicas utilizados está indicado acima<br />

das colunas correspon<strong>de</strong>ntes assim como o valor <strong>de</strong> p. A barra em<br />

cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

61<br />

63<br />

64<br />

64<br />

65<br />

65<br />

66<br />

67<br />

76<br />

76<br />

77<br />

78<br />

79<br />

80<br />

xiii


Figura 8 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos controle e tratamento contendo<br />

extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila por peixes generalistas. O<br />

número <strong>de</strong> réplicas utilizados está indicado acima das colunas<br />

correspon<strong>de</strong>ntes assim como o valor <strong>de</strong> p. A barra em cada coluna<br />

correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Capítulo 4<br />

Figura 1 Os pontos vermelhos indicam os locais <strong>de</strong> coleta no Atlântico Norte<br />

e Mediterrâneo. 1 = Ria <strong>de</strong> Ferrol (La Coruña), 2 = Cabo <strong>de</strong> Creus<br />

(Catalunha), 3 = L’Estartit (Catalunha) e 4 = Blanes (Catalunha).<br />

Figura 2 Os pontos vermelhos indicam as localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta no Atlântico<br />

Sul, Rio <strong>de</strong> Janeiro (Brasil).<br />

Figura 4 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos controle e tratamento contendo<br />

extrato bruto das <strong>esponjas</strong> do Atlântico Sul e Mediterrâneo. A barra<br />

em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão, o valor <strong>de</strong> p está<br />

ao lado <strong>de</strong> cada coluna e N = 20 em todos os casos.<br />

Figura 5 Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos controle e tratamento contendo<br />

extrato bruto das <strong>esponjas</strong>. A barra em cada coluna correspon<strong>de</strong><br />

ao <strong>de</strong>svio padrão, o valor <strong>de</strong> p está ao lado <strong>de</strong> cada coluna e N =<br />

20 em todos os casos.<br />

81<br />

90<br />

91<br />

96<br />

97<br />

xiv


Introdução geral<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1. Trabalhos realizados na costa brasileira na área <strong>de</strong> ecologia<br />

<strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>.<br />

Capítulo 1<br />

Tabela 1 Tempo <strong>de</strong> retenção (Tr), massa molecular (M + ), principais<br />

fragmentos em CG/MS, fórmula molecular e código da<br />

estrutura dos esteróis <strong>de</strong>tectados.<br />

Tabela 2 Percentagens relativas (%) dos esteróis <strong>de</strong>tectados em<br />

CG/MS nos espécimes <strong>de</strong> Tethya sp. (RJ) e Tethya rubra<br />

(BA).<br />

Tabela 3 Pesos e porcentagens relativas resultantes da filtração do<br />

extrato bruto <strong>de</strong> Tethya sp. com diferentes solventes.<br />

Capítulo 2<br />

Tabela 1<br />

Capítulo 4<br />

Pesos e porcentagens resultantes da filtração do extrato<br />

bruto <strong>de</strong> Tethya sp. com diferentes solventes.<br />

Tabela 1 Esponjas <strong>marinhas</strong> estudadas. AN=Atlântico Norte,<br />

AS=Atlântico Sul e MED=Mediterrâneo.<br />

Tabela 2 Porcentagem <strong>de</strong> extrato em função do peso seco obtido das<br />

<strong>esponjas</strong> estudadas.<br />

10<br />

33<br />

33<br />

40<br />

69<br />

92<br />

95<br />

xv


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

Introdução geral<br />

Esponjas <strong>marinhas</strong> e seu potencial químico<br />

As <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> são animais multicelulares primitivos, com<br />

ocorrência registrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Pré-Cambriano (Li et al. 1998, Hooper & van<br />

Soest 2002). As <strong>esponjas</strong> estão distribuídas em ambientes marinhos e<br />

dulciaquícolas, dos pólos às regiões tropicais. Em muitos habitats bênticos,<br />

incluindo costões rochosos, recifes <strong>de</strong> coral e grutas submarinas, <strong>de</strong>ntre outros,<br />

as <strong>esponjas</strong> são, freqüentemente, os organismos dominantes (Bergquist 1978,<br />

Hooper 1995, Diaz & Rutzler 2001). Elas se alimentam através <strong>de</strong> filtração por<br />

um sistema aquífero inalante e exalante com poros externos que são<br />

conectados à câmaras <strong>de</strong> coanócitos (Hooper et al. 2002) (Figura 1).<br />

Atualmente, existem 7.000 espécies <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>de</strong>scritas, mas estima-se que<br />

este número possa chegar a 15.000 em todo o mundo (Hooper & van Soest,<br />

2002).<br />

Existem quatro Classes <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>: Calcarea, Hexactinellida,<br />

Demospongiae e Archaeocyatha. A Classe Calcarea reúne <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong><br />

com espículas constituídas por carbonato <strong>de</strong> cálcio e são distribuídas em todos<br />

os oceanos do mundo, mas a maioria ocorrendo em águas costeiras e rasas. A<br />

Classe Hexactinellida inclui <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> que possuem espículas<br />

1


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

silicosas hexactinais e são conhecidas vulgarmente como “<strong>esponjas</strong>-<strong>de</strong>-vidro”,<br />

muitas <strong>de</strong>las ocorrendo em gran<strong>de</strong>s profundida<strong>de</strong>s. A Classe Demospongiae é<br />

a que reúne o maior número <strong>de</strong> táxons, compreen<strong>de</strong>ndo 90% das espécies <strong>de</strong><br />

<strong>esponjas</strong>, <strong>marinhas</strong> e dulciaquícolas, e que possuem o esqueleto formado por<br />

espículas silicosas ou fibras <strong>de</strong> espongina, po<strong>de</strong>ndo possuir ambos ou, ainda,<br />

nenhum <strong>de</strong>les (Hooper et al. 2002) (Figura 2). A Classe Archeocyatha inclui<br />

<strong>esponjas</strong> fósseis que existiram no período Cambriano (Hooper et al. 2002).<br />

No Brasil, são conhecidas aproximadamente 350 espécies <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>,<br />

porém, estima-se que existam mais 300 espécies a serem <strong>de</strong>scritas (Hajdu et<br />

al. 1999).<br />

Atualmente, as <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> são consi<strong>de</strong>radas alvos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

relevância na busca por moléculas com diversas ativida<strong>de</strong>s biológicas. No<br />

entanto, o potencial químico <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> começou a ser conhecido<br />

pela comunida<strong>de</strong> científica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 50, com os trabalhos realizados<br />

por Bergmann e colaboradores (Bergmann 1949, Bergmann & Feeney 1950,<br />

1951, Bergmann & Burke 1955a, b, Bergmann et al. 1957). Assim, po<strong>de</strong>mos<br />

consi<strong>de</strong>rar que os estudos químicos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> iniciaram-se com as<br />

pesquisas sobre os produtos naturais da esponja Tectitethya crypta (<strong>de</strong><br />

Laubenfels, 1953). Os nucleosí<strong>de</strong>os isolados <strong>de</strong>sta <strong>esponjas</strong>, assim como<br />

correspon<strong>de</strong>ntes metabólitos análogos, exibiram forte ativida<strong>de</strong> biológica que<br />

resultou na produção industrial do Ara-C (Cytosar-U ® Upjohn), que é usado<br />

para o tratamento <strong>de</strong> leucemia e do Ara-A (Vira-A ® Parke-Davis), utilizado no<br />

tratamento da herpes. Outros produtos antivirais como, por exemplo, a<br />

azidotimidina (AZT), usada internacionalmente<br />

2


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 1. Esquema do sistema aquífero <strong>de</strong> poríferos (Reproduzido <strong>de</strong> Muricy & Hajdu, 2006)<br />

Figura 2. Exemplos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> das Classes Calcarea (A), Demospongiae (B), Hexactinellida<br />

(C) e Archaeocyatha (D). Fonte: A e B - acd.ufrj.br/labpor/; C - www.apus.ru/ D -<br />

www.keyobs.be/.<br />

no tratamento <strong>de</strong> pacientes com Síndrome da Imu<strong>de</strong>ficiência Adquirida (Sida)<br />

foram sintetizados a partir <strong>de</strong> nucleosí<strong>de</strong>os extraídos <strong>de</strong> T. crypta. Mais<br />

recentemente, no mínimo quatro produtos extraídos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> estão em<br />

processo <strong>de</strong> testes clínicos <strong>de</strong> fase I para serem comercializados por sua forte<br />

3


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

ativida<strong>de</strong> antitumoral (e.g. KRN 7000, LAF389, Disco<strong>de</strong>rmolí<strong>de</strong>o e HTI286)<br />

(Thakur & Muller 2004).<br />

O potencial farmacológico <strong>de</strong> substâncias obtidas <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> constitui<br />

uma vasta área <strong>de</strong> investigação (e.g. Schmitz & Gopichand 1978, Stonard &<br />

An<strong>de</strong>rson 1980, Kashman et al. 1989, Faulkner 1992, Kelecom 1992). De fato,<br />

as <strong>esponjas</strong> estão entre os organismos dos quais se têm extraído um gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> produtos naturais (Figura 3). Mais <strong>de</strong> cinco mil substâncias foram<br />

isoladas <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> (Bakus et al. 1986, Scheuer 1990, Pawlik 1993,<br />

Faulkner 1998, Blunt & Munro 2003, Blunt et. al. 2006).<br />

Algas vermelhas<br />

5% Outros<br />

Tunicados<br />

7%<br />

6%<br />

Equino<strong>de</strong>rmas<br />

6%<br />

Microorganismos<br />

18%<br />

Celenterados<br />

21%<br />

Esponjas<br />

37%<br />

Figura 3. Distribuição <strong>de</strong> produtos naturais marinhos, por filo. Outros= moluscos, briozoários,<br />

algas ver<strong>de</strong>s e pardas (Fonte: Blunt et al. 2006)<br />

Geralmente, os produtos naturais provenientes <strong>de</strong> organismos marinhos<br />

possuem novas estruturas quando comparados àqueles encontrados em<br />

organismos terrestres (Fenical 1982). Esses metabólitos constituem exemplos<br />

<strong>de</strong> variados tipos <strong>de</strong> estruturas moleculares que incluem substâncias<br />

terpenoídicas, ácidos aminados, alcalói<strong>de</strong>s, substâncias <strong>de</strong> origem biossintética<br />

mista, entre outras (McClintock & Baker 2001). Assim, a proliferação <strong>de</strong><br />

estudos <strong>de</strong> <strong>química</strong> <strong>de</strong> produtos naturais, que buscavam principalmente a<br />

4


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novas moléculas, impulsionou o <strong>de</strong>senvolvimento da ecologia<br />

<strong>química</strong> <strong>de</strong> organismos marinhos como um todo (Pereira 2002).<br />

Ecologia <strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong><br />

A ecologia <strong>química</strong> marinha é uma área recente <strong>de</strong> investigação e<br />

possui caráter interdisciplinar. O enfoque biológico <strong>de</strong>sse campo <strong>de</strong> pesquisa<br />

avalia, por exemplo, como agem e quais as implicações ecológicas dos<br />

metabólitos secundários presentes nos organismos. Por outro lado, a<br />

elucidação <strong>de</strong> estruturas moleculares ativas, assim como as proposições<br />

biogenéticas na formação <strong>de</strong>ssas moléculas constituem algumas das<br />

abordagens possíveis no campo <strong>de</strong> estudo químico (Pereira 2002).<br />

Os metabolitos secundários, também comumente chamados <strong>de</strong> produtos<br />

naturais, po<strong>de</strong>m atuar em diversos tipos <strong>de</strong> interações biológicas no meio<br />

marinho, como <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> anti-herbivoria e anti-predação, como<br />

alelopático em interações competitivas, no estabelecimento <strong>de</strong> mutualismos, ou<br />

em processos reprodutivos (Engel & Pawlik 2000, Pereira 2002), inibição <strong>de</strong><br />

assentamento <strong>de</strong> larvas (Hirota et al. 1998) e <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> contra patógenos<br />

(McCaffrey & En<strong>de</strong>an 1985).<br />

Dentre os diversos tipos <strong>de</strong> interações biológicas, as <strong>esponjas</strong> são<br />

especialmente alvos <strong>de</strong> investigações sobre a presença e a atuação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s contra a predação. As <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> produzem <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>química</strong> anti-predação, particularmente <strong>de</strong>vido à aparente ausência <strong>de</strong><br />

proteção física em seus tecidos e também por serem elas sésseis, não<br />

po<strong>de</strong>ndo assim escapar dos predadores (Pawlik 1993).<br />

5


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

Uma marcante característica da ocorrência <strong>de</strong> metabólitos secundários é<br />

a intensa variabilida<strong>de</strong> quali- e quantitativa nos organismos que os produzem<br />

(Van Alstyne et al. 2001). Em outras palavras, o teor <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

metabólito secundário não é uma característica absoluta, mas um aspecto<br />

extremamente variável. Diversos fatores têm sido apontados como causadores<br />

<strong>de</strong> variação em teores <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> em organismos marinhos, tais como<br />

o nível <strong>de</strong> exposição dos organismos a consumidores (= pressão <strong>de</strong> predação),<br />

a profundida<strong>de</strong>, a época do ano, a localização geográfica da comunida<strong>de</strong> ou<br />

até mesmo a ação <strong>de</strong> consumidores po<strong>de</strong> alterar a <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> em<br />

organismos marinhos <strong>de</strong>ntre outros (Pereira 2002). A variação em diferentes<br />

partes <strong>de</strong> um organismo também po<strong>de</strong> ter forte influência na busca <strong>de</strong> padrões<br />

gerais <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas em organismos marinhos e pouco se sabe sobre esse tema<br />

(Chanas & Pawlik 1997, Pawlik 1998, Becerro et al. 1995).<br />

Uma das interações mais estudadas no contexto da ecologia <strong>química</strong><br />

marinha é a predação. Comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> po<strong>de</strong>m ser significativamente<br />

reduzidas quando inexiste uma estratégia <strong>de</strong> proteção eficiente (Hill et al. 2005,<br />

Wulff 2006). Durante muitas décadas os efeitos das <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s e físicas<br />

tiveram suas ações estudadas isoladamente. Porém, assim como ocorre em<br />

algas, po<strong>de</strong> haver um efeito <strong>de</strong> maximização da ativida<strong>de</strong> quando ambas<br />

estratégias <strong>de</strong>fensivas são usadas simultaneamente, reproduzindo o que po<strong>de</strong><br />

ocorrer na natureza. No entanto, a interação <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas tem<br />

sido pouco estudada no campo da ecologia <strong>química</strong> marinha (Jones et al.<br />

2005).<br />

Outro fator que afeta diretamente a distribuição e a abundância <strong>de</strong><br />

invertebrados é a redução da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> larvas, causada pelo consumo por<br />

6


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

peixes, tanto em regiões temperadas como tropicais (Thorson 1946, 1950,<br />

Gaines & Roughgar<strong>de</strong>n 1987, Olson & McPherson 1987, Young & Chia 1987,<br />

Lindquist & Hay 1996). Durante muitas décadas acreditava-se que a maioria<br />

das larvas <strong>marinhas</strong> seriam presas vulneráveis à maior parte dos organismos<br />

planctívoros (Orians & Janzen 1974). No entanto, alguns poucos estudos<br />

constataram que, além <strong>de</strong> presentes em indivíduos adultos, as <strong>de</strong>fesas<br />

<strong>química</strong>s também ocorrem em suas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propagação, constituindo uma<br />

importante estratégia <strong>de</strong> sobrevivência somadas a outras já conhecidas como,<br />

por exemplo, a transparência e o pequeno tamanho da larva (Brooks & Dobson<br />

1965, Zaret & Kerfoot 1975) e as <strong>de</strong>fesas morfológicas (Pennington & Chia<br />

1984).<br />

Poucas vezes na literatura avaliou-se a variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong><br />

entre espécies com gran<strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> taxonômica. Em geral, a presença <strong>de</strong><br />

certas classes <strong>de</strong> substâncias é conservativa <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>,<br />

representando uma característica taxonômica (Bergquist & Wells 1983,<br />

Braekman et al. 1992, van Soest & Braekman 1999). Porém, a relação que<br />

po<strong>de</strong> existir em respostas antipredação em um grupo <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> com a<br />

mesma classe <strong>de</strong> substâncias ainda é pouco conhecida, ou seja, não se sabe<br />

ainda se <strong>esponjas</strong> com perfis químicos semelhantes exibiriam respostas<br />

semelhantes a predadores.<br />

As principais teorias em ecologia <strong>química</strong> são advindas <strong>de</strong> estudos<br />

realizados com plantas terrestres (Hay & Steinberg 1992). Dentre as principais<br />

teorias <strong>de</strong>stacam-se: a Teoria <strong>de</strong> Defesa Ótima (TDO) e a Hipótese <strong>de</strong> Balanço<br />

Crescimento-Diferenciação (HBCD).<br />

7


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

A TDO (McKey 1974, Rhoa<strong>de</strong>s 1976) prediz que a planta canaliza as<br />

<strong>de</strong>fesas para as partes do corpo que estão mais vulneráveis ou que são<br />

fundamentais para sua vida. Essa forma <strong>de</strong> alocação <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas representaria<br />

uma economia no gasto energético para produzi-las, pois a maior concentração<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa alocada seria à regiões específicas. Em <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> esse<br />

tema é bastante controverso. Concordando com essa teoria, Schupp et al.<br />

(1999) constataram uma maior concentração <strong>de</strong> metabólitos nas partes mais<br />

visíveis da esponja Oceanapia sp. O mesmo tipo <strong>de</strong> variação foi encontrado na<br />

esponja antártica Latrunculia apicalis (Furrow et al. 2003) e em Ectyoplasia<br />

ferox (Kubanek et al. 2002). Em Cacospongia sp. também foi evi<strong>de</strong>nciada a<br />

existência <strong>de</strong> maior concentração dos sesterterpenos escalaradiol e<br />

<strong>de</strong>sacetilescalaradiol no extrato bruto das porções mais vulneráveis que<br />

incluíam as extremida<strong>de</strong>s e o ectossoma (Becerro et al. 1998). Porém, até as<br />

mais baixas concentrações do extrato encontrado no tecido da esponja foram<br />

eficazes para evitar a predação por peixes (Becerro et al. 1998), o que não<br />

corroboraria a TDO. Em <strong>de</strong>sacordo com essa teoria, nas <strong>esponjas</strong><br />

Xestospongia muta, Chondrilla nucula e Crambe crambe não foram<br />

encontradas evidências <strong>de</strong> maior concentração <strong>de</strong> metabólitos na superfície<br />

(Chanas & Pawlik 1997, Pawlik 1998, Becerro et al. 1995, respectivamente). Na<br />

esponja Dysi<strong>de</strong>a granulosa, a maior concentração <strong>de</strong> metabólitos secundários<br />

foi encontrada no endossoma, ou seja, o inverso do esperado <strong>de</strong> acordo com a<br />

TDO (Becerro & Paul 2004).<br />

O tipo <strong>de</strong> habitat também po<strong>de</strong> influenciar na produção <strong>de</strong> metabólitos.<br />

No caso da esponja mediterrânea Crambe crambe, foram <strong>de</strong>tectadas maiores<br />

