AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...
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ceitos da física clássica como determinantes para as diversas noções que permeiam nosso<br />
cotidiano.<br />
Para a análise das propostas que serão destacadas nesta pesquisa, proponho um ponto<br />
de vista pautado nas questões trazidas pela mecânica quântica, para notar a relação do corpo<br />
com o figurino de tal modo que os limites de um e outro sejam pensados menos a partir da<br />
estabilidade e mais na junção de matérias, sublinhando as zonas de intersecção, os campos<br />
contaminados, as indefinições, e os proveitos possíveis para o corpo-atuante. Isso implica na<br />
revisão dos aspectos materiais da cena, assim como implica na desestabilização das hierarquias,<br />
pois põe em questão o legado matéria X não-matéria, visível X invisível, dando abertura<br />
para o microscópico, o não-visível, e na indefinição de materiais de que fala Materno.<br />
3.1 Forma em formação<br />
Um olhar mais inquiridor sobre as práticas recentes faz notar a conservação de quesitos<br />
tornados naturalizados, obstando a desestabilização das hierarquias de modo pleno. Um<br />
desses quesitos parece ser o momento em que os elementos são pensados - que chamarei de<br />
“entrada” – no processo de criação, podendo-se demarcar alguns modelos mais habituais: o<br />
texto, o ator/corpo, a cenografia/espaço, o figurino, a maquiagem, a sonoplastia e os meios<br />
multimídias, e a iluminação. Ou o ator, a cenografia/espaço, o texto, o figurino, a maquiagem,<br />
a sonoplastia e os meios multimídias, e a iluminação. Mesmo nas proposições que partem<br />
dos demais elementos, há uma variação que circula apenas entre o ator/corpo, texto,<br />
cenografia/espaço e meios multimídias, via de regra o ator/corpo em relação aos meios multimídias,<br />
e estes em interação com a cenografia/espaço.<br />
Os estudos dos elementos visuais feitos por Peter Brook em o Teatro e seu espaço,<br />
embora escritos na década de 1970, elucidam, em alguma medida, sobre os motivos desta<br />
conservação. Neste livro, o autor manifesta suas inquietações sobre a forma (linhas, cores,<br />
volume) dos elementos figurino e cenografia como definidores da estética (design) da encenação,<br />
de modo a incorrer-se no perigo do engessamento de construções ainda em processo 8 .<br />
Inquietações procedentes que geram a discussão em torno da materialidade da cena, e aten-<br />
tam para a combinação dos fatores identificadores das opções escolhidas, lembrando-se que<br />
estes dois elementos têm poder decisório sobre o design do espetáculo. Brook, naquele mo-<br />
8 BROOK, Peter. O teatro e seu espaço. Rio de Janeiro: Vozes, 1970.<br />
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