Estudos Setoriais 6 - Banco da Amazônia

Estudos Setoriais 6 - Banco da Amazônia Estudos Setoriais 6 - Banco da Amazônia

04.06.2013 Views

MERCADO MERCADO E E DINÂMICA DINÂMICA ESP ESP ESPACIAL ESP ESP ACIAL DA DA CADEIA CADEIA PRODUTIV PRODUTIVA PRODUTIV DO DO LEITE LEITE LEITE NA NA REGIÃO REGIÃO NOR NORTE NOR TE (ESTUDOS SETORIAIS, 6) Belém - Pará 2008 Geany Cleide Carvalho Martins Fabrício Khoury Rebello Antônio Cordeiro de Santana

MERCADO MERCADO E E DINÂMICA DINÂMICA ESP ESP ESPACIAL ESP ESP ACIAL DA DA CADEIA CADEIA PRODUTIV<br />

PRODUTIVA<br />

PRODUTIV<br />

DO DO LEITE LEITE LEITE NA NA REGIÃO REGIÃO NOR NORTE NOR TE<br />

(ESTUDOS SETORIAIS, 6)<br />

Belém - Pará<br />

2008<br />

Geany Cleide Carvalho Martins<br />

Fabrício Khoury Rebello<br />

Antônio Cordeiro de Santana


Obra edita<strong>da</strong> pelo<br />

<strong>Banco</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> S. A.<br />

EQUIPE TÉCNICA DE ESTUDOS SETORIAIS<br />

Antônio Cordeiro de Santana (Consultor UFRA)<br />

Fabrício Khoury Rebello<br />

Geany Cleide Carvalho Martins<br />

Gisal<strong>da</strong> Carvalho Filgueiras<br />

Jesus do Socorro Barroso dos Santos<br />

Marcos Antônio Souza dos Santos<br />

Maria Lúcia Bahia Lopes<br />

Mônica de Nazaré Corrêa Ferreira<br />

Sávio de Jesus Tourinho <strong>da</strong> Cunha<br />

Arte <strong>da</strong> 1ª capa: Orivaldo Pinto Rodrigues<br />

Texto <strong>da</strong> 4ª capa: Equipe de Marketing<br />

Editoração Eletrônica: Manoel de Deus Pereira do Nascimento<br />

Revisão de texto: Oderle Milhomem Araújo<br />

Normalização: Oderle Milhomem Araújo - CRB2/745<br />

E-mail: estudos.setoriais@bancoamazonia.com.br<br />

Endereço para correspondências:<br />

Coordenadoria de <strong>Estudos</strong> <strong>Setoriais</strong> (COESE)<br />

Aveni<strong>da</strong> Presidente Vargas, 800 16º an<strong>da</strong>r Belém-PA. CEP 66.017-000<br />

Impresso na gráfica do <strong>Banco</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong><br />

Martins, Geany Cleide Carvalho.<br />

Mercado e dinâmica espacial <strong>da</strong> cadeia produtiva do leite na Região<br />

Norte / Geany Cleide Carvalho Martins; Fabrício Khoury Rebello; Antônio<br />

Cordeiro de Santana. - Belém: <strong>Banco</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>, 2008.<br />

67 p. (<strong>Estudos</strong> <strong>Setoriais</strong>).<br />

ISBN 978-85-89548-12-0<br />

1. CADEIA PRODUTIVA - Região Norte. 2. LEITE. I. Martins, Geany Cleide<br />

Carvalho; Rebello, Fabrício Khoury; Santana, Antônio Cordeiro. II. Título. III.<br />

Série.<br />

CDD: 636.21309811


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO………………………………...............................................……… 7<br />

2 PANORAMA MUNDIAL DA PRODUÇÃO DE LEITE ……………..........……… 10<br />

3 PRODUÇÃO NACIONAL DE LEITE ………………………….......……....……… 14<br />

4 PRODUÇÃO DE LEITE NA REGIÃO NORTE ………………………………....… 19<br />

5 ANÁLISE DE CICLO E SAZONALIDADE DO PREÇO DO LEITE ……......……… 24<br />

6 ANÁLISE ESPACIAL DA PRODUÇÃO DE LEITE NA REGIÃO NORTE….....…… 26<br />

6.1 PRODUÇÃO DO ESTADO DE RONDÔNIA ……………………………….......…… 26<br />

6.1.1 Caracterização geral <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira no Estado de<br />

Rondônia……….........................................…………………….…....……… 26<br />

6.1.2 Concentração espacial <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira ……………….......……… 29<br />

6.2 PRODUÇÃO DO ESTADO DO PARÁ…….…………….........……………....……… 33<br />

6.2.1 Caracterização geral <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira no Estado do Pará....……… 33<br />

6.2.2 Concentração espacial <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira………….....……....……… 36<br />

6.3 PRODUÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS......……………………………..……… 40<br />

6.3.1 Caracterização geral <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira no Estado do<br />

Tocantins…………….…….…………….........................................……… 40<br />

6.3.2 Concentração espacial <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira……….……….......……… 41<br />

6.4 PRODUÇÃO DO ESTADO DO ACRE….………........……………………....……… 46<br />

6.4.1 Caracterização geral <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira no Estado do Acre........…… 46<br />

6.4.2 Concentração espacial <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira……...……………….....… 47


7 CONSIDERAÇÕES FINAIS……….....................………………………....……… 50<br />

8 RECOMENDAÇÕES………………………………....….................................…… 51<br />

REFERÊNCIAS………………………............................................………....……… 53<br />

APÊNDICE METODOLÓGICO……………....................…………………....……… 55<br />

APÊNDICE DE TABELAS DO ICN……………..............…………………....……… 57


AGRADECIMENTOS<br />

Para realização deste trabalho foram imprescindíveis as informações presta<strong>da</strong>s<br />

por representantes <strong>da</strong>s seguintes Instituições: Empresa de Assistência Técnica e Extensão<br />

Rural do Estado de Rondônia (EMATER-RO), do Pará (EMATER-PA) e do Tocantins<br />

(RURALTINS), Federação <strong>da</strong>s Indústrias dos Estados de Rondônia (FIERO) e Tocantins (FIETO),<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e<br />

Pequenas Empresas nos Estados de Rondônia (SEBRAE-RO) e Tocantins (SEBRAE-TO).<br />

Merecem destaque, ain<strong>da</strong>, os empresários e agricultores familiares que<br />

disponibilizaram sua atenção a nossa equipe, entre eles destacam-se: José Roberto Salles<br />

Ferreira (Multifós), Genivaldo Campos, Laticínios Tradição, Wasington <strong>da</strong> Silva (Cooperativa<br />

Agropecuária Tocantinense - COOPERNORTE), Cíntia Moreira e Sérgio (BRASLEITE) e João<br />

Pagung.<br />

Aos colegas do <strong>Banco</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> somos gratos pela acolhi<strong>da</strong>, contatos<br />

agen<strong>da</strong>dos para visitas aos empreendimentos e por repassarem um pouco de suas<br />

experiências profissionais, com vistas a enriquecer nossas observações e contribuir para o<br />

progresso contínuo do <strong>Banco</strong>. Somos, assim, muitíssimo gratos a: Mauro Mundim Nery,<br />

Roberto Carvalho Castro, Maria <strong>da</strong> Glória Nogueira, Marisa Helena Miran<strong>da</strong> Maracaipe,<br />

Maria <strong>da</strong> Guia Rodrigues <strong>da</strong> Costa, Gustavo Miyajima, Patrícia Michelli de Lima, Antônio<br />

Edson <strong>da</strong> Costa Ribeiro, Cícero José Alves Caçula, Roberto Araújo Silva, José Jandilson<br />

Beserra, Luciana Emília de Morais, Katuo Okabayashi, Orácio Pedro de Alcantara, Haguines<br />

Matos de Lima, Donizete Campos, Ana Celísia de Carvalho Mendes, Manoel César Merêncio<br />

<strong>da</strong> Silva, Fernando Denardin, Rui Ribeiro dos Santos, Antônio Milhomem Lacer<strong>da</strong>, Benildes<br />

de Barros Garção e Sérgio Luiz Figueiredo Gallo.<br />

A Universi<strong>da</strong>de Federal Rural <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> (UFRA) por não se opor a liberação do<br />

Professor Antônio Cordeiro de Santana, sem prejuízo <strong>da</strong>s suas ativi<strong>da</strong>des, para orientar a<br />

equipe técnica do <strong>Banco</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong> na realização deste estudo.<br />

As eventuais falhas que possam existir nesta versão do documento são de<br />

responsabili<strong>da</strong>de exclusiva dos autores.


1 INTRODUÇÃO<br />

O leite está entre os seis produtos mais importantes <strong>da</strong> agropecuária brasileira,<br />

ficando à frente de produtos tradicionais como café e arroz. A cadeia produtiva do leite e<br />

seus derivados movimenta anualmente cerca de US$ 10 bilhões, emprega mais de 3 milhões<br />

de pessoas, incluindo um milhão de produtores, provenientes de um dos maiores rebanhos<br />

do mundo, com grande potencial para abastecer o mercado interno e exportar. Entre 1990<br />

e 2005, a produção nacional de leite cresceu 69,6%, saindo de 14,5 bilhões para 24,6<br />

bilhões de litros (IBGE, 2006).<br />

O Brasil foi o sexto maior produtor de leite do mundo, considerando a produção<br />

média entre 1994 e 2005, apresentando uma taxa de crescimento anual de 4,35%, superior<br />

ao crescimento de todos os países que ocupam os primeiros lugares no ranking (FAO,<br />

2006). O País responde por 66% do volume total de leite produzido no Mercosul. Pelo<br />

faturamento de alguns produtos <strong>da</strong> indústria brasileira de alimentos, na última déca<strong>da</strong>,<br />

pode-se avaliar a importância relativa do produto lácteo no contexto do agronegócio<br />

nacional, registrando 248% de aumento contra 78% de todos os outros segmentos<br />

(BARBOSA et al., 2006).<br />

Além <strong>da</strong> sua importância nutritiva para a alimentação humana e na economia, o<br />

leite desempenha um papel social relevante, principalmente na geração de empregos. O<br />

agronegócio do leite é responsável por 40% dos postos de trabalho no meio rural. Para se<br />

ter uma idéia do impacto deste setor na economia, a elevação na deman<strong>da</strong> final por produtos<br />

lácteos em um milhão de reais gera 195 empregos permanentes. Este impacto supera o de<br />

setores tradicionalmente importantes, como o automobilístico, construção civil, siderúrgico<br />

e têxtil (BARBOSA et. al., 2006).<br />

A configuração <strong>da</strong> produção de leite no Brasil está abrangendo a fronteira, com<br />

os Estados de Rondônia e Pará, na Região Norte, despontando com forte evolução <strong>da</strong><br />

produção e <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de. Isto se deve a uma tendência natural <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des que<br />

fun<strong>da</strong>mentam suas estratégias competitivas na dotação de fatores. Neste caso, o avanço<br />

para a fronteira deve-se à expansão do segmento queijeiro e de leite longa vi<strong>da</strong>, atrelado<br />

ao menor custo de oportuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> terra para a produção de pastagens e mão-de-obra<br />

informal, baixos salários, os assentamentos rurais e a oferta de crédito com recursos do<br />

Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e, mais recentemente, do Programa<br />

Nacional de Fortalecimento <strong>da</strong> Agricultura Familiar (PRONAF) que beneficiou a produção e<br />

a implantação de uni<strong>da</strong>des de processamento de leite e derivados.<br />

A produção de leite na Região Norte se desenvolve em pequenas uni<strong>da</strong>des de<br />

produção diversifica<strong>da</strong>s, onde o leite, geralmente, não constitui a maior parcela <strong>da</strong> ren<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de produtiva, com forte componente sazonal, vez que a abundância de pasto<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