8


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

concentrações <strong>de</strong> metabólitos secundários em indivíduos expostos quando<br />

comparados aos ciáfilos (Becerro et al. 1995).<br />

Variações sazonais foram encontradas na esponja Chondrilla nucula,<br />

on<strong>de</strong> exemplares coletados em época <strong>de</strong> inverno não possuíam <strong>de</strong>fesas<br />

<strong>química</strong>s contra predação por peixes, ao passo que exemplares coletados em<br />

outras épocas do ano elas estavam presentes (Swearingen & Pawlik 1998).<br />

Estudos iniciados na década <strong>de</strong> 60 registraram que organismos<br />

marinhos venenosos e peçonhentos ocorrem mais freqüentemente em águas<br />

quentes (Halstead & Mitchell 1963, Cleland & Southcott 1965, Russell 1965). A<br />

existência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumidores em regiões tropicais foi o<br />

ponto <strong>de</strong> partida para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> hipóteses para explicar essa<br />

relação (Levin & York 1978). Do ponto <strong>de</strong> vista ecológico, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas em organismos sujeitos à altos níveis <strong>de</strong> predação constitui um<br />

importante fator para a manutenção <strong>de</strong> populações nessas regiões.<br />

Estudos comparativos com algas <strong>marinhas</strong> tropicais e temperadas<br />

também constataram uma maior freqüência <strong>de</strong> <strong>química</strong> <strong>de</strong>fensiva relacionada<br />

com a gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> herbívoros existente em regiões tropicais (Gaines<br />

& Lubchenco 1982, Steneck 1986, Hay 1991, Coley & Ai<strong>de</strong> 1991). Inclusive,<br />

espécies <strong>de</strong> algas que vivem em locais <strong>de</strong> baixa e alta intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

herbivoria, possuem padrões similares <strong>de</strong> composição <strong>química</strong>, porém,<br />

concentrações maiores <strong>de</strong> substâncias repelentes são produzidas pelos<br />

indivíduos provenientes <strong>de</strong> locais com alta herbivoria (Paul & Fenical 1987,<br />

Paul & Van Alstyne 1988). Em contrapartida, a tolerância à <strong>química</strong>s<br />

<strong>de</strong>fensivas parece ser maior em consumidores tropicais do que em temperados<br />

(Cronin et al. 1997).<br />

9


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

Como po<strong>de</strong>-se observar, diversos fatores po<strong>de</strong>m influenciar a atuação e<br />

alocação das <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s em <strong>esponjas</strong>. O conhecimento <strong>de</strong>sses fatores é<br />

fundamental para a melhor compreensão <strong>de</strong> processos químicos, ecológicos e<br />

evolutivos que influenciam na biodiversida<strong>de</strong> bentônica marinha.<br />

No Brasil, apesar da gran<strong>de</strong> abundância e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>,<br />

poucos trabalhos se <strong>de</strong>dicaram ao estudo <strong>de</strong> ecologia <strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong><br />

(Tabela 1).<br />

Tabela 1. Trabalhos realizados na costa brasileira na área <strong>de</strong> ecologia <strong>química</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>esponjas</strong>.<br />

Espécie Local Aspecto estudado Referência<br />

Geodia corticostylifera RJ Antipredação<br />

Antiincrustação<br />

Quimiotaxia<br />

Clavico et alli, 2006<br />

Mycale microsigmatosa RJ Antiincrustação Pereira et alli, 2002a<br />

Aplysina fulva RJ Antiincrustação Pereira et alli, 2002a<br />

Ircinia strobilina BA Antipredação Epifânio et alli, 1999<br />

No capítulo 1 <strong>de</strong>sta Tese, é apresentado um estudo realizado com<br />

intuito <strong>de</strong> avaliar o perfil químico e a ecologia <strong>química</strong> <strong>de</strong> duas espécies<br />

congenéricas <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong>, Tethya sp. e Tethya rubra. A atuação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesas conjugadas, por sinergia, também foi analisada nesse capítulo.<br />

No capítulo 2, foi investigada a variação intrapopulacional em alguns<br />

metabólitos <strong>de</strong> Tethya sp. e também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>química</strong> nos brotos, que são estruturas <strong>de</strong> propagação vegetativa.<br />

10


Introdução geral<br />

______________________________________________________________________<br />

O capítulo 3 apresenta os resultados <strong>de</strong> um estudo realizado com<br />

extratos da esponja Hymeniacidon heliophila avaliados como <strong>de</strong>fesa frente à<br />

diferentes consumidores.<br />

No capítulo 4, o tema da hipótese latitudinal foi testado utilizando<br />

espécies aparentadas coletadas em regiões do Atlântico Sul, Atlântico Norte e<br />

Mediterrâneo.<br />

11


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

Capítulo 1<br />

Perfil químico e <strong>de</strong>fesas antipredação do<br />

gênero Tethya (Porifera: Demospongiae)


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

1. Introdução<br />

Os metabólitos secundários, também chamados complementares ou<br />

especiais, fazem parte <strong>de</strong> diversas classes <strong>de</strong> substâncias orgânicas e são<br />

produzidas por vias sintéticas <strong>de</strong>rivadas do metabolismo primário (Teixeira<br />

2002). Esses metabólitos são elementos essenciais em estudos <strong>de</strong> ecologia<br />

<strong>química</strong>, em especial, por serem importantes mediadores <strong>de</strong> interações<br />

biológicas em organismos marinhos e terrestres (Schmitt et al. 1995, <strong>de</strong> Nys et<br />

al. 1995, 1998, Hay et al. 1998).<br />

Dentre os invertebrados marinhos, as <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> se <strong>de</strong>stacam<br />

como fonte <strong>de</strong> produtos naturais (Blunt et al. 2006). Mais <strong>de</strong> 40% dos<br />

metabolitos provenientes <strong>de</strong> organismos marinhos foram isolados <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong><br />

(Seo et al. 1997). Os metabólitos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> são substâncias que possuem<br />

diversas origens biogenéticas como: esterói<strong>de</strong>s, terpenói<strong>de</strong>s, peptí<strong>de</strong>os,<br />

poliquetí<strong>de</strong>os, purinas e pirimidinas, além <strong>de</strong> produtos biossintéticos mistos. É<br />

importante <strong>de</strong>stacar que numerosos compostos encontrados em <strong>esponjas</strong><br />

também exibiram potentes e diversas bioativida<strong>de</strong>s, o que propiciou o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos medicamentos (Newman & Cragg 2004, O´Keefe<br />

2001, Seo et al. 1997). Além disso, os estudos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> são responsáveis<br />

pelo aumento do conhecimento no campo dos produtos <strong>de</strong> organismos em<br />

associação simbióticas, pois muitos metabólitos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> são na realida<strong>de</strong><br />

produzidos por bactérias e fungos simbiontes (Teixeira 2002).<br />

13


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Apesar <strong>de</strong> estarem presentes em variados invertebrados, diversos<br />

estudos evi<strong>de</strong>nciaram que substâncias esteroídicas são especialmente<br />

freqüentes, abundantes e com gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> estrutural em <strong>esponjas</strong><br />

<strong>marinhas</strong> (Kanazawa 2001, Rudi et al. 2001, Lerch & Falkner 2001, Sheikh &<br />

Djerassi 1974, D’Áuria et al. 1993, Malik et al. 1988, Teshima et al. 1983).<br />

Esteróis <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>, também po<strong>de</strong>m possuir ativida<strong>de</strong> citotóxica,<br />

antiviral, antimicrobial e inibidora <strong>de</strong> enzimas (Seo et al. 1997).<br />

Os esteróis são micromoléculas <strong>de</strong> 27 a 39 átomos <strong>de</strong> carbono<br />

pertencentes ao grupo dos esterói<strong>de</strong>s. Apresentam, portanto, como esqueleto<br />

básico, um sistema tetracíclico (ciclopentano-peridrofenantrênico) substituído<br />

no carbono 17 por uma ca<strong>de</strong>ia lateral acíclica <strong>de</strong> 8 a 10 ou mais átomos <strong>de</strong><br />

carbono (Figura 1). Os esteróis provenientes <strong>de</strong> invertebrados marinhos<br />

diferem dos ficosteróis típicos (esteróis <strong>de</strong> algas) por possuírem 26 a 30<br />

átomos <strong>de</strong> carbono, envolvendo diferentes padrões <strong>de</strong> alquilações e<br />

insaturações na ca<strong>de</strong>ia lateral, modificações no núcleo tetracíclico e<br />

polioxigenações nos anéis e/ou na ca<strong>de</strong>ia lateral (D'Auria et al. 1993).<br />

Diferente dos esteróis terrestres é particularmente difícil estabelecer a<br />

origem correta <strong>de</strong>stas substâncias nos organismos marinhos. Elas po<strong>de</strong>m ter a<br />

sua origem a partir <strong>de</strong> processos <strong>de</strong>:<br />

1. Biossíntese <strong>de</strong> novo, ou seja, captação <strong>de</strong> precursores biossintéticos <strong>de</strong><br />

organismos produtores e posterior produção <strong>de</strong> esteróis por rota própria;<br />

2. Obtenção e armazenamento a partir da dieta alimentar, sem posteriores<br />

transformações <strong>química</strong>s;<br />

14


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

3. Obtenção e armazenamento a partir da dieta alimentar, com posteriores<br />

transformações <strong>química</strong>s;<br />

4. Obtenção e armazenamento a partir <strong>de</strong> simbiontes (ex: fungos, algas e<br />

bactérias)<br />

HO<br />

2<br />

3<br />

1<br />

4<br />

10<br />

19<br />

5<br />

11<br />

9<br />

H<br />

6<br />

12<br />

13<br />

H<br />

8<br />

7<br />

18<br />

H<br />

21 22<br />

Figura 1. Estrutura <strong>química</strong> básica <strong>de</strong> um esterol do tipo colestano.<br />

14<br />

15<br />

O estudo das proprieda<strong>de</strong>s bioativas dos metabólitos secundários <strong>de</strong> T.<br />

crypta resultaram na síntese <strong>de</strong> produtos análogos (Figura 2), o ARA-A<br />

(antiviral utilizado contra o vírus Herpes simplex) e o ARA-C (antitumoral<br />

utilizado no tratamento da leucemia linfói<strong>de</strong>). Posteriormente, o estudo <strong>de</strong><br />

esteróis foi evi<strong>de</strong>nciado em Tethya aurantia (Sheikh & Djerassi 1974,<br />

Gunatilaka et al. 1981). Nessa espécie foram isolados também o monoéter<br />

glicerol alquil (2S)-1-(hexa<strong>de</strong>ciloxi)-2,3-propanediol, (2S)-1-(16-metil-<br />

hepta<strong>de</strong>ciloxi)-2,3-propanediol e (2S)-1-(15-metil-hepta<strong>de</strong>ciloxi)-2,3-propanediol<br />

(Smith & Djerassi 1987), além <strong>de</strong> alantoína e a<strong>de</strong>nosina (Weber et al. 1981). O<br />

estudo <strong>de</strong> carotenói<strong>de</strong>s em Tethya amamensis registrou a presença da<br />

17<br />

20<br />

16<br />

23<br />

24<br />

26<br />

25<br />

27<br />

15


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

tethyanina (Tanaka & Yamamoto 1984). Proteínas citotóxicas foram extraídas<br />

<strong>de</strong> Tethya ingalli (O`Keefe 2001) e duas enzimas exopolifosfatases da esponja<br />

Tethya lyncurium foram purificadas e caracterizadas (Lorenz et al. 1995).<br />

Ativida<strong>de</strong> hemolítica e larvicida foram encontradas no extrato aquoso <strong>de</strong> uma<br />

espécie <strong>de</strong> Tethya não i<strong>de</strong>ntificada proveniente <strong>de</strong> Mumbai, India (Indap &<br />

Pathare 1998).<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento dos estudos químicos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> forneceu a base<br />

para o surgimento <strong>de</strong> pesquisas no campo <strong>de</strong> ecologia <strong>química</strong>. Nas últimas<br />

décadas, o conhecimento sobre <strong>de</strong>fesas contra predação tem sido ampliado,<br />

especialmente <strong>de</strong>vido à multiplicação <strong>de</strong> investigações no campo da ecologia<br />

marinha em ambientes tropicais, temperados e antárticos. Diversos organismos<br />

têm sido estudados, como ascídias (Davis 1991, Lindquist et al. 1992, Tarjuelo<br />

et al. 2002), algas (Paul & Van Alstyne 1988, Pereira et al. 2000, Pereira et al.<br />

2002), corais (Sammarco & Coll 1988, Harvell & Fenical 1989, O’Nell & Pawlik<br />

2002), equino<strong>de</strong>rmas (Ri<strong>de</strong>out et al. 1979, Bakus 1981, McClintock & Vernon<br />

1990), moluscos (Pawlik et al. 1988; Fontana et al. 1993) e <strong>esponjas</strong> (Puyana<br />

et al. 2003, Becerro & Paul 2004, Clavico et al. 2006).<br />

As <strong>esponjas</strong> são organismos conspícuos em comunida<strong>de</strong>s bentônicas,<br />

apesar da aparente vulnerabilida<strong>de</strong> a predação, pois possuem corpos macios<br />

supostamente sem <strong>de</strong>fesas. Até mesmo em ambientes com elevada pressão<br />

<strong>de</strong> predação, como recifes <strong>de</strong> corais, as <strong>esponjas</strong> po<strong>de</strong>m constituir populações<br />

representativas (Diaz et al. 1990, Alcolado 1991, Sarmento & Correia 2002,<br />

Ribeiro & Muricy 2004). No entanto, diversos organismos são conhecidos por<br />

consumirem <strong>esponjas</strong>, como peixes (Randall & Hartman 1968, Wulff 1994,<br />

Dunlap & Pawlik 1998), estrelas-do-mar (Schiebling 1982, Sheild & Witman<br />

16


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

1993, McClintock et al. 1994), ouriços (Birenhei<strong>de</strong> et al. 1993, Santos et al.<br />

2002), poliquetas (Pawlik 1983), tartarugas (Meylan 1988, 1990, León &<br />

Bjorndal 2002), caranguejos (Hazlett 1968, 1981, Schembri 1982) e anfípodas<br />

(Oshel & Steele 1985).<br />

Apesar da existência <strong>de</strong> trabalhos sobre ativida<strong>de</strong>s farmacológicas (Silva<br />

et al. 2006, Seleguim et al. 2007) <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>de</strong>sse gênero na costa brasileira,<br />

pouco se sabe sobre as características <strong>química</strong>s <strong>de</strong>ssas <strong>esponjas</strong>.<br />

O objetivo <strong>de</strong>sse capítulo foi <strong>de</strong>screver o perfil químico e as <strong>de</strong>fesas<br />

antipredação <strong>química</strong>s e físicas <strong>de</strong> duas espécies do gênero Tethya do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro e da Bahia (Tethya sp. e Tethya rubra).<br />

17


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

2. Materiais e Métodos<br />

2.1. Coletas<br />

Os espécimes <strong>de</strong> Tethya sp. (Figura 3A) foram coletados através <strong>de</strong><br />

mergulho livre na Praia <strong>de</strong> Tarituba, Paraty - Rio <strong>de</strong> Janeiro (Figura 3B) nos<br />

meses <strong>de</strong> abril e setembro <strong>de</strong> 2004, julho <strong>de</strong> 2005, junho <strong>de</strong> 2006 e agosto <strong>de</strong><br />

2007. Nesse local, as <strong>esponjas</strong> habitam a faixa entre-marés. Após a coleta,<br />

estes foram congelados em freezer para posterior liofilização. Os exemplares<br />

<strong>de</strong> Tethya rubra (Figura 4A) foram coletados na Ilha do Fra<strong>de</strong>, Baía <strong>de</strong> Todos<br />

os Santos, Salvador – Bahia (Figura 4B) no mês <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2004, seguindo<br />

os mesmos procedimentos <strong>de</strong>scritos acima.<br />

Os paguros Calcinus tibicen e Clibanarius antillensis (Figura 5A e B,<br />

respectivamente) utilizados nos ensaios foram coletados na Praia <strong>de</strong> Itaipu,<br />

Niterói – RJ (Figura 6) e <strong>de</strong>volvidos no mesmo local ao fim <strong>de</strong> cada ensaio.<br />

Figura 3. Exemplar <strong>de</strong> Tethya sp. (A) e Praia <strong>de</strong> Tarituba, Paraty - RJ (B). Escala=1cm<br />

18


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 4. Exemplar <strong>de</strong> Tethya rubra (A) e Ilha do Fra<strong>de</strong>, Baía <strong>de</strong> Todos os Santos –<br />

BA (B). Escala = 1 cm.<br />

Figura 5. Indivíduos <strong>de</strong> paguros Calcinus tibicen (A) e Clibanarius antillensis (B).<br />

Escala = 1 cm.<br />

Figura 6. Praia <strong>de</strong> Itaipu (costão esquerdo), Niterói - Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

19


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

2.2. Ensaios biológicos<br />

Os alimentos artificiais para paguros e peixes foram preparados <strong>de</strong><br />

acordo com Wa<strong>de</strong>ll & Pawlik (2000a). A concentração natural dos extratos<br />

brutos foi reproduzida nos alimentos artificiais. Para a preparação <strong>de</strong> 9 ml <strong>de</strong><br />

alimento para paguros ou peixes utilizou-se 0,09 g <strong>de</strong> carragenana, 8,55 ml <strong>de</strong><br />

água <strong>de</strong>stilada, 0,45 g <strong>de</strong> lula liofilizada em pó, 1 ml <strong>de</strong> solvente e extrato bruto.<br />

O extrato bruto a ser testado foi solubilizado e a<strong>de</strong>rido à lula em pó liofilizada<br />

no alimento-tratamento. Nos alimentos-controle, apenas o solvente foi<br />

adicionado à lula em pó. Nos ensaios <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa física, as espículas foram<br />

adicionadas ao alimento-tratamento. A carragenana foi diluída na água e<br />

aquecida por 20 segundos em um forno <strong>de</strong> microondas, em seguida foi<br />

acrescentada à lula. O gel obtido através <strong>de</strong>ssa mistura foi a<strong>de</strong>rido a uma<br />

matriz plástica com volume <strong>de</strong> 9 ml, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da quantida<strong>de</strong> disponível <strong>de</strong><br />

extrato bruto (Figura 7 A e B). Em cada recipiente plástico com tampa (400 ml)<br />

foram colocados um paguro e um alimento controle e tratamento (Figura 7 C).<br />

20


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 7. (A) Incorporação do gel a matriz quadriculada, (B) <strong>de</strong>talhe do alimento após<br />

cortado na malha, contendo um controle e um tratamento e (C) unida<strong>de</strong> experimental<br />

utilizada: pote plástico com um paguro e alimento artificial.<br />

O tempo <strong>de</strong> consumo nesses ensaios variou <strong>de</strong> 24 a 72 horas. Os potes<br />

plásticos foram colocados em aquários (50 a 100 litros, com água natural do<br />

mar) no Laboratório Úmido <strong>de</strong> Ecologia Química Marinha, na Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral Fluminense.<br />

