Livro Contadores de Histórias Encantadas
Livro Contadores de Histórias Encantadas Livro Contadores de Histórias Encantadas
Livro das crianças 2
“A gente escreve o que ouve nunca o que houve.” Oswald de Andrade São 51 estórias. Sem H mesmo, do jeito que Guimarães Rosa escrevia. Estórias, que como numa brincadeira de telefone sem fio, transformam-se quando ouvidas e reproduzidas ao próximo. Estórias que se opõem, desse modo, à História. Porque a História procura fixar o real com a palavra, enquanto que as estórias transcendem o real através da palavra. Daí o encantamento, a aura de magia. O mundo da História organiza o tempo. O mundo das estórias embaralha. Mas também são 51 histórias. Agora com h minúsculo, no plural. Narrativas íntimas que carregam consigo marcas daqueles que as fixaram em palavras. Não tem como descolar. São jeitos de falar, de ouvir, de escrever. Histórias de pessoas que contam estórias. Estão todas aqui. Crianças dos quatro cantos deste nosso país continental enviaram narrativas para o concurso. O resultado é um conjunto que forma um painel interessantíssimo. Tanto pela inventividade de suas estórias como pela riqueza e diversidade das histórias subliminares que ficam sugeridas por quem as contam. Por exemplo, “A fazenda mal assombrada”, de Keitiene, é explicitamente localizada “(...) nas redondezas de Minas Gerais perto do pontal” e narra uma assombração no ambiente íntimo de uma casa de fazenda típica da zona rural do lugar. Já em “A mulher que já morreu”, Karlene incorpora uma tradicional forma narrativa de sua região pelo modo da literatura de cordel: “Esta história é nordestina/ Um acredita, outro não/ Ela é muito assustadora/ Mas atrai nossa atenção/ Era uma noite escura/ E estava dando trovão”. Outras, não deixam o rastro de onde vieram, como “A rã trapezista”, de Maria Luana, onde narra os movimentos de uma rã “como se fosse uma artista de circo” durante quase um instante: “mas terminei o meu banho e parei de observá-la, por isso minha historinha termina aqui”. O traço comum em todas as narrativas é a oralidade. Muitas delas foram ouvidas e recontadas aqui, às vezes pela transmissão direta, “o meu avô conta que quando o vô dele era pequeno eles iam para o mato caçar e pescar” (“A indiazinha”), às vezes pela tradição coletiva, “no povoado onde eu moro as pessoas contam várias histórias...” (“A lenda da rede”). Por esta razão carregam uma língua viva. E nem sempre seguem a norma culta da escrita. Mas é justamente aí que reside a maior riqueza dessas narrativas – porque a gramática deve sistematizar o que é falado e não o contrário.
- Page 1: Idealização Livro das Crianças L
- Page 5 and 6: 8 índice Um mar inteiro de histór
- Page 7 and 8: 12 Capítulo 1 Histórias pra viver
- Page 9 and 10: 16 Eliel Pedroso Alves 10 anos, 4°
- Page 11 and 12: 20 Essas histórias contêm um conv
- Page 13 and 14: 24 O Homem e os objetos mágicos Er
- Page 15 and 16: 28 Capítulo 3 Contos de esperteza
- Page 17 and 18: 32 Os três pedidos Um dia, Pedro M
- Page 19 and 20: 36 Uma história inventada Era uma
- Page 21 and 22: 40 Capítulo 5 Contos de bichos Ess
- Page 23 and 24: 44 Helkimari Gomes Cardoso Rizzo 10
- Page 25 and 26: 48 A rã trapezista Ao entrar no ba
- Page 27 and 28: 52 O porquinho herói Era uma vez u
- Page 29 and 30: 56 A mulher que já morreu Esta his
- Page 31 and 32: 60 Keitiene Aparecida da Silva 5º
- Page 33 and 34: 64 Bruna Khetllem Santos 10 anos, 4
- Page 35 and 36: 68 O encontro inesperado Lais Souza
- Page 37 and 38: 72 Leonardo Augusto Simões Miola 1
- Page 39 and 40: 76 A Noite de medo Na cidade de Dra
- Page 41 and 42: 80 A lenda da professora buçuda An
- Page 43 and 44: 84 Luana Camila Vieira 4º ano EM D
- Page 45 and 46: 88 A Bruxa e os Fantasmas Há muito
- Page 47 and 48: 92 Capítulo 11 Travessias, histór
- Page 49 and 50: 96 Minha bisavó gostava de me cont
- Page 51 and 52: 100 Sandra Oliveira Ferreira 10 ano
<strong>Livro</strong> das crianças<br />
2