7


ocorre no período <strong>da</strong>s chuvas, que propicia alimentação farta e de quali<strong>da</strong>de e, como<br />

conseqüência, maior oferta de leite. Na entressafra, por sua vez, em face <strong>da</strong> escassez de<br />

pasto, a produção de leite diminui drasticamente, o que confere a este tipo de ativi<strong>da</strong>de,<br />

conforme Santana (2002), a condição de tiradores de leite ou de safristas.<br />

A produtivi<strong>da</strong>de média <strong>da</strong> pecuária de leite na Região Norte, de 4,1 litro/vaca/dia<br />

entre 2000 e 2006, embora inferior à produtivi<strong>da</strong>de nacional, de 5,5 l/vaca/dia, está evoluindo<br />

a uma taxa de 9,79% ao ano, desde 2000, superior ao crescimento nacional, que alcançou<br />

o patamar de 5,6% ao ano. Este incremento de produtivi<strong>da</strong>de vem ocorrendo em função<br />

de diversos fatores, além <strong>da</strong>s condições de clima e de solo apropriados à produção de<br />

pasto. O fator principal está relacionado ao processo de urbanização que criou mercado e<br />

expandiu o consumo de leite e de seus derivados na <strong>Amazônia</strong>. Outro, viabilizado pela<br />

urbi, foi a implantação <strong>da</strong> base industrial para beneficiamento, processamento e produção<br />

de leite pasteurizado, leite longa vi<strong>da</strong>, queijos, manteiga e iogurte, que assegura a compra<br />

do produto em fluxo regular ao longo do ano. O leite longa vi<strong>da</strong> e o queijo ampliam o<br />

período de comercialização do produto e viabilizam o transporte em longas distâncias,<br />

além de agregar valor ao produto final, contribuindo para consoli<strong>da</strong>r a estruturação <strong>da</strong><br />

cadeia produtiva do leite na <strong>Amazônia</strong>. Por conta disso, houve um avanço na melhoria do<br />

rebanho para aptidão leiteira ou gado de duplo propósito (carne e leite) e muitos produtores<br />

passaram a ordenhar as vacas no período <strong>da</strong> entressafra, contribuindo para reduzir a<br />

sazonali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção.<br />

Há de se destacar que a pecuária leiteira no Brasil, especialmente, na Região<br />

Norte, assume características estruturantes para a pequena produção. São uni<strong>da</strong>des<br />

diversifica<strong>da</strong>s que podem contribuir com os mecanismos próprios do desenvolvimento<br />

sustentável, considerando as óticas econômica, social e ambiental. Para se ter uma idéia<br />

dessa dimensão, o Brasil possui mais de 12 vezes o número de produtores envolvidos com<br />

a ativi<strong>da</strong>de, quando comparado com os EUA, mesmo produzindo cerca de um terço <strong>da</strong><br />

produção norte-americana.<br />

Este estudo contempla uma análise do mercado de leite, tendo em vista orientar<br />

a ação de fomento do <strong>Banco</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>, em sua missão de contribuir no processo de<br />

desenvolvimento sustentável <strong>da</strong> Região. Procura-se, assim, conhecer o comportamento<br />

<strong>da</strong>s variáveis estratégicas desse mercado, com o propósito de definir a política de crédito<br />

para a ativi<strong>da</strong>de, buscando-se criar maior sinergia entre os diversos elos dessa cadeia<br />

produtiva e injetando benefícios sistêmicos na economia regional.<br />

O trabalho pode subsidiar, ain<strong>da</strong>, os vários agentes envolvidos na cadeia produtiva<br />

do leite na Região. Espera-se, desta forma, contribuir com informação e análises para<br />

melhor orientar a toma<strong>da</strong> de decisão dos agentes do setor produtivo.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 8


Para a realização deste trabalho foram utiliza<strong>da</strong>s informações de fontes<br />

secundárias e levantamentos de <strong>da</strong>dos primários pelo corpo técnico do <strong>Banco</strong>, nas principais<br />

áreas de produção de leite na Região Norte. O estudo compreende oito seções, incluindo<br />

esta introdução. A segun<strong>da</strong> seção faz um apanhado geral do atual cenário <strong>da</strong> produção<br />

mundial de leite. A seguinte, evidencia o desempenho brasileiro na ativi<strong>da</strong>de, destacando<br />

a evolução <strong>da</strong> produção e produtivi<strong>da</strong>de nas Regiões produtoras do Brasil. A quarta seção<br />

foca a evolução <strong>da</strong> produção leiteira nos Estados <strong>da</strong> Região Norte nos últimos quinze anos.<br />

A quinta seção apresenta a análise do ciclo e sazonali<strong>da</strong>de do preço do leite. Na<br />

sexta, identifica-se a concentração espacial <strong>da</strong> produção nos Estados de Rondônia, Pará,<br />

Tocantins e Acre e, nas duas últimas seções são apresenta<strong>da</strong>s às considerações finais e as<br />

recomen<strong>da</strong>ções com relação à ação de fomento do <strong>Banco</strong> <strong>da</strong> <strong>Amazônia</strong>.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

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2 PANORAMA MUNDIAL DA PRODUÇÃO DE LEITE<br />

O leite e seus derivados são fontes importantes de proteína, vitaminas e sais<br />

minerais. É produzido em quase to<strong>da</strong>s as partes do mundo, tanto em climas secos ou<br />

úmidos, quanto em latitudes baixas ou eleva<strong>da</strong>s. Sua produção teve um crescimento de<br />

16,7% entre 1995 e 2005, considerando diferentes espécies como leite de vaca, búfala,<br />

cabra, ovelha e camela. Esse crescimento foi puxado, sobretudo, pelo desempenho do leite<br />

de búfala que apresentou o maior crescimento no período, de 41,6%. O leite de vaca,<br />

também, obteve um crescimento expressivo de 14,3% (ANUALPEC, 2006; SCHIAVI, 2006;<br />

EMBRAPA, 2006).<br />

O continente Europeu foi o maior produtor de leite de vaca em 2005, com<br />

participação de 39,7%. As Américas ficaram em segundo lugar, com 28,6%, a Ásia em<br />

terceiro, com 23,0%, seguido <strong>da</strong> Oceania e África, com 4,7% e 4,0%, respectivamente.<br />

(EMBRAPA, 2006; FAO, 2006).<br />

A Tabela 1 mostra a produção mundial de leite dos principais países entre 1994 e<br />

2005. Considerando o desempenho médio do período, pode-se observar que os Estados<br />

Unidos lideram a produção mantendo uma vantagem (15%) considerável em relação à<br />

Rússia, segundo lugar (7%). A Índia teve a terceira maior produção, com uma participação<br />

média de 7%, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> Alemanha com 6% e França com participação média de 5% no<br />

período. O Brasil foi o sexto lugar nesse ranking, representando 4% <strong>da</strong> produção média<br />

mundial. Os oito maiores produtores foram responsáveis pela metade <strong>da</strong> produção mundial<br />

de leite no referido período.<br />

Os Estados Unidos, em 2005, também registraram a maior produtivi<strong>da</strong>de com<br />

um total de 8.881 litros de leite por vaca/ano. O Canadá é o segundo, com 7.598 litros por<br />

vaca/ano. Os Países Baixos em terceiro com 7.160 litros por vaca/ano, o Reino Unido o<br />

quarto com 6.975 litros por vaca/ano e a França o quinto lugar com 6.548 litros de leite/<br />

vaca/ano. O Brasil apresenta um baixo desempenho nesse quesito ficando em 17º no ranking,<br />

com uma produtivi<strong>da</strong>de de 1.191 litros por vaca/ano (EMBRAPA, 2006; IBGE, 2006).<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 10


Tabela 1 - Produção mundial de leite integral fresco dos principais países produtores, 1994 a 2005.<br />

(Em bilhões de t)<br />

Fonte: FAO (2006).<br />

O consumo de leite tem crescido em vários países. Em alguns casos, esse crescimento<br />

foi acompanhado pelo aumento <strong>da</strong> produção interna, em outros, como no Sudeste Asiático,<br />

devido a limitações produtivas, o aumento deu-se em razão <strong>da</strong>s importações. A Romênia<br />

apresentou o maior consumo per capita de leite fluido em 2005, com um consumo de 165,7kg<br />

por pessoa/ano. A Austrália foi o segundo com 103,7kg/ano, os Estados Unidos em terceiro<br />

com 93,2kg/ano, a Ucrânia em quarto consumindo 91,9kg/ano e Nova Zelândia em quinto<br />

com 89,2 kg/ano. O Brasil ficou em nono lugar com um consumo de 70,8kg por pessoa/ano.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

11


O comércio mundial de leite, contudo, ain<strong>da</strong> é muito pequeno. Do total produzido<br />

anualmente, somente 6% a 7% são comercializados no mercado global. Existem várias<br />

razões para esse desempenho, entre elas: a) as fortes proteções dos mercados domésticos,<br />

que praticam robustos subsídios; b) o fato de ser produzido em quase todo o planeta e; c)<br />

os países onde o consumo tem aumentado são precisamente aqueles em que a produção<br />

tem crescido. Apesar desses fatores limitantes, existem regiões, com restrições à produção<br />

e ao mesmo tempo com grandes contingentes populacionais, como o Sudeste Asiático, que<br />

possibilitam o crescimento desse mercado.<br />

O comércio internacional de leite e derivados é dominado pela União Européia e<br />

Oceania, que em 2004, representaram em conjunto cerca 84,6% <strong>da</strong>s exportações. A Oceania<br />

vem ganhando espaço nos últimos anos, alcançando, em 2004, uma participação de 18,7%<br />

do valor <strong>da</strong>s exportações mundiais. A Nova Zelândia se destaca como maior exportadora<br />

do continente e o segundo maior do mundo, entre 1995 e 2004.<br />

A Tabela 2 mostra a evolução <strong>da</strong>s exportações de leite e derivados no mundo. A<br />

Alemanha foi quem mais exportou no período com participação média de 15% do mercado,<br />

a Nova Zelândia com 12%, França com 11%, Países Baixos e Bélgica com 9% e Austrália<br />

com 6%. O Brasil, apesar de ter apresentado um excelente desempenho em 2004, passando<br />

de 15 milhões de dólares, em 2003, para aproxima<strong>da</strong>mente 54 milhões, ficou em 48º lugar<br />

no ranking <strong>da</strong>s exportações.<br />

Tabela 2 - Valores <strong>da</strong>s exportações mundiais de leite e derivados dos principais países exportadores,<br />

1995 a 2004.<br />

(Em US$ milhões)<br />

Fonte: FAO (2006).<br />

Nota: (*) A partir de 2000 foram considerados apenas os valores <strong>da</strong>s exportações <strong>da</strong> Bélgica.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 12


A baixa exportação do Brasil, segundo o Anualpec (2006), ocorre em razão de<br />

alguns fatores relacionados às barreiras tarifárias, câmbio e competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção<br />

nacional. A taxa de câmbio baixa e a pouca quali<strong>da</strong>de do leite brasileiro restringem a<br />

participação do país nesse mercado. O produto tem teor de sólidos baixo comparado a<br />

outros países como a Nova Zelândia. Enquanto naquele país são utilizados 6,8 litros de<br />

leite para 1kg de leite em pó, no Brasil são 8,2 litros. Essa diferença equivale a 17% de<br />

desvalorização do dólar, mostrando que melhorias na quali<strong>da</strong>de do leite poderiam compensar<br />

o câmbio desfavorável.<br />

O Gráfico 1 mostra a evolução <strong>da</strong>s exportações e <strong>da</strong>s importações do Brasil entre<br />

1994 e 2006. Percebe-se, com essa ilustração, que é recente e, ain<strong>da</strong>, pequena a participação<br />

do país como exportador de leite e derivados. O aumento <strong>da</strong> produção interna tem<br />

possibilitado não só as exportações, mas também, a redução <strong>da</strong>s importações. O Brasil<br />

saiu de grande déficit histórico para um superávit em 2004 e 2005, sendo provável a<br />

repetição em 2006.<br />

Gráfico 1 - Valores <strong>da</strong>s exportações e importações brasileiras de leite e derivados em US$ milhões,<br />

1994 a 2006.<br />

Fonte: MDIC/Alice, 2006.<br />

Nota: (*) informações até o mês de novembro.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

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3 PRODUÇÃO NACIONAL DE LEITE<br />

O mercado nacional, modo geral, classifica os produtores de leite como safristas<br />

ou cotistas (PINAZZA; ALIMANDRO, 1998). Os primeiros produzem muito leite na época<br />

<strong>da</strong>s chuvas, quando há abundância de pasto (safra) e pouco no período seco do ano<br />