Nos ensaios <strong>de</strong> predação por peixes, o alimento artificial foi preparado<br />

com um mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20ml (Figura 8 B), on<strong>de</strong> barbantes eram colocados <strong>de</strong> modo<br />

que estivessem no meio dos alimentos artificiais para que pu<strong>de</strong>ssem ser<br />

amarrados nas unida<strong>de</strong>s experimentais (Figura 8 A). As unida<strong>de</strong>s<br />

experimentais foram oferecidas em campo para peixes. O tempo <strong>de</strong> consumo<br />

dos alimentos durou <strong>de</strong> 5 a 15 minutos. Depois <strong>de</strong> recolhidos, cada alimento<br />

teve seu consumo quantificado em porcentagem.<br />

21


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 8. (A) unida<strong>de</strong> experimental contendo um alimento controle e um alimento<br />

tratamento, (B) mol<strong>de</strong> em acrílico utilizado para obtenção dos alimentos.<br />

2.3. Isolamento das espículas<br />

Pequenos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 1cm 3 foram aquecidos em<br />

ácido nítrico até completa dissolução da matéria orgânica. Posteriormente, foi<br />

realizada lavagem das espículas em água <strong>de</strong>stilada utilizando um funil <strong>de</strong><br />

Büchner em um kitasato conectado a uma bomba a vácuo (Figura 9). Esse<br />

procedimento <strong>de</strong> lavagem em água foi realizado 20 vezes para eliminar o ácido<br />

nítrico.<br />

Figura 9. (A) limpeza das espículas a vácuo, (B) Espículas limpas.<br />

22


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

2.4. Análises <strong>química</strong>s<br />

Análises <strong>de</strong> Ressonância Magnética Nuclear <strong>de</strong> Hidrogênio (RMN 1 H)<br />

comprovaram que não houve perda ou modificação dos componentes<br />

majoritários do extrato bruto obtido <strong>de</strong> material úmido ou liofilizado, assim<br />

optou-se por utilizar o material liofilizado.<br />

Os extratos brutos foram analisados através <strong>de</strong> RMN 1 H (300MHz,<br />

CDCl3) e cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrômetro <strong>de</strong> massas.<br />

Para separação <strong>de</strong> componentes foram feitas colunas cromatográficas em gel<br />

<strong>de</strong> sílica com misturas <strong>de</strong> solventes orgânicos como eluentes. Para<br />

i<strong>de</strong>ntificação dos produtos naturais puros foram feitas análises <strong>de</strong> RMN em 1D<br />

<strong>de</strong> 1 H e <strong>de</strong> carbono ( 13 C-APT) e experimentos <strong>de</strong> 2D <strong>de</strong> COSY ( 1 H x 1 H).<br />

A análise por cromatografia em fase gasosa (CG) foi realizada em<br />

equipamento HP 6890 acoplado a espectrofotômetro <strong>de</strong> massas (EM) a 70 eV,<br />

em aparelho HP 5973 (CGAR/EM), coluna DB-5 MS, 30 m <strong>de</strong> comprimento,<br />

0,25 µm <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> filme. O gás carreador foi hélio.<br />

As amostras foram injetadas com divisão <strong>de</strong> fluxo ("split"), na razão 1:10.<br />

A programação <strong>de</strong> temperatura foi iniciada a 50°C com rampa <strong>de</strong> 10°C/min até<br />

atingir 300°C, que foi mantida por 10 minutos. A temperatura do injetor foi<br />

fixada em 270°C e a do <strong>de</strong>tector em 300°C.<br />

A amostras foram diluídas em diclorometano e injetou-se 1 µl da amostra<br />

na concentração <strong>de</strong> 100 ppm.<br />

23


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

O isolamento <strong>de</strong> produtos foi feito a partir do fracionamento do extrato<br />

bruto em acetona (100% por 7 dias) em cromatografia <strong>de</strong> coluna (2 cm x 50<br />

cm) em gel <strong>de</strong> sílica (Merck 70 – 230 "mash"). O extrato bruto foi solubilizado<br />

em clorofórmio (CHCl3 100%) que também foi utilizado como primeiro eluente,<br />

sendo acrescido <strong>de</strong> acetato <strong>de</strong> etila (AcOEt), segundo um gradiente <strong>de</strong><br />

polarida<strong>de</strong>. Foram recolhidas 63 frações do extrato bruto da esponja marinha<br />

Tethya sp. Os solventes e misturas <strong>de</strong> solventes utilizados durante a coluna<br />

cromatográfica foram os seguintes: frações 0-42, CHCl3; 43-47, CHCl3 / AcOEt<br />

(9:1); 48-50, CHCl3 / AcOEt (8:2); 51-53, CHCl3 / AcOEt (7:3); 54-56, CHCl3 /<br />

AcOEt (1:1), 57-59, AcOEt (100%); 60-63 e metanol (MeOH) para limpeza da<br />

coluna. Na coluna cromatográfica do extrato bruto <strong>de</strong> Tethya rubra foram<br />

utilizados os seguintes solventes ou misturas <strong>de</strong> solventes: frações 0-15, CHCl3<br />

; 16-30, CHCl3 / AcOEt (9:1); 31-33, CHCl3 / AcOEt (7:3); 34-35, CHCl3 / AcOEt<br />

(1:1); 36-37, CHCl3 / AcOEt; 38-41, MeOH. Em ambos os casos foram<br />

recolhidos amostras <strong>de</strong> 100 ml.<br />

Para a preparação das frações utilizou-se cromatografia em camada<br />

<strong>de</strong>lgada (CCD) <strong>de</strong> gel <strong>de</strong> sílica 60 F254 marca Merck. As placas foram reveladas<br />

pelo borrifamento <strong>de</strong> sulfato cérico, seguido <strong>de</strong> aquecimento.<br />

2.5. Partição e filtração<br />

Para i<strong>de</strong>ntificação da fração ativa biologicamente contra predação foram<br />

utilizados dois métodos: partição e filtração.<br />

O extrato bruto foi particionado utilizando os seguintes solventes:<br />

clorofórmio, hexano, metanol e água <strong>de</strong> acordo com o esquema da Figura 10.<br />

24


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

A filtração foi feita em um funil <strong>de</strong> Büchner, utilizando os solventes<br />

hexano, diclorometano, acetato <strong>de</strong> etila e metanol (Figura 11).<br />

Figura 10. Partição com funil <strong>de</strong> bromo realizada com os extratos brutos em acetona<br />

<strong>de</strong> Tethya sp. e Tethya rubra.<br />

Água <strong>de</strong>stilada<br />

Clorofórmio Hexano<br />

Metanol (20%) + água <strong>de</strong>stiladada<br />

metanol<br />

acetato <strong>de</strong> etila<br />

diclorometano<br />

hexano<br />

Figura 11. Filtração com funil <strong>de</strong> Büchner realizada com o extrato bruto <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

25


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

2.6. Análises estatísticas<br />

Para testar a normalida<strong>de</strong> dos dados foi utilizado o teste <strong>de</strong> Kolmogorov<br />

Smirnov e para <strong>de</strong>tectar diferenças significativas (consi<strong>de</strong>rando p


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

3. Resultados<br />

3.1. Perfil químico <strong>de</strong> Tethya sp. e Tethya rubra<br />

A cromatografia em camada <strong>de</strong>lgada (Figura 12), RMN <strong>de</strong> 1 H (Figura<br />

13) e CG/MS (Figura 14 e 15) dos extratos brutos em acetona <strong>de</strong> Tethya sp. e<br />

T. rubra evi<strong>de</strong>nciaram a semelhança nos componentes majoritários <strong>de</strong> ambas<br />

espécies .<br />

Figura 12. Cromatografia em camada <strong>de</strong>lgada do extrato bruto em acetona <strong>de</strong> Tethya<br />

sp. (A) e Tethya rubra (B). Eluente: Hexano/AcOEt 1:1.<br />

27


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 13. RMN 1 H (CDCl3, 300 MHz, trimetilsilano como referência interna) do extrato<br />

bruto <strong>de</strong> Tethya sp. coletada em Parati (RJ) (acima) e Tethya rubra coletada na Bahia<br />

(abaixo).<br />

28


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Abundance<br />

240000<br />

220000<br />

200000<br />

180000<br />

160000<br />

140000<br />

120000<br />

100000<br />

80000<br />

60000<br />

40000<br />

20000<br />

0<br />

Time--><br />

26.09<br />

28.24<br />

26.61<br />

27.17<br />

27.27<br />

27.64<br />

25.58<br />

5.00 10.00 15.00 20.00 25.00 30.00<br />

Figura 14. CG/MS do extrato bruto em acetona <strong>de</strong> T. rubra, BA (1,4 mg/1mL).<br />

29


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Abundance<br />

1400000<br />

1300000<br />

1200000<br />

1100000<br />

1000000<br />

900000<br />

800000<br />

700000<br />

600000<br />

500000<br />

400000<br />

300000<br />

200000<br />

100000<br />

0<br />

Time--><br />

TIC: DSUZIRJ.D<br />

26.11<br />

26.62<br />

28.25<br />

27.17<br />

25.58 27.27<br />

27.64<br />

28.41<br />

5.00 10.00 15.00 20.00 25.00 30.00<br />

Figura 15. CG/MS do extrato bruto <strong>de</strong> Tethya sp., RJ (1,7 mg/1mL).<br />

30


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

A cromatografia em camada <strong>de</strong>lgada dos extratos brutos juntos com o<br />

padrão do colesterol indicou que os esteróis constituem a classe majoritária em<br />

Tethya sp. e T. rubra (Figura 16).<br />

Figura 16. Extrato bruto em acetona <strong>de</strong> Tethya rubra (à esquerda), padrão do<br />

colesterol (ao meio) e extrato bruto em acetona <strong>de</strong> Tethya sp. (à direita).<br />

31


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 17. CCD das frações 1-63 <strong>de</strong> Tethya sp. Eluente: Hexano/AcOEt 1:1.<br />

32


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 18. Cromatografia em camada <strong>de</strong>lgada das frações 1-41 <strong>de</strong> Tethya rubra (B).<br />

Eluente: Hexano/AcOEt1:1.<br />

Em CG/MS foram <strong>de</strong>tectadas e i<strong>de</strong>ntificadas oito substâncias<br />

majoritárias <strong>de</strong> natureza esteroidal (Figuras 14 e 15, Tabelas 1 e 2) tanto em<br />

Tethya sp. como em Tethya rubra.<br />

33


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Tabela 1. Tempo <strong>de</strong> retenção (Tr), massa molecular (M + ), principais<br />

fragmentos por CG/MS, fórmula molecular e código da estrutura dos esteróis<br />

<strong>de</strong>tectados.<br />

Esteróis<br />

i<strong>de</strong>ntificados<br />

colesta-5,22dienol-3<br />

(1b)<br />

Tr<br />

(em<br />

minutos)<br />

M + Principais fragmentos Fórmula<br />

molecular<br />

25,58 384 384 [M + ], 366, 351, 300,<br />

271, 265, 213, 159, 145,<br />

111, 95, 69, 55 , 41<br />

colesterol (1a) 26,11 386 386 [M + ], 368, 353, 326,<br />

301, 275, 255, 213, 159,<br />

ergosta-5,22dienol-3<br />

(1d)<br />

ergosta-5,24(28)dienol-3<br />

(1e)<br />

ergosta-5-enol-3<br />

(1c)<br />

estigmasta-5,22dienol-3<br />

(1g)<br />

estigmasta-5,enol-<br />

3(1f)<br />

estigmasta-<br />

5,24(28)-dienol-3<br />

(1h)<br />

145, 107, 95, 81, 43<br />

26,62 398 398 [M + ], 380, 365, 337,<br />

300, 255, 213, 159, 133,<br />

105, 69, 55, 41<br />

27,17 398 398 [M + ], 383, 380, 365,<br />

314, 281, 271, 229, 159,<br />

145, 105, 81, 55, 41<br />

27,27 400 400 [M + ], 382, 367, 340,<br />

315, 289, 281, 255, 207,<br />

159, 145, 107, 105, 81, 55,<br />

43<br />

27,64 412 412 [M + ], 394, 369, 351,<br />

300, 271, 256, 207, 159,<br />

133, 105, 69, 55<br />

28,25 414 414 [M + ], 396, 381, 329,<br />

303, 213, 161, 145, 107,<br />

81, 43<br />

28,41 412 414 [M + ],, 396, 381, 314,<br />

296, 281, 255, 229, 207,<br />

145, 119, 95, 81, 55<br />

Estrutura<br />

C27H44O 1b<br />

C27H46O 1a<br />

C28H46O 1d<br />

C28H46O 1e<br />

C28H48O 1c<br />

C29H48O 1g<br />

C29H50O 1f<br />

C29H48O 1h<br />

Tabela 2. Percentagens relativas (%) dos esteróis <strong>de</strong>tectados por CG/MS nos<br />

espécimes <strong>de</strong> Tethya sp. (RJ) e Tethya rubra (BA).<br />

Esteróis i<strong>de</strong>ntificados Fig. % relativa <strong>de</strong> esteróis % relativa <strong>de</strong> esteróis<br />

19 Tethya sp. (RJ) Tethya rubra (BA)<br />

colesta-5,22-dienol-3 1b 6,13 3,36<br />

colesterol 1a 45,57 45,82<br />

ergosta-5,22-dienol-3 1d 19,69 16,89<br />

ergosta-5,24(28)-dienol-3 1e 6,64 6,53<br />

ergosta-5-enol-3 1c 5,75 6,79<br />

estigmasta-5,22-dienol-3 1g 2,66 3,01<br />

estigmasta-5,enol-3 1f 9,39 17,59<br />

estigmasta-5,24(28)-dienol-3 1h 4,17 n.d.<br />

34


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

A análise <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> utilizando a presença e a percentagem relativa<br />

dos diferentes tipos <strong>de</strong> esteróis através do índice <strong>de</strong> Bray-Curtis indicou que a<br />

semelhança entre os dois extratos correspon<strong>de</strong> a 90%.<br />

HO<br />

2<br />

3<br />

HO<br />

2<br />

3<br />

1<br />

10<br />

4<br />

19<br />

5<br />

1<br />

4<br />

10<br />

11<br />

9<br />

19<br />

H<br />

6<br />

5<br />

1<br />

12<br />

13<br />

H<br />

11<br />

9<br />

H<br />

6<br />

8<br />

7<br />

2<br />

18<br />

H<br />

12<br />

21<br />

14<br />

13<br />

H<br />

8<br />

7<br />

18<br />

H<br />

15<br />

R<br />

21<br />

17<br />

14<br />

16<br />

15<br />

R<br />

17<br />

16<br />

21 22<br />

20<br />

21 22<br />

Figura 19. Estrutura dos principais esteróis <strong>de</strong>tectados das espécies <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

(RJ) e Tethya rubra da (BA).<br />

20<br />

23<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

23<br />

a<br />

24<br />

24<br />

26<br />

25<br />

26<br />

27<br />

25<br />

27<br />

e<br />

f<br />

g<br />

h<br />

28<br />

29<br />

35


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

3.2. Ecologia <strong>química</strong><br />

Na avaliação do efeito do extrato bruto <strong>de</strong> Tethya sp. (RJ) como <strong>de</strong>fesa<br />

frente à predação, foi verificado que ele atua <strong>de</strong> modo significativo na<br />

repelência dos paguros Calcinus tibicen e Clibanarius antillensis (Figura 20). O<br />

mesmo efeito não ocorreu com o extrato bruto <strong>de</strong> Tethya rubra (BA) que foi<br />

consumido indiscriminadamente por ambas as espécies <strong>de</strong> paguros (Figura<br />

20). A concentração natural <strong>de</strong> extrato bruto calculada e utilizada nos<br />

experimentos foi <strong>de</strong> 0,0245 g/ml e 0,0294 g/ml, em Tethya sp. e T. rubra,<br />

respectivamente.<br />

Consumo em porcentagem<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

n=18<br />

p=0,204<br />

n=30<br />

p=0,152<br />

n=20<br />

p


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Nos testes com espículas incorporadas ao alimento artificial, o<br />

tratamento foi significativamente menos consumido pelo paguro Calcinus<br />

tibicen. As concentrações testadas em Tethya sp. e T. rubra foram 0,08684 e<br />

0,40164 g/ml, respectivamente (Figura 21).<br />

Consumo em porcentagem<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

n=22<br />

p=0,005<br />

Tethya rubra Tethya sp.<br />

Controle<br />

Tratamento<br />

n=21<br />

p< 0,001<br />

Figura 21. Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos controle e tratamento contendo espículas<br />

das <strong>esponjas</strong> Tethya sp. e Tethya rubra pelo paguro Calcinus tibicen. n = número <strong>de</strong><br />

réplicas. A barra em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

O efeito dos dois tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas (física e <strong>química</strong>) associados foi<br />

testado com a confecção <strong>de</strong> alimentos contendo espículas e extrato bruto das<br />

<strong>esponjas</strong> T. rubra e Tethya sp. (Figura 22). Em ambos os casos, o alimento<br />

tratamento foi significativamente menos consumido.<br />

37


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Consumo em porcentagem<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

n=13<br />

p


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Consumo (%)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

n=10<br />

p=0,0101<br />

n=10<br />

p=0,0425<br />

Tethya sp. Tethya rubra<br />

Controle<br />

Tratamento<br />

Figura 23. Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> peixes generalistas <strong>de</strong> alimentos contendo extrato<br />

bruto das <strong>esponjas</strong> Tethya sp. e Tethya rubra. n = número <strong>de</strong> réplicas. A barra em<br />

cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Nos ensaios utilizando espículas <strong>de</strong> Tethya sp. e Tethya rubra, houve<br />

inibição do consumo por peixes generalistas apenas no caso <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

(p=0,0050 - Figura 24). As concentrações <strong>de</strong> espículas testadas foram<br />

proporcionalmente as mesmas utilizadas em testes <strong>de</strong> predação por paguros.<br />

39


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Consumo (%)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

n=10<br />

p=0,0050<br />

n=10<br />

p=0,1235<br />

Tethya sp. Tethya rubra<br />

Controle<br />

Tratamento<br />

Figura 24. Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> peixes generalistas <strong>de</strong> alimentos controle e<br />

tratamento contendo espículas das <strong>esponjas</strong> Tethya sp. e Tethya rubra. n = número <strong>de</strong><br />

réplicas. A barra em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

3.3. Fracionamento do extrato bruto<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,26 g <strong>de</strong> extrato bruto em acetona <strong>de</strong> Tethya sp. foi<br />

filtrado usando-se hexano, diclorometano, acetato <strong>de</strong> etila e metanol (Tabela<br />

3), segundo um gradiente <strong>de</strong> polarida<strong>de</strong>. As frações diclorometano (DCM) e<br />

acetato (ACET) inibiram significativamente o consumo pelos paguros, enquanto<br />

nas duas outras frações, hexano e metanol não houve consumo diferencial<br />

(Figura 25).<br />

40


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Tabela 3. Pesos e porcentagens relativas resultantes da filtração do extrato<br />

bruto <strong>de</strong> Tethya sp. com diferentes solventes.<br />

Consumo em porcentagem<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

Solvente utilizado<br />

Massa obtida<br />

(em g)<br />

Porcentagem<br />

HEXANO<br />

0,10<br />

8,0<br />

DICLOROMETANO 0,89 71,2<br />

ACETATO DE ETILA 0,16 12,8<br />

METANOL 0,10 8,0<br />

0<br />

n=27<br />

p=0,6209<br />

n=19<br />

p


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Na primeira partição realizada utilizando os solventes clorofórmio e água<br />

<strong>de</strong>stilada, apenas os componentes da fração clorofórmica inibiram o consumo<br />

