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AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

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Girard e Real Oullet sobre a classificação proposta por Tadeusz Kowzan 15 , que inclui a más-<br />

cara no mesmo sistema de signos da caracterização. A conclusão dos dois autores instiga o<br />

debate, pois a caracterização, progressivamente se junta ao corpo, como parte sua, enquanto<br />

a máscara se separa dele, se distingue. Aos poucos, a máscara vai se tornando um produto<br />

acabado, capaz de modificar instantaneamente a aparência de quem usa. Adquirindo certa<br />

independência, exige um guarda roupa, gestos e movimentos específicos 16 .<br />

A passagem do figurino que acompanha a máscara, como recurso de coesão, para o<br />

figurino que assume em si mesmo a função de caracterização altera alguns preceitos. Aqui<br />

pontuo o intuito de recuperar esta discussão que parece ter se tornado desgastada, e, no en-<br />

tanto, pouco indagada em suas conseqüências para os estudos do figurino, do corpo, da in-<br />

terpretação e da própria encenação.<br />

Destaco a fala de Anatol Rosenfeld como importante para os desdobramentos da<br />

pesquisa: A metamorfose, fato fundamental do teatro, é simbolizada pela máscara. A másca-<br />

ra é o símbolo do disfarce 17 . Sobre a metamorfose, o autor ainda comenta ser esta uma ca-<br />

pacidade humana: fundir-se com o outro, expandir-se além dos limites do seu próprio eu,<br />

sendo separação e condição de conquista da autoconsciência, já que permite olhar a si como<br />

objeto de si.<br />

No entanto, Jean Chevalier sublinha que a máscara teatral, oriunda das danças sagra-<br />

das, é uma modalidade do Self universal, servindo como proteção da personalidade do seu<br />

portador, sendo que o Self é imutável e não se afeta pelas modificações contingentes 18 . As<br />

anotações de Girard e Ouellet ganham sentido no instante em que revelam distância entre a<br />

caracterização feita pela máscara, disposta a separar o corpo do ator do corpo do persona-<br />

gem, e a caracterização feita pelo figurino, colada ao corpo do ator, transformando-o e, além<br />

disto, não fazendo distinção entre ator e personagem, pois não se trata apenas de não fazer<br />

distinção entre os corpos, senão do próprio Self.<br />

Algumas questões trazidas pelo naturalismo no século XIX acrescentam fatos à dis-<br />

cussão. Nas publicações de Constantin Stanislavski nota-se claramente a intenção de respon-<br />

15 Os autores referem-se ao texto “Os signos no teatro – Introdução à Semiologia da Arte do Espetáculo”,<br />

no qual Tadeusz Kowzan divide os signos teatrais em número de treze. Para Kowzan a máscara pertence<br />

aos itens das aparências exteriores do ator (item 6- maquiagem, item 7- penteado e item 8-vestuário). Cf:<br />

GUINSBURG, J et al. Semiologia do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 1988.<br />

16 GIRARD, Gilles; OUELLET, Real. O universo do teatro. Trad. Maria Helena Arinto. Coimbra: Livra-<br />

ria Almedina, 1980, p. 67.<br />

17 Cf: ROSENFELD, Anatol. A arte do Teatro: aulas de Anatol Rosenfeld. Registro: Neusa Martins. São<br />

Paulo: Publifolha, 2009, p. 24.<br />

18 CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionários de símbolos: mitos, sonhos, gestos, formas,<br />

figuras, cores, números. Trad. Vera da Costa e Silva. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998, 595.<br />

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