(entressafra), quando as pastagens se tornam escassas. O rebanho não é especializado<br />

para a produção de leite e, como conseqüência, a produtivi<strong>da</strong>de é baixa. Os cotistas, por<br />

sua vez, são aqueles que apresentam produção estável ao longo do ano. Possuem rebanho<br />

especializado para a produção de leite e alta produtivi<strong>da</strong>de. Além do fornecimento de<br />

pasto (volumoso) faz-se complementação alimentar com ração concentra<strong>da</strong>, rica em<br />

proteínas. Neste caso, leva-se o alimento até o animal, pois o manejo exige que a alimentação<br />

em pastejo seja mínima (SANTANA, 2002).<br />

A produção leiteira do Brasil vem apresentando um bom desempenho nos últimos<br />

anos, com um crescimento de 15,4% em 2005 em ralação a 1995 (EMBRAPA, 2006). Boa<br />

parte dessa produção está concentra<strong>da</strong> nas Regiões Sul e Sudeste, que juntas, em 2004,<br />

somaram 66% <strong>da</strong> produção nacional. A Região Centro-Oeste tem participação de 15%, a<br />

Nordeste de 12% e a Região Norte tem a menor, 7% (Gráfico 2).<br />

Gráfico 2 - Participação (%) <strong>da</strong>s Regiões na produção de leite, 2004.<br />

Fonte: IBGE, 2006.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 14


Entre 1990 e 2004, a produção nacional de leite teve um crescimento de 3,4% ao ano.<br />

A Região Norte, Centro-Oeste, Sul, Sudeste e Nordeste, considerando o mesmo período, tiveram<br />

crescimento, respectivamente, de 7,64%, 5,57%, 4,48%, 2,09% e 1,74%. Entre os anos de 2000<br />

e 2004 percebeu-se uma taxa de crescimento anual maior do que no período anterior, com<br />

exceção <strong>da</strong>s Regiões Sudeste e Centro-Oeste. As taxas anuais de crescimento para o Brasil (4,35%),<br />

Regiões Norte (11,76%), Sul (6,10%) e Nordeste (5,68%) são apresenta<strong>da</strong>s na Tabela 3.<br />

Alguns fatores podem explicar essa dinâmica recente na geografia leiteira, como:<br />

a) abertura de novas fronteiras em busca de custos mais baixos <strong>da</strong> matéria-prima; b) maior<br />

participação no mercado do leite longa vi<strong>da</strong>, que permite o transporte de regiões produtoras<br />

que estejam distantes do mercado de consumo; c) menor custo de oportuni<strong>da</strong>de de terra e<br />

mão-de-obra em áreas de fronteira agrícola; d) melhoria <strong>da</strong> infra-estrutura de estados de<br />

fronteira agrícola, e) sendo uma ativi<strong>da</strong>de atrativa para pequenas proprie<strong>da</strong>des, a existência<br />

de assentamentos nessas regiões de fronteira contribuem para o crescimento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />

e; f) disponibili<strong>da</strong>de de financiamentos para investimentos na melhoria do setor, entre<br />

outros (ANUALPEC, 2006).<br />

Tabela 3 – Produção de leite (mil litros) do Brasil e Regiões, 1990 a 2004.<br />

Fonte: IBGE, 2006<br />

Nota: Taxa Geométrica de Crescimento determina<strong>da</strong> por meio de regressão linear. (*) e (**) indicam<br />

significância a 1% e 5% de probali<strong>da</strong>de e (ns) não significativo. Os valores entre parênteses referemse<br />

à estatística t, de Stu<strong>da</strong>nt.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

15


No lado <strong>da</strong> agroindústria, a mu<strong>da</strong>nça ocorre por força <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s produzi<strong>da</strong>s no<br />

consumo, que está forçando os laticínios a investirem na diversificação e diferenciação dos<br />

produtos e no lançamento de outros produtos menos perecíveis no mercado, melhor padrão<br />

de quali<strong>da</strong>de e mais ajustado ao consumo (SANTANA, 2002).<br />

O consumo de leite nacional, por sua vez, por dez anos, ficou em torno de 128<br />

litros/habitante/ano (AGROANALYSIS, 2006). Este volume, ain<strong>da</strong>, é baixo em relação aos<br />

175 l/hab/ano recomen<strong>da</strong>do pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ou quando<br />

comparado com o consumo de países como Argentina e Uruguai, em torno de 200 litros<br />

per capita. Isto reflete uma questão de ren<strong>da</strong> e hábito de consumo, que pode ser contornado<br />

com vistas a ampliar a ativi<strong>da</strong>de internamente, gerando muitas ocupações e empregos no<br />

campo e assegurando benefícios de saúde e nutrição a segmentos de baixa ren<strong>da</strong>.<br />

Uma característica importante <strong>da</strong> pecuária de leite do Brasil e, principalmente, <strong>da</strong><br />

Região Norte, diz respeito ao comportamento inverso entre a produção de leite e o preço<br />

recebido pelo produtor, exibindo uma forte correlação negativa de - 0,84 entre 1980 e<br />

2005, contradizendo a Lei <strong>da</strong> Oferta que prega uma relação direta entre o preço e a<br />

quanti<strong>da</strong>de oferta<strong>da</strong> do produto, ceteris paribus. O Gráfico 3 ilustra este fenômeno<br />

evidenciado ao longo dos últimos 26 anos.<br />

Gráfico 3 – Comportamento <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de produzi<strong>da</strong> (milhões de litros) e do preço do leite (R$/t)<br />

na Região Norte, no período de 1980 a 2005.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 16


Poder-se-ia argumentar que este fenômeno estaria ancorado na teoria do ativo<br />

fixo, porém não é o caso, por se tratar de ativi<strong>da</strong>de de duplo propósito e o comportamento<br />

evoluir linearmente em longo prazo. Resta, portanto, buscar explicação deste fenômeno<br />

nos fatores embutidos no ceteris paribus, mas que até o momento não foram revelados em<br />

análises sobre a cadeia de leite.<br />

Algumas fontes de explicação podem ser encontra<strong>da</strong>s do lado <strong>da</strong> oferta e outras do<br />

lado <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>. Um primeiro fator diz respeito ao fato de que a uni<strong>da</strong>de de produção opera<br />

em regime de competição pura e é diversifica<strong>da</strong> na produção, em que a ativi<strong>da</strong>de leiteira é<br />

apenas uma entre as linhas de produção <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de. O rebanho é de duplo propósito (carne e<br />

leite), portanto a estratégia do produtor desta linha de produção não é foca<strong>da</strong> apenas no<br />

preço do leite, mas em uma média entre o preço do leite e o preço do bezerro. A tecnologia de<br />

produção é tradicional (à base de pasto e pouco dependente de fatores externos), portanto<br />

ligado aos fatores naturais terra e clima e <strong>da</strong> mão-de-obra familiar, geralmente não remunera<strong>da</strong>,<br />

e/ou contrata<strong>da</strong> informalmente, o que permite um baixo custo de produção. Este fator aliado<br />

ao aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de do rebanho nas pequenas uni<strong>da</strong>des de produção, mediante<br />

melhoria na quali<strong>da</strong>de do rebanho e <strong>da</strong>s pastagens, permite a expansão <strong>da</strong> produção diante<br />

<strong>da</strong> que<strong>da</strong> de preço do leite, vez que contribui para diminuir o custo de produção do bezerro.<br />

Do lado <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>, observa-se um incremento global no consumo, puxado pelo<br />

aumento de ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias e do impacto dos programas governamentais de cunho social,<br />

conjuminado com o fenômeno <strong>da</strong> urbanização que se ampliou fortemente na Região Norte<br />

neste período. Boa parte desta situação se deve, também, ao poder dos laticínios quanto ao<br />

controle dos preços do produto. Assim, para manter sua margem de comercialização, discrimina<br />

a cotação do preço de acordo com o volume de leite, teor de gordura e quali<strong>da</strong>de total. Como<br />

na <strong>Amazônia</strong> a produção é atomiza<strong>da</strong> e a quali<strong>da</strong>de não tem controle adequado, isto cria<br />

ambiente para a fixação de preços reais baixos em nível do produtor. Como se não bastasse<br />

isto, os intermediários <strong>da</strong> comercialização, em função <strong>da</strong> eleva<strong>da</strong> informali<strong>da</strong>de do setor, em<br />

que o produtor é mais desprovido de informação sobre preço, aliado à alta perecibili<strong>da</strong>de do<br />

produto, cria um ambiente propício à fixação de preços abaixo do nível de equilíbrio competitivo,<br />

vez que o segmento a jusante <strong>da</strong> produção é imperfeita, domina<strong>da</strong> por oligopsônios, em que<br />

um pequeno número de empresas compra to<strong>da</strong> a produção a um mesmo preço.<br />

Por fim, o preço real do leite parece ter atingido seu patamar de estabilização, em<br />

torno do qual deve flutuar, sendo que a oferta atingiu boa dose de adequação do abastecimento<br />

do mercado de leite fluido, <strong>da</strong>do o perfil <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> dos consumidores brasileiros.<br />

Em 2004, o consumo per capita de leite no Brasil foi de 103,38 l/pessoa/ano e, em<br />

2005, evoluiu para 109,70 l/pessoa/ano. Com a população evoluindo a uma taxa média de<br />

1,5% ao ano, a produção a 4,35% a.a e o consumo a 2,75% a.a e com tendência crescente,<br />

visto que entre 2004 e 2005, a variação no consumo per capita de leite foi de 5,01%. A<br />

permanecer este quadro, pode-se ampliar o excedente exportável, mesmo antes de atingir<br />

o patamar recomen<strong>da</strong>do pela OMS, que é de 175 l/pessoa/ano.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

17


Isto ocorre em função <strong>da</strong> falta de ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> maior parte <strong>da</strong> população brasileira,<br />

pois cerca de 70% <strong>da</strong> população se enquadra na categoria de baixa ren<strong>da</strong>. Em função<br />

disso, a deman<strong>da</strong> cresceu a uma taxa inferior à oferta. Os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Pesquisa de Orçamento<br />

Familiar (POF), no Gráfico 4, permitem mostrar que o consumo de leite per capita no Brasil<br />

apresenta forte correlação positiva de 0,881 com a ren<strong>da</strong> familiar. A elastici<strong>da</strong>de-ren<strong>da</strong> do<br />

consumo de leite no Brasil, que capta o potencial de deslocamento <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por meio<br />

<strong>da</strong> ren<strong>da</strong>, foi <strong>da</strong> ordem de 0,395, mostrando que o leite é um bem normal. Isto significa que<br />

ao passo dos aumentos unitários de ren<strong>da</strong>, o consumo anual médio per capita de leite<br />

pasteurizado tende a crescer 0,40%. Cabe, portanto, observar que o consumo desse tipo<br />

de leite, em 2002, representou apenas 18% do mercado de leite fluido.<br />

O queijo prato é um produto derivado do leite de maior valor agregado. A correlação<br />

entre o consumo per capita e a ren<strong>da</strong>, de 0,961, é mais forte do que a correlação com o leite.<br />

Em ambos os casos, estes resultados indicam que um alto consumo de leite ou de queijo está<br />

associado aos níveis de ren<strong>da</strong> eleva<strong>da</strong>. A elastici<strong>da</strong>de-ren<strong>da</strong> do consumo de queijo no Brasil,<br />

pelos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> POF (2006) foi de 0,725, portanto mais elástica do que o leite pasteurizado.<br />

Gráfico 4 – Relação entre o consumo per capita de leite pasteurizado e as faixas de ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

famílias brasileiras, 2004.<br />

Fonte: POF/IBGE (2006).<br />

Nesta linha <strong>da</strong> agregação de valor, o leite longa vi<strong>da</strong> também deve apresentar<br />

alta correlação com a ren<strong>da</strong>, porém não se dispõe de <strong>da</strong>dos sobre o consumo deste tipo de<br />

produto, que representou 73,47% do mercado de leite fluido em 2004.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 18


4 PRODUÇÃO DE LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

A pecuária leiteira, na Região Norte, segundo Santana (2002), ain<strong>da</strong> se enquadra<br />

na classificação de produtores safristas, uma vez que os produtores especializados, dedicados<br />

exclusivamente à produção de leite são poucos. A produtivi<strong>da</strong>de de leite é baixa por causa<br />