(Figura 26).<br />

Consumo (porcentagem)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

n=20<br />

p


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Consumo em porcentagem<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

n=23<br />

p


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Fração hexânica<br />

Frações reunidas 37-39<br />

Fração 42<br />

Figura 28. Comparação da fração ativa com as frações 37-39 e 42.<br />

44


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Consumo (porcentagem)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

n=18<br />

p=0,360930<br />

n=24<br />

p=0,236924<br />

fração 37-39 fração 42<br />

Controle<br />

Tratamento<br />

Figura 29. Média <strong>de</strong> consumo pelo paguro Calcinus tibicen <strong>de</strong> alimentos artificiais<br />

contendo as frações 37-39 e 42. n = número <strong>de</strong> réplicas. A barra em cada coluna<br />

correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

4. Discussão<br />

4.1. Perfil químico<br />

Os esterói<strong>de</strong>s são substâncias amplamente distribuídas em organismos<br />

marinhos, como algas, corais, ascídias e <strong>esponjas</strong> (Seo et al. 1997, Yu et al.<br />

2006). As <strong>esponjas</strong> são conhecidas por possuírem esterói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alta<br />

complexida<strong>de</strong> e esqueletos incomuns (Paul & Puglisi 2004), no entanto, no<br />

presente estudo não encontramos esterói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tipos raros ou incomuns.<br />

45


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

As diversas análises <strong>química</strong>s realizadas, corroboradas ainda pela<br />

estatística (alto índice <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong>), apontam para uma gran<strong>de</strong> semelhança<br />

nos componentes esteroidais majoritários das duas espécies <strong>de</strong> Tethya<br />

estudadas, apesar <strong>de</strong> tratarem-se <strong>de</strong> espécies morfologicamente distintas<br />

(Ribeiro 2003, Ribeiro & Muricy 2004). É possível que exista diferença na<br />

composição <strong>química</strong> <strong>de</strong>ssas espécies, porém, isso <strong>de</strong>ve ser ao nível dos<br />

componentes minoritários.<br />

Os tipos <strong>de</strong> esteróis i<strong>de</strong>ntificados em T. rubra e Tethya sp. são<br />

semelhantes aos <strong>de</strong> algas ver<strong>de</strong>s ou cianobactérias. Inclusive esse tipo <strong>de</strong><br />

associação possui registros na literatura como, por exemplo, o caso <strong>de</strong> algas<br />

ver<strong>de</strong>s encontradas no coanossoma <strong>de</strong> Tethya seychellensis nas Ilhas<br />

Maldivas (Gaino & Sarà 1994). Essa associação em partes profundas do<br />

esqueleto da esponja é possibilitada através da transmissão <strong>de</strong> luz através do<br />

feixe <strong>de</strong> espículas coanossomais (Gaino & Sarà 1994). Na espécie Tethya<br />

orphei (também provenientes das Ilhas Maldivas), cianobactérias foram<br />

encontradas em associação mutualística (Gaino et al. 2006). Em um estudo<br />

comparativo foi registrada a existência <strong>de</strong> diferenças espaciais na composição<br />

das bactérias associadas em T. aurantium (Thiel et al. 2006). De outro modo,<br />

sabemos que T. aurantium possui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sintetizar o colesterol e o<br />

24-metilenocolesterol, a partir do <strong>de</strong>mosterol. Sendo assim, é difícil <strong>de</strong>finir a<br />

possível origem dos esteróis nessas <strong>esponjas</strong>, que tanto possuem vasta gama<br />

<strong>de</strong> simbiontes como possuem capacida<strong>de</strong> metabólica <strong>de</strong> produzir essas<br />

substâncias.<br />

Na literatura po<strong>de</strong>mos encontrar a presença <strong>de</strong> esteróis altamente<br />

oxidados em <strong>esponjas</strong> Tethya (Sheikh & Djerassi 1974, Seo et al. 1997). No<br />

46


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

entanto, no presente estudo esse tipos químicos não foram encontrados. A<br />

semelhança entre os esterói<strong>de</strong>s encontrados nas duas espécies estudadas e<br />

outras espécies na literatura indica que esse grupo <strong>de</strong> substâncias não é um<br />

bom marcador químico-taxonômico ao nível <strong>de</strong> espécie, porém, é possível que<br />

seja importante em nível genérico.<br />

Embora, diversas funções farmacológicas sejam conhecidas em<br />

metabólitos secundários <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> do gênero Tethya (Barnett et al. 1980,<br />

Silva et al. 2006, Seleguim et al. 2007), pouco se conhece sobre as possíveis<br />

funções ecológicas <strong>de</strong>ssas substâncias. Isso motivou a investigação sobre as<br />

<strong>de</strong>fesas antipredação <strong>de</strong>ssas duas espécies.<br />

4.2. Ecologia <strong>química</strong><br />

O extrato <strong>de</strong> Tethya sp. inibiu o consumo dos paguros Calcinus tibicen e<br />

Clibanarius antillensis, o que confirma a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> <strong>de</strong>ssa<br />

espécie contra esses predadores. Como não existiu diferença <strong>de</strong> consumo<br />

entre as duas espécies, optou-se por utilizar apenas Calcinus tibicen nos<br />

ensaios posteriores.<br />

O extrato <strong>de</strong> Tethya rubra não inibiu o consumo <strong>de</strong>sses caranguejos.<br />

Apenas um trabalho na literatura científica utilizou paguros em testes <strong>de</strong><br />

predação: em Wad<strong>de</strong>ll & Pawlik (2000) o extrato bruto <strong>de</strong> 87% das espécies<br />

testadas foram significativamente pouco consumidas pelo paguro Paguristes<br />

punticeps.<br />

A hipótese <strong>de</strong> balanço crescimento-diferenciação (Rhoa<strong>de</strong>s 1979),<br />

consi<strong>de</strong>rada inicialmente para plantas terrestres, enfatiza que os recursos<br />

<strong>de</strong>vem ser alocados entre os processos <strong>de</strong> crescimento e diferenciação, sendo<br />

47


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

que o processo <strong>de</strong> crescimento prece<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> diferenciação,<br />

admitindo a existência <strong>de</strong> sobreposições (Cronin & Hay 1996). Embora não<br />

existam estudos sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Tethya, os indivíduos <strong>de</strong> T. rubra<br />

são nitidamente maiores que os indivíduos <strong>de</strong> Tethya sp. (observação pessoal).<br />

Talvez, T. rubra compense a ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> alocando energia<br />

para um crescimento mais eficiente, reforçando a hipótese <strong>de</strong> balanço<br />

crescimento-diferenciação. No entanto, os extratos brutos das duas espécies<br />

<strong>de</strong> Tethya não inibiram o consumo <strong>de</strong> peixes generalistas em experimentos <strong>de</strong><br />

campo, ao contrário, estimularam o consumo. O peixe Pomacanthus paru<br />

consome Tethya cf. nigra na costa brasileira (Batista 2006), po<strong>de</strong>ndo indicar<br />

mais uma espécie do gênero que não possui <strong>de</strong>fesas contra o consumo por<br />

peixes. No entanto, o extrato bruto <strong>de</strong> Tethya actinia foi consi<strong>de</strong>rado eficaz<br />

evitando o consumo do peixe Thalassoma bifasciatum (Pawlik et al. 1995). Isso<br />

evi<strong>de</strong>ncia as peculiarida<strong>de</strong>s específicas nas <strong>de</strong>fesas antipredação. Não<br />

sabemos se predadores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, como peixes são mais dificilmente<br />

afetados por <strong>química</strong>s <strong>de</strong>fensivas <strong>de</strong>ssas <strong>esponjas</strong>. No presente estudo, a<br />

concentração dos metabólitos foi bastante semelhante em Tethya sp. e Tethya<br />

rubra (0,0245 g/ml e 0,0294 g/ml, respectivamente), o que, nesse caso, nos fez<br />

concluir que a concentração dos metabólitos não está relacionado com a<br />

existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas ou não.<br />

Durante muito tempo não existiram evidências <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas físicas em<br />

<strong>esponjas</strong> (Chanas & Pawlik 1995). Esse mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa foi<br />

experimentalmente comprovado pela primeira vez em <strong>esponjas</strong> das Bahamas e<br />

Mar Vermelho (Burns & Ilan 2003) e mostrou que a função das espículas não<br />

apenas sustentam o corpo da esponja, mas também a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m contra<br />

48


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

predadores. Em trabalhos anteriores, as espículas não evitaram a predação<br />

pelo paguro Paguristes puticeps, nem pelas estrelas-do-mar Echinaster<br />

echinophorus e Echinaster sentus (Wad<strong>de</strong>ll & Pawlik 2000a, b). No presente<br />

estudo, as espículas foram bastante eficientes em evitar a predação por<br />

paguros Calcinus tibicen. Burns & Ilan (2003) concluíram que apenas espículas<br />

maiores que ~250 repeliam a predação pelos peixes generalistas Thalassoma<br />

klunzingeri e T. bifasciatum. Em Tethya sp. e T. rubra, existem espículas bem<br />

maiores (<strong>de</strong> 800 a 1.800 µm). Espículas maiores, possivelmente afetam mais<br />

eficientemente organismos <strong>de</strong> pequeno porte, como o paguro C. tibicen do que<br />

peixes e estrelas do mar, <strong>de</strong>vido aos tamanhos relativos do aparato bucal e<br />

estômago <strong>de</strong>sses animais.<br />

A concentração natural calculada <strong>de</strong> espículas em T. rubra foi cinco<br />

vezes maior que em Tethya sp. Por essa razão, não foi possível a<strong>de</strong>rir a<br />

concentração natural <strong>de</strong> espículas na matriz <strong>de</strong> carragenana que é a base do<br />

alimento artificial. O ensaio foi realizado com espículas em aproximadamente<br />

um terço da concentração natural e isso po<strong>de</strong> signicar que a repelência a<br />

predadores causadas por essas espículas po<strong>de</strong> ser ainda maior que a<br />

<strong>de</strong>tectada neste estudo. De maneira geral, as concentrações <strong>de</strong> espículas<br />

encontradas nessas espécies <strong>de</strong> Tethya são superiores aos encontrados em<br />

diversas espécies caribenhas (Tabela 4).<br />

49


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Tabela 4. Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espículas em espécies do Brasil e Caribe em or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>crescente. * Jones et al. 2005. a <strong>de</strong> Bahamas, consistência macia. b <strong>de</strong> Florida Keys,<br />

consistência rígida. c <strong>de</strong> Bahamas, consistência rígida.<br />

Espécie Densida<strong>de</strong> (g/mL-1)<br />

Tethya rubra (presente estudo) 0,4016<br />

Tethya sp. (presente estudo) 0,0868<br />

*Xestospongia muta c 0,0692<br />

*Xestospongia muta b 0,0397<br />

*Cribrochalina infundibulum 0,0294<br />

*Cynachyrella alloclada 0,0276<br />

*Xestospongia muta a 0,0240<br />

*Tedania ignis 0,0146<br />

*Svenzea zeai 0,0116<br />

*Clathria virgultosa 0,0102<br />

*Niphates digitalis 0,0094<br />

*Agelas clathroi<strong>de</strong>s 0,0052<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espículas foi relacionada positivamente com o fluxo <strong>de</strong><br />

água (Palumbi 1986, McDonald et al. 2002). Além disso, <strong>de</strong>ntro do corpo da<br />

esponja, as espículas po<strong>de</strong>m ter uma distribuição diferenciada, se acumulando<br />

em algumas partes e apresentando menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> em outras. Por isso, para<br />

o cálculo da concentração natural foi utilizada a média <strong>de</strong> cinco fragmentos <strong>de</strong><br />

diferentes <strong>esponjas</strong> englobando tanto o ectossoma como o endossoma.<br />

50


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

A simulação da <strong>de</strong>fesa física em alimentos artificiais possui limitações uma vez<br />

que apresentam as espículas <strong>de</strong>sorganizadas e distribuídas <strong>de</strong> forma<br />

homogênea, diferentes da situação encontrada na natureza.<br />

Alguns trabalhos sugerem que as <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s são a principal<br />

forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas antipredação, enquanto as espículas e espongina possuem<br />

função estrutural principalmente (Chanas & Pawlik 1995, 1996, Pawlik et al.<br />

1995). Porém, estratégias físicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas representadas pelas espículas<br />

foram mais importantes que <strong>química</strong>s em T. rubra. Isso po<strong>de</strong> funcionar<br />

especialmente em espécies que não possuem <strong>química</strong> <strong>de</strong>fensiva. De qualquer<br />

forma, as <strong>de</strong>fesas parecem funcionar especificamente para um <strong>de</strong>terminado<br />

predador. Por exemplo, as espículas não funcionam bem para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

<strong>esponjas</strong> <strong>de</strong> peixes ou estrelas do mar (Pawlik et al. 1995, Chanas & Pawlik<br />

1996, Wad<strong>de</strong>ll & Pawlik 2000b). No entanto, as espículas po<strong>de</strong>m ser a<br />

principal <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> T. rubra contra o consumo por paguros e isso po<strong>de</strong> ocorrer<br />

em outras espécies <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> em relação a outros predadores.<br />

O efeito da união das <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s e físicas em <strong>esponjas</strong> é ainda<br />

pouco estudado (Jones et al. 2005). No presente estudo, foi consi<strong>de</strong>rada a<br />

existência <strong>de</strong> aditismo em ambos os casos, uma vez que não houveram<br />

diferenças significativas no consumo das <strong>de</strong>fesas isoladas quando comparadas<br />

ao consumo dos dois elementos associados. A existência <strong>de</strong> aditismo nas<br />

<strong>de</strong>fesas antipredação já foi registrada para outras espécies <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> como<br />

Cribrochalina infundibullum e Tedania ignis, por exemplo (Jones et al. 2005).<br />

Esponjas po<strong>de</strong>m apresentar diferentes estratégias contra a predação,<br />

mesmo apresentando gran<strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> taxonômica, como por exemplo, Tethya<br />

(presente estudo), Dysi<strong>de</strong>a, Niphates e Mycale (Pawlik et al. 1995).<br />

51


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

Recentemente, foi registrado que predadores po<strong>de</strong>m distinguir espécies<br />

congenéricas simpátricas, como foi o caso da estrela do mar Oreaster<br />

reticulatus que preda Tedania ignis, mas não Tedania klausi que ocorre no<br />

mesmo local (Wulff 2006). É importante <strong>de</strong>stacar que essas espécies possuem<br />

poucas diferenças externas, o que evi<strong>de</strong>ncia a existência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>tecção<br />

<strong>química</strong> apurada por parte dos predadores. Por outro lado, Pawlik et al. (1995)<br />

encontrou homogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respostas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas antipredação ao nível <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m, como houve em Homosclerophorida e Axinellida, e também <strong>de</strong> gênero,<br />

Agelas e Plakortis.<br />

As duas espécies estudadas apresentaram semelhança quase total em<br />

seus componentes químicos majoritários e ainda assim possuem diferentes<br />

efeitos sobre paguros. Em duas espécies do gênero Mycale, pequenas<br />

diferenças <strong>de</strong>tectadas na composição <strong>de</strong> ácidos graxos foi sugerida como<br />

responsáveis pelas diferenças encontradas na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impedir o<br />

assentamento <strong>de</strong> larvas do poliqueta Hydroi<strong>de</strong>s elegans (Lee et al. 2007). No<br />

caso <strong>de</strong> Tethya, é provável que a substância causadora da <strong>de</strong>fesa esteja<br />

contida na porção <strong>de</strong> elementos minoritários do extrato, dada a gran<strong>de</strong><br />

semelhança na composição dos componentes majoritários.<br />

Em Callyspongia spp. apesar da existência diferenças <strong>de</strong> composição<br />

nas bactérias associadas, análises em CG-MS encontraram mais <strong>de</strong> 60% dos<br />

compostos similares (Qian et al. 2006). Nas duas <strong>esponjas</strong> estudadas, C.<br />

plicifera e Callyspongia sp, o extrato bruto inibiu o assentamento das larvas da<br />

craca Balanus amphitrite e do poliqueta Hydroi<strong>de</strong>s elegans (Qian et al. 2006).<br />

Apesar da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> já comprovada em <strong>esponjas</strong> do<br />

gênero Tethya (Fishelson 1981, Nikel 2006) não existem evidências que essa<br />

52


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

característica po<strong>de</strong> atuar contra a predação, tornando <strong>de</strong> suma importância o<br />

papel exercido pelas <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s e físicas para manutenção <strong>de</strong>ssas<br />

populações.<br />

A partir do fracionamento do extrato bruto <strong>de</strong> Tethya sp. seguido por<br />

ensaios biológicos, encontramos que a fração ativa hexânica é rica em<br />

esteróis, como foi observado através <strong>de</strong> análises <strong>química</strong>s. Porém, nos testes<br />

biológicos realizados com as frações semi purificadas não foi possível indicar<br />

diferenças significativas no consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais (Figura 29). Isso<br />

po<strong>de</strong> ser atribuído ao fato <strong>de</strong> que a quantida<strong>de</strong> testada foi inferior a<br />

concentração natural esperada.<br />

5. Conclusões<br />

O perfil químico <strong>de</strong> Tethya sp. e Tethya rubra é bastante semelhante,<br />

especialmente no que diz respeito aos componentes majoritários. Apesar disso,<br />

as respostas antipredação <strong>de</strong>ssas espécies apresenta diferenças. Isso<br />

evi<strong>de</strong>nciou a importância dos metabolitos minoritários como responsáveis por<br />

<strong>de</strong>fesas antipredação nestas espécies.<br />

Ao contrário das <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s, as <strong>de</strong>fesas provenientes <strong>de</strong><br />

componentes estruturais (<strong>de</strong>fesas físicas) são geralmente vistas como menos<br />

eficientes e com papel secundário na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensiva, porém, no caso da<br />

esponja Tethya rubra, as espículas representaram maior eficácia que seu<br />

extrato bruto.<br />

O efeito sinergístico que po<strong>de</strong> existir quando consi<strong>de</strong>ramos a atuação<br />

das espículas em conjunto com as <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s não foi <strong>de</strong>tectada em<br />

53


Capítulo 1<br />

______________________________________________________________________<br />

nenhuma das duas espécies estudadas, sendo consi<strong>de</strong>rado aditismo o efeito<br />

encontrado.<br />

54


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

Capítulo 2<br />

Variação intrapopulacional nos metabólitos <strong>de</strong><br />

Tethya sp. e perfil químico dos brotos


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

1.Introdução<br />

Diversos fatores têm sido apontados como causadores <strong>de</strong> variações na<br />

produção dos metabólitos secundários. Em ambientes terrestres sabe-se que a<br />

qualida<strong>de</strong> e intensida<strong>de</strong> da luz, <strong>de</strong>ficiências minerais, disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água,<br />

temperatura, estágio fisiológico, genética, estresse, predadores, patógenos e<br />

competidores são alguns dos fatores que regulam a produção <strong>de</strong> metabólitos<br />

secundários em plantas superiores (Rice 1984, Karban & Baldwin 1997, Wink<br />

1999).<br />

Em ambientes marinhos, o nível <strong>de</strong> exposição dos organismos a<br />

consumidores, a época do ano, a localização geográfica da comunida<strong>de</strong> ou até<br />

mesmo a ação <strong>de</strong> consumidores po<strong>de</strong> alterar a <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> dos organismos<br />

