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AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

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Mas Antônio Araújo traça uma definição que agrupa as observações de Garcia e de<br />

Ramos sobre a dinâmica dos processos colaborativos: se fôssemos defini-la sucintamente,<br />

constitui-se numa metodologia de criação em que todos os integrantes, a partir de suas fun-<br />

ções artísticas específicas, tem igual espaço propositivo, trabalhando sem hierarquias – ou<br />

com hierarquias móveis, a depender do momento do processo – e produzindo uma obra cuja<br />

autoria é compartilhada por todos 41 .<br />

Estas diferenciações entre a criação coletiva e a criação colaborativa interessam para<br />

esta pesquisa por auxiliarem na compreensão dos processos que aceitam o figurino-<br />

penetrante como um dispositivo inicial da cena. Uma condição apresentada como funda-<br />

mental nas proposições acima descritas respeita à forma como o profissional figurinista par-<br />

ticipa de todo o processo.<br />

Primeiramente, nem sempre será ele, figurinista, o responsável pela criação do figu-<br />

rino. Por vezes, o atuante parte de experimentos que surgem na sua prática individual, e em<br />

outras, descobre aos poucos as matérias que melhor dialogam com o pretendido naquela<br />

situação. Ou mesmo, a sugestão pode vir de qualquer outro profissional envolvido. Fressato,<br />

por exemplo, esclarece que este tempo de dedicação à pesquisa do figurino-congelante<br />

trouxe conhecimentos ligados à junção da água a outros materiais. Com o passar do tempo,<br />

adquiriu uma técnica específica para confeccionar os tamancos de gelo, seguindo suas pró-<br />

prias necessidades como atuante.<br />

Depois, quase sempre o figurino-penetrante exige conhecimentos que extrapolam as<br />

áreas de atuação do figurinista, sendo necessária a intervenção de profissionais até de áreas<br />

não artísticas. Os figurinos que se utilizam dos recursos tecnológicos, a exemplo de Mar-<br />

cel.li Antunez, geralmente são executados, ou mesmo criados, por profissionais tanto da<br />

informática quanto da física e da medicina.<br />

Mesmo que o figurinista não venha a ser o criador e o executor do figurinopenetrante,<br />

sua presença se faz necessária já no início do processo, como um acompanhador<br />

de todas as mudanças, sempre pronto a debater. Deste modo, pode ser uma espécie de consultor<br />

ou de organizador. Ou seja, não há um lugar estabelecido para o profissional figurinista,<br />

do ponto de vista da criação e execução.<br />

Na montagem de Pecinhas para uma tecnologia do afeto, foram convidas as figurinistas<br />

Fabiana Pescara e Renata Skrobot para a criação dos figurinos. Em alguns dos nove<br />

textos apresentados, elas tiveram oportunidade de cumprir a função do modo mais recorren-<br />

41 ARAÚJO, Antônio. “O processo colaborativo no Teatro da Vertigem”. In: Sala Preta Revista de Artes<br />

Cênicas, n 6 – 2006, p. 127.<br />

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