04.06.2013 Views

AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ceito não carece do conceito de outra coisa do qual deva ser formado 12 . A substância é<br />

Deus, e tudo resulta como atributo de Deus, ou afecções dos atributos de Deus. São somente<br />

dois os lados agora: a substância divina infinita, em número infinito de modus, e os seus<br />

modus. No entanto, sendo um modus, pensamento e extensão – tudo quanto existe – são<br />

concebidos por Deus e exprimem seus atributos.<br />

A distância aumenta. Há a Natureza Naturante, Deus, e a Natureza Naturada, qual-<br />

quer dos atributos de Deus. A distância também diminui. A Natureza Naturada é modo certo<br />

e determinado da essência de Deus 13 . O monge é pensamento e extensão, uma mesma<br />

coisa: Natureza Naturada.<br />

1.2 Sobre o self<br />

Em sua gênese a caracterização (do personagem) abarcaria aspectos de identificação<br />

do sujeito, tendo por princípio a materialização da persona. Durante o período grego é entendida,<br />

principalmente, como máscara, já que o figurino (quiton, capa e coturno) e outros<br />

artifícios (barba, peruca e enchimentos no tórax) são complementos para garantir a verossimilhança<br />

da imagem apresentada. E, dito assim, é um truísmo que no teatro o hábito faz o<br />

monge.<br />

Retomo os objetivos da utilização das máscaras no teatro grego, a partir das observações<br />

de Roland Barthes. O autor aponta diferenças conforme as transformações ocorridas<br />

entre o teatro helenístico e a época clássica, mas uma parece conter o motivo norteador: a<br />

máscara está a serviço de uma metafísica das essências psicológicas; não oculta, exibe 14 . O<br />

ponto central – tornar visível o invisível, tornar material o entendido como ser – direciona-se<br />

à representação do “outro”, só existente no conjunto de objetos capaz de contemplar as<br />

complexidades que envolvem sua constituição.<br />

Uma questão se coloca: a persona (invisível) se manifesta na máscara (visível), não<br />

exatamente no corpo-ator (ocultado pelo figurino). O corpo é veículo, uma espécie de canal,<br />

ou suporte de sustentação da máscara-caracterização. Ou seja, o corpo da persona é um corpo<br />

extra, “fora” do corpo-ator. Analisando sob esta ótica, cabe colocar as dúvidas de Gilles<br />

12 SPINOZA, ibidem, p. 76.<br />

13 SPINOZA, ibidem, p. 105-6.<br />

14 BARTHES, Roland. O óbvio e o obtuso: ensaios críticos III. Trad. Lea Novaes. Rio de Janeiro: Nova<br />

Fronteira, 1990, p. 79.<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!