(Pereira 2002). A existência <strong>de</strong>ssa variação foi evi<strong>de</strong>nciada principalmente em<br />

trabalhos sobre algas, corais moles e moluscos (Ávila & Paul 1997, Meyer &<br />

Paul 1992, Van Alstyne & Paul 1992, Sudatti et al. 2006). Estudos também<br />

apontam a predação como um dos principais fatores que influenciam variações<br />

na produção <strong>de</strong> metabólitos (Paul & Van Alstyne 1992, Teeyapant & Proksch<br />

1993, Cronin & Hay 1996).<br />

Poucas vezes na literatura avaliou-se a variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas entre<br />

espécies com gran<strong>de</strong> afinida<strong>de</strong> taxonômica. Inclusive, a presença <strong>de</strong> certas<br />

classes <strong>de</strong> substâncias é conservativa <strong>de</strong>ntre os grupos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>,<br />

representando uma característica taxonômica (Bergquist & Wells 1983;<br />

Braekman et al. 1992). Porém, a relação que po<strong>de</strong> existir em respostas<br />

antipredação em um grupo <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> com as mesmas classes <strong>de</strong><br />

56


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

substâncias ainda é <strong>de</strong>sconhecida, ou seja, não se sabe se <strong>esponjas</strong> com<br />

perfis químicos semelhantes têm respostas semelhantes à predação.<br />

Pawlik et al. (1995) encontrou uma gran<strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> na resposta<br />

<strong>de</strong> repelência a predadores em extratos brutos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> pertencentes à<br />

uma mesma or<strong>de</strong>m e a um mesmo gênero. Apesar disso, algumas espécies do<br />

mesmo gênero po<strong>de</strong>m mostrar diferentes respostas a predadores, bem como<br />

Mycale laevis - sem <strong>de</strong>fesa e M. laxissima - com <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> (Pawlik et al.<br />

1995). Nesse estudo, porém, o perfil químico das espécies envolvidas não foi<br />

avaliado.<br />

Estudos indicaram que além <strong>de</strong> estarem presentes em indivíduos<br />

adultos, <strong>de</strong>fesas contra a predação po<strong>de</strong>m ocorrer em suas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

propagação, constituindo uma importante estratégia <strong>de</strong> sobrevivência,<br />

somadas a outras já conhecidas como a transparência e o pequeno tamanho<br />

da larva (Brooks & Dobson 1965, Zaret & Kerfoot 1975) e <strong>de</strong>fesas morfológicas<br />

(Pennington & Chia 1984, Morgan 1989).<br />

Durante muitas décadas acreditava-se que a maioria das larvas<br />

<strong>marinhas</strong> eram presas totalmente vulneráveis para a maior parte dos<br />

organismos planctívoros, inclusive foi proposta <strong>de</strong> incompatibilida<strong>de</strong> biológica<br />

no rápido <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos tecidos e a presença <strong>de</strong> substâncias<br />

tóxicas (Orians & Janzen 1974).<br />

Os primeiros trabalhos sobre este tema evi<strong>de</strong>nciaram a existência <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s em larvas <strong>de</strong> estrela-do-mar (Lucas et al. 1979), ascídias<br />

(Young & Bingham 1987, Lindquist et al. 1992) e em ovos <strong>de</strong> nudibrânquios<br />

(Pawlik et al. 1988). Uriz et al. (1996) constataram que larvas da esponja<br />

Dysi<strong>de</strong>a avara não eram consumidos pelo ouriço Paracentrotus lividus.<br />

57


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

Lindquist & Hay (1996) pesquisaram as <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s <strong>de</strong> larvas <strong>de</strong><br />

<strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> e corais caribenhos. Eles concluíram que, <strong>de</strong> maneira geral,<br />

alguns grupos <strong>de</strong> invertebrados possuem larvas impalatáveis, enquanto outros<br />

não. Por exemplo, as larvas das 11 espécies <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> testadas foram<br />

impalatáveis para peixes e, ao contrário, larvas <strong>de</strong> corais hermatípicos foram<br />

palatáveis. No entanto, larvas impalatáveis nem sempre são provenientes <strong>de</strong><br />

adultos impalatáveis, como foi o caso da esponja Callyspongia vaginalis<br />

(Lindquist & Hay 1996). A palatabilida<strong>de</strong> das larvas po<strong>de</strong> variar também entre<br />

espécies em um grupo e até mesmo entre indivíduos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma espécie,<br />

como foi o caso das gorgônias (Lindquist & Hay 1996). Outra interessante<br />

<strong>de</strong>scoberta é que as larvas impalatáveis, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> atacadas e rejeitadas não<br />

sofrem dano que prejudique o seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Algumas espécies <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> se reproduzem <strong>de</strong> maneira assexuada,<br />

por brotamento, como Tethya e Chondrilla (Bergquist & Sinclair 1973, Fell<br />

1993). Não se sabe se, nesse caso, as unida<strong>de</strong>s reprodutivas também po<strong>de</strong>m<br />

apresentar <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s.<br />

As <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s presentes em estruturas <strong>de</strong> propagação po<strong>de</strong>m<br />

atuar contra consumidores e competidores, além <strong>de</strong> constituírem,<br />

presumivelmente, uma vantagem em caso <strong>de</strong> invasões (Pereira 2002).<br />

O gênero Tethya é caracterizado por <strong>esponjas</strong> com simetria radial,<br />

esqueleto composto por espículas e se reproduz sexuada e assexuadamente,<br />

o que a torna i<strong>de</strong>al para estudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s, físicas, interações entre<br />

<strong>de</strong>fesas, assim como investigações sobre <strong>de</strong>fesas em suas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

propagação, os brotos. Esse gênero, representado por diversas espécies,<br />

possui ampla distribuição na costa brasileira (Ribeiro 2003), porém, ainda não<br />

58


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

foram alvos <strong>de</strong> estudos ecológicos, ou mesmo sobre efeitos aditivos, sinérgicos<br />

ou antagônicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s e físicas, seja em indivíduos adultos ou<br />

em suas estruturas reprodutivas, os brotos.<br />

O objetivo <strong>de</strong>sse capítulo foi investigar: (a) a variação nos metabólitos<br />

secundários da esponja Tethya sp. e (b) o perfil químico dos brotos <strong>de</strong> Tethya<br />

sp.<br />

2. Materiais e Métodos<br />

2.1. Coletas<br />

Ver sessão “Coletas” no Capítulo 1.<br />

Para obtenção dos brotos <strong>de</strong> Tethya sp., espécimes <strong>de</strong>sta esponja foram<br />

coletados e os brotos foram separados dos adultos com auxílio <strong>de</strong> lupa e pinça<br />

(Figura 3). Posteriormente, as amostras foram congeladas para liofilização.<br />

Figura 1. (A) Um broto <strong>de</strong> Tethya sp. na extremida<strong>de</strong> da pinça. Escala = 1 cm, (B)<br />

brotos vistos sob lupa.<br />

59


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

2.2. Extração <strong>química</strong> e isolamento <strong>de</strong> produtos naturais<br />

Os brotos liofilizados foram extraídos em acetona durante 3 dias,<br />

ocorrendo filtração e troca <strong>de</strong> solvente a cada 24 horas. Os extratos brutos em<br />

acetona dos brotos e dos adultos foram analisados em CG/MS (veja Capítulo<br />

1).<br />

60


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

3. Resultados<br />

3.1. Variação intrapopulacional <strong>de</strong> esteróis em Tethya sp.<br />

A concentração do colesta-4,6-dienol-3 (Figura 2 - 2a) variou <strong>de</strong> 1,35 %<br />

a 12,11% entre os <strong>de</strong>z indivíduos analisados (Figura 3). Dos oito metabólitos<br />

estudados, o colesterol (Figura 2 - 1a) alcançou as maiores porcentagens e<br />

variou <strong>de</strong> 11,39 % a 35,45% (Figura 2 - Figura 4). A concentração do ergosta-<br />

5,22-dienol-3 (Figura 2 - 1d) variou <strong>de</strong> 3,19 % a 10,55% (Figura 2 - Figura 5). A<br />

concentração do ergosta-5,24(28)-dienol-3 (Figura 2 - 1e) foi a menor <strong>de</strong>ntre as<br />

substâncias analisadas, variou <strong>de</strong> 1,95 % a 6,90% (Figura 6). A concentração<br />

do estigmasta-5-enol-3 (Figura 2 - 1f) variou <strong>de</strong> 4,56% a 11,92% (Figura 7).<br />

61


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

HO<br />

2<br />

3<br />

HO<br />

2<br />

3<br />

1<br />

10<br />

4<br />

19<br />

5<br />

1<br />

4<br />

10<br />

11<br />

9<br />

19<br />

H<br />

6<br />

5<br />

1<br />

12<br />

13<br />

H<br />

11<br />

9<br />

H<br />

6<br />

8<br />

7<br />

2<br />

18<br />

H<br />

12<br />

21<br />

14<br />

13<br />

H<br />

8<br />

7<br />

18<br />

H<br />

15<br />

R<br />

21<br />

17<br />

14<br />

16<br />

15<br />

R<br />

17<br />

16<br />

21 22<br />

20<br />

21 22<br />

Figura 2. Estrutura dos principais esteróis <strong>de</strong>tectados das espécies <strong>de</strong> Tethya sp. (RJ)<br />

e Tethya rubra da (BA).<br />

20<br />

23<br />

a<br />

b<br />

c<br />

d<br />

23<br />

a<br />

24<br />

24<br />

26<br />

25<br />

26<br />

27<br />

25<br />

27<br />

e<br />

f<br />

g<br />

h<br />

28<br />

29<br />

62


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

13%<br />

10%<br />

8%<br />

5%<br />

3%<br />

0%<br />

T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10<br />

colesta-4,6-dienol-3<br />

Figura 3. Concentração <strong>de</strong> colesta-4,6-dienol-3 em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

10%<br />

0%<br />

T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10<br />

colesterol<br />

Figura 4. Concentração <strong>de</strong> colesterol em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

63


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

12%<br />

10%<br />

8%<br />

6%<br />

4%<br />

2%<br />

0%<br />

T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10<br />

ergosta-5,22-dienol-3<br />

Figura 5. Concentração <strong>de</strong> ergosta-5,22-dienol-3 em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

8%<br />

6%<br />

4%<br />

2%<br />

0%<br />

T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10<br />

ergosta-5,24(28)-dienol-3<br />

Figura 6. Concentração <strong>de</strong> ergosta-5,24(28)-dienol-3 em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

64


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

15%<br />

12%<br />

9%<br />

6%<br />

3%<br />

0%<br />

T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10<br />

estigmasta-5-enol-3<br />

Figura 7. Concentração <strong>de</strong> estigmasta-5-enol-3 em 10 indivíduos <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

65


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 8. Cromatograma do extrato bruto dos brotos <strong>de</strong> Tethya sp. (CG/MS).<br />

Legenda:<br />

A = Colesta-5,22-dienol-3 (C27H44O; FM = 384.34), Figura 2 - 1b<br />

B = Colesterol (C27H46O; FM = 386.36), Figura 2 - 1a<br />

C = Ergosta-5,22-dienol-3 (C28H46O; FM = 398.36), Figura 2 - 1d<br />

D = Estigmasta-5,24-dienol-3 (C29H50O; FM = 414.39), Figura 2 - 1h<br />

E = (provável) Colesta-5-enol- 3-ona-7 (C27H44O2; FM = 400.33), Figura 10<br />

66


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 9. Cromatograma do extrato bruto <strong>de</strong> adultos <strong>de</strong> Tethya sp. (CG/MS).<br />

Legenda:<br />

A = Colesterol (PM = 386.36; FM = C27H46O) Figura 2 - 1a<br />

B = Ergosta-5,22-dienol-3 (PM = 398.36; FM = C28H46O) Figura 2 - 1d<br />

C = Ergosta-5, 24(28)-dienol-3 (PM = 398.36; FM = C28H46O) Figura 2 - 1e<br />

D = Estigmasta-5-enol-3 (PM = 414.39; FM = C29H50O) Figura 2 - 1f<br />

67


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

Tabela 1. Concentração relativa (%) dos principais esteróis <strong>de</strong> Tethya sp. nos brotos e<br />

nos adultos. N.d. = não <strong>de</strong>tectado.<br />

Produto Concentração relativa (%)<br />

Adultos<br />

Concentração relativa (%)<br />

Brotos<br />

Colesta-5,22-dienol-3 n.d. 8,96<br />

Colesterol 45,57 22,12<br />

Ergosta-5,22-dienol-3 19,69 12,48<br />

Estigmasta-5,24-dienol-3 9,39 16,38<br />

Colesta-5-enol- 3-ona-7 n.d. 11,37<br />

Ergosta-5, 24(28)-dienol-3 6,64 n.d.<br />

HO O<br />

Figura 10. Colesta-5-enol- 3-ona-7 (presente nos brotos, não <strong>de</strong>tectado nos indivíduos<br />

adultos)<br />

4. Discussão<br />

Diversos fatores, tanto bióticos quanto abióticos têm sido indicados<br />

como responsáveis pela variação na concentração <strong>de</strong> metabólitos secundários<br />

em organismos marinhos (e.g. Lubchenco & Gaines 1981, Becerro et al. 1995,<br />

Pawlik 1997, 1998, Becerro & Paul 2004). No entanto, esse estudo foram<br />

encontradas significativas variações nas concentrações <strong>de</strong> metabólitos entre<br />

indivíduos <strong>de</strong> uma mesma população e coletados em um único evento, ou seja,<br />

68


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

sujeitos aos mesmos fatores abióticos (como nível <strong>de</strong> exposição, luminosida<strong>de</strong>,<br />

hidrodinamismo) e fatores bióticos (sujeitos a mesma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> predação<br />

e aos mesmos predadores, competidores e etc...). Isso indica que variações<br />

intra-individuais intrínsecas po<strong>de</strong>m ser tão importantes como as causadas por<br />

fatores externos ao organismo. No entanto, a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa variação não é<br />

conhecida entre populações, pois não existem outros dados na literatura para<br />

comparação.<br />

Embora se encontre na literatura algumas menções sobre variabilida<strong>de</strong><br />

intrapopulacional na produção <strong>de</strong> metabolitos secundários em organismos<br />

marinhos (Hay 1996, Pereira & da Gama 2008, como revisões), até bem pouco<br />

tempo não existia qualquer estudo que realmente tivesse analisada cada<br />

indivíduio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada população. Numa avaliação <strong>de</strong> 70 indivíduos da<br />

macroalga vermelha Laurencia obtusa foi constatado que existe uma gran<strong>de</strong><br />

variabilida<strong>de</strong> intrapopulacional na produção <strong>de</strong> um metabolito majoritário que<br />

atua como <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> contra herbívoros (Sudatti et al. 2006).<br />

Os estudos em ecologia <strong>química</strong>, sejam eles com espécies <strong>marinhas</strong> ou<br />

terrestres, começam pela obtenção <strong>de</strong> extratos brutos provenientes <strong>de</strong> um<br />

número variável <strong>de</strong> indivíduos submetidos à extração. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extrato<br />

obtida, em função da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material, revela o teor natural em uma<br />

espécie, mas per<strong>de</strong>-se a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> natural, seja <strong>de</strong> um extrato<br />

ou mesmo <strong>de</strong> uma substância. No entanto, a variabilida<strong>de</strong> na produção <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado metabolito é um aspecto extremamente importante uma vez que é<br />

nesta variabilida<strong>de</strong> que uma <strong>de</strong>terminada interação biológica é estabelecida. A<br />

variabilida<strong>de</strong> encontrada em indivíduos <strong>de</strong> Tethya sp., neste estudo, assim<br />

como a observada em Laurencia obtusa (Sudatti et al. 2006), po<strong>de</strong>m indicar ser<br />

69


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

essa uma variação comum e constitui aspecto fundamental para o<br />

entendimento da ecologia e evolução das interações mediadas quimicamente.<br />

As análises em CG/MS do extrato bruto dos brotos evi<strong>de</strong>nciaram sua<br />

semelhança com os produtos principais dos adultos, os esteróis. Apenas<br />

esteróis <strong>de</strong> ampla ocorrência foram observados nos brotos e nos adultos. No<br />

entanto, o colesterol, por exemplo, é muito mais abundante nos adultos<br />

(45,57%) do que nos brotos (22,12%), indicando que po<strong>de</strong> haver acumulação<br />

<strong>de</strong>ste esterol ao longo <strong>de</strong> seu ciclo <strong>de</strong> vida. Foi possível notar que esteróis<br />

mais oxidados são encontrados nos brotos, inclusive produtos contendo um<br />

grupamento acetona (Fig. 10).<br />

No presente estudo não foram realizados ensaios para verificação <strong>de</strong><br />

ação <strong>de</strong>fensiva antipredação do extrato bruto dos brotos, particularmente<br />

<strong>de</strong>vido à pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extrato obtida. Sem dúvidas, o reduzido<br />

tamanho <strong>de</strong>stes brotos requer um esforço enorme para que se tenha biomassa<br />

suficiente para obtenção <strong>de</strong> extrato a<strong>de</strong>quado para a realização <strong>de</strong> testes. No<br />

entanto, é possível pressupor a existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s antipredação<br />

nos brotos <strong>de</strong>vido a sua semelhança com o perfil os adultos analisados. Por<br />

outro lado, alguns estudos mostram a apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong><br />

bactérias dos adultos para os brotos. Se, <strong>de</strong> fato, as bactérias estão envolvidas<br />

na produção das substâncias <strong>de</strong>fensivas nesta espécie <strong>de</strong> esponja, a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas do broto é ainda maior (Thiel et al. 2006).<br />

70


Capítulo 2<br />

______________________________________________________________________<br />

Hoje sabemos que diversas estruturas <strong>de</strong> propagação são igualmente<br />

<strong>de</strong>fendidas como os adultos on<strong>de</strong> são gerados, incluem zigotos <strong>de</strong> macroalgas<br />

(Hay et al. 1998, Schnitzler et al. 1998) e larvas <strong>de</strong> diversos invertebrados<br />

como estrelas-do-mar (Lucas et al. 1979), ascídias <strong>esponjas</strong> e corais (Young &<br />

Bingham 1987, Lindquist et al. 1992, Lindquist & Hay 1996) e e ovos <strong>de</strong><br />

nudibrânquios (Pawlik et al. 1988). Se vir a ser confirmada futuramente, os<br />

brotos <strong>de</strong> Tethya sp. serão o primeiro exemplo <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> propagação<br />

vegetativa possuindo <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> antipredação.<br />

5. Conclusão<br />

A variação nas concentrações dos metabólitos secundários po<strong>de</strong> ocorrer<br />

não apenas <strong>de</strong>vido a fatores externos à esponja (biótico e abióticos), mas <strong>de</strong>ve<br />

ser consi<strong>de</strong>rado também fator intrínseco, uma vez que encontramos variações<br />

em diversos metabólitos <strong>de</strong> Tethya sp.<br />

A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa nos brotos <strong>de</strong> Tethya sp. po<strong>de</strong> ser uma<br />

importante vantagem ecológica para essa espécie, uma vez que as taxas <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> larvas (=estruturas <strong>de</strong> propagação) é apontada como um dos<br />

fatores fundamentais no estabelecimento <strong>de</strong> populações <strong>marinhas</strong> bentônicas.<br />

71


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

Capítulo 3<br />

Multifuncionalida<strong>de</strong> na <strong>química</strong> <strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong><br />

