AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...
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formações advindas das demais áreas artísticas: Eduard Gordon Craig, Adolph Appia e Os-<br />
kar Schlemmer.<br />
Antes de adentrar as pesquisas destes três encenadores faz-se necessário lembrar da<br />
contribuição de Richard Wagner e o encadeamento posterior aos seus estudos sobre a “Obra<br />
de Arte Total” (Gesamtkunstwerk), ou “Obra de Arte do Futuro” (Kunstwerk der Zukunft).<br />
Primeiramente, porque Wagner foi motivo de admiração por parte dos integrantes do simbo-<br />
lismo francês, chegando a merecer uma revista em sua homenagem, a Rewie Wagnérienne.<br />
A descrição da obra de Wagner feita pelo poeta Mallarmé: o teatro deveria se transformar<br />
num templo e o espetáculo numa cerimônia, da qual as massas participariam como um rito<br />
sagrado 43 , fazendo evidenciar a necessidade de um drama ideal e simbólico, encorajou ainda<br />
mais as pesquisas voltadas para as visões imaginárias, e os estados d’alma, tão citados pelos<br />
simbolistas.<br />
Depois, porque o esforço do compositor por definir uma obra de arte total, que reu-<br />
nisse em si todas as demais artes, uma arte integrada na qual a música ocupava o papel de<br />
condutora, serviu para deflagrar os detalhados estudos da linguagem do teatro, tanto em<br />
Craig como em Appia.<br />
O tratado da supermarionete, de Craig, 44 se guia nos escritos de Kleist para procla-<br />
mar a metáfora de um ator ideal, sem afetação, em desprezo à personificação e representa-<br />
ção que se presta à ilustração, redundando as informações do texto verbal e deixando trans-<br />
parecer qualidades do próprio ator (corpo humano). Em função de considerar que o corpo<br />
humano não serve de matéria teatral, Craig não se empenha diretamente numa estratégia de<br />
treinamento para o corpo, mas compara-o aos demais elementos da cena para explicitar seu<br />
caráter híbrido de artifício e realidade: Suprima-se a árvore autêntica que se colocou em<br />
cena, suprima-se o tom natural e chegar-se-á igualmente a suprimir o ator. (...) Não haverá<br />
mais personagem viva para confundir no nosso espírito a arte e a realidade; personagem<br />
viva em que as fraquezas e os frêmitos da carne sejam visíveis 45 .<br />
É um truísmo que em debate com a teoria de Richard Wagner sobre a Obra de Arte<br />
Total, Craig proporciona à história do teatro uma importante abordagem do movimento. Nas<br />
palavras do encenador: talvez o gesto seja o mais importante: é para a arte do teatro o que o<br />
desenho é para a pintura, a melodia para a música. A Arte do Teatro nasceu do gesto – do<br />
43 FURNESS, Raymond. “O impacto Wagner na literatura. In: MILLINGTON, Barry (Org). Wagner: um<br />
compêndio. Trad. Luiz Paulo Sampaio e Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Zahar, 1995, p. 466.<br />
44 CRAIG, E. Gordon. Da arte do teatro. Trad. Redondo Júnior. Lisboa: Arcádia, s/d.<br />
45 CRAIG, ibdem, p. 108.<br />
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