perfil sociodemografico e adesão ao tratamento do paciente ...
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Relata-se que a prevalência a nível global de anomalias cromossômicas e malformações congênitas nos países em desenvolvimento seja maior que a apresentada em nações desenvolvidas e industrializadas, e sistematicamente subestimadas, devido à deficiência de informações (BOTTO; MASTROIACOVO, 2000). De Nicola et al. (2010) apresentam que, nos países desenvolvidos, os defeitos congênitos são a principal causa dos índices de mortalidade neonatal, proporcionando grande impacto nos serviços de saúde. Nos Estados Unidos da América (EUA), por exemplo, a mortalidade infantil em decorrência de defeitos congênitos aumentou, entre 1968 e 1995, de 14% para 22% (GUERRA et al., 2008). Já nos países em desenvolvimento, as infecções no período neonatal continuam sendo a principal causa de morbimortalidade nas crianças devido à insuficiente assistência pré-natal e perinatal, reduzindo, assim, a prioridade na atenção aos cuidados de saúde aos recém-nascidos portadores de defeito congênito, de modo que eles permanecem em segundo plano. Corroborando com essas referências, Brasil (2012) evidencia que o número de óbitos de crianças portadoras de malformações congênitas no Brasil aumentou entre os anos de 1999 e 2009, de 10,9% para 18,3%, o que mostra um índice ainda crescente, apesar do país estar em pleno desenvolvimento. Determinados países, cuja mortalidade infantil é baixa devido ao controle efetivo de causas socioambientais, as malformações congênitas representam índices importantes na proporção dos óbitos em menores de um ano, cabendo nesse contexto conhecer as causas para prevenir esse acontecimento, de modo a minimizar os coeficientes de mortalidade infantil (DE NICOLA et al., 2010). O Manual Merk (2011) aduz que dentre todos os recém-nascidos, 3% ou 4% apresentam algum defeito congênito considerado grave. Embora algumas crianças não apresentem alterações visíveis ao nascimento, geralmente é diagnosticada alguma deformidade em cerca de 7,5% delas antes de completarem o quinto ano de vida. Com o intuito de controlar esses recém-nascidos, diferentes países atuam com Programas de Monitoramento de Malformações Congênitas. Em Atlanta, EUA, existe um programa que monitora uma média de 50.000 nascimentos por ano, enquanto o Estudo Colaborativo Latino-Americano das Malformações Congênitas (ECLAMC), na América Latina, sistematiza em diversas maternidades coleta de dados relacionada ao nascimento de crianças portadoras de malformações congênitas, atendendo cerca de 200.000 nascimentos por ano. No Brasil, estudos associados ou não ao ECLAMC evidenciam taxa de 2,24% a 5% no nascimento de malformados (GALERA et al., 2010). 26
O ECLAMC foi iniciado em 1967, na Argentina, desenvolvido pelo Professor Doutor Eduardo Castilla, como um programa para investigação clínica e epidemiológica dos fatores de risco na etiologia das malformações congênitas, usando a metodologia caso- controle. Posteriormente, expandiu-se integrando os dez países da América do Sul e, atualmente, é responsável pela vigilância epidemiológica dos nascimentos em 180 hospitais de 76 cidades na América Latina, sendo 32 desses localizados no Brasil. Representa uma base de dados de qualidade, contudo, salienta-se a restrita cobertura do estudo, atingindo 2% dos nascimentos do país, pois as informações são decorrentes de banco de dados hospitalares. Sua principal função é monitorizar a ocorrência das malformações congênitas de maneira geral e de cada tipo particularizado no decorrer do tempo (CASTILLA; ORIOLI, 2004; NAZER; CIFUENTES, 2011). Diante das dificuldades em encontrar registros nos bancos de dados hospitalares, em 1990, foi instituída a Declaração de Nascidos Vivos (DNV), instrumento básico do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC), da responsabilidade do Ministério da Saúde, que reúne informações sobre o recém-nascido e sua mãe (GALERA et al., 2010). Somente a partir de 1996 foi introduzida na DNV uma variável relativa à presença de malformação congênita ao nascer, a ser codificada conforme a Classificação Internacional de Doenças – 10ª revisão (CID-10) (MELLO; LAURENTI; GOTLIEB, 2007; OMS, 2008). Porém, são informações ainda subestimadas, pois em casos graves de malformações incompatíveis com a vida, irão resultar em perdas fetais, enquanto outras, mesmo que o bebê nasça, são mais difíceis de diagnosticar devido ao fato de serem internas, podendo não ser percebidas ao nascimento. A Lei 8080/90 