Hymeniacidon heliophila contra predadores


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

1. Introdução<br />

Defesas <strong>química</strong>s que inibem o consumo por predadores ocorrem em<br />

diversos organismos marinhos, inclusive em <strong>esponjas</strong> (Pawlik et al. 1995,<br />

Pereira et al. 2000, Wad<strong>de</strong>ll & Pawlik, 2000 a, b; Clavico et al. 2006)<br />

constituindo um dos aspectos mais estudados no âmbito da ecologia <strong>química</strong><br />

marinha (Wad<strong>de</strong>l & Pawlik 2000, Pawlik et al. 2002, Burns & Ilan 2003, Toms &<br />

Schupp 2007).<br />

As <strong>de</strong>fesas antipredação representam uma importante vantagem<br />

ecológica, pois possibilitam a permanência <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> indivíduos que a<br />

produzem em ambientes com alta pressão <strong>de</strong> predação, como é o caso <strong>de</strong><br />

ambientes tropicais, on<strong>de</strong> muitas vezes, são organismos dominantes na<br />

comunida<strong>de</strong> (Reiswig 1973, Shuchanek et al. 1983, Wenner et al. 1983). Entre<br />

outros parâmetros, essa dominância po<strong>de</strong> ser causada pela presença <strong>de</strong><br />

metabólitos secundários que inibem a predação. Contudo, a produção <strong>de</strong><br />

metabólitos secundários preconiza um consi<strong>de</strong>rável gasto metabólico e uma<br />

medida para otimizar o custo energético <strong>de</strong> sua produção é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

múltiplas atuações para essas substâncias (Schmitt et al. 1995, Pereira et al.<br />

2003).<br />

Múltiplas funções <strong>de</strong> metabólitos secundários foram bem <strong>de</strong>monstradas<br />

no trabalho <strong>de</strong> Thompson et al. (1985) no qual os autores relatam que extratos<br />

<strong>de</strong> quarenta espécies <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> <strong>de</strong> San Diego exibiram ativida<strong>de</strong>s<br />

biológicas e/ou ecológicas em relação a distintas ativida<strong>de</strong>s como: inibição <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fungos e bactérias, inibição <strong>de</strong> assentamento e<br />

metamorfose <strong>de</strong> larvas <strong>de</strong> invertebrados marinhos e, também, <strong>de</strong>fesa<br />

73


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

antipredação por diversos peixes. Neste estudo, a maior parte dos extratos foi<br />

eficiente em mais <strong>de</strong> um dos testes realizados, evi<strong>de</strong>nciando a<br />

multifuncionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas substâncias. Porém, quando tratamos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas<br />

antipredação, pouco se sabe sobre a amplitu<strong>de</strong> do efeito dos metabólitos<br />

contra a ação <strong>de</strong> variados predadores. Quanto mais ampla a atuação <strong>de</strong>ssas<br />

substâncias, maior a vantagem ecológica adquirida pela esponja e mais<br />

chances <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> novas populações, uma vez que a predação é<br />

a principal interação responsável pela mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organismos bênticos e a<br />

distribuição <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> po<strong>de</strong> ser fortemente afetada pela atuação <strong>de</strong><br />

predadores (Pawlik 1997, 1998).<br />

Geralmente, as <strong>de</strong>fesas antipredação são testadas em ensaios<br />

utilizando apenas um tipo <strong>de</strong> predador, o que não permite dimensionar a<br />

magnitu<strong>de</strong> da proteção ao consumo representado pelas substâncias <strong>química</strong>s<br />

contidas em uma espécie <strong>de</strong> esponja. O entendimento <strong>de</strong>sse aspecto é muito<br />

importante para melhor compreensão do papel ecológico <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s<br />

nas interações presa-predador envolvendo <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong>.<br />

O gênero Hymeniacidon é amplamente distribuído no mundo e no Brasil<br />

está restrito a região sul e su<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong> Santa Catarina ao Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

(Mothes et al. 2003, Muricy & Hajdu, 2006) sendo representado apenas pela<br />

espécie H. heliophila (Figura 1). Essa espécie é umas das mais resistentes à<br />

poluição, sendo abundante em praias da Baía <strong>de</strong> Guanabara que recebem<br />

diariamente gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poluição orgânica e inorgânica (Perri 2000).<br />

A esponja Hymeniacidon heliophila é encontrada comumente na faixa entre<br />

marés e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupar ambientes com alta intensida<strong>de</strong> luminosa<br />

po<strong>de</strong> ser relacionada à presença <strong>de</strong> uma potente substância anti-oxidante que<br />

74


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

ocorre em abundância em H. heliophila, o L-5-hidroxitriptofano (Lysek et al.<br />

2003). Além disso, esta espécie possui substâncias com ativida<strong>de</strong><br />

antibacteriana (Muricy & Silva 1999) e suas células já foram utilizadas com<br />

sucesso em culturas, inclusive <strong>de</strong> espécies que produzem moléculas bioativas<br />

(Pomponi & Willoughby 1994, Custódio et al. 2004)<br />

f<br />

Figura 1. Esponja Hymeniacidon heliophila (Parker 1910). Foto: G. Muricy.<br />

O objetivo da pesquisa reunida neste capítulo foi investigar se extratos<br />

<strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila atuam como <strong>de</strong>fesa antipredação frente a ouriços,<br />

peixes e paguros, constituindo múltiplas funções ou expressões ecológicas.<br />

2. Materiais e Métodos<br />

2.1. Locais <strong>de</strong> coleta e experimentos<br />

Exemplares da esponja Hymeniacidon heliophila foram coletados<br />

através <strong>de</strong> mergulho livre na Praia <strong>de</strong> Itaipu, Niterói – Rio <strong>de</strong> Janeiro (Figura 2).<br />

Nesse local, H. heliophila é abundante e ocupa a faixa entre-marés. As<br />

<strong>esponjas</strong> foram mantidas congeladas até a liofilização. Os ouriços (Lytechinus<br />

75


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

variegatus) e paguros (Calcinus tibicen) utilizados em experimentos também<br />

foram coletados nesse local e <strong>de</strong>volvidos após o término <strong>de</strong> cada ensaio. Os<br />

experimentos com peixes generalistas foram realizados na Enseada do Forno,<br />

Arraial do Cabo – Rio <strong>de</strong> Janeiro (Figura 3).<br />

Figura 2. Praia <strong>de</strong> Itaipu, Niterói, Rio <strong>de</strong> Janeiro (Modificado <strong>de</strong> Salvador e Silva<br />

2002). A seta indica o local <strong>de</strong> coleta dos organismos.<br />

76


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 3. Enseada do Forno, Arraial do Cabo, Rio <strong>de</strong> Janeiro (Modificado <strong>de</strong> Ribeiro et<br />

al. 2003). A seta indica o local on<strong>de</strong> foram realizados experimentos.<br />

2.2. Obtenção <strong>de</strong> extratos brutos<br />

A extração dos espécimes <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila foi realizada <strong>de</strong><br />

modo seqüencial, a partir da esponja liofilizada, utilizando três solventes <strong>de</strong><br />

polarida<strong>de</strong> crescente (hexano (C6H14), acetato <strong>de</strong> etila (AcOEt) e uma mistura<br />

1:1 <strong>de</strong> Acetona (Me2CO)/MeoH (Figura 4).<br />

77


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 4. Método <strong>de</strong> obtenção dos três extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon heliophila (EB1-<br />

Haxano, EB2- Acetato <strong>de</strong> etila, e EB3- Metanol).<br />

2.3. Bioensaios<br />

Ver <strong>de</strong>talhes no Capítulo 1, página 19-21.<br />

2.4. Tratamento Estatístico<br />

A normalida<strong>de</strong> dos dados foi aferida com o teste <strong>de</strong> Kolmogorov-<br />

Smirnov. Os dados em porcentagem foram previamente transformados para<br />

arco-seno <strong>de</strong> acordo com a recomendação <strong>de</strong> Zar (1999). Para análise dos<br />

resultados dos bioensaios, foi utilizado o teste t para amostras <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e<br />

consi<strong>de</strong>rado significativo p < 0,05.<br />

78


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

3. Resultados<br />

As cromatografias dos extratos <strong>de</strong> H. heliophila mostraram gran<strong>de</strong><br />

similarida<strong>de</strong> entre os componentes químicos dos extratos EB1 e EB2 (manchas<br />

cromatográficas similares), enquanto o extrato EB3 apresenta composição<br />

<strong>química</strong> distinta dos extratos anteriores, <strong>de</strong>vido a presença <strong>de</strong> componentes<br />

mais polares (Figura 5). A presença dos mesmos componentes nos extratos<br />

EB1 e EB2 <strong>de</strong>ve-se a utilização <strong>de</strong> um método seqüencial <strong>de</strong> extração não-<br />

exaustivo. A diferença entre os dois extratos, portanto, <strong>de</strong>ve ser atribuída a<br />

variação quantitativa dos componentes químicos.<br />

Figura 5. Cromatografia em Camada Delgada dos extratos <strong>de</strong> Hymeniacidon<br />

heliophila. (A) Placa não revelada e (B) placa revelada com sulfato cérico.<br />

79


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

No bioensaio com o paguro Calcinus tibicen, o consumo do extrato EB1<br />

e EB2 foi significativamente inferior ao controle (p < 0,001 e 0,035,<br />

respectivamente) caracterizando a ação <strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong> ambos os extratos. No<br />

entanto, o extrato EB3 foi eficaz como <strong>de</strong>fesa frente a Calcinus tibicen apenas<br />

durante as primeiras 15 horas <strong>de</strong> experimento (p < 0,001, Figura 6) enquanto<br />

que nas horas subseqüentes a diferença <strong>de</strong> consumo entre controle e<br />

tratamento não foi significativa (p = 0,103).<br />

Consumo (%)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

n=28<br />

p


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

ligeiramente mais consumidos do que seus respectivos controles, mas não<br />

estatisticamente significativos para caracterizar um estímulo ao consumo (p=<br />

0,43 e 0,42, respectivamente, Figura 7).<br />

Consumo (%)<br />

120<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

n=23<br />

p=0,02313<br />

n=23<br />

p=0,4328<br />

EB1 EB2 EB3<br />

Controle<br />

Tratamento<br />

n=23<br />

p=0,4170<br />

Figura 7. Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais, controle e tratamento (contendo<br />

extratos <strong>de</strong> H. heliophila) pelo ouriço Lytechinus variegatus. O número <strong>de</strong> réplicas<br />

utilizadas está indicado acima das colunas correspon<strong>de</strong>ntes assim como o valor <strong>de</strong> p.<br />

A barra vertical acima <strong>de</strong> cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Em relação ao consumo por peixes, os extratos EB1 e EB3 não aturam<br />

como <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> (p= 0,4955 e 0,1590, respectivamente), mas apenas o<br />

EB2 (p= 0,0288, Figura 8).<br />

81


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

Consumo (%)<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

n=20<br />

p=0,4955<br />

n=20<br />

p=0,0288<br />

n=20<br />

p=0,1590<br />

EB1 EB2 EB3<br />

Controle<br />

Tratamento<br />

Figura 8. Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos artificiais controle e tratamento (contendo<br />

extratos <strong>de</strong> H. heliophila) por peixes em campo. O número <strong>de</strong> réplicas utilizadas está<br />

indicado acima das colunas correspon<strong>de</strong>ntes assim como o valor <strong>de</strong> p. A barra vertical<br />

acima <strong>de</strong> cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão.<br />

82


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

4. Discussão<br />

A cromatografia evi<strong>de</strong>nciou a semelhança na composição das<br />

substâncias majoritárias dos extratos brutos em Hexano-EB1 e Acetato <strong>de</strong><br />

Etila-EB2, enquanto o extrato em Metanol-EB3, possui composição <strong>química</strong><br />

distinta. Estudos químicos mais aprofundados são necessários para um melhor<br />

conhecimento sobre a composição <strong>de</strong>sses extratos ou mesmo para que<br />

possam explicar as expressões ecológicas que possuem, seja como <strong>de</strong>fesa<br />

antipredação ou <strong>de</strong> qualquer outra natureza.<br />

Os três extratos testados (alta, média e baixa polarida<strong>de</strong>s) foram<br />

capazes <strong>de</strong> inibir o consumo por paguros. O extrato mais polar (Metanol-EB3)<br />

po<strong>de</strong> ter funcionado apenas nas primeiras 15 horas <strong>de</strong> experimento <strong>de</strong>vido a<br />

sua rápida dissolução na água do aquário, <strong>de</strong>vido à compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

polarida<strong>de</strong> dos componentes extraídos por metanol. No entanto, os dois outros<br />

extratos (Hexano-EB1 e Acetato <strong>de</strong> Etila-EB2) mantiveram a ação <strong>de</strong>fensiva<br />

por razão oposta à resposta do EB3. Os paguros testados, da espécie Calcinus<br />

tibicen, ocorrem comumente na mesma faixa <strong>de</strong> H. heliophila na Praia <strong>de</strong> Itaipu<br />

e seriam capazes <strong>de</strong> consumir pequenos pedaços <strong>de</strong> esponja se esta não<br />

apresentar nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. A inibição causada pelos três extratos <strong>de</strong> H.<br />

heliophila significa uma importante proteção que po<strong>de</strong> estar representada por<br />

substâncias <strong>de</strong> classes <strong>química</strong>s distintas. Não sabemos se essas substâncias<br />

po<strong>de</strong>m atuar em conjunto e ter seu efeito potencializado (efeito sinergístico).<br />

De qualquer maneira, H. heliophila parece estar eficientemente protegida da<br />

predação por paguros.<br />

83


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

O extrato em hexano-EB-1 foi o único que atuou como <strong>de</strong>fesa frente ao<br />

ouriço Lytechinus variegatus. Os ouriços são importantes consumidores <strong>de</strong><br />

organismos bentônicos, em especial bancos <strong>de</strong> algas, mas sabe-se que ele<br />

apresenta hábito generalista por consumir uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

invertebrados (Barnes, 1987), inclusive <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> (Vance 1979, Ayling<br />

1981, Santos et al. 2002). Aparentemente, em H. heliophila, apenas<br />

substâncias apolares causam inibição <strong>de</strong> consumo por ouriços. Outra espécie<br />

<strong>de</strong>sse gênero, Hymeniacidon sp. também possui <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s contra a<br />

predação pelo ouriço Dia<strong>de</strong>ma setosum (Burns et al. 2003), no entanto, foi<br />

utilizado o extrato bruto total (não separado por polarida<strong>de</strong>s), o que não permite<br />

comparações em relação a polarida<strong>de</strong> da(s) substância(s) envolvida(s) na<br />

<strong>de</strong>fesa contra ouriços.<br />

De uma maneira geral, duas abordagens são empregadas na avaliação<br />

da ação <strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong> metabólitos secundários no ambiente marinho. Na<br />

abordagem simpátrica <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contra-adaptação<br />

por parte do consumidor vivendo associado ao organismo produtor <strong>de</strong> alguma<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> potencial (McClintock & Baker 1997). Ao contrário, na<br />

aborda<strong>de</strong>m alopátrica avalia-se a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ação <strong>de</strong>fensiva (Hay<br />

1996). No presente trabalho foi empregada uma abordagem simpátrica para os<br />

ensaios com o ouriço L. variegatus e o paguro Calcinus tibicen, mas a eficácia<br />

da ação <strong>de</strong>fensiva foi verificada, ou seja, estes consumidores não<br />

<strong>de</strong>senvolveram qualquer tipo <strong>de</strong> adaptação para minimizar esta ação. De fato,<br />

não basta ocorrer próximo, pois apenas consumidores que vivem diretamente<br />

associados a hospe<strong>de</strong>iros são conhecidos por consumirem seus hospe<strong>de</strong>iros e<br />

a ele viverem associados (Hay 1992). Os indivíduos <strong>de</strong> L. variegatus, ao<br />

84


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

contrário daqueles <strong>de</strong> Calcinus tibicen, ocorrem em faixa do litoral abaixo <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> ocorre H. heliophila. No entanto, a partir dos resultados obtidos, po<strong>de</strong>mos<br />

afirmar que H. heliophila possui <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> eficiente para protegê-la da<br />

ação <strong>de</strong> ambos consumidores simpátricos.<br />

Em relação ao consumo por peixes generalistas, apenas o extrato<br />

consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> média polarida<strong>de</strong> foi eficaz em inibir a predação por estes<br />

vertebrados. Durante o ensaio, era freqüente a observação <strong>de</strong> Stephanolepsis<br />

hispidus (família Monacanthidae) consumindo, preferencialmente, os alimentos<br />

artificiais. Isso po<strong>de</strong> ter ocorrido <strong>de</strong>vido a sua conhecida abundância na região<br />

<strong>de</strong> Arraial do Cabo, e também por possuir hábito alimentar onívoro (Ferreira et<br />

al. 2004, Ferreira et al. 2001). O extrato hidrofílico da esponja H. heliophila da<br />

costa dos Estados Unidos foi menos consumido pelo peixe generalista<br />

Lagodon rhomboi<strong>de</strong>s, enquanto o extrato lipofílico não inibiu o consumo por<br />

esse peixe (Stachowicz & Hay 2000). Inclusive, caranguejos do gênero Libinia<br />

utilizam-se <strong>de</strong> H. heliophila para se camuflar e evitar a predação sobre eles<br />

(Stachowicz & Hay 2000). A esponja intacta (in natura) também foi oferecida a<br />

L. rhomboi<strong>de</strong>s em ensaios e foi pouquíssimo consumida, em torno <strong>de</strong> 10% em<br />

média (Stachowicz & Hay 2000). O extrato bruto <strong>de</strong> H. heliophila também foi<br />

eficaz na inibição do consumo pelo peixe Thalassoma klunzingeri (Burns et al.<br />

2003) Curiosamente, em experimentos com estrelas-do-mar, Wad<strong>de</strong>ll & Pawlik<br />

(2000a) utilizaram H. heliophila para alimentá-las em tanques antes <strong>de</strong> iniciar<br />

experimentos <strong>de</strong> consumo com extratos <strong>de</strong> outras espécies <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong>,<br />

evi<strong>de</strong>nciando assim que contra as estrelas Echinaster echinophorus e E.<br />

sentus não existem <strong>de</strong>fesas eficazes em H. heliophila. Por outro lado, estes<br />

resultados expressam que a <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> não é uma característica absoluta<br />

85


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong> uma espécie. Ela po<strong>de</strong> variar em concentração, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do local on<strong>de</strong><br />

a espécie que a produz ocorre, assim como em ação frente diferentes<br />

consumidores (Pereira & da Gama 2008).<br />

A substância 5-hidroxitriptofano já foi isolada <strong>de</strong> extratos polares <strong>de</strong>ssa<br />

esponja, e possui ativida<strong>de</strong> antibiótica, no entanto, não se sabe se esta po<strong>de</strong><br />

ser responsável pela ativida<strong>de</strong> antipredação contra quaisquer consumidores<br />

(Pomponi & Willoughby 1994).<br />

A inibição <strong>de</strong> consumo por extratos <strong>de</strong> alta polarida<strong>de</strong> (ouriços, paguros),<br />

média e baixa polarida<strong>de</strong> (peixes, paguros) sugere que classes diferentes <strong>de</strong><br />

substâncias estejam relacionadas a ação <strong>de</strong>fensiva antipredação nesta<br />

esponja. Algumas substâncias esteroidais <strong>de</strong>ssa esponja já foram i<strong>de</strong>ntificadas,<br />

como: colesterol, colestanol, brassicasterol, 24-metilcolesterol, 24-etilcolesterol<br />

