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AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

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Esta proposição, apresentada anteriormente ao início do processo de escrita me fez<br />

perceber que tendo comungado do meu objeto de observação não poderia mais evitar a inte-<br />

gração do meu próprio corpo ao corpo/objeto.<br />

Sobre o recorte<br />

Em seu livro “Flashbacks: surfando no caos”, Timothy Leary cita London Y. Jones:<br />

“A vida dos indivíduos mais importantes de uma geração não pode ser destacada da geração<br />

em si. Se forem os peixes, por exemplo, suas reservas genéticas estarão no meio líquido onde<br />

nadam. Os sentimentos de geração que compartilham são muito mais importantes que as<br />

coisas que os separam”. Esta fala de Jones serviu para perceber que o recorte poderia ser<br />

estreitado em sua potencialidade de registro. Ou seja, o recorte se dá no aproveitamento do<br />

registro quase autobiográfico por privilegiar meus próprios referenciais, mais pela intenção<br />

de mostrar meu pertencimento do que destacar uma trajetória singular.<br />

Daqui estou sentado numa lata/ Bem acima do mundo/ Planeta Terra é azul e não há<br />

nada que eu possa fazer, diz Major Tom, o personagem da música Space Oditty de David<br />

Bowie. 1969. Talking about my generation o hino cantado em Bethel, pelo grupo The Who<br />

no Festival Woodstock. 1969. O Mar de Tranqüilidade (Sea of Tranquility), visto por<br />

Armstrong após o pouso da Apollo 11 na Lua. 1969. Estou sentada numa lata, e não sei se<br />

falo sobre minha geração. Nasci no primeiro dia do ano de 1969. A Terra é azul e sofro de<br />

nostalgia. Controle de solo para Major Tom: seu circuito pifou, tem algo errado! Você pode<br />

me ouvir Major Tom? Você pode me ouvir Major Tom? Você pode me ouvir Major Tom?<br />

Você pode... Luz strobe, gelo seco, e os sintetizadores de Kraftwerk repetindo: Man machine,<br />

pseudo human being/ Man machine super human being/ The man machine, machine.<br />

Gelo seco. Dee D Jackson de malhas cintilantes, acompanhada de seu robozinho: Automatic<br />

Lover. E este é um país que vai pra frente, de uma gente amiga e tão contente. Estou sentada<br />

numa lata. Love in space and time, there’s no more feeling.<br />

O ponto de partida talvez seja a nostalgia. Minha. Mas legítima a uma geração que se<br />

estabeleceu sobre as passagens, sobre as confluências, os ideais múltiplos, a constante reinvenção,<br />

a constante negação, e a aceitação. Talvez a nostalgia desfilada nos corpos nus em<br />

Paradise Now: Não tenho direito de viajar sem passaportes. Não sei como fazer cessar as<br />

guerras. Não posso viver sem dinheiro. Não tenho direito de fumar haschisch. Não tenho<br />

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