AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...
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sona, um passo é dado em direção ao encontro de suas materialidades, podendo fortalecer<br />
ainda mais o aspecto metafísico tão caro ao teatro, ou de outra forma extremada, permane-<br />
cendo no plano da fenomenologia. Mas sempre com possibilidades de se fazer notar este<br />
dado tão importante: a materialidade do corpo se relaciona com a materialidade do figurino,<br />
e desta forma, por momentos, a subjetividade do ator se relaciona com a materialidade do<br />
figurino.<br />
O naturalismo disseminou a máxima “No teatro, o hábito faz o monge”, e o fez tão<br />
bem que esta se tornou sobranceira da máxima à qual é corruptela, “O hábito não faz o monge”.<br />
O confronto destas máximas abriga pontos importantes para o desenvolvimento desta<br />
tese, pois é pilar das discussões sobre hierarquias. E o é também para as discussões que a-<br />
brangem a história filosófico-religiosa. Por isso, esta tese esbarra-se e se infiltra em diversos<br />
momentos da história mundial, ou ao menos da ocidental. Uma revisão completa, contudo,<br />
demandaria um tempo totalmente inviável para os objetivos traçados. Opto pelo levantamento<br />
de subsídios necessários apenas para as discussões futuras, preferindo iniciar pelo período<br />
medieval devido o predomínio das concepções religiosas.<br />
A interface filosófico-religiosa coloca-se nesta pesquisa já como metodologia para<br />
adentrar as questões de hierarquias. Meu posto de figurinista me impõe, seguindo a tradição<br />
comum no teatro, o domínio das matérias. Por metáfora, figurinistas são materialistas. O<br />
exercício de experimentar outro posto de observação, pondo em dúvida minha fé na matéria,<br />
far-se-à na tentativa de aprofundamento da temática escolhida. Também, porque a história<br />
da cena teatral não se descola da história das demais áreas de conhecimento. Desde o uso de<br />
tecnologias ao modo de conceber as cenas, não há como escapar dos contextos, mesmo<br />
quando a intenção é deles se afastar.<br />
Em certa medida, o apanhado que se segue é construído linearmente, mas sem a preocupação,<br />
como já dito, de o ser em sua literalidade, e o paralelo com o teatro segue uma<br />
lógica diferenciada. Talvez possa haver estranhamento na maneira como os fatos são justa-<br />
postos, com lacunas à vista. Isto ocorre em função da amplitude do tema e da difícil tarefa<br />
de desmembrar questões tão imbricadas. Na totalidade do texto, busco conexões que se encontram<br />
em momentos diferentes, exigindo paciência no acompanhamento.<br />
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