(Granato et al. 2000). Geralmente, substâncias <strong>de</strong>ssa natureza dificilmente<br />

estão especificamente relacionadas à <strong>de</strong>fesa do organismo, pois são<br />

amplamente distribuídas em <strong>esponjas</strong>. No entanto, estudos com a esponja<br />

Tethya sp. (ver capítulo 1 <strong>de</strong>sta tese) indicam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

provenientes <strong>de</strong> substâncias esteroidais. Por outro lado, se as substâncias<br />

majoritárias fossem responsáveis pela <strong>de</strong>fesa, era <strong>de</strong> se esperar resultados <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa semelhantes entre EB1 e EB2, o que não ocorreu.<br />

Entretanto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da natureza <strong>química</strong>, os metabólitos<br />

secundários contidos em H. heliophila possuem múltiplas atuações contra<br />

predação, o que po<strong>de</strong> compensar o gasto energético envolvido na produção<br />

e/ou armazenamento dos mesmos. A repelência <strong>de</strong> consumo contra distintos<br />

predadores po<strong>de</strong> conferir proteção e possibilitar a sobrevivência <strong>de</strong>ssa esponja<br />

em habitats com intensa predação.<br />

86


Capítulo 3<br />

______________________________________________________________________<br />

5. Conclusões<br />

A esponja Hymeniacidon heliophila possui diferentes classes <strong>de</strong><br />

substâncias envolvidas na inibição do consumo por distintos predadores. Essa<br />

característica po<strong>de</strong> representar uma importante vantagem para<br />

estabelecimento em locais com varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predadores, o que comumente<br />

ocorre em ambientes tropicais.<br />

Análises <strong>química</strong>s mais <strong>de</strong>talhadas são necessárias para elucidação das<br />

substâncias envolvidas nas <strong>de</strong>fesas.<br />

87


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

Capítulo 4<br />

Variação latitudinal na produção <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>química</strong> em <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong>


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

1. Introdução<br />

As <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s são amplamente conhecidas em organismos<br />

marinhos (McClintock & Baker 2001). Essas <strong>de</strong>fesas não existem, porém, como<br />

algo constante po<strong>de</strong>ndo variar quali- ou quantitativamente em função <strong>de</strong> fatores<br />

ambientais ou <strong>de</strong>vido à características genéticas (Uriz et al. 1991, Becerro et al.<br />

1995, 1998).<br />

Um tipo <strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> ampla escala, <strong>de</strong>nominada hipótese<br />

latitudinal, ainda permanece sem o <strong>de</strong>vido entendimento ou mesmo<br />

esclarecimento. Estudos iniciados na década <strong>de</strong> 60 constataram que<br />

organismos marinhos venenosos e peçonhentos ocorrem mais freqüentemente<br />

em águas quentes (Halstead & Mitchell 1963; Clealand & Southcott 1965,<br />

Russell 1965). A existência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumidores em regiões<br />

tropicais foi o ponto <strong>de</strong> partida para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> hipóteses para<br />

explicar essa relação. Por exemplo, a herbivoria é significativamente mais<br />

intensa em florestas tropicais do que temperadas e, <strong>de</strong> fato, isso se reflete na<br />

maior concentração <strong>de</strong> alcalói<strong>de</strong>s em plantas tropicais (Levin & York 1978) e<br />

substâncias fenólicas (Coley & Ai<strong>de</strong> 1991). Do ponto <strong>de</strong> vista ecológico, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas em organismos sujeitos a altos níveis <strong>de</strong> predação<br />

constitui um importante fator para a manutenção <strong>de</strong> populações nessas<br />

regiões.<br />

Estudos comparativos com algas <strong>marinhas</strong> tropicais e temperadas<br />

também relacionaram uma maior freqüência e abundância <strong>de</strong> <strong>química</strong><br />

<strong>de</strong>fensiva relacionada à gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> herbívoros existente em regiões<br />

tropicais (Gaines & Lubchenco 1982, Steneck 1986, Hay 1991, Bolser & Hay<br />

89


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

1996). Inclusive, espécies <strong>de</strong> algas que vivem em locais <strong>de</strong> baixa e alta<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> herbivoria, possuem padrões similares <strong>de</strong> substâncias <strong>química</strong>s,<br />

porém, concentrações maiores <strong>de</strong> substâncias repelentes são produzidas pelos<br />

indivíduos provenientes <strong>de</strong> locais com gran<strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> herbivoria (Paul &<br />

Fenical 1987, Paul & Van Alstyne 1988a). A tolerância à <strong>química</strong>s <strong>de</strong>fensivas<br />

parece ser maior em consumidores tropicais do que aqueles <strong>de</strong> regiões<br />

temperadas (Steinberg et al. 1991, Cronin et al. 1997).<br />

A ictiotoxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extratos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>de</strong> diferentes latitu<strong>de</strong>s foi<br />

testada e, <strong>de</strong> fato, aqueles obtidos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> coletadas em locais próximos<br />

ao Equador tiveram mais <strong>de</strong> 60% do total <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> classificadas como<br />

tóxicas (Bakus & Green, 1974). O método utilizado neste estudo, no entanto,<br />

quase não é mais utilizado atualmente, pois reproduz uma situação<br />

ecologicamente pouco natural, on<strong>de</strong> os extratos são diluídos na água em um<br />

recipiente fechado, e nessa situação a tolerância do peixe é testada.<br />

Recentemente, Ruzicka & Gleason (2007) evi<strong>de</strong>nciaram uma diminuição nas<br />

<strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>de</strong> locais temperados quando comparadas<br />

àquelas <strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s sub-tropicais utilizando o método <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong><br />

extratos em alimentos artificiais que são oferecidos à peixes.<br />

Por outro lado, diversos estudos não encontraram nenhuma relação<br />

entre latitu<strong>de</strong> do local <strong>de</strong> coleta com as proprieda<strong>de</strong>s químico-<strong>de</strong>fensivas <strong>de</strong><br />

<strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> (McCaffrey & En<strong>de</strong>an 1985, McClintock 1987, Van <strong>de</strong>r<br />

Vyver et al. 1990).<br />

Esponjas <strong>marinhas</strong> temperadas e tropicais foram comparadas em<br />

relação à <strong>química</strong> <strong>de</strong>fensiva, tanto com predadores simpátricos quanto<br />

alopátricos (Becerro et al. 2003). Tanto a <strong>química</strong> <strong>de</strong>fensiva quanto a eficácia<br />

90


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

entre predadores simpátricos e alopátricos foram consi<strong>de</strong>radas equivalentes<br />

em <strong>esponjas</strong> <strong>de</strong> regiões tropicais e temperadas. De fato, outros fatores po<strong>de</strong>m<br />

estar envolvidos na variação latitudinal <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas em <strong>esponjas</strong> como, por<br />

exemplo, o papel das <strong>de</strong>fesas físicas, a sinergia que po<strong>de</strong> haver entre <strong>de</strong>fesas<br />

<strong>química</strong>s e físicas, <strong>de</strong>ntre outros. A influência exercida pelo conteúdo<br />

energético assim como a composição das espículas <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> da Antártica<br />

foram analisados e não seguem um padrão hipotetizado para altas latitu<strong>de</strong>s<br />

(McClintock, 1987).<br />

O objetivo <strong>de</strong>sse capítulo foi avaliar a existência <strong>de</strong> variação latitudinal<br />

na eficiência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> em <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> <strong>de</strong> três regiões<br />

distintas: Atlântico Norte, Atlântico Sul e mar Mediterrâneo.<br />

91


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

2. Materiais e Métodos<br />

2.1. Coleta das <strong>esponjas</strong><br />

As <strong>esponjas</strong> utilizadas para comparação latitudinal foram coletadas<br />

através <strong>de</strong> mergulho autônomo no Atlântico Norte, Atlântico Sul e<br />

Mediterrâneo. No Atlântico Norte, as <strong>esponjas</strong> Dysi<strong>de</strong>a avara, Desmacidon<br />

fructicosum, Haliclona oculata, Polymastia robusta e Tedania pilarriosae foram<br />

coletadas na Ria <strong>de</strong> Ferrol (Galícia, Espanha - Figura 1). Na localida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Punta Fornelos, essas <strong>esponjas</strong> foram coletadas na faixa <strong>de</strong> 5 até 18 metros <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong> em dois <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006.<br />

No mar Mediterrâneo, a esponja Chondrosia reniformis foi coletadas em<br />

Blanes e Aplysina aerophoba em L’Estartit e Cap <strong>de</strong> Creus (Cataluña, Espanha<br />

– Figura 1), em profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 8 a 13 metros, no mês <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006.<br />

No Atlântico Sul, as <strong>esponjas</strong> Amphimedon viridis, Desmapsamma<br />

anchorata, Chondrosia collectrix, Dysi<strong>de</strong>a etheria e Aplysina fulva foram<br />

coletadas em Angra dos Reis e Polymastia janeirensis em Arraial do Cabo<br />

(Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil) em profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1 até 10 metros, no mês<br />

<strong>de</strong> junho e julho <strong>de</strong> 2006.<br />

2.2. Ensaios<br />

Os ensaios anti-predação por peixes foram realizados no costão<br />

esquerdo da Enseada do Forno, Arraial do Cabo (Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil).<br />

92


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 1. Os pontos vermelhos indicam os locais <strong>de</strong> coleta no Atlântico Norte e<br />

Mediterrâneo. 1 = Ria <strong>de</strong> Ferrol (La Coruña), 2 = Cabo <strong>de</strong> Creus (Catalunha), 3 =<br />

L’Estartit (Catalunha) e 4 = Blanes (Catalunha).<br />

93


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 2. Os pontos vermelhos indicam as localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta no Atlântico Sul, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro (Brasil).<br />

As <strong>esponjas</strong> foram pareadas <strong>de</strong> acordo com a afinida<strong>de</strong> taxonômica,<br />

compartindo o mesmo gênero, família ou or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do material<br />

coletado. Foram combinados 7 pares <strong>de</strong> espécies com afinida<strong>de</strong>s taxonômicas<br />

(Tabela 1).<br />

94


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

Tabela 1. Esponjas <strong>marinhas</strong> estudadas. AN=Atlântico Norte, AS=Atlântico Sul e<br />

MED=Mediterrâneo.<br />

Or<strong>de</strong>m Família Gênero/Espécie Local<br />

Hadromerida Polymastiidae Polymastia janeirensis Boury-Esn., 1973<br />

Hadromerida Polymastiidae Polymastia robusta Bowerbank, 1866<br />

Poecilosclerida Tedaniidae Tedania ignis (Duch. & Mich, 1864) AS<br />

Poecilosclerida Tedaniidae Tedania pilarriosae Cristobo, 2002 AN<br />

Poecilosclerida Myxilidae Desmapsamma anchorata (Carter, 1882) AS<br />

Poecilosclerida Desmacididae Desmacidon fructicosum (Montagu, 1818) AN<br />

Haplosclerida Niphatidae Amphimedon viridis Duch. & Mich, 1864 AS<br />

Haplosclerida Chalinidae Haliclona oculata (Pallas, 1766)<br />

AN<br />

Dendroceratida Dysi<strong>de</strong>idae Dysi<strong>de</strong>a etheria <strong>de</strong> Laubenfels, 1936 AS<br />

Dendroceratida Dysi<strong>de</strong>idae Dysi<strong>de</strong>a avara (Schmidt, 1862)<br />

AN<br />

Verongida Aplysinidae Aplysina fulva (Pallas, 1766) AS<br />

Verongida Aplysinidae Aplysina aerophoba Schmidt, 1862 MED<br />

Hadromerida Chondrillidae Chondrosia collectrix (Schmidt, 1870) AS<br />

Hadromerida Chondrillidae Chondrosia reniformis (Nardo, 1847) MED<br />

2.2. Obtenção <strong>de</strong> extratos<br />

O volume <strong>de</strong> um pequeno pedaço <strong>de</strong> cada espécie <strong>de</strong> esponja foi<br />

medido por <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> água do mar em uma proveta. Foi obtida uma<br />

relação entre o peso seco e o volume da esponja para posterior cálculo da<br />

concentração <strong>de</strong> extratos a serem utilizados nos alimentos artificiais; ou seja, a<br />

concentração <strong>de</strong> extrato <strong>de</strong> cada esponja foi reproduzida volumetricamente nos<br />

alimentos artificiais. Antes da liofilização, as <strong>esponjas</strong> foram cortadas em<br />

pedaços e congeladas. Após, a liofilização as <strong>esponjas</strong> foram pesadas.<br />

AS<br />

AN<br />

95


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

As <strong>esponjas</strong> liofilizadas foram extraídas em acetona, com troca <strong>de</strong><br />

solvente 24 horas e 72 horas após o início da extração. Utilizou-se solvente<br />

suficiente para cobrir o volume <strong>de</strong> esponja a ser extraída e, após cada filtração,<br />

a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solvente era colocada. O solvente foi evaporado em<br />

evaporador rotatório. A concentração natural dos extratos brutos foi calculada<br />

em função do volume <strong>de</strong> cada espécie.<br />

Para a realização <strong>de</strong> cromatografias em camada <strong>de</strong>lgada utilizou-se<br />

papel <strong>de</strong> sílica gel 60 F254 marca Merck e sulfato cérico como revelador.<br />

2.3. Ensaios <strong>de</strong> predação<br />

Os ensaios antipredação por peixes foram realizados no costão<br />

esquerdo da Enseada do Forno, Arraial do Cabo (Rio <strong>de</strong> Janeiro, Brasil). Ver<br />

<strong>de</strong>talhes sobre o método no Capítulo 1, página 11.<br />

Os ensaios foram feitos por pares para garantir as mesmas condições<br />

abióticas <strong>de</strong> experimentos e possibilitar comparações.<br />

3. Resultados<br />

As cromatografias dos extratos brutos <strong>de</strong>ssas espécies evi<strong>de</strong>nciaram<br />

que, <strong>de</strong> maneira geral, os pares analisados e estabelecidos para comparação<br />

sobre variabilida<strong>de</strong> latitudinal na produção <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> antipredação<br />

possuem substâncias majoritárias correspon<strong>de</strong>ntes (Figura 3).<br />

96


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

Figura 3. Cromatografia em camada <strong>de</strong>lgada dos extratos brutos das <strong>esponjas</strong> (1)<br />

Polymastia janeirensis, (2) Polymastia robusta - AN, (3) Tedania ignis - AS, (4)<br />

Tedania pilarriosae - AN, (5) Desmapsamma anchorata - AS, (6) Desmacidon<br />

fructicosum - AN, (7) Amphimedon viridis - AS, (8) Haliclona oculata - AN, (9) Dysi<strong>de</strong>a<br />

avara AN, (10) Dysi<strong>de</strong>a etheria - AS, (11) Aplysina fulva - AS, (12) Aplysina aerophoba<br />

- MED, (13) Chondrosia reniformis - MED, (14) Chondrosia collectrix - AS. Solvente:<br />

Acetato <strong>de</strong> Etila e Hexano 1:1, eluente: Diclorometano.<br />

As concentrações naturais dos extratos <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> variaram, em<br />

relação ao peso seco da esponja, <strong>de</strong> 0,27% em Tedania pilarriosae, a 4,95%<br />

em Polymastia robusta, sendo ambas espécies coletadas no Atlântico Norte<br />

(Tabela 2).<br />

97


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

Tabela 2. Porcentagem <strong>de</strong> extrato em função do peso seco obtido das <strong>esponjas</strong><br />

estudadas.<br />

Espécie % <strong>de</strong> extrato Local<br />

Aplysina fulva 1,62 AS<br />

Aplysina aerophoba 4,63 MED<br />

Chondrosia collectrix 2,13 AS<br />

Chondrosia reniformis 0,59 MED<br />

Polymastia janeirensis 1,59 AS<br />

Polymastia robusta 4,95 AN<br />

Tedania ignis<br />

1,83<br />

AS<br />

Tedania pilarriosae<br />

0,27<br />

AN<br />

Desmapsamma anchorata 1,60 AS<br />

Desmacidon fructicosum 2,11 AN<br />

Amphimedon viridis 1,57 AS<br />

Haliclona oculata<br />

1,19<br />

AN<br />

Dysi<strong>de</strong>a etheria<br />

2,00<br />

AS<br />

Dysi<strong>de</strong>a avara<br />

1,53<br />

AN<br />

Nos dois pares <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> utilizados para comparação entre <strong>esponjas</strong><br />

do Atlântico Sul e do Mediterrâneo, apenas o extrato <strong>de</strong> Aplysina aerophoba<br />

(do Mediterrâneo) inibiu o consumo por peixes (p= 0,017 – Figura 4). Os<br />

extratos <strong>de</strong> Chondrosia não foram eficazes em inibir a predação (Figura 4).<br />

98


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

Espécies<br />

C. reniformis<br />

MED<br />

C. collectrix<br />

AS<br />

A. aerophoba<br />

MED<br />

A. fulva<br />

AS<br />

Atlântico Sul X Mediterrâneo<br />

p=0,017<br />

p=0,372<br />

0 20 40 60 80 100 120<br />

Consumo (%)<br />

Tratamento<br />

Controle<br />

p=0,573<br />

p=0,098<br />

Figura 4. Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos controle e tratamento contendo extrato<br />

bruto das <strong>esponjas</strong> do Atlântico Sul e Mediterrâneo. A barra em cada coluna<br />

correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão, o valor <strong>de</strong> p está ao lado <strong>de</strong> cada coluna e n = 20 em<br />

todos os casos.<br />

Dos cinco pares <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> utilizados para a comparação entre<br />

<strong>esponjas</strong> do Atlântico Norte e do Atlântico Sul, foi constatado ação <strong>de</strong>fensiva<br />

em apenas dois casos: Haliclona oculata do Atlântico Norte e Desmapsamma<br />

anchorata do Atlântico Sul (Figura 6). Os extratos <strong>de</strong> Dysi<strong>de</strong>a, Tedania e<br />

Polymastia não expressaram ativida<strong>de</strong> inibitória ao consumo <strong>de</strong> peixes (Figura<br />

5).<br />

99


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

D. avara - AN<br />

D. etheria - AS<br />

A. viridis - AS<br />

H. oculata - AN<br />

D. fructisosum - AS<br />

D. anchorata - AS<br />

T. pilarriosae - AN<br />

T. ignis - AS<br />

P. robusta - AN<br />

P. janeirensis - AS<br />

Atlântico Norte X Atlântico Sul<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100110<br />

Consumo (%)<br />

Tratamento<br />

Controle<br />

p=0,7064<br />

p=0,3332<br />

p=0,9108<br />

p=0,0089<br />

p=0,6603<br />

p=0,0055<br />

p=0,7560<br />

p=0,0690<br />

p=0,5730<br />

p=0,0980<br />

Figura 5. Média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos controle e tratamento contendo extrato<br />

bruto das <strong>esponjas</strong>. A barra em cada coluna correspon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>svio padrão, o valor <strong>de</strong><br />

p está ao lado <strong>de</strong> cada coluna e N = 20 em todos os casos.<br />

100


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

4. Discussão<br />

Dos dois pares utilizados para comparações entre as <strong>esponjas</strong> do mar<br />

Mediterrâneo e do Atlântico Norte, apenas uma espécie teve extrato repelente:<br />

