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AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

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Outra questão que se refere ao engessamento da forma é a dificuldade de criar modos<br />

para a não estagnação dos significados do figurino na cena. É certo que o jogo interno dos<br />

elementos propicia uma dinâmica para o jogo externo. Mas reconhece-se também que de<br />

todos os elementos o figurino tende a ser o mais estável, diferente da iluminação, sonoplastia<br />

e mesmo da cenografia que podem se alterar diversas vezes.<br />

Seguindo de perto a teoria da mecânica quântica seria uma inverdade afirmar que a<br />

matéria do figurino se mantém estática. Porém, a tentativa do figurino-penetrante vem no<br />

ensejo de realçar a não estabilidade deste elemento. As proposições que serão observadas<br />

oportunizam a verificação da matéria do figurino em seus processos de mutação. Isto, para<br />

desestabilizar a idéia de figurino como acabamento visual, e para reforçar as discussões so-<br />

bre o visível e o invisível na cena.<br />

3.2 Corpos presentificados<br />

Em diversos momentos da história do teatro a terminologia “presença”, aplicada ao<br />

corpo-atuante, se fez notória como vértice do triângulo espaço/tempo/ação. Contudo, encontrou<br />

formas diferenciadas de se estabelecer, de acordo com as concepções gerais da cena.<br />

Abordando a questão da presença, Patrice Pavis 13 faz breve introdução, relacionando-a à<br />

certa imposição do corpo-atuante perante o público, uma espécie de “quê”, que assegura o<br />

eterno presente. A presença, bem supremo do ator, segundo a opinião corrente, estaria ligada<br />

a uma comunicação corporal “direta” com o ator.<br />

Ao dar continuidade ao verbete, Pavis faz as distinções conforme as estéticas adotadas,<br />

mas aponta para duas perspectivas: quando a presença ganha aura mística, perpetuando<br />

o mito do jogo sagrado, ritual e indefinido do ator, e quando, numa leitura semiológica se<br />

retira qualquer halo de misticismo, sendo reduzida e definida como colisão do acontecimen-<br />

to social do jogo teatral com a ficção da personagem e da fábula. Assim, a presença não se<br />

separaria da idéia de presente contínuo.<br />

Hans-Thies Lehmann 14 , lendo as teorias sobre a produção de presença nos esportes,<br />

escritas por Hans Ulrich Gumbrecht, e em analogia com a linguagem teatral, comenta que<br />

esta não se dá, em plenitude, “ali”, pois conserva aspectos do algo ansiado, alusivo. No tea-<br />

13 PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 1999, p. 305-6.<br />

14 LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós-dramático. Trad. Pedro Süssekind. São Paulo: Cosac Naify,<br />

2007, 237-240.<br />

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