<strong>da</strong> incipiente capaci<strong>da</strong>de de suporte <strong>da</strong>s pastagens nativas, <strong>da</strong> não especialização do<br />

rebanho e do mercado inadequado.<br />

Ain<strong>da</strong> assim, a produção leiteira <strong>da</strong> Região Norte teve um crescimento de 7,64 %<br />

ao ano entre 1990 e 2004. Os Estados que mais contribuíram para esse crescimento foram<br />

o Acre, Rondônia e Pará, respectivamente com 12,92%, 9,67% e 7,00% (Tabela 4). Esse<br />

crescimento apresenta-se, ain<strong>da</strong>, maior quando se observa o período mais recente, entre<br />

2000 e 2004, quando a taxa de crescimento verifica<strong>da</strong> foi de 11,76%. Modo geral, esse<br />

crescimento está associado ao menor custo de oportuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> terra e mão-de-obra na<br />

Região, a produção familiar e a disponibili<strong>da</strong>de de financiamento para a ativi<strong>da</strong>de.<br />

Em 2004, a maior produção foi do Estado de Rondônia com 646.437 mil litros de leite,<br />

seguidos dos Estados do Pará com 639.102 mil litros, Tocantins com 214.720 mil litros e Acre com<br />

109.154 mil litros. A menor produção é a do Estado do Amapá, como se observa na Tabela 4.<br />

Tabela 4 – Produção de leite (mil litros) <strong>da</strong> Região Norte e Estados, 1990 a 2004.<br />

Fonte: IBGE/PPM, 2006.<br />

Nota: Taxa Geométrica de Crescimento determina<strong>da</strong> por meio de regressão linear. (*) e (**) indicam<br />

significância a 1% e 5% de probali<strong>da</strong>de e (ns) não significativo. Os valores entre parênteses referemse<br />

à estatística t, de Stu<strong>da</strong>nt.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

19


O Gráfico 5, por sua vez, mostra a participação dos Estados <strong>da</strong> Região na produção<br />

de leite para o ano de 2004. Os Estados de Rondônia e Pará respondem por 77,30% <strong>da</strong><br />

produção regional. Tocantins e Acre estão em uma situação intermediária com,<br />

respectivamente, 12,91% e 6,56%, enquanto os Estados do Amazonas, Roraima e Amapá,<br />

com menos de 3,30% <strong>da</strong> produção regional, destacam-se pela pequena especialização na<br />

produção leiteira.<br />

Gráfico 5 – Participação (%) dos Estados <strong>da</strong> Região Norte na produção de leite regional, 2004.<br />

Fonte: IBGE/PPM, 2006.<br />

O Gráfico 6 apresenta a evolução <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de do rebanho leiteiro do Brasil,<br />

dos Estados <strong>da</strong> Região Norte e Santa Catarina para o período de 1990 a 2005. Santa Catarina<br />

desponta como uma <strong>da</strong>s melhores produtivi<strong>da</strong>des do País, passando de 1.155 litros/vaca/<br />

ano, em 1990, para 2.154 litros/vaca/ano em 2005, mantendo-se sempre acima <strong>da</strong> média<br />

nacional que passou de 759 litros/vaca/ano para 1.991, considerando o mesmo período.<br />

Os Estados <strong>da</strong> Região Norte, por sua vez, mantiveram-se sempre a baixo <strong>da</strong> média<br />

nacional para to<strong>da</strong> série analisa<strong>da</strong>. Os Estados do Amazonas e Acre, inclusive, involuíram<br />

quando se compara a produtivi<strong>da</strong>de do ano de 1990 e 2005, significando que não<br />

acompanharam a tendência de incrementos na produtivi<strong>da</strong>de observa<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as demais<br />

Uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Federação (Gráfico 6).<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 20


Gráfico 6 – Evolução <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de do rebanho leiteiro do Brasil e Estados selecionados, 1990<br />

a 2005<br />

Fonte: IBGE/PPM, 2006.<br />

A Tabela 5 apresenta a taxa de variação <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de do Brasil e Uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

Federação entre os anos de 1990 e 2005. O País apresentou um incremento de 56,83% na<br />

produtivi<strong>da</strong>de. O Distrito Federal e os Estado de Goiás e Roraima foram os que apresentaram<br />

as maiores variações, assegurando, aos dois primeiros, melhoras significativas no ranking<br />

dos estados produtores de leite nacional. O Distrito Federal passou <strong>da</strong> 16ª posição para 6ª<br />

e o Estado de Goiás <strong>da</strong> 21ª para a 10ª posição.<br />

O Estado de Roraima, embora tenha tido um incremento de produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

ordem de 124,58%, passando de 140 litros/vaca/ano para 314 litros/vaca/ano, manteve-se<br />

na última posição entre os estados produtores.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

21


Tabela 5 - Produtivi<strong>da</strong>de do rebanho leiteiro do Brasil e Uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Federação, em litros/vaca/<br />

ano, 1990 e 2005.<br />

Fonte: IBGE (2006).<br />

O Estado de Rondônia, mesmo piorando sua posição no ranking dos estados<br />

produtores, entre os anos de 1990 e 2005, apresentou o melhor desempenho entre os<br />

estados nortistas quanto a esse coeficiente (18º posição em 2005). Os Estados do Amapá,<br />

Pará, Amazonas, Acre, Tocantins e Roraima, ocupavam, em 2005, respectivamente a 20ª,<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 22


21ª, 22ª, 24ª, 25ª e 27ª posições entre os estados produtores. Percebe-se um grande<br />

distanciamento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de dos Estados <strong>da</strong> Região Norte quando comparados com a<br />

média do Brasil. Neste caso, chega a 510 litros/vaca/ano, quando se confronta a média<br />

nacional com a melhor produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Região Norte (681 litros/vaca/ano no Estado de<br />

Rondônia). Quando a comparação é realiza<strong>da</strong> com o Estado de Santa Catarina, essa diferença<br />

se amplia para 1.473 litros/vaca/ano. Isso está relacionado, principalmente, ao atraso<br />

tecnológico, aos problemas de infra-estrutura e ao pouco profissionalismo <strong>da</strong> maioria dos<br />

produtores na Região.<br />

No que tange à agroindústria de leite e derivados <strong>da</strong> Região Norte, mesmo as<br />

boas práticas de fabricação, ain<strong>da</strong> não foram implanta<strong>da</strong>s, sobretudo nas fazen<strong>da</strong>s, no que<br />

refere à coleta do leite e/ou a fabricação de queijos em pequena escala.<br />

As boas práticas de fabricação (BPF) e a análise de perigos e pontos críticos de<br />

controle (APPCC) são requisitos de quali<strong>da</strong>de total que estão na base <strong>da</strong> comercialização<br />

dos produtos com segurança alimentar e <strong>da</strong> criação de vantagens competitivas dinâmicas<br />

e sustentáveis. Este requisito, no entanto, ain<strong>da</strong> não foi implantado na indústria de laticínios<br />

<strong>da</strong> Região Norte. Muitos fatores contribuem para isto: mão-de-obra não qualifica<strong>da</strong>; infraestrutura<br />

física inadequa<strong>da</strong> na captação do leite e na industrialização do produto nos<br />

micro e pequenos laticínios; carência de assistência técnica; grande parcela <strong>da</strong> produção<br />

informal; baixa diversificação <strong>da</strong> produção e grande poder dos médios laticínios na<br />

determinação do preço <strong>da</strong> matéria-prima e no abastecimento dos mercados local, regional<br />

e nacional.<br />

Especificamente no Estado do Pará, os trabalhos de Santana (2002) e Tabor<strong>da</strong> e<br />

Santana (2002) mostram que a ausência de higiene na produção de leite no Estado do<br />

Pará é um fator limitante para a economia <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s e a rentabili<strong>da</strong>de dos laticínios.<br />

Observou-se que a ordenha <strong>da</strong>s vacas, realiza<strong>da</strong> na quase totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s paraenses,<br />

é feita manualmente, com ausência ou má higienização <strong>da</strong>s tetas <strong>da</strong>s vacas, assim como,<br />

dos recipientes onde o leite é armazenado. Detectou-se que o leite chega aos laticínios e/<br />

ou nas indústrias de queijo com eleva<strong>da</strong> acidez, fruto <strong>da</strong>s precárias condições de higiene<br />

do leite, levando a uma per<strong>da</strong> de 40 a 60% do leite transportado.<br />

Este quadro não diferente para os demais Estados <strong>da</strong> Região Norte. Para o Estado<br />

de Rondônia, o estudo do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2002)<br />

revelou igual comportamento.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

23


5 ANÁLISE DE CICLO E SAZONALIDADE DO PREÇO DO LEITE<br />

Os preços reais médios do leite tipo C recebido pelos produtores <strong>da</strong> Região Norte<br />

apresentam comportamento estacionário, flutuando em torno R$ 0,154/l. Os preços foram<br />

corrigidos pelo Índice Geral de Preço-Disponibili<strong>da</strong>de Interna (IGP-DI) <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Getúlio<br />

Vargas (FGV), tendo como base o mês de agosto de 1994. Como a série é estacionária sem<br />

tendência, a média móvel representa o comportamento do índice cíclico do preço do leite.<br />

Um ciclo pode ser medido pelo intervalo entre dois picos do índice ou dois vales. No Gráfico<br />

7, a série exibe dois ciclos: o primeiro inicia-se em janeiro de 2002, quando o índice atinge<br />

o nível de R$0,131/l e se estende até janeiro de 2004, com valor igual a R$0,154/l; O<br />

segundo ciclo inicia em janeiro de 2004 e se prolonga até novembro de 2005, quando<br />

alcançou R$0,143/l.<br />

Gráfico 7 – Comportamento cíclico do preço do leite tipo C (R$/l) na Região Norte, no período<br />

2001 a 2005.<br />

A visualização do comportamento cíclico dos preços do produto permite que o<br />

produtor planeje sua ativi<strong>da</strong>de contra as flutuações de preço como reflexo <strong>da</strong> própria<br />

inércia <strong>da</strong> economia regional. Adicionalmente, a análise <strong>da</strong> sazonali<strong>da</strong>de, o produtor<br />

consegue identificar claramente qual o período do ano em que as oscilações do preço do<br />

leite podem comprometer mais fortemente suas decisões.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 24


No Gráfico 8, apresenta-se o comportamento sazonal do preço médio recebido<br />

pelo produtor de leite tipo C na Região Norte.<br />

O período de safra do leite ocorre nos meses de outubro a março, quando o índice<br />

de preços está abaixo de 100 e a entressafra entre abril a setembro. A amplitude de variação<br />

dos preços foi de 14,34%, medido pela diferença entre o índice mais alto, registrado em<br />

julho (107,85% - 7,85% acima do índice médio) e o índice mais baixo, verificado em fevereiro<br />

(93,51% - 6,49% abaixo do índice médio). No período de agosto a março, observa-se que<br />

o risco de previsão do preço médio é maior, observado pela magnitude do desvio padrão<br />

médio de 8,05%.<br />

Gráfico 8 – Comportamento sazonal dos preços médios do leite tipo C <strong>da</strong> Região Norte, no período<br />

de 2001 a 2005.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

25


6 ANÁLISE ESPACIAL DA PRODUÇÃO DE LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

A produção leiteira na Região Norte, como já foi destacado, ocorre principalmente<br />

nos Estados do Acre, Pará, Rondônia e Tocantins. Para identificar os municípios especializados<br />

na produção de leite e laticínios nesses Estados foi utiliza<strong>da</strong> a metodologia do Índice de<br />

Concentração Normalizado (ICN), descrita no Apêndice Metodológico. Os cálculos deste<br />

índice foram elaborados a partir do número de vacas ordenhados do IBGE, do número de<br />

empregos e estabelecimentos <strong>da</strong> Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e crédito<br />

com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO).<br />

A seguir, apresenta-se a descrição dessas variáveis:<br />

1 VBP: capta a importância monetária <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de para a economia do município,<br />

relativamente a economia do estado, independente <strong>da</strong> tecnologia emprega<strong>da</strong><br />

e <strong>da</strong> forma de utilização <strong>da</strong> mão-de-obra (formal e/ou informal, remunera<strong>da</strong><br />

e/ou não-remunera<strong>da</strong>);<br />

2 Emprego e Estabelecimento: revela a importância <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des formais dos<br />

municípios no contexto <strong>da</strong> economia do Estado. Mantém uma correlação forte<br />

com o capital humano e social, vez que representa o potencial para evoluir<br />

como ativi<strong>da</strong>de empresarial e estimuladora <strong>da</strong>s cadeias produtivas;<br />