Aplysina aerophoba do Mediterrâneo. A porcentagem <strong>de</strong> extrato bruto obtido foi<br />

quatro vezes maior na esponja do Mediterrâneo em relação a seu par do<br />

Atlântico Sul. Porém, isso parece não estar diretamente relacionado a eficácia<br />

como <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> antipredação, pois no par formado pelo gênero<br />

Chondrosia, a esponja com maior porcentagem <strong>de</strong> extrato foi tão palatável<br />

quanto o seu par. As <strong>esponjas</strong> do gênero Aplysina são caracterizadas pela<br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esterói<strong>de</strong>s que dão origem a uma série <strong>de</strong> metabólitos<br />

brominados (Thompson et al. 1983, Turon et al. 2000). Cinco espécies do<br />

gênero Aplysina do Caribe tiveram extratos altamente ativos como <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>química</strong> frente ao peixe Talassoma bifasciatum (Pawlik et al. 1995). O consumo<br />

pelo peixe Blennius sphinx foi inibido em alimentos artificiais que continham o<br />

extrato bruto <strong>de</strong> A. cavernicola e A. aerophoba, ambas coletadas no<br />

Mediterrâneo (Thoms et al. 2003). A ativida<strong>de</strong> repelente foi atribuída<br />

principalmente às substâncias aerotianina, a aplysinamisina-1 e também ao<br />

ácido carboxílico 3,4-di-hidroxiquinolina presentes em A. cavernicola, e a<br />

aerophobina-2 e a isofistularina-3 encontradas em A. aerophoba (Thoms et al.<br />

2003). A isofistularina-3, também foi testada em relação ao assentamento <strong>de</strong><br />

larvas do cirripédio Balanus improvisus, porém não teve nenhum efeito (Ortlepp<br />

et al 2007). Deve-se consi<strong>de</strong>rar que metabolitos citados anteriormente são<br />

mais polares, diferentes dos obtidos nesse estudo. O extrato bruto <strong>de</strong> A.<br />

cauliformis e A. fistularis do Caribe também foi testado em relação ao consumo<br />

101


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

por paguros Paguristes punticeps, mas exibiu ação <strong>de</strong>fensiva variável (Wa<strong>de</strong>ll<br />

& Pawlik 2000). É importante <strong>de</strong>stacar que em A. fistularis da Califórnia<br />

(Estados Unidos), exemplares coletados na faixa entre 5 e 15 m <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong> possuíam altas concentrações <strong>de</strong> homoaerotionina e aerothianina<br />

(Thompson et al. 1985), enquanto que os espécimes coletados acima <strong>de</strong> 5 m<br />

sequer apresentaram esses metabólitos. Seria muito importante realizar<br />

comparações <strong>química</strong>s <strong>de</strong>talhadas para um melhor entendimento dos<br />

processos químico-evolutivos que po<strong>de</strong>m estar influenciando na ecologia<br />

<strong>de</strong>ssas <strong>esponjas</strong>.<br />

Geralmente, as <strong>esponjas</strong> do gênero Chondrosia possuem consistência<br />

cartilaginosa e colonizam faces inferiores <strong>de</strong> pedras e tocas (Muricy & Hajdu<br />

2006). Nenhum dos extratos das espécies testadas, C. collectrix e C.<br />

reniformis, foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>ter a predação por peixes. Thoms et al. (2003)<br />

também não encontraram ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensiva presente em C. reniformis do<br />

Mediterrâneo que a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>sse do consumo pelo peixe Blennius sphinx.<br />

Extratos <strong>de</strong>ssas duas espécies (C. collectrix e C. reniformis), do Caribe,<br />

também não inibiram o consumo pelo peixe Thalassoma bifasciatum (Pawlik et<br />

al. 1995), corroborando o resultado encontrado no presente estudo. A esponja<br />

Chondrosia collectrix, quando transplantada para locais com alta predação, foi<br />

altamente consumida por peixes (Pawlik 1998). Contrariando esses resultados,<br />

na região do Atol das Rocas, C. collectrix não foi consumida pelo peixe-fra<strong>de</strong><br />

(Batista 2006), o que estaria em acordo com a hipótese latitudinal. Mais <strong>de</strong> 57<br />

substâncias <strong>de</strong> C. reniformis das Ilhas Canárias (Espanha) foram i<strong>de</strong>ntificadas<br />

(Nechev et al. 2002). Porém, até agora nenhuma ativida<strong>de</strong> ecológica <strong>de</strong>ssas<br />

substâncias foi encontrada. É possível que a própria consistência cartilaginosa<br />

102


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong>ssas espécies, característica não reproduzida nos alimentos artificiais, seja<br />

uma maneira <strong>de</strong> evitar qualquer dano ao seu tecido, p. ex. consumo por<br />

predadores. Nessas <strong>esponjas</strong> analisadas, não houve tendências na <strong>de</strong>fesas<br />

que corroborem a hipótese latitudinal, como vimos nos resultados obtidos. No<br />

caso <strong>de</strong> Aplysina, inclusive, foi constatada <strong>de</strong>fesa apenas na espécie do<br />

Mediterrâneo, o que seria o inverso do esperado pela citada hipótese.<br />

Das <strong>esponjas</strong> utilizadas na comparação entre o Atlântico Sul e o<br />

Atlântico Norte possuíam extratos brutos ativos como <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> contra<br />

peixes: Haliclona oculata do Atlântico Norte e Desmapsamma anchorata do<br />

Atlântico Sul.<br />

As <strong>esponjas</strong> Desmacidon fructicosum e Desmapsamma anchorata<br />

pertencem à mesma or<strong>de</strong>m (Poeciosclerida) e possuem semelhanças em<br />

termos <strong>de</strong> metabolitos majoritários (Figura 3 C). Desmapsamma anchorata do<br />

Atlântico Sul possui extrato bruto ativo contra a predação por peixes, ao<br />

contrário <strong>de</strong> Desmacidon fruticosum do Atlântico Norte, apesar das<br />

semelhanças <strong>química</strong>s. Esse resultado está <strong>de</strong> acordo com a hipótese<br />

latitudinal <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas, porém dos 7 pares testados nesse estudo, esse foi o<br />

único que apresentou esse padrão. Desmapsamma anchorata apresenta<br />

rápido crescimento (Wulff 2005) e muitas vezes é encontrada em associação a<br />

corais na costa do Rio <strong>de</strong> Janeiro (observação pessoal), mas não existem<br />

ainda estudos sobre interações alelopáticas nessa região. No Caribe, D.<br />

anchorata causa a mortalida<strong>de</strong> do tecido da gorgônia Gorgonia ventalina<br />

(McLean 2006). Por sua abundância é uma excelente espécie <strong>de</strong> esponja para<br />

investigações químico-ecológicas, porém não existem mais dados na literatura<br />

sobre abordagens <strong>de</strong>sta natureza com esta espécie. Diversos metabólitos<br />

103


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

foram i<strong>de</strong>ntificados em D. anchorata (Quijano et al. 1994, Carballeira &<br />

Maldonado 1988, Carballeira & Shalabi 1994, Compagnone et al. 1999).<br />

Extratos das haploscleridas congenéricas Amphimedon compressa e A.<br />

erina do Caribe inibiram o consumo do peixe Thalassoma bifasciatum (Pawlik<br />

et al 1995). Amphimedon viridis é comumente predada pelo peixe P. paru ao<br />

longo da costa brasileira, Atol das Rocas, Abrolhos e Arraial do Cabo (Batista<br />

2006). Diversas substâncias foram isoladas <strong>de</strong> A. viridis, como por exemplo, a<br />

halitoxina e a amphitoxina, ambas exibindo substâncias com potente ativida<strong>de</strong><br />

antimicrobiana (Berlink et al 1996; Mitchell et al 1997, Kelman et al 2001).<br />

Alguns esteróis <strong>de</strong> Haliclona oculata já são conhecidos, como por exemplo, o<br />

oculatol (Fidlay & Patil 1985, Yu et al. 2006). A estrela do mar espongívora<br />

Perknaster fuscus não apresentou retração das estruturas sensitivas ao entrar<br />

em contato com extratos brutos hidrofílicos e lipofílicos <strong>de</strong> outra espécie<br />

congenérica, a Haliclona sco tti (McClintock et al. 2000), o que evi<strong>de</strong>ncia a<br />

ausência <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>fensivas contra esse predador.<br />

Apesar da promissora ativida<strong>de</strong> antibacteriana e antiviral <strong>de</strong> extratos<br />

aquosos <strong>de</strong> P. janeirensis (Silva et al. 2006) nada se sabe em termos <strong>de</strong><br />

ecologia <strong>química</strong>. Esponjas do gênero Polymastia comumente habitam fundos<br />

on<strong>de</strong> são cobertas por sedimentos e apenas suas papilas ficam expostas, e<br />

esse hábito po<strong>de</strong> representar uma estratégia para estar menos exposta à<br />

predação ou colonizar ambientes menos competitivos. Polymastia janeirensis é<br />

conhecida por liberar substâncias <strong>de</strong> coloração amarela que possui ativida<strong>de</strong><br />

antibacteriana e possivelmente ictiotóxica (Muricy & Hajdu 2006). No entanto,<br />

não houve inibição da predação resultante da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu extrato bruto.<br />

De fato, P. janeirensis é consumida pelo peixe Pomacanthus paru em Arraial<br />

104


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

do Cabo (Batista 2006). Uma vez que a substância amarela liberada na água<br />

quando sofre algum dano é hidrofílica, é possível que possua algum efeito local<br />

e momentâneo contra predadores. No presente estudo não foi utilizado extratos<br />

hidrofílicos, o que po<strong>de</strong> explicar os resultados obtidos. Outra espécie<br />

congenérica, Polymastia croceus da Nova Zelândia, possui gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sobreviver a danos feitos em seu tecido (Duckworth, 2003). Se P.<br />

janeirensis e P. robusta também possuem essa capacida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser que essa<br />

característica seja suficiente para garantir a sobrevivência <strong>de</strong>ssas espécies a<br />

<strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua vulnerabilida<strong>de</strong> à predação por peixes. A estrela-do-mar<br />

antártica Odontaster meridionalis possui hábitos alimentares que inclui<br />

Polymastia invaginata, evi<strong>de</strong>nciando a ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> também<br />

contra a predação por esse equino<strong>de</strong>rma nessa região (McClintock, 1994).<br />

Esponjas do gênero Dysi<strong>de</strong>a foram objeto <strong>de</strong> diversos estudos químicos,<br />

diversas substâncias com ativida<strong>de</strong> antipredação já são conhecidas.<br />

Substâncias polibromadas em altas concentrações são comuns em espécies<br />

<strong>de</strong>sse gênero e essa produção é atribuida a bactérias simbiontes, assim como<br />

ocorre com outros metabólitos já i<strong>de</strong>ntificados (Unson & Falkner 1993, Falkner<br />

2001). Substâncias <strong>de</strong> D. avara do mar Mediterrâneo foram eficazes contra<br />

predação por ouriços (Uriz et al 1996). Em Dysi<strong>de</strong>a sp., duas substâncias<br />

foram capazes <strong>de</strong> inibir a predação por peixes (Duffy & Paul, 1992;Thaker et al.<br />

1998). No entanto, Duffy & Paul (1992) evi<strong>de</strong>nciaram a importância da<br />

qualida<strong>de</strong> nutricional do alimento como atrativo para peixes, pois substâncias<br />

<strong>de</strong> Dysi<strong>de</strong>a sp. apenas reduziram significativamente a predação em alimentos<br />

artificiais com baixa qualida<strong>de</strong> nutricional. Thaker et al. (1998) encontraram que<br />

o extrato bruto <strong>de</strong> Dysi<strong>de</strong>a sp. <strong>de</strong> Guam (Estados Unidos), assim como a<br />

105


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

substância 7-<strong>de</strong>sacetoxi-olepupuana são capazes <strong>de</strong> inibir o consumo <strong>de</strong><br />

Pomacanthus imperator em ensaios <strong>de</strong> laboratório. Dysi<strong>de</strong>a etheria do Caribe<br />

possui extrato bruto repelente ao peixe Thalassoma bifasciatum (Pawlik et al.<br />

1995). Seria interessante conduzir avaliações <strong>química</strong>s mais <strong>de</strong>talhadas no<br />

intuito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar a composição <strong>química</strong> <strong>de</strong> D. etheria e D. avara e<br />

possibilitar a comparação das concentrações <strong>de</strong>ssas substâncias.<br />

As <strong>esponjas</strong> Tedania ignis e T. pilarriosae não mostraram tendências<br />

latitudinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas na predação por peixes. Tedania ignis <strong>de</strong> regiões <strong>de</strong><br />

mangue do Caribe possui extratos repelentes ao consumo pelo peixe<br />

Thalassoma bifasciatum (Pawlik et al. 1995). Extratos brutos <strong>de</strong> T. ignis da<br />

costa brasileira são eficientes em inibir o consumo pelo paguro Calcinus tibicen<br />

(observação pessoal), mas não evitaram o consumo por peixes generalistas<br />

em Arraial do Cabo, inclusive existem registros que indicam a preferência<br />

alimentar <strong>de</strong> P. paru no consumo <strong>de</strong> T. ignis (Batista 2006). Isso po<strong>de</strong> indicar<br />

que os metabólitos secundários po<strong>de</strong>m apresentar efeitos diferenciados frente<br />

a distintos predadores.<br />

Esponjas que não apresentam <strong>de</strong>fesa <strong>química</strong> evi<strong>de</strong>nte contra a<br />

predação certamente po<strong>de</strong>m possuir outras estratégias que a favoreçam diante<br />

<strong>de</strong>sta ação. Walters & Pawlik (2005) constataram que <strong>esponjas</strong> que não são<br />

eficientemente protegidas por meios químicos parecem ter mecanismos<br />

celulares eficientes para reparar danos em seu tecido, ao contrário das<br />

<strong>esponjas</strong> que possuem <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s contra o consumo por peixes. Outro<br />

fato interessante é que os metabólitos secundários são semelhantes em<br />

<strong>esponjas</strong> antárticas, temperadas e tropicais (Amsler et al. 2001).<br />

106


Capítulo 4<br />

______________________________________________________________________<br />

Nesse estudo, não foi constatado um padrão latitudinal <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Em<br />

<strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong>, as <strong>de</strong>fesas antipredação por peixes não seguem<br />

tendências latitudinais, sendo mais um reflexo <strong>de</strong> fatores intrínsecos <strong>de</strong> cada<br />

espécie. Neste estudo, foram encontradas tanto espécies do hemisfério norte,<br />

como do hemisfério sul que possuíam <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s. Nesse estudo, não<br />

existiu um padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Deve-se também consi<strong>de</strong>rar que o universo<br />

amostral foi bastante reduzido, o que não permite conclusões <strong>de</strong>finitivas sobre<br />

esse tema. Becerro et al. (2003) também não encontraram evidências <strong>de</strong><br />

gradientes latitudinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s em <strong>esponjas</strong>. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tolerar metabólitos secundários (no caso dos predadores) assim como <strong>de</strong><br />

produzi-los (no caso da esponja) é um processo intrínseco relacionado a<br />

história evolutiva <strong>de</strong> cada espécie, provavelmente, por isso a literatura é tão<br />

controversa sobre a hipótese latitudinal.<br />

5. Conclusões<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensiva contra o consumo por peixes generalistas não<br />

segue nenhuma tendência latitudinal nas <strong>esponjas</strong> estudadas das regiões do<br />

Atlântico Sul, do Atlântico Norte e do Mar Mediterrâneo. Nesses organismos,<br />

a <strong>química</strong> evolutiva parece seguir características específicas, resultantes da<br />

história evolutiva <strong>de</strong> cada uma das espécies e não tendências latitudinais<br />

globais.<br />

107


Conclusões gerais<br />

______________________________________________________________________<br />

Conclusões gerais<br />

Esse estudo representa a primeira pesquisa <strong>de</strong>dicada exclusivamente a<br />

ecologia <strong>química</strong> <strong>de</strong> <strong>esponjas</strong> <strong>marinhas</strong> na costa brasileira, da qual foram<br />

extraídas as seguintes conclusões:<br />

O perfil químico das espécies co-genéricas Tethya sp. e Tethya rubra é<br />

bastante semelhante, especialmente no que diz respeito aos componentes<br />

majoritários. Apesar disso, a ação <strong>de</strong>fensiva dos extratos brutos <strong>de</strong>stas<br />

<strong>esponjas</strong> é bastante diferente. Isso evi<strong>de</strong>nciou a importância dos metabólitos<br />

minoritários como responsáveis por <strong>de</strong>fesas antipredação em organismos<br />

marinhos. Ao contrário das <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s, as <strong>de</strong>fesas provenientes <strong>de</strong><br />

componentes estruturais (<strong>de</strong>fesas físicas) são geralmente vistas como menos<br />

eficientes e com papel secundário na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensiva, porém, no caso da<br />

esponja Tethya rubra, as espículas representaram maior eficácia que seu<br />

extrato bruto. O efeito sinergístico que po<strong>de</strong> existir quando consi<strong>de</strong>ramos a<br />

atuação das espículas em conjunto com as <strong>de</strong>fesas <strong>química</strong>s não foi <strong>de</strong>tectada<br />

em nenhuma das duas espécies estudadas, mas apenas o efeito <strong>de</strong> adição na<br />

ação <strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong> espículas e extratos <strong>de</strong> ambas as <strong>esponjas</strong>, Tethya sp e T.<br />

rubra.<br />

A variação nas concentrações dos metabólitos secundários po<strong>de</strong> ocorrer<br />

não apenas <strong>de</strong>vido a fatores externos (biótico e abióticos), mas <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>rados também fatores intrínsecos, uma vez que encontramos variação<br />

intra-populacional na produção <strong>de</strong> metabólitos secundários em indivíduos <strong>de</strong><br />

Tethya sp.


Conclusões gerais<br />

______________________________________________________________________<br />

A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa nos brotos <strong>de</strong> Tethya sp. po<strong>de</strong> ser uma<br />

importante vantagem ecológica para essa espécie, uma vez que as taxas <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> larvas (= estruturas <strong>de</strong> propagação) é apontada como um dos<br />

fatores fundamentais no estabelecimento <strong>de</strong> populações <strong>marinhas</strong> bentônicas.<br />

Por outro lado, constitui a primeira evidência <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> propagação<br />

vegetativa quimicamente <strong>de</strong>fendida.<br />

A esponja Hymeniacidon heliophila possui diferentes classes <strong>de</strong><br />

substâncias envolvidas na inibição do consumo por distintos predadores. Essa<br />

característica po<strong>de</strong> representar uma importante vantagem para<br />

estabelecimento em locais com varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> predadores, o que comumente<br />

ocorre em ambientes tropicais. Análises <strong>química</strong>s mais <strong>de</strong>talhadas são<br />

necessárias para elucidação das substâncias ativas como <strong>de</strong>fesa nesta<br />

esponja.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensiva contra o consumo por peixes generalistas, não<br />

segue nenhuma tendência latitudinal nas <strong>esponjas</strong> estudadas das regiões do<br />

Atlântico Sul, Atlântico Norte e Mediterrâneo. Nesses organismos a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fensiva <strong>química</strong> parece seguir características específicas, resultantes da<br />

história evolutiva <strong>de</strong> cada uma das espécies e não tendências latitudinais<br />

globais.<br />

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