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AMABILIS DE JESUS DA SILVA FIGURINO-PENETRANTE: UM ...

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Em uma das passagens de seu livro “Flashbacks: surfando no caos”, Leary esclarece<br />

sobre o alcance do estado alterado de consciência:<br />

Visto que as drogas psicodélicas expõem-nos a níveis diferentes de percepção e experiência,<br />

usá-las significa entrar em uma aventura filosófica, obrigando-nos a confrontar a natureza<br />

da realidade com os nossos frágeis sistemas subjetivos de crenças. A diferença é a<br />

causa do riso, do terror. Nós descobrimos abruptamente que fomos programados todos esses<br />

anos, que tudo que aceitamos como sendo realidade é apenas uma construção social 83 .<br />

Na década de 1980 toma frente aos programas de computação criando softwares de<br />

design, em continuidade ao sonho de compreender melhor o funcionamento do cérebro humano<br />

e suas vastas possibilidades de criação. No posfácio de “Flashbacks” para descrever o<br />

sentimento de pertencer a uma geração, e a uma geração em metamorfose cultural, o autor<br />

recorre à palavra anfíbio (do grego amphí = duplo e bios = vida) e cria duas espécies de cidade,<br />

Cyberia e Terrarium: o lado digital da janela da realidade e o mundo material. A convivência<br />

com os dois mundos, para o autor, mostra a necessidade sentida pela sua geração de<br />

deixar que seus cérebros sejam inundados com ondas oscilatórias de dados eletrônicos 84 .<br />

A idéia de se locomover no espaço cibernético é entendida pelo autor como parte da<br />

evolução humana, como tantas outras já ocorridas. E como anfíbio, circula pelas duas “cida-<br />

des”, sem receios, apenas aceitando sua dualidade: O metabolismo de meu órgão de infor-<br />

mações (cérebro) parece ter sofrido uma alteração dramática. Meus olhos tornaram-se du-<br />

as bocas famintas através das quais pulsos eletrônicos atingem áreas de receptação do cé-<br />

rebro. Minha cabeça parece exigir uma entrada diária de vários bilhões de bytes de infor-<br />

mações digitais (à velocidade da luz) 85 .<br />

O seu Projeto para Morrer (Design for Dying), livro escrito meses antes da sua<br />

morte, descreve seus últimos desejos, tornados concretos. Sua cabeça foi retirada do corpo e<br />

congelada 86 . As cinzas de seu corpo cremado foram libertadas no espaço pela nave Pegasus,<br />

juntamente com as cinzas de Gene Roddenberg, criador de Jornadas nas Estrelas.<br />

Tomo emprestado de Le Breton, em Adeus ao corpo, o excerto de Leary sobre a ul-<br />

trapassada forma do humano:<br />

83 LEARY, ibdem, p. 42.<br />

84 LEARY, ibdem, p. 499.<br />

85 LEARY, ibdem, p. 499.<br />

86 Nas últimas páginas de “Flashbacks”, Leary explica que assinou um contrato com a Alcor Cryonics<br />

Foudation em Riverside, Califórnia, para garantir à sua família o direito de deixar sua cabeça congelada,<br />

ou num banco de órgãos, isto para o caso de haver possibilidades futuras de reanimação ou transplante de<br />

cérebro.<br />

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