3 Crédito: é uma variável que deveria manter forte correlação com as duas variáveis<br />

anteriores, vez que sua aplicação deve ter como condição os locais onde há real<br />

potencial de desenvolvimento, indica<strong>da</strong>s pelas variáveis VBP e emprego.<br />

6.1 PRODUÇÃO DO ESTADO DE RONDÔNIA<br />

6.1.1 Caracterização geral <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira no Estado de Rondônia<br />

O início <strong>da</strong> pecuária leiteira no Estado de Rondônia esteve associado ao estímulo<br />

do governo estadual na déca<strong>da</strong> de 1970, quando incentivou a instalação de dois laticínios:<br />

um em Porto Velho e outro em Ouro Preto do Oeste. Esta iniciativa fomentou o aparecimento<br />

de várias indústrias de pequeno, médio e grande porte e a expansão <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de na<br />

economia rondoniense.<br />

Atualmente, o Estado de Rondônia desponta como o que mais produz leite na<br />

Região Norte, posição ocupa<strong>da</strong> até então pelo Estado do Pará. Em 15 anos - no período<br />

compreendido entre 1990 e 2004 - a produção passou de 158,5 milhões para 646,4 milhões<br />

de litros, um incremento de quase 308%.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 26


O sistema de produção, em sua maioria, é caracterizado pelo uso <strong>da</strong> mão-deobra<br />

familiar, produção extensiva, baixo uso de suplementação alimentar para o rebanho<br />

(volumoso e concentrado), não adoção de tratos culturais adequados, significativa deficiência<br />

na orientação técnica <strong>da</strong><strong>da</strong> aos produtores, pouca especialização do rebanho para a<br />

produção de leite, tudo isso culminando com a deficiente quali<strong>da</strong>de do leite produzido no<br />

Estado de Rondônia. A produtivi<strong>da</strong>de média de leite/vaca/dia é de 2,9 litros, podendo chegar<br />

a 3,5 litros em planteis melhorados, sendo que a plena produção inicia-se a partir do 24º<br />

mês de vi<strong>da</strong> do animal. Da produção total, 25% foram destina<strong>da</strong>s ao consumo in natura e<br />

a fabricação de queijo caseiro e 75% destinado às indústrias.<br />

Dados do SEBRAE (2002) indicaram que apenas de 5,2% dos produtores possuíam<br />

resfriadores de leite, o que comprova o baixo nível tecnológico adotado na captação do<br />

leite. As visitas realiza<strong>da</strong>s em algumas proprie<strong>da</strong>des agrícolas e nos lacticínios evidenciaram<br />

esse atraso. É considerável o volume de produtores que entregam o leite em latões de<br />

ferro/plástico. Há de se destacar, no entanto, que algumas políticas públicas, como o<br />

PROLEITE e o INSEMINAR do Governo do Estado, bem como iniciativas dos laticínios, vêm<br />

apresentando resultados positivos no sentido de implementar a adoção de uni<strong>da</strong>des de<br />

resfriamento na proprie<strong>da</strong>de.<br />

No caso do PROLEITE, foi constituído um Fundo privado, a partir de recursos<br />

financeiros provenientes <strong>da</strong> redução do recolhimento do Imposto sobre Circulação de<br />

Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), com vistas a assistir os pequenos produtores,<br />

técnicos e extensionistas do quadro governamental e dos laticínios com cursos de<br />

capacitação, dia de campo, excursões com o propósito de implementar modernas técnicas<br />

de produção. O Projeto INSEMINAR, por sua vez, procura levar ao pequeno produtor rural<br />

semens e tourinhos de raça gir e holandês e todo o equipamento necessário para que ele<br />

possa melhorar geneticamente o seu rebanho, visando o aproveitamento do produto e o<br />

aumento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar.<br />

A adequação <strong>da</strong> Normativa Institucional nº 51 que estipulou um prazo, até 01 de<br />

julho de 2007, para que todos os produtores de leite passem a fazer a entrega de seus<br />

produtos em tanques de resfriamento, contribui para garantir quali<strong>da</strong>de ao produto. Existe,<br />

no entanto, a expectativa, por parte <strong>da</strong> classe produtiva, de que essa <strong>da</strong>ta deva ser alonga<strong>da</strong>.<br />

Pode-se perceber, de alguma forma, que esse movimento em busca de melhoria<br />

na quali<strong>da</strong>de do produto <strong>da</strong> Região. Alguns produtores <strong>da</strong> agricultura familiar já dispõem<br />

de rebanho de quali<strong>da</strong>de, ordenha mecaniza<strong>da</strong> e tanques de resfriamento de leite na<br />

proprie<strong>da</strong>de. Nessas proprie<strong>da</strong>des, o caminhão passa recolhendo a produção de dois em<br />

dois dias. O preço pago, nessas condições, gira em torno de R$0,42 por litro, 12 centavos<br />

de real acima dos R$0,30 pago pelo leite in natura sem resfriamento.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

27


O Estado conta, atualmente, com 66 empresas no setor de lacticínios com SIF<br />

e SIE, entre pequenos, médios e grandes empreendimentos como os grupos PARMALAT<br />

e TRADIÇÃO, que produzem leite longa vi<strong>da</strong>. O laticínio TRADIÇÃO passa por um<br />

processo de ampliação <strong>da</strong> planta industrial, com vistas a contemplar a produção de<br />

leite em pó. A obra de engenharia está em estágio avançado, devendo funcionar ain<strong>da</strong><br />

em 2007.<br />

Muitas outras uni<strong>da</strong>des estão em construção no Estado, como as do grupo<br />

AGRORIO com projetos para produção de leite em pó no Município de Ji-Paraná. A empresa<br />

visa, ain<strong>da</strong>, adquirir o soro doce de leite de outros laticínios para beneficiamento. Atualmente,<br />

esse soro é descartado como resíduo.<br />

As fábricas de beneficiamento de leite e derivados estão concentra<strong>da</strong>s no<br />

entorno <strong>da</strong>s microrregiões de Ouro Preto do Oeste, Rolim de Moura, Ji-Paraná, Cacoal,<br />

Ariquemes, Porto Velho e Vilhena. O movimento industrial dessas uni<strong>da</strong>des, segundo<br />

<strong>da</strong>dos coletados junto a Agência de Defesa Sanitária e Agrosilvopastoril do Estado de<br />

Rondônia (IDARON) e Superintendência Federal de Agricultura (SFA), para o ano de 2005,<br />

são apresentados a baixo:<br />

168.886.619 litros de leite, sendo: 44,14%, de UHT integral/esterelizado;<br />

36,52%, de leite cru resfriado tipo C; 10,03%, de leite condensado;<br />

2.349.700 litros de iogurte;<br />

47.758.574 kg de queijos;<br />

2.177.634 kg de creme;<br />

1.951.513 kg manteigas;<br />

Um volume considerável <strong>da</strong> produção é comercializa<strong>da</strong> para o Estado de São<br />

Paulo, que chega a absorver 80,00% <strong>da</strong> produção de queijos e 35% de manteiga.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 28


6.1.2 Concentração espacial <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira<br />

Em Rondônia, o rebanho leiteiro está concentrado em três microrregiões: Alvora<strong>da</strong><br />

D’Oeste, Ji-Paraná e Porto Velho. O número de municípios especializados em 2000 totalizou<br />

21. Em 2004, mesmo apresentando crescimento de mais de 100%, o número de municípios<br />

especializados em rebanho leiteiro reduziu para 18, em decorrência desse crescimento ter<br />

se concentrado em alguns municípios. Os municípios que apresentaram especialização nos<br />

dois períodos analisados foram 14: Microrregião Ji-Paraná: Teixeirópolis, Ouro Preto do<br />

Oeste, Presidente Médice, Theobroma, Mirante <strong>da</strong> Serra, Nova União, Ji-Paraná, Governador<br />

Jorge Teixeira, Jaru; Microrregião Alvora<strong>da</strong> D’Oeste: Alvora<strong>da</strong> D’Oeste, São Miguel;<br />

Microrregião Porto Velho: Nova Mamoré; Microrregião Vilhena: São Felipe D’Oeste; e<br />

Microrregião Cacoal: Novo Horizonte do Oeste (Mapa 1). Os <strong>da</strong>dos quantitativos podem<br />

ser visualizados nas Tabelas 1 e 2 do Apêndice de Tabelas do ICN.<br />

Mapa 1 - Municípios especializados na produção de leite através do número de animais ordenhados,<br />

no Estado do Rondônia, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

29


Em relação ao crédito, a concentração está localiza<strong>da</strong>, principalmente, nas<br />

microrregiões vizinhas, Porto Velho, Ji-Paraná e Ariquemes. Em 2000, foram 21 municípios<br />

que concentraram o crédito destinado para a ativi<strong>da</strong>de e em 2004, reduziu para 16. Apenas<br />

6 municípios apresentaram concentração <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de nos dois períodos analisados:<br />

Microrregião Ariquemes: Machadinho D’Oeste; Microrregião Porto Velho: Nova Mamoré,<br />

Cujubim; Microrregião Ji-Paraná: Theobroma, Governador Jorge Teixeira; Microrregião<br />

Velhena: Vilhena (Mapa 2).<br />

Mapa 2 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável crédito, no Estado do<br />

Rondônia, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 30


O ICN através do número de estabelecimentos indica, principalmente, as<br />

microrregiões de Porto Velho e Ji-Paraná, como especializa<strong>da</strong>s em laticínios. Em 2000, 13<br />

municípios apresentavam especialização com base nessa variável. Em 2004, esse número<br />

passou para 21. Aqui, somente seis municípios foram identificados como especializados<br />

em ambos os períodos: Microrregião Ji-Paraná: Teixeirópolis, Governador Jorge Teixeira,<br />

Urupá, Theobroma; Microrregião Porto Velho: Nova Mamoré e; Microrregião Cacoal: Santa<br />

Luzia D’Oeste (Mapa 3).<br />

Mapa 3 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável estabelecimento, no<br />

Estado do Rondônia, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

31


Com base no emprego, as microrregiões de Ji-Paraná e Colorado D’Oeste se<br />

destacam. Em 2000 e 2004, o número de municípios especializados totalizou 21, contudo,<br />

aqueles que apresentaram especialização nos dois anos somaram 17: Microrregião Ji-<br />

Paraná: Jaru, Ji-Paraná, Teixeirópolis, Governador Jorge Teixeira, Ouro Preto do Oeste, Urupá,<br />

Presidente Médice, Nova União, Theobroma, Mirante <strong>da</strong> Serra, Vale do Paraíso; Microrregião<br />

Colorado D’Oeste: Cerejeiras, Colorado do Oeste e Cabixi; Microrregião Cacoal: Santa Luzia<br />

D’Oeste e Rolim de Moura; Microrregião Alvora<strong>da</strong> D’Oeste: Seringueiras (Mapa 4).<br />

Mapa 4 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável emprego, no Estado<br />

do Rondônia, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

Somente a microrregião de Ji-Paraná, representa<strong>da</strong> pelos Municípios Theobroma<br />

e Governador Jorge Teixeira, apresentou especialização para as quatro variáveis no período<br />

analisado.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 32


6.2 PRODUÇÃO DO ESTADO DO PARÁ<br />

6.2.1 Caracterização geral <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira no Estado do Pará<br />

A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, o rebanho do Estado do Pará apresenta um forte<br />

crescimento, <strong>da</strong> ordem de 547%, entre 1974 e 1994, passando de 1.377.655 para 7.539.452<br />

cabeças. Esse aumento se deu pela expansão <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de na Região Sul do Pará, onde<br />

foram verificados maiores investimentos, melhores tratamentos sanitários e manejo de<br />

animais em pastos com maior número de divisões, que em outras regiões do Estado. Mais<br />

recentemente, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, com o fortalecimento <strong>da</strong> agricultura familiar e<br />

melhorias na infra-estrutura viária, expandiu a exploração comercial do leite (ARIMA; UHL,<br />

