AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...
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lico partes internas do corpo-atuante. Um dos objetivos de manter o termo “figurino” é não gerar uma hierarquia inversa, que não contemplaria os aspectos visíveis. Sugiro, então, manter a palavra figurino, acrescentando um a palavra “penetrante” para indicar a função destinada a este elemento na cena. 164
CONSIDERAÇÕES FINAIS E se esse fosse o início, talvez não fossem mesmas as inquietações. Talvez já não a- fligisse o fato do espírito ser uma coisa e o corpo outra. Talvez fizesse minhas as indagações de José Gil sobre o lugar outro e o lugar da alma no corpo 1 . Com ele, retiraria de Husserl: De outrem, da sua subjetividade, não tenho senão uma experiência indireta. A percepção direta dos seus sentimentos, emoções, pensamentos, é-me vedada, apenas através da media- ção do corpo me é dado inferir que estou em presença de outro “eu”, um “alter ego” 2 . E talvez começasse perguntando: aonde se situa o interior? Porque se o exterior o é de um interior, e se este está num sítio determinado do espaço objetivo, aquele deveria situar-se noutro sítio desse mesmo espaço que o determinasse como interior 3 . Tais indagações constituiriam num novo início, supondo que o recorte estabelecido privilegiou a busca de si. No entanto, se retorno para não mais buscar o si, mas o outro, en- tão, penetro-o, perfuro-o, rasgo-o até percebê-lo na sua interioridade. Relegada a fé, perpas- so camada por camada do seu corpo, os seus tecidos, os seus rins, o seu fígado, para me cer- tificar que ele ali está, para adentrar-lhe a alma. Não mais rogo, em prece, para que sejam meus os tormentos. E não sou Francisco, e não sou Teresa. Sou Tomé, e digo: mostre-me suas chagas, quero tocá-las. Convence-me apenas a interioridade. Não me basta atravessar os olhos, os ouvidos, ou qualquer dos orifícios. Desejo a entranha. Toco o que me confirme estar diante do outro. Mas se o “problema do outro” se estende de forma velada, ou explícita, ou como interface tanto do ensejo do conhecer-se a si mesmo quanto do desejo de alcançar o incomensurável, aqui perdura, colocando-se, primeiramente, como questão no longo debate do bi- nômio “coletividade X individualidade”, depois como questão do “ser” e do “dar a ver”. Certamente, o figurino-penetrante não se põe como um solucionador, nem mesmo encontra respostas definitivas nas mais diversas teorias que abordam o tema. Apenas busca problematizar o “duplo do outro”, não mais como um lugar satisfatório, um lugar da universalização e do exemplar. Mas o lugar do “outro”, que “é” e se “dá a ver”. E acompanha o se 1 GIL, José. Metamorfoses do corpo. Lisboa: Relógio D’Água, 1997. 2 HUSSERL, apud GIL, José. Metamorfoses do corpo. Lisboa: Relógio D’Água, 1997, p. 147. 3 GIL, ibdem, p. 147. 165
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lico partes internas do corpo-atuante. Um dos objetivos de manter o termo “figurino” é não<br />
gerar uma hierarquia inversa, que não contemplaria os aspectos visíveis.<br />
Sugiro, então, manter a palavra figurino, acrescentando um a palavra “penetrante”<br />
para indicar a função destinada a este elemento na cena.<br />
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