05.06.2013 Views

A NATO no Afeganistão - Jornal de Defesa e Relações Internacionais

A NATO no Afeganistão - Jornal de Defesa e Relações Internacionais

A NATO no Afeganistão - Jornal de Defesa e Relações Internacionais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

JDRI • <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Defesa</strong> e <strong>Relações</strong> <strong>Internacionais</strong> • www.jornal<strong>de</strong>fesa.pt<br />

5. A OTAN não reconhece limites geográficos à sua intervenção estratégica.<br />

A ressurgência da pirataria e a segurança energética impõem uma<br />

presença naval aliada <strong>no</strong> Índico, <strong>no</strong> Mediterrâneo e <strong>no</strong> Árctico. Essa<br />

presença po<strong>de</strong> alargar-se ao Atlântico Sul, cujos corredores marítimos são<br />

cruciais para a estabilida<strong>de</strong> política e económica internacional e on<strong>de</strong><br />

existem reservas energéticas importantes;<br />

6. As potências <strong>de</strong>mocráticas são aliadas naturais. A extensão dos domínios<br />

<strong>de</strong> intervenção torna indispensável <strong>de</strong>finir uma relação institucional com<br />

as <strong>de</strong>mocracias que não pertencem ao espaço euro-atlântico. O Japão, a<br />

Austrália ou a Coreia do Sul participam na ISAF ao lado da OTAN. As<br />

<strong>no</strong>vas potências emergentes, como a índia e o Brasil, reconhecem a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assumir responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> segurança contra as<br />

ameaças comuns. A OTAN precisa <strong>de</strong> institucionalizar uma relação<br />

especial com esses parceiros <strong>de</strong>mocráticos. Mas <strong>de</strong>ve evitar ser vista<br />

como uma “aliança das <strong>de</strong>mocracias” contra o resto;<br />

7. A Rússia <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser o inimigo da Aliança Atlântica e é um parceiro<br />

estratégico da OTAN. A institucionalização do Conselho OTAN-Rússia<br />

sublinha a importância da cooperação na luta contra o terrorismo panislâmico<br />

e a proliferação das armas <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição massiva;<br />

8. A OTAN é a aliança das <strong>de</strong>mocracias europeias e oci<strong>de</strong>ntais. Nos termos<br />

do art.º 10º do Tratado <strong>de</strong> Washington, as suas portas estão abertas a<br />

todas as <strong>de</strong>mocracias liberais europeias, incluindo a Rússia e a Ucrânia,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que possam cumprir as condições <strong>de</strong> acesso. Os alargamentos<br />

futuros <strong>de</strong>vem respeitar uma cláusula <strong>de</strong>mocrática adicional, que recusa<br />

as candidaturas dos Estados on<strong>de</strong> não exista um apoio maioritário da<br />

comunida<strong>de</strong> política à a<strong>de</strong>são à Aliança Atlântica.<br />

Em jeito <strong>de</strong> epílogo <strong>de</strong>sta secção e quanto ao <strong>de</strong>sfecho do conflito na região<br />

do <strong>Afeganistão</strong>-Paquistão e as suas consequências para a Aliança Atlântica, Maria<br />

do Céu Pinto refere que embora diversos autores consi<strong>de</strong>rem o sucesso da missão<br />

<strong>no</strong> <strong>Afeganistão</strong> crucial para a consolidação da raison d'être da OTAN <strong>no</strong> século XXI,<br />

seria porventura excessivo afirmar que o falhanço dos Aliados naquele país ditaria o<br />

fim da organização. Contudo, aten<strong>de</strong>ndo a que os principais obstáculos<br />

operacionais <strong>no</strong> cenário afegão se pren<strong>de</strong>m com a ausência <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação entre<br />

os contingentes nacionais, escassez <strong>de</strong> meios huma<strong>no</strong>s e financeiros e recusa em<br />

assumir os riscos <strong>de</strong> ofensivas terrestres contra os taliban <strong>no</strong> su<strong>de</strong>ste do país, a<br />

OTAN aparenta enfrentar, primariamente, problemas inter<strong>no</strong>s <strong>de</strong> coesão entre<br />

membros. Neste âmbito, embora, o <strong>de</strong>sfecho da missão <strong>no</strong> <strong>Afeganistão</strong> não<br />

<strong>de</strong>termine stricto sensu o futuro da Aliança, o sucesso ou falhanço da mesma<br />

indubitavelmente condicionará o processo da resolução dos dilemas endóge<strong>no</strong>s da<br />

OTAN e a escolha dos potenciais cenários <strong>de</strong> intervenção Aliada <strong>no</strong> pa<strong>no</strong>rama <strong>de</strong><br />

conflitos out-of-area. 43<br />

5. A Intervenção Militar da ISAF/<strong>NATO</strong> <strong>no</strong> <strong>Afeganistão</strong><br />

Como consequência dos ataques terroristas contra Nova Iorque e<br />

Washington, DC, em 11 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2001, os EUA lançaram a Operação<br />

“Liberda<strong>de</strong> Duradoura” (Operation Enduring Freedom), uma operação antiterrorista<br />

<strong>no</strong> <strong>Afeganistão</strong> que foi complementada dois meses mais tar<strong>de</strong>, pelo mandato das<br />

Nações Unidas que instituiu a ISAF. O objectivo final da ISAF é auxiliar o<br />

<strong>Afeganistão</strong> a sair <strong>de</strong> quase quatro décadas <strong>de</strong> regime autoritário, ocupação<br />

estrangeira e guerra civil, que tinha feito com que o território afegão constituísse<br />

uma base a<strong>de</strong>quada para a formação <strong>de</strong> terroristas. Inicialmente, o comando da<br />

43 PINTO, Maria do Céu, “Uma Avaliação da Missão da <strong>NATO</strong> <strong>no</strong> <strong>Afeganistão</strong>”, Nação e <strong>Defesa</strong>, 4ª série,<br />

n.º 124, Outo<strong>no</strong>-Inver<strong>no</strong> 2009, p. 216.<br />

Página 10 <strong>de</strong> 30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!