1996; ALVES et al., 2006). Entre 1993 e 2003, a participação <strong>da</strong> mesorregião Sudeste do<br />

Pará, no rebanho do Estado, tem se mantido entre 60 e 70%, segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> IBGE<br />

(2006).<br />

O Gráfico 9 mostra a produção de leite <strong>da</strong>s Mesorregiões do Estado do Pará de<br />

1990 a 2004. Nele pode-se observar o destaque que detém o Sudeste Paraense, que em<br />

2004 foi responsável por 81% <strong>da</strong> produção leiteira paraense.<br />

Gráfico 9 - Produção de leite <strong>da</strong>s Mesorregiões do Pará, em mil litros, de 1990 a 2004.<br />

Fonte: IBGE (2006).<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

33


Contudo, a Região Sudeste Paraense, ain<strong>da</strong>, possui muitos problemas que<br />

dificultam o desenvolvimento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de. A produção é caracteriza<strong>da</strong> pela pequena<br />

proprie<strong>da</strong>de, cujo produtor dispõe de baixa capaci<strong>da</strong>de de investimento; insuficientes<br />

técnicas de manejo de pasto, animal e sanitário; baixa utilização de insumos e<br />

conseqüentemente, baixa produtivi<strong>da</strong>de. A quali<strong>da</strong>de do produto, também, é baixa devido<br />

a falta de resfriamento do leite ou ao acondicionamento inadequado, quando ocorre o<br />

resfriamento. A conseqüência disso é o alto teor de acidez do produto destinado,<br />

basicamente, para a produção de queijo.<br />

Colabora para a falta de resfriamento, além <strong>da</strong> baixa capaci<strong>da</strong>de de investimento<br />

dos pequenos produtores, a carência de energia elétrica em muitas comuni<strong>da</strong>des<br />

produtoras de leite <strong>da</strong> região. Esses problemas comprometem o cumprimento <strong>da</strong> Instrução<br />

Normativa 51.<br />

A Tabela 6 apresenta o número de estabelecimentos com SIF e os que estão em<br />

fase de análise para registro junto a Superintendência Federal de Agricultura (SFA) do<br />

Estado do Pará, com base em abril de 2007.<br />

São 17 estabelecimentos em funcionamento e sete novos pleitos de registro.<br />

Entre os que estão em ativi<strong>da</strong>de, conta-se com três usinas de beneficiamento com capaci<strong>da</strong>de<br />

de receber, filtrar, beneficiar e acondicionar higienicamente cerca de 257.500 litros/dia de<br />

leite para atender deman<strong>da</strong> de consumo final ou dos entrepostos. As doze fábricas de<br />

laticínios, por sua vez, têm capaci<strong>da</strong>de de recebimento de 394.500 litros/dia de leite e de<br />

creme para o preparo de laticínios. Os dois postos de resfriamento têm capaci<strong>da</strong>de de<br />

receber até 70.000 litros/dia (Tabela 6).<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 34


Tabela 6 – Estabelecimentos com SIF no Estado do Pará, 2007<br />

Fonte: SFA/DIPOA, maio de 2007.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

35


6.2.2 Concentração espacial <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira<br />

Dentro <strong>da</strong> mesorregião Sudeste do Pará, o rebanho leiteiro está concentrado<br />

principalmente nas microrregiões de São Félix do Xingu, Redenção, Parauapebas, Marabá<br />

e Paragominas. O cálculo do ICN para essa variável, em 2000, indicou 50 municípios<br />

especializados na produção de leite. Em 2004, esse número foi de 51, entretanto, aqueles<br />

que apresentaram especialização simultânea nos dois períodos somaram 39, como pode<br />

ser observado no Mapa 5. O município que se destacam na especialização de animais<br />

ordenhados são: Microrregião São Felix do Xingu: São Felix do Xingu, Tucumã e Ourilândia<br />

do Norte; Microrregião de Parauapebas: Água Azul do Norte, Microrregião de Marabá:<br />

Marabá; e Microrregião Tucuruí: Jacundá. Para uma visualização dos <strong>da</strong>dos quantitativos,<br />

consultar Apêndice de Tabelas (Páginas 58 a 61).<br />

Mapa 5 - Municípios especializados na produção de leite através do número de animais ordenhados,<br />

no Estado do Pará, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 36


O ICN do crédito concedido à ativi<strong>da</strong>de está concentrado, especialmente, nas<br />

microrregiões de Tucuruí, São Felix do Xingu, Conceição do Araguaia e Parauapebas. Em<br />

2000, foram 37 os municípios especializados em crédito. Em 2004, esse número reduziu<br />

para 34. Os municípios que apresentaram especialização em ambos os períodos totalizaram<br />

18: Microrregião de Tucuruí: Novo Repartimento, Jacundá, Breu Branco, Itupiranga;<br />

Microrregião São Felix do Xingu: São Felix do Xingu, Tucumã, Ourilândia do Norte;<br />

Microrregião Conceição do Araguaia: Conceição do Araguaia, Floresta do Araguaia e Santa<br />

Maria <strong>da</strong>s Barreiras; Microrregião Parauapebas: Parauapebas, Eldorado do Carajás e<br />

Curionópolis. Microrregião Paragominas: Rondon do Pará e Goianésia do Pará; Microrregião<br />

Redenção: Xinguara; Microrregião Marabá: Marabá, e; Microrregião Guamá: Aurora do<br />

Pará (Mapa 6). Esse resultado mostra que a aplicação do crédito nos anos analisados,<br />

ocorreu nas microrregiões especializa<strong>da</strong>s na produção.<br />

Mapa 6 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável crédito, no Estado do<br />

Pará, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

37


O ICN a partir do número de estabelecimentos aponta as microrregiões de Redenção,<br />

São Felix do Xingu, Parauapebas, Conceição do Araguaia e Paragominas como as mais<br />

especializa<strong>da</strong>s. Em to<strong>da</strong> a mesorregião Sudeste do Pará existem 14 laticínios registrados. Em<br />

2000, foram identificados 24 municípios como especializados na produção de laticínios. Em<br />

2004, esse número passa para 44, acompanhando o aumento, no período, de 120% no<br />

número de estabelecimentos no estado. Os municípios que apresentaram especialização<br />

nos dois períodos analisados foram: Microrregião Redenção: Xinguara, Sapucaia, Redenção,<br />

Rio Maria; Microrregião São Felix do Xingu: Ourilândia do Norte e Tucumã; Microrregião<br />

Parauapebas: Água Azul do Norte e Canaã dos Carajás; Microrregião Conceição do Araguaia:<br />

Conceição do Araguaia e Floresta do Araguaia; Belém; Microrregião Paragominas: Rondon<br />

do Pará e Dom Elizeu; Microrregião Tucuruí: Jacundá; Microrregião Belém: Belém; Microrregião<br />

Marabá: Marabá; Microrregião Santarém: Santarém; Microrregião Castanhal: Castanhal;<br />

Microrregião Bragantina: Capanema; Microrregião Altamira: Brasil Novo (Mapa 7).<br />

Mapa 7 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável estabelecimento, no<br />

Estado do Pará, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 38


Quando as microrregiões especializa<strong>da</strong>s são analisa<strong>da</strong>s com base no emprego,<br />

verificou-se certa dispersão espacial, como pode ser observado no Mapa 8. As microrregiões<br />

de maior concentração foram Redenção e São Felix do Xingu com dois municípios ca<strong>da</strong><br />

uma. Em 2000, 18 apresentaram especialização na produção de laticínios e em 2004<br />

aumentaram para 22. Em todo o estado os laticínios apresentaram um aumento de<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 30% no emprego formal. Os municípios que despontam como<br />

especializados em ambos os períodos foram 11: Microrregião Redenção: Xinguara e<br />

Sapucaia; Microrregião São Felix do Xingu: Tucumã e Ourilândia do Norte; Microrregião<br />

Conceição do Araguaia: Conceição do Araguaia; Microrregião Marabá: Marabá; Microrregião<br />

Tucuruí: Jacundá; Microrregião Castanhal: Castanhal; Microrregião Belém: Belém,<br />

Microrregião Altamira: Brasil Novo e; Microrregião Capanema: Capanema.<br />

Mapa 8 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável emprego, no Estado<br />

do Pará, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

39


Os municípios indicados pelo ICN como especializados nas quatro variáveis nos<br />

dois anos analisados foram 5: Microrregião Redenção: Xinguara; Microrregião Marabá:<br />

Marabá; Microrregião Tucuruí: Jacundá; Microrregião Conceição do Araguaia: Conceição<br />

do Araguaia e Microrregião São Felix do Xingu: Tucumã.<br />

6.3 PRODUÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS<br />

6.3.1 Caracterização geral <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira no Estado do Tocantins<br />

O Estado do Tocantins, segundo <strong>da</strong>dos do IBGE para o ano de 2004, ocupa a 18ª<br />

posição no ranking dos Estados produtores de leite, com uma produção de 214.720 mil<br />

litros e uma produtivi<strong>da</strong>de de 470 litros/vaca/ano, ficando atrás, na Região Norte, dos<br />

Estados de Rondônia e Pará, respectivamente 8º e 9º lugar. Nesse mesmo ano, a produção<br />

nacional foi <strong>da</strong> ordem de 23.474.694 mil litros.<br />

O segmento, ain<strong>da</strong>, registra alto nível de informali<strong>da</strong>de. Alguns informantes, como<br />

a Federação <strong>da</strong>s Indústrias do Estado do Tocantins (FIETO), dão conta que essa informali<strong>da</strong>de<br />

chega a atingir 68%. Dados <strong>da</strong> ADAPEC, para o ano de 2002, por sua vez, indicam que fica<br />

em torno de 34%. Nessa linha, os laticínios visitados reclamaram <strong>da</strong> concorrência desleal<br />

sofri<strong>da</strong> pelo mercado informal, pois não assumem to<strong>da</strong> sua estrutura de custos, entre elas<br />

os impostos, conseguindo vender o produto a um preço mais baixo.<br />

O rebanho tocantinense é pouco especializado para a produção de leite, embora<br />

tenha havido uma melhora nos últimos anos. Percebe-se, modo geral, que há um baixo<br />

nível tecnológico dos produtores de leite no Estado. A assistência técnica é recebi<strong>da</strong> por<br />

uma pequena parcela de produtores. Diagnóstico realizado junto aos produtores de leite<br />

<strong>da</strong> Região de Gurupi dá conta que 71% deles não recebiam assistência técnica; 87%<br />

armazenavam o leite em tambores plásticos; e apenas 8,6% possuíam ordenha mecaniza<strong>da</strong><br />

(COSTA, 2006).<br />

O preço recebido pelo produtor varia entre R$0,45 para o leite entregue em latão<br />

e R$0,50 para o resfriado. O mercado estadual não faz distinção de preço entre os leites<br />

tipo B e C, sendo comercializados nos supermercados de Palmas a R$0,80. Isso, de certa<br />

forma, desestimula o produtor a incorporar tecnologia, como a ordenha mecaniza<strong>da</strong> que<br />

diferencia o leite tipo B do C.<br />

O consumo médio anual de leite é considerado baixo no Estado, oscilando em<br />

torno de 40 litros/hab/ano, enquanto os de refrigerantes, café e cerveja, ficam,<br />

respectivamente, em 55, 61 e 68 litros/hab/ano.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 40


O leite processado no Estado, modo geral, não atende aos padrões de quali<strong>da</strong>de<br />

estabelecidos na legislação e os laticínios fabricam produtos de baixo valor agregado,<br />

normalmente, queijo mussarela e leite pasteurizado tipo C. Alguns laticínios iniciam um<br />

processo de modernização, inclusive preocupados com a quali<strong>da</strong>de e o lançamento de<br />

novos produtos como: iogurte e bebi<strong>da</strong>s lácteas com sabores diferenciados.<br />

Um dos gargalos apontados pelos laticínios para o deslanche <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de estão<br />

relacionados com as condições de infra-estrutura, como: estra<strong>da</strong>s e a falta de estabili<strong>da</strong>de<br />

no fornecimento de energia elétrica. A precarie<strong>da</strong>de de algumas estra<strong>da</strong>s vicinais dificulta<br />

e cria uma série de retar<strong>da</strong>mento na coleta do leite nas proprie<strong>da</strong>des, contribuindo para<br />

depreciação do leite. O problema na distribuição de energia tem prejudicado a expansão<br />

do sistema de tanques de resfriamento nas proprie<strong>da</strong>des, bem como, contribuiu para elevar<br />

seu custo operacional, com custos adicionais de manutenção e substituição de peças nos<br />

resfriadores instalados nas proprie<strong>da</strong>des rurais.<br />

As instituições do Estado têm trabalhado com foco em arranjos produtivos locais<br />

