04.06.2013 Views

AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

supõem que as indagações perduram no âmbito do self do corpo-atuante, contrariando a fun-<br />

ção da máscara-caracterização de proteção da personalidade de seu portador.<br />

Mas se a estética naturalista é estopim para o entendimento de que o corpo e o figu-<br />

rino podem ser amalgâmicos, faz manter e até fortalecer o princípio de negação do corpo-<br />

atuante em favor do corpo de um personagem. Por isto, (na estética naturalista) são evitadas<br />

as relações do figurino com o corpo, optando-se pela naturalização deste desconforto causa-<br />

do pelo encontro das suas matérias, e tornando paradoxal a máxima “No teatro o hábito faz<br />

um monge”.<br />

O confronto entre os provérbios “O hábito não faz o monge” e “No teatro o hábito<br />

faz o monge” desencadeia o debate filosófico sobre as questões da alma/matéria, servindo<br />

também como aporte e sustentação das discussões ligadas à subjetividade. De Agostinho à<br />

Descartes, conforme o recorte adotado nesta pesquisa, há a separação clara entre alma e corpo,<br />

enquanto no teatro, o figurino-hábito é corpo/alma da personagem.<br />

O pensamento pós-spinoziano traz transformações nas relações das ordens, das Na-<br />

turezas (Natureza-Naturante e Natureza-Naturada), implicando na não-separação entre corpo/alma.<br />

E transformações ainda maiores são as decorridas das sociedades capitalistas,<br />

quando a máxima “o hábito faz o monge” deixa de ser exclusividade da arte, obrigando a<br />

outras reflexões.<br />

Concluo este capítulo mostrando que, neste sentido, a Body Modification e a Body<br />

Hactivism aparecem como exponenciais quando apontam o corpo-invadido como lugar de<br />

colisões (low-tech/high-tech), lugar do devir, do auto-controle, da auto-consciência, e lugar<br />

da transgressão, do destino a ser traçado, por isso mesmo, das novas subjetividades. Os mo-<br />

dernos-primitivos, liderados por Fakir Mustafar e inspirados tanto pelos procedimentos mais<br />

arcaicos (hindus, persas, e aborígines) como pela literatura ciberpunk de William Gibson<br />

(Neuromancer e Mona Lisa Overdrive) e Isaac Asimov (trilogia Fundação); e os Hactivism,<br />

liderados pelo papa do “gancho”, Lukas Zpira, menos primitivos, e mais associados às inter-<br />

venções de alta tecnologia.<br />

O Capítulo Segundo dedica-se à análise de algumas práticas exemplares da noção de<br />

figurino-penetrante para buscar diálogo com teorias que abordam a questão da subjetividade<br />

no contemporâneo (tais como Bernard Andrieu, David Le Breton e Philippe Liotard). Destaco<br />

os artistas/performers Xavier Le Roy, Frank Händeler, Marcel.li Antunez e Stelarc, prin-<br />

cipalmente porque suas práticas complexam as discussões de subjetividades, gerando interfaces<br />

com a Teoria Queer, o sadomasoquismo, as metáforas do rizoma, as causas defendidas<br />

pelos adeptos da body modification e do manifesto ciborgue, chegando aos extremistas que<br />

20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!