prevê uma organização pelo Ministério da Saúde, articulada com os níveis estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), de um Sistema Nacional de Informações em Saúde, integrado no país, com o propósito de contemplar questões epidemiológicas e de prestação de serviços. Para conquistar esse objetivo, são necessárias que sejam registradas informações precisas, confiáveis e seguindo um fluxo automático, para que o banco de dados dos diferentes níveis de atenção à saúde possa subsidiar as tomadas de decisões de naturezas clínicas, gerenciais e políticas (GALERA et al., 2010). Assim, o preenchimento adequado da DNV tornará possível traçar as estimativas sobre a real prevalência das malformações congênitas de um determinado local (PINTO; NASCIMENTO, 2007). É composta por oito blocos totalizando 52 variáveis ou campos, abrangendo dados estatísticos, sociodemográficos e epidemiológicos, assim discriminados: 27
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O ECLAMC foi inicia<strong>do</strong> em 1967, na Argentina, desenvolvi<strong>do</strong> pelo Professor<br />
Doutor Eduar<strong>do</strong> Castilla, como um programa para investigação clínica e epidemiológica <strong>do</strong>s<br />
fatores de risco na etiologia das malformações congênitas, usan<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia caso-<br />
controle. Posteriormente, expandiu-se integran<strong>do</strong> os dez países da América <strong>do</strong> Sul e,<br />
atualmente, é responsável pela vigilância epidemiológica <strong>do</strong>s nascimentos em 180 hospitais<br />
de 76 cidades na América Latina, sen<strong>do</strong> 32 desses localiza<strong>do</strong>s no Brasil. Representa uma base<br />
de da<strong>do</strong>s de qualidade, contu<strong>do</strong>, salienta-se a restrita cobertura <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, atingin<strong>do</strong> 2% <strong>do</strong>s<br />
nascimentos <strong>do</strong> país, pois as informações são decorrentes de banco de da<strong>do</strong>s hospitalares. Sua<br />
principal função é monitorizar a ocorrência das malformações congênitas de maneira geral e<br />
de cada tipo particulariza<strong>do</strong> no decorrer <strong>do</strong> tempo (CASTILLA; ORIOLI, 2004; NAZER;<br />
CIFUENTES, 2011).<br />
Diante das dificuldades em encontrar registros nos bancos de da<strong>do</strong>s hospitalares,<br />
em 1990, foi instituída a Declaração de Nasci<strong>do</strong>s Vivos (DNV), instrumento básico <strong>do</strong><br />
Sistema de Informação sobre Nasci<strong>do</strong>s Vivos (SINASC), da responsabilidade <strong>do</strong> Ministério<br />
da Saúde, que reúne informações sobre o recém-nasci<strong>do</strong> e sua mãe (GALERA et al., 2010).<br />
Somente a partir de 1996 foi introduzida na DNV uma variável relativa à presença de<br />
malformação congênita <strong>ao</strong> nascer, a ser codificada conforme a Classificação Internacional de<br />
Doenças – 10ª revisão (CID-10) (MELLO; LAURENTI; GOTLIEB, 2007; OMS, 2008).<br />
Porém, são informações ainda subestimadas, pois em casos graves de malformações<br />
incompatíveis com a vida, irão resultar em perdas fetais, enquanto outras, mesmo que o bebê<br />
nasça, são mais difíceis de diagnosticar devi<strong>do</strong> <strong>ao</strong> fato de serem internas, poden<strong>do</strong> não ser<br />
percebidas <strong>ao</strong> nascimento.<br />
A Lei 8080/90 prevê uma organização pelo Ministério da Saúde, articulada com<br />
os níveis estaduais e municipais <strong>do</strong> Sistema Único de Saúde (SUS), de um Sistema Nacional<br />
de Informações em Saúde, integra<strong>do</strong> no país, com o propósito de contemplar questões<br />
epidemiológicas e de prestação de serviços. Para conquistar esse objetivo, são necessárias que<br />
sejam registradas informações precisas, confiáveis e seguin<strong>do</strong> um fluxo automático, para que<br />
o banco de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s diferentes níveis de atenção à saúde possa subsidiar as tomadas de<br />
decisões de naturezas clínicas, gerenciais e políticas (GALERA et al., 2010).<br />
Assim, o preenchimento adequa<strong>do</strong> da DNV tornará possível traçar as estimativas<br />
sobre a real prevalência das malformações congênitas de um determina<strong>do</strong> local (PINTO;<br />
NASCIMENTO, 2007). É composta por oito blocos totalizan<strong>do</strong> 52 variáveis ou campos,<br />
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