Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Mãe de Lourenço, de 17 anos, a escritora garante que nunca foi mãe-galinha<br />
e que não gosta de invadir a privacidade do fi lho<br />
“Nunca dou um passo maior do que a perna, os meus investimentos<br />
são sempre ponderados e muito cautelosos„<br />
Romântica assumida,<br />
Margarida Rebelo<br />
Pinto não se cansa de<br />
falar sobre o amor.<br />
O seu mais recente<br />
livro, “O Amor é Outra Coisa”,<br />
é o décimo romance da escritora<br />
e foi o pretexto para uma conversa<br />
com a <strong>Lux</strong> sobre as relações,<br />
a maternidade e a crise.<br />
<strong>Lux</strong> – Acaba de lançar o seu décimo<br />
romance. O amor é uma fonte<br />
inesgotável de inspiração? É aí<br />
que se sente como peixe na água?<br />
Margarida Rebelo Pinto – É isso<br />
mesmo. Acho que tem a ver com<br />
o facto de ter crescido numa<br />
família cheia de amor para dar.<br />
Nem todas as pessoas tiveram<br />
essa sorte. A minha família é muito<br />
unida, riso e amor nunca faltaram<br />
em casa dos meus pais. E agora<br />
é igual na minha casa e na dos<br />
meus irmãos. É uma bênção.<br />
Além disso, tenho uma natureza<br />
romântica, sonhadora.<br />
<strong>Lux</strong> – Este é um livro feito em<br />
dois planos, digamos assim, uma<br />
vez que a história se desenrola<br />
a par com uma fábula. Porquê<br />
esta fórmula?<br />
M.R.P. – Porque, como eu digo no<br />
livro, as alegorias explicam-nos o<br />
que a vida não consegue. Sempre<br />
tive um carinho especial pelos<br />
meus livros que são cartas de<br />
amor, “O Diário da Tua Ausência”<br />
e “O Dia em que te Esqueci”, por<br />
isso quis voltar a esse registo, mas<br />
senti que podia inovar, acrescentar<br />
algo que nunca tinha feito. Por<br />
outro lado, desde que comecei a<br />
passar férias na Comporta que<br />
pensava em escrever uma fábula<br />
sobre uma cegonha. Em “O Amor<br />
é Outra Coisa” cruzei as duas vontades.<br />
Sempre gostei de ter registos<br />
diferentes no mesmo livro, faz<br />
parte do meu estilo narrativo.<br />
<strong>Lux</strong> – Há um limite para o sofrimento,<br />
como diz no início do livro?<br />
Para si, qual é esse limite?<br />
M.R.P. – Claro que há. Quando<br />
já fi zemos tudo por uma relação<br />
e mesmo assim as coisas não<br />
resultaram. Quando a única saída<br />
é procurar outro caminho, porque<br />
aquele acabou. Então, é preciso<br />
virar a página e seguir em frente<br />
sem olhar para trás.<br />
<strong>Lux</strong> – Sofre muito por amor?<br />
Ou já sofreu?<br />
M.R.P. – Claro que sim, como toda<br />
a gente. Sofrer de amor faz parte,<br />
assim como aceitar os defeitos<br />
dos outros e os nossos. Ninguém<br />
ama como quer. Pensamos que<br />
não, mas vivemos condicionados<br />
pelas nossas vivências, pelos nossos<br />
traumas e fantasmas. Amar não<br />
é difícil, difícil é saber amar.<br />
O tempo ensinou-me a relativizar<br />
a perda. Se as pessoas se afastam<br />
é porque o que vem a seguir<br />
é sempre melhor. E na verdade<br />
é o que acontece.<br />
<strong>Lux</strong> – Está solteira por opção ou<br />
é fruto das circunstâncias?<br />
Já não vale a pena ter uma relação<br />
só por ter?