(APL), dentre os quais a pecuária leiteira tem sido prioriza<strong>da</strong>. Nesse sentido, as uni<strong>da</strong>des<br />

de demonstração conduzi<strong>da</strong>s pelo SEBRAE tem sido importantes. Os ganhos introduzidos<br />

por melhoria no nível tecnológico (pastejo rotacionado, suplementação alimentar, tanques<br />

de resfriamento, entre outros) e melhoria de gestão têm sido percebidos e multiplicados<br />

por um grupo de produtores assistidos pelo Programa.<br />

6.3.2 Concentração espacial <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira<br />

No Estado do Tocantins o rebanho leiteiro esta localizado, sobretudo, nas<br />

microrregiões de Araguaína e Jalapão. Em 2000, apresentou 54 municípios<br />

especializados e, em 2004, reduziu para 52, o que mostra que o crescimento de 30%<br />

no rebanho ficou concentrado nos municípios especializados. Os especializados nos<br />

dois períodos foram 42, com destaque para a Microregião Bico do Papagaio: Ananás e<br />

Angico; Microrregião Araguaína: Araguaína e Aragominas e; Microrregião Jalapão:<br />

Goiatins (Mapa 9).<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

41


Mapa 9 - Municípios especializados na produção de leite através do número de animais ordenhados,<br />

no Estado do Tocantins, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 42


O ICN do crédito mostra uma dispersão espacial dos municípios especializados,<br />

contudo há certa concentração nas microrregiões vizinhas de Araguaína e Bico do Papagaio.<br />

Em 2000, 47 municípios apresentavam especialização através do crédito e, em 2004, aumentou<br />

para 52. Nos dois períodos 23 municípios mostraram-se especializados para essa variável,<br />

com destaque para Microrregião Araguaína: Filadélfia; Microrregião Miracema do Tocantins:<br />

Couto de Magalhães; Microrregião Bico do Papagaio: Araguatins e Esperantina (Mapa 10).<br />

Mapa 10 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável crédito, no Estado<br />

do Tocantins, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

43


O ICN a partir <strong>da</strong> variável número de estabelecimento mostra um aumento de 17<br />

para 29 municípios com especializados de 2000 para 2004. Em todo o estado o número de<br />

estabelecimentos passou de 47 para 117, no mesmo período. Apenas 12 municípios dispersos<br />

em quatro microrregiões apresentaram especialização para os dois períodos: Microrregião<br />

Araguaína: Aragominas, Arapoema e Colinas do Tocantins; Microrregião Miracema do Tocantins:<br />

Bernardo Sayão, Brasilândia do Tocantins, Colméia e Pequizeiro; Microrregião Rio Formoso:<br />

Araguaçu e Fátima; e Microrregião Gurupi: Alvora<strong>da</strong>, Figueirópolis e Palmeirópolis (Mapa 11).<br />

Mapa 11- Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável estabelecimento, no<br />

Estado do Tocantins, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 44


Em relação ao emprego, o número de municípios especializados, de 2000 para 2004,<br />

caiu de 19 para 15. Contudo, o estado apresentou um aumento de mais de 70% do emprego<br />

formal em laticínios, ficando estes concentrados em apenas 5 municípios: Brasilândia do Tocantins,<br />

Arapoema, Araguaína, Colinas e Paraíso do Tacantins. Os municípios especializados nos dois<br />

períodos se mostraram dispersos espacialmente somando apenas 7: Microrregião Araguaína:<br />

Arapoema, Araguaína, Colinas do Tocantins, Aragominas; e Microrregião Miracema do Tocantins:<br />

Brasilândia do Tocantins, Colméia e Guaraí como pode ser observado no Mapa 12.<br />

Mapa 12 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável emprego, no Estado<br />

do Tocantins, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

Apenas o município de Aragominas, <strong>da</strong> Microrregião de Araguaína, apresentou<br />

especialização para as quatro variáveis nos dois anos.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

45


6.4 PRODUÇÃO DO ESTADO DO ACRE<br />

6.4.1 Caracterização geral <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira no Estado do Acre<br />

Em 2000, o rebanho leiteiro do Estado do Acre era de 68.702 cabeças. Em 2004,<br />

esse número mais que dobrou passando para 154.271. Esse crescimento acompanhou a<br />

evolução do rebanho bovino total que cresceu aproxima<strong>da</strong>mente 100% no mesmo período,<br />

passando de 1,03 para 2,06 milhões de cabeças.<br />

Contudo, a ativi<strong>da</strong>de leiteira não tem conseguido um bom desempenho. Vários<br />

fatores tem colaborado para isso, alguns estão relacionados com o bom desempenho <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de no Estado vizinho, Rondônia, onde grandes indústrias de laticínios se instalaram.<br />

Rondônia apresenta alguns avanços em relação ao Acre, como o início gradual <strong>da</strong> introdução<br />

de tanques de resfriamento, inclusive nas uni<strong>da</strong>des de produtores familiares. Também, tem<br />

maior diversi<strong>da</strong>de na produção de leite ao consumidor, produzindo além do leite tipo “C”,<br />

o UHT que tem maior vali<strong>da</strong>de, enquanto o Acre produz apenas o tipo “C”.<br />

Existem, ain<strong>da</strong>, problemas relacionados à infra-estrutura viária, que dificulta o<br />

transporte do leite até os laticínios com a quali<strong>da</strong>de requeri<strong>da</strong>. Todos esses fatores<br />

contribuem para o enfraquecimento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de no Acre, observa<strong>da</strong> nos baixos níveis de<br />

produtivi<strong>da</strong>de verificados historicamente, implicando, consequentemente, na redução dos<br />

municípios especializados na produção de leite de 2000 para 2004. Muitos produtores<br />

passam a direcionar seu negócio para a pecuária de corte, possibilitado em razão de grande<br />

parte dos empreendimentos possuir rebanho com aptidão mista.<br />

Os laticínios do Acre produzem, além do leite tipo “C”, queijo mussarela, manteiga,<br />

queijo minas frescal e coalho, que abastecem parte <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> estadual. O leite tipo “C”<br />

vem perdendo participação no mercado em nível nacional e estadual. Por outro lado, o<br />

leite UHT, o iogurte e as bebi<strong>da</strong>s lácteas têm ganhado espaço. Nesse contexto, o Acre<br />

importa quanti<strong>da</strong>des significativas de leite em pó e leite e UHT de outros Estados como<br />

pode ser observado na Tabela 7.<br />

Tabela 7- Importações de leite UHT e em pó do Estado do Acre, 2004 a jun. 2006<br />

Fonte: Secretaria <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> do Estado do Acre – SEFAZ<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 46


O maior laticínio no Estado é o Laticínio Acrelândia, localizado no Município do<br />

mesmo nome, sendo responsável por 10% do PIB municipal e envolvendo cerca de 383<br />

famílias no fornecimento de leite. O destino de sua produção é o mercado estadual,<br />

principalmente para a capital, Rio Branco, que é o maior mercado consumidor de leite do<br />

Estado. Esse laticínio produz leite pasteurizado Tipo “C”, além de outros produtos como<br />

queijo (ricota fresca e tempera<strong>da</strong>, minas frescal e mussarela).<br />

O preço recebido por produtor gira em torno de R$0,40/litro, sendo o custo de<br />

produção <strong>da</strong> ordem de R$ 0,22/litro. Nos Municípios de Acrelândia e Plácido de Castro<br />

localizam-se as maiores bacias leiteiras do Estado.<br />

6.4.2 Concentração espacial <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de leiteira<br />

A partir do ICN do número de vacas ordenhados, a concentração <strong>da</strong> produção de<br />

leite no Estado do Acre ocorre, principalmente, nas microrregiões de Cruzeiro do Sul e Rio<br />

Branco, como pode ser observado no Mapa 13. Entre 2000 e 2004 houve uma redução do<br />

número de municípios especializados de 10 para 8. O cálculo do ICN a partir do rebanho<br />

leiteiro aponta oito municípios que apresentaram especialização simultânea em 2000 e<br />

2004 foram: Microrregião Cruzeiro do Sul: Rodrigues Alves, Porto Walter, Marechal<br />

Thaumaturgo e Mâncio Lima; Microrregião Rio Branco: Porto Acre e Plácido de Castro;<br />

Microrregião Sena Madureira: Santa Rosa do Purus e; Microrregião Tarauacá: Jordão. A<br />

redução dos municípios especializados na pecuária leiteira, apesar do aumento do efetivo<br />

do rebanho bovino, está relaciona<strong>da</strong> aos fatores já mencionados.<br />

Mapa 13 - Municípios especializados na produção de leite através do número de animais<br />

ordenhados, no Estado do Acre, em 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

47


A especialização indica<strong>da</strong> pelo crédito, em 2000 e 2004, também mostra que a<br />

concentração está localiza<strong>da</strong> principalmente nas microrregiões de Cruzeiro do Sul e Rio<br />

Branco, as quais apresentam especialização simultânea nos dois períodos analisados. Os<br />

municípios especializados nos dois períodos foram quatro: Microrregião Rio Branco: Porto<br />

Acre e Senador Guiomar, Microrregião Cruzeiro do Sul: Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves,<br />

como mostra o Mapa 14.<br />

Mapa 14 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável crédito, no Estado<br />

do Acre, em 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

Quando se observa a especialização pelo número de estabelecimentos, a<br />

concentração ocorre tanto em 2000 quanto em 2004 nas microrregiões de Cruzeiro do Sul,<br />

Sena Madureira, Brasiléia e Rio Branco. Nesse período, houve um incremento de 26 para<br />

34 no número total de estabelecimentos, segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Rais/MTE, o que pode ter<br />

ocorrido em função do crescimento do rebanho. Os municípios especializados para essa<br />

variável são seis: Microrregião Sena Madureira: Sena Madureira, Senador Guiomar;<br />

Microrregião Brasiléia: Epitaciolândia e Brasiléia; Rio Branco: Porto Acre; Microrregião<br />

Cruzeiro do Sul: Cruzeiro do Sul (Mapa 15).<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 48


Mapa 15 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável estabelecimento, no<br />

Estado do Acre, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

Em relação ao emprego, as microrregiões que apresentam especialização nos dois<br />

anos analisados são Brasiléia e Rio Branco. Para essa variável, apenas dois municípios<br />

apresentaram especialização nos dois períodos analisados: Microrregião Rio Branco: Porto<br />

Acre; Microrregião Brasiléia: Brasiléia (Mapa 16). Apesar do número total de estabelecimentos<br />

de laticínios ter aumentado entre 2000 e 2004, os empregos gerados por esses estabelecimentos<br />

caiu de 162 para 140, o que pode ser reflexo <strong>da</strong> conjuntura não muito favorável à ativi<strong>da</strong>de.<br />

Mapa 16 - Municípios especializados na produção de leite através <strong>da</strong> variável emprego, no Estado<br />

do Acre, 2000 e 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

49


A Microrregião de Rio Branco foi a única a apresentar especialização para as<br />

quatro variáveis para os dois anos, em decorrência <strong>da</strong> participação significativa do Município<br />

de Porto Acre, único a apresentar especialização para to<strong>da</strong>s as variáveis no período analisado.<br />

Nestes termos, o ICN indica a configuração de arranjo produtivo local na microrregião de<br />

Rio Branco, tendo o Município de Porto Acre como centro desse arranjo.<br />

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O Brasil destaca-se no cenário internacional como o sexto produtor de leite. As<br />

Regiões maiores produtoras são a Sudeste e Sul que respondem, respectivamente, com<br />

39% e 27% <strong>da</strong> produção. Essa ativi<strong>da</strong>de tem significado especial por ocupar mais de três<br />

milhões de pessoas, <strong>da</strong>s quais um milhão são produtores, representando cerca de 40% dos<br />

postos de trabalho no meio rural.<br />

A Região Norte, com 7%, ocupa o último lugar entre as regiões produtoras. Os<br />

principais estados são Rondônia, Pará e Tocantins, que respondem por 39%, 38% e 13%,<br />

respectivamente, <strong>da</strong> produção regional. Os principais municípios especializados em laticínios<br />

para os períodos analisados, 2000 e 2004, no Estado de Rondônia são: Teixeirópolis,<br />

