AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...
AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...
AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
e superficial é o tridimensional, dos objetos, do espaço e do tempo, a ordem explícita, cuja<br />
matéria é de graduação densa.<br />
Contudo, Bohm argumenta que a totalidade da ordem abrangente (ordem superimplí-<br />
cita) não pode se tornar manifesta, ou não podemos perceber senão um aspecto dela. Mas<br />
para falar do que é manifesto, utiliza-se da idéia de holograma 5 , exemplificando o que cha-<br />
ma de enfoldment (dobradura) e unfoldment (desdobramento): em cada parte do holograma<br />
estão dobradas as ondas do objeto por inteiro, as quais são então desdobradas, quando se<br />
passa através desse holograma um feixe de raios laser, produzindo-se uma imagem tridimensional<br />
6 . Do ponto de vista mecanicista, os objetos estão se movendo através do espaço<br />
com identidade permanente, enquanto Bohm propõe que tudo está basicamente se desdo-<br />
brando, pois o movimento real das ondas-partículas é um constante dobrar/desdobrar. A apa-<br />
rência de estabilidade se deve à rapidez do acontecimento.<br />
O holomovimento está situado na esfera do que é manifesto, e seu movimento bási-<br />
co é o recolhimento e o desdobramento. O que é manifesto está, por assim dizer, flutuante e<br />
abstrato no holomovimento. A nuvem é o exemplo sempre aplicado por Bohm, por conservar<br />
uma forma estável, sendo vista como manifestação do movimento do vento. Deste mesmo<br />
modo, a matéria como que formaria nuvens no interior do holomovimento, e elas manifestariam<br />
o holomovimento aos nossos sentidos e pensamentos comuns, de onde resulta que<br />
a ordem implícita aponta para uma realidade que ultrapassa de muito aquilo que denominamos<br />
matéria 7 .<br />
Ou seja, o que aparenta ser um mundo estável, tangível, visível e audível nada mais é<br />
que uma ilusão, já que não existe matéria como tal, apenas possibilidades de densidade no<br />
continuum. Muito embora a alta tecnologia proporcione, cada vez mais, contato com o plano<br />
microscópico, ainda vivemos no plano macroscópico e, sobretudo, nos utilizamos dos con-<br />
5 A. L da Rocha Barros esclarece que “o holograma é formado pelo padrão de interferência produzido por<br />
dois feixes coerentes vindos de um laser, um dos quais é refletido pelo objeto A que está sendo hologramado.<br />
A imagem holográfica B é definida numa placa fotográfica, de modo que um objeto localizado não<br />
é representado por uma imagem localizada, pois qualquer porção da imagem holográfica contém em si a<br />
representação do objeto inteiro. Neste caso, não temos a correspondência um-a-um da fotografia comum,<br />
mas uma correspondência muitos-a-um, que é adequadamente descrita por meio da função de Green.<br />
Supondo que o objeto A é descrito pelo campo A(x), então a estrutura local em cada ponto x do objeto A<br />
é transportada para a estrutura local da imagem B no ponto y por meio da função de Green G(x,y) tal que<br />
B(y)= G(x,y) A (x) dx. E, assim, vemos que a contribuição para imagem B(y) no ponto y vem da totalidade<br />
do objeto: a integral assegura que cada estrutura local da imagem contém a informação do objeto<br />
inteiro. In: BARROS, A. L. da Rocha. “O aparente e o oculto: entrevista com David Bohm”. Estudos<br />
Avançados, v. 4, nº 8. São Paulo, janeiro/abril, 1990. Confira também: BOHM, David. Totalidade e a<br />
ordem implicada. Trad. Teodoro Lorent. São Paulo: Madras, 2008, p. 148-165.<br />
6 WEBER, ibdem, p. 47.<br />
7 WEBER, ibdem, p. 49.<br />
129