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AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

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As “fraquezas próprias dos poros” passam a ser incorporadas nos discursos filosófi-<br />

cos e artísticos, não mais a partir dos riscos para a integridade do corpo, mas como modifi-<br />

cação da subjetividade. O corpo humano não se separa das coisas pelo seu contorno, antes<br />

se junta às coisas pelos seu contorno. Na perspectiva de Lepecki, haveria apenas indivíduos<br />

compostos.<br />

Esta suposição marca a distância histórica da roupa-invólucro do corpo-ser como<br />

importante dispositivo de leitura da subjetividade, mantendo códigos de hierarquia; e a importância<br />

dada ao corpo em suas complexas consequências. O início deste debate é remoto, e<br />

pontuá-lo seria pontuar a história do corpo. No entanto, como recorte, vale lembrar que junto<br />

ao rompimento com a noção de Santa Âmbula veio o despertar do corpo individual. Na se-<br />

quência dos fatos políticos, o materialismo rediscute as hierarquias, novamente de forma a<br />

complexar as relações filosófico-religiosas, com alcance ao corpo individual e coletivo.<br />

Teses sobre Feuerbach, de Karl Marx alicerça algumas facetas deste tema.<br />

Nestes escritos, Marx dialoga com Feuerbach, considerado um dos fundadores do<br />

pensamento materialista, apontando os principais problemas de seus estudos. Tendo por<br />

princípio que a realidade não reside nas idéias, ou em sua consciência, mas na ação concreta,<br />

material, pois a existência material seria anterior ao pensamento, Marx critica o fato de Feuerbach<br />

entender a auto-alienação religiosa como duplicação do mundo religioso, tanto como<br />

representação como realidade:<br />

Seu trabalho consiste em dissolver o mundo religioso em seu fundamento mundano. Mas<br />

que o fundamento mundano se destaque de si mesmo e fixe para si mesmo um reino autônomo<br />

nas nuvens pode ser esclarecido apenas a partir do autodilaceramento e da contradição<br />

desse fundamento mundano. Ele mesmo deve, pois, ser entendido tanto em sua<br />

condição como revolucionado na prática 19 .<br />

Questionando o posicionamento de Feuerbach sobre a tentativa de resolver a essência<br />

religiosa na essência humana, Marx considera que na sua realidade a essência humana é o<br />

conjunto das relações sociais, e não uma abstração inerente a cada indivíduo. Desta forma, o<br />

materialismo proposto por Feuerbach, um materialismo contemplativo, traria uma visão dos<br />

indivíduos isolados na sociedade civil. Enquanto que para ele o (novo) materialismo teria<br />

como base a sociedade humana, ou a humanidade socializada.<br />

19 BACKES, Marcelo (Org). A ideologia alemã: crítica da novíssima filosofia alemã em seus representantes<br />

Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. Trad. Marcelo<br />

Backes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 28.<br />

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