Governador Jorge Teixeira, Urupá, Theobroma (Microrregião Ji-Paraná); Nova Mamoré<br />

(Microrregião Porto Velho) e Santa Luzia D’Oeste (Microrregião Cacoal). No Estado do Pará<br />

destacam-se: Xinguara, Sapucaia, Redenção, Rio Maria (Microrregião Redenção); Ourilândia<br />

do Norte e Tucumã (Microrregião São Felix do Xingu); Água Azul do Norte e Canaã dos<br />

Carajás (Microrregião Parauapebas); Conceição do Araguaia e Floresta do Araguaia<br />

(Microrregião Conceição do Araguaia); Rondon do Pará e Dom Elizeu (Microrregião<br />

Paragominas); Jacundá (Microrregião Tucuruí); Belém (Microrregião Belém:); Marabá<br />

(Microrregião Marabá:); Santarém (Microrregião Santarém); Castanhal (Microrregião<br />

Castanhal); Capanema (Microrregião Bragantina); Brasil Novo (Microrregião Altamira). Em<br />

Tocantins são: Aragominas, Arapoema e Colinas do Tocantins (Microrregião Araguaína:);<br />

Bernardo Sayão, Brasilândia do Tocantins, Colméia e Pequizeiro (Microrregião Miracema<br />

do Tocantins); Araguaçu e Fátima (Microrregião Rio Formoso); e Alvora<strong>da</strong>, Figueirópolis e<br />

Palmeirópolis (Microrregião Gurupi).<br />

A Região Norte encontra grandes problemas estruturais para a produção leiteira,<br />

como a distribuição de energia elétrica e as condições de trafegabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s, que<br />

dificultam o acesso durante todo o ano. A oferta de assistência técnica é outra limitação<br />

aos pequenos produtores, segmento representativo no contexto regional, que se caracteriza<br />

por um perfil de produtores safristas, com pouca especialização na ativi<strong>da</strong>de e baixo uso<br />

de tecnologia.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 50


As limitações tecnológicas constituem-se em preocupação importante a ser<br />

enfrenta<strong>da</strong>, sobretudo em função <strong>da</strong>s restrições <strong>da</strong> Instrução Normativa nº 51 que determina,<br />

entre outros, a adoção de tanque de resfriamento nas proprie<strong>da</strong>des, com vista a assegurar<br />

melhor quali<strong>da</strong>de ao produto.<br />

Há de se destacar, no entanto, que existem algumas experiências êxitosas na<br />

Região, que modo geral, concentra-se na organização dos produtores quer através <strong>da</strong>s<br />

Uni<strong>da</strong>des de Demonstração do SEBRAE ou nas iniciativas de arranjos produtivos.<br />

8 RECOMENDAÇÕES<br />

ALAVANCAS DA CADEIA PRODUTIVA: INTEGRAÇÃO E SALVAGUARDAS<br />

a) O financiamento de plantas industriais para o processamento de leite, visando a<br />

modernização, ampliação ou implantação, deve apresentar proposta clara de<br />

verticalização para trás, mediante formalização de parcerias com as organizações de<br />

produtores locais, bem como estudo de mercado detalhado e aprofun<strong>da</strong>ndo as análises<br />

conjunturais e estruturais do agronegócio do leite, inclusive quanto aos impactos<br />

ambientais, com escopo de abrangência local, nacional e internacional;<br />

INDUÇÃO DA CADEIA<br />

a) Incentivar a produção nos município onde a ativi<strong>da</strong>de já esteja consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>, com vista a<br />

se beneficiar dos efeitos <strong>da</strong> aglomeração, condicionados à orientação técnica dos serviços<br />

de assistência técnica e extensão rural e nos municípios onde forem firmados protocolos<br />

de intenções específicos de prestação de serviços especializados;<br />

b) Priorizar os agricultores familiares vinculados a associações de produtores atrelados ou<br />

não a cooperativas e com acesso aos canais de comercialização (uni<strong>da</strong>des de<br />

armazenamento, beneficiamento e/ou processamento do produto). Inicialmente, devese<br />

priorizar os agricultores com know how na ativi<strong>da</strong>de e tecnologia de manejo de pasto<br />

para reduzir impacto ambiental;<br />

c) O crédito deve buscar mecanismos para estimular a incorporação de tecnologias modernas<br />

em to<strong>da</strong> a cadeia produtiva (ordenha mecânica; tanques de resfriamento do leite; estrutura<br />

<strong>da</strong> coleta do leite a granel; controle de quali<strong>da</strong>de do leite e de rebanho; suprimento<br />

alimentar; entre outras);<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

51


d) Apoiar a utilização de inovações tecnológicas e de gestão que produzam diversificação<br />

e diferenciação <strong>da</strong> produção, por exemplo a partir <strong>da</strong> produção de queijos, manteigas,<br />

leite longa vi<strong>da</strong> e iogurte com sabores e/ou polpa de frutas regionais;<br />

e) Estimular a organização <strong>da</strong> produção, <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de gestão <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des produtivas,<br />

bem como, contribuir com a promoção de alianças verticais com a agroindústria, as<br />

instituições governamentais e não-governamentais e com as universi<strong>da</strong>des e centros de<br />

pesquisa;<br />

f) Apoiar a adequação <strong>da</strong> infra-estrutura física <strong>da</strong>s plantas industriais micro e pequenas,<br />

propiciar o treinamento dos recursos humanos (mão-de-obra e empresários) e utilização<br />

de inovações tecnológicas para a implantação <strong>da</strong>s boas práticas de fabricação e <strong>da</strong><br />

análise de perigos e pontos críticos de controle na cadeia produtiva do leite;<br />

g) Estimular ações que visem a estruturação <strong>da</strong> cadeia produtiva, prioritariamente com<br />

vistas a: induzir iniciativas para Certificação (ISO 9.000 e 14.000, Selo Social/Ambiental);<br />

adequação <strong>da</strong> carga tributária; estimular a organização social dos produtores para ação<br />

coletiva de suas ações; investir em ativos coletivos.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 52


REFERÊNCIAS<br />

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– Bolívia – Peru. Porto Velho, 2005.<br />

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MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

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Agronegócio do Leite e seus derivados. Porto Velho, 2002.<br />

SCHIAVI, S. M. A. Relatório setorial preliminar: setor lácteo. FINEP, 2006.<br />

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produtos de origem animal: leite e derivados. Belém: DIPOA/SFA, 2007.<br />

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no Estado do Pará. Belém: UFRA, 2002. 35 p. (Relatório Final do PIBIC).<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 54


APÊNDICE METODOLÓGICO<br />

A localização espacial <strong>da</strong> produção segundo seu potencial de desenvolvimento é<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> pelos seguintes indicadores, de acordo com Santana (2004 e 2005):<br />

a) Índice de especialização ou quociente locacional (QL): este índice serve para<br />

determinar se um município em particular possui especialização em <strong>da</strong><strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ou<br />

setor específico e é calculado com base na razão entre duas estruturas econômicas.<br />

Em que: E ij é o emprego <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ou setor i no município em estudo j; E j é o<br />

emprego referente a to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des que constam no município j; E iE é o emprego <strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de ou setor i no estado; E E é o emprego de to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des ou setores no estado.<br />

b) Índice de concentração de Hirschman-Herfin<strong>da</strong>hl (IHH): utilizado para captar o<br />

real peso <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ou setor na estrutura produtiva local. Este indicador é uma modificação<br />

do índice, definido <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

O IHH permite comparar o peso <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ou setor i do município j no setor i<br />

do estado em relação ao peso <strong>da</strong> estrutura produtiva do município j na estrutura do estado<br />

como um todo. Um valor positivo indica que a ativi<strong>da</strong>de ou setor i do município j no estado<br />

está, ali, mais concentra<strong>da</strong> e, portanto, com maior poder de atração econômica, <strong>da</strong><strong>da</strong> sua<br />

especialização em tal ativi<strong>da</strong>de ou setor.<br />

c) Índice de Participação Relativa (PR): terceiro indicador que foi utilizado para captar<br />

a importância <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ou setor i do município j diante do total de emprego na referi<strong>da</strong><br />

ativi<strong>da</strong>de para o estado. A fórmula é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

(1)<br />

(2)<br />

(3)<br />

55


Este indicador varia entre zero e um. Quanto mais próximo de um maior a<br />

importância <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ou setor i do município j no estado.<br />

d) Índice de Concentração Normalizado (ICN): os três indicadores descritos fornecem<br />

os insumos básicos para a construção de um indicador mais geral e consistente de<br />

concentração empresarial ligado a uma ativi<strong>da</strong>de ou setor econômico em um município,<br />

denominado de índice de concentração normalizado (ICN). O ICN é <strong>da</strong>do pela seguinte<br />

fórmula:<br />

θ QL + θ IHH +<br />

1<br />

2<br />

ij θ 3PR<br />

ICN ij<br />

ij<br />

ij<br />

= (4)<br />

em que os θ são os pesos de ca<strong>da</strong> um dos indicadores para ca<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de ou<br />

setor produtivo em análise. Para o cálculo dos pesos θ de ca<strong>da</strong> um dos índices especificados<br />

na equação 4, empregou-se o método <strong>da</strong> análise de componentes principais.<br />

e) Modelo de Componentes Principais: o modelo de componentes principais com m<br />

componentes e p variáveis (q < p), pode ser escrito como na equação 1.<br />

Em que:<br />

CP1<br />

= γ 11X<br />

1 + γ 12X<br />

2 + ... + γ 1 pXp<br />

CP<br />

2<br />

= γ 21X<br />

1 + γ 22X<br />

2 + ... + γ 2 pXp<br />

(5)<br />

CPq<br />

= γm1X<br />

1 + γm<br />

2X<br />

2 + ... + γqpXp<br />

CP i = são as i-esimas componentes principais (i = 1, 2, ..., q);<br />

γ ij = são os coeficientes relacionados a ca<strong>da</strong> variável;<br />

X j = são as j-ésimas variáveis (j = 1, 2, ..., p).<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 56


APÊNDICE DE TABELAS DO ICN<br />

Tabela 1 - ICN para Rebanho Leiteiro, Crédito, Estabelecimento e Emprego <strong>da</strong> produção de leite no<br />

Estado do Acre em 2000<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

Tabela 2 - ICN para Rebanho Leiteiro, Crédito, Estabelecimento e Emprego <strong>da</strong> produção de leite<br />

no Estado do Acre em 2004<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

57


Tabela 3 - ICN para Rebanho Leiteiro, Crédito, Estabelecimento e Emprego <strong>da</strong> produção de leite no<br />

Estado do Pará em 2000<br />

Continua<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 58


Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

Continuação <strong>da</strong> Tabela 3<br />

59


Tabela 4 - ICN para Rebanho Leiteiro, Crédito, Estabelecimento e Emprego <strong>da</strong> produção de leite no<br />

Estado do Pará em 2004<br />

Continua<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 60


Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

Continuação <strong>da</strong> Tabela 4<br />

61


Tabela 5 - ICN para Rebanho Leiteiro, Crédito, Estabelecimento e Emprego <strong>da</strong> produção de leite no<br />

Estado de Rondônia em 2000.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 62


Tabela 6 - ICN para Rebanho Leiteiro, Crédito, Estabelecimento e Emprego <strong>da</strong> produção de leite no<br />

Estado de Rondônia em 2004.<br />

Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

63


Tabela 7 - ICN para Rebanho Leiteiro, Crédito, Estabelecimento e Emprego <strong>da</strong> produção de leite no<br />

Estado do Tocantins em 2000.<br />

Continua<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 64


Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

Continuação <strong>da</strong> Tabela 7<br />

65


Tabela 8 - ICN para Rebanho Leiteiro, Crédito, Estabelecimento e Emprego <strong>da</strong> produção de leite no<br />

Estado do Tocantins em 2000.<br />

Continua<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE 66


Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />

MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA REGIÃO NORTE<br />

Continuação <strong>da</strong> Tabela 8<br />

67

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