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Em cima, Jacintha Saldanha, e o marido com os fi lhos a chorarem a morte da enfermeira que trabalhava no hospital onde a duquesa de Cambridge esteve internada. Os príncipes já emitiram um comunicado a prestar ”condolências” à família JACINTHA SALDANHA enforca-se em Londres, após facilitar a radialistas australianos acesso a informação sobre o estado de Kate Middleton “Estou devastado com a perda trágica da minha amada mulher„ Benedict Barboza Os fi lhos da enfermeira Jacintha Saldanha, de 46 anos, esperavam a chegada da mãe, que iria passar o fi m de semana com eles a Bristol. Mas, na manhã do passado dia 10, Lisha, de 14 anos, e Junal, de 16, recebiam a pior notícia das suas vidas: a sua mãe estava morta. “Sinto a tua falta. Amo-te”, escreveu a fi lha na sua página do Facebook, depois do anúncio. A enfermeira do Hospital King Edward VII, em Londres, foi encontrada pela polícia enforcada nos dormitórios do edifício. Ainda apresentava sinais vitais, mas o óbito acabou por ser declarado no local. Deixou uma carta à família, na qual se presume que explique as razões da sua atitude. Todas as suspeitas apontam, no entanto, para a vergonha que a profi ssional de saúde sentiria por ter sido enganada durante um telefonema falso, emitido pela rádio australiana 2Day FM, colocando em questão o desempenho das suas funções. Isto porque, acreditando estar a falar com a rainha Isabel II, Jacintha Saldanha facilitou o acesso da rádio a informações confi denciais sobre o estado de saúde de Kate Middleton, que naquela altura estava internada no hospital com hiperemese gravídica. “Bom dia. Será que posso falar com a minha neta Kate, por gentileza?”, perguntava a locutora Mel Greig, fazendo-se passar pela rainha e fi ngindo estar ao lado do príncipe Carlos, imitado pelo colega Michael Christian. Do outro lado da linha, a enfermeira de nacionalidade indiana respondia: “Oh, claro. Só um momento, senhora.” Jacintha Saldanha passava a chamada para outra enfermeira, cuja identidade ainda não foi revelada, e que se encontrava na ala onde estava a princesa. Aquela, por sua vez, sem saber que a conversa era uma brincadeira, quebrou o sigilo profi ssional: “Ela está a dormir e teve uma noite sem complicações. Tem estado a soro e está estável, de momento. (…) Agora vamos fazer-lhe a higiene diária.” Durante e após o telefonema, os apresentadores mostraram-se divertidos com o resultado da partida, realizada no dia 6. Mas após a emissão do mesmo, um dia depois, começaram a chover críticas à postura da estação, que depressa lançou um pedido de “desculpa por qualquer inconveniente causado”. Tarde demais. Na sexta-feira seguinte, depois de o marido, que não conseguia contactá-la, alertar a polícia, Jacintha Saldanha acabaria por ser encontrada morta. Os locutores começaram a receber críticas e ameaças pela brincadeira, e muitos são os que os responsabilizam pela morte da enfermeira. Ambos foram suspensos. Encontram-se, atualmente, a receber acompanhamento psicológico intensivo, já que apresentam um estado “muito frágil e vulnerável”, explicou um porta-voz da emissora. “Estamos destroçados, arrasados, inconsoláveis”, afi rmou Michael Christian, de 25 anos. “Foi o pior telefonema que recebi na minha vida”, lamentou Mel Greig, de 30 anos, sobre o momento em que soube da notícia. Os dois concederam duas entrevistas aos canais televisivos australianos Channel 7 e Channel 9, dias após o sucedido. E, lavados em lágrimas, explicaram que fizeram uma chamada falsa “sem malícia”. “Não queríamos explorar nada. Não tentámos irritar ninguém nem obter uma reação”, defenderam, admitindo que apenas pretendiam conseguir um clip “estúpido” e “engraçado”, e que lhes bastava
“que lhes desligassem o telefone na cara” ao ouvir as suas imitações com “sotaques e vozes ridículos”. Os efeitos foram outros e as consequências acabaram por ser descritas como uma “tragédia terrível” pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, e pela primeira-ministra australiana, Julia Gillard. Entre soluços, os locutores mostraram arrependimento e preocupação para com a família da enfermeira. “Ainda não consegui parar de pensar no que aconteceu. E lembro-me de que a minha pergunta foi ‘ela era mãe?’”, partilhou Mel Greig. Jacintha Saldanha tinha dois fi lhos e um marido, Benedict Barboza, de 49 anos. “Estou devastado com a trágica perda da minha amada mulher”, escrevia ele na sua página do Facebook. Seguiam-se vários familiares e amigos a lamentar o sucedido à imprensa. Celine D’Souza, a cunhada, considerou estranhas as circunstâncias da sua morte: “Ela era tão boa. Era uma mulher forte. E não pode ter tomado esta decisão de ânimo leve.” Já Carmine Barboza, a sogra, disse que não conseguia ainda “acreditar no que aconteceu”. “Ainda não sabemos se vão trazer o seu corpo para a Índia, mas esperamos que sim”, partilhou a matriarca, de 69 anos. Jacintha Saldanha nasceu em Shirva, uma aldeia indiana no Estado de Karnataka, onde a infl uência portuguesa ainda está muito presente. Neste caso, nos apelidos e na prática da religião católica por parte da família. A enfermeira casou-se em 1993 com Benedict Barboza e há cerca de dez anos mudaram-se para o Reino Unido, após uma breve passagem por Omã, onde têm família. Instalaram-se na cidade britânica de Bristol, e Benedict arranjou trabalho no NHS (Serviço Nacional de Saúde). Jacintha passava, no entanto, a maior parte do tempo em Londres, pois trabalhava no Hospital “Sinto a tua falta. Amo-te„ Desabafo da fi lha no Facebook Em cima, o hospital onde a enfermeira se enforcou, e os locutores de rádio inconsoláveis. Num inquérito feito por um jornal australiano, dois terços dos entrevistados não responsabilizam a dupla pelo sucedido. Em baixo, Jacintha com os dois fi lhos
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“que lhes desligassem o telefone<br />
na cara” ao ouvir as suas imitações<br />
com “sotaques e vozes ridículos”.<br />
Os efeitos foram outros e as<br />
consequências acabaram por ser<br />
descritas como uma “tragédia<br />
terrível” pelo primeiro-ministro<br />
britânico, David Cameron, e pela<br />
primeira-ministra australiana,<br />
Julia Gillard. Entre soluços, os<br />
locutores mostraram arrependimento<br />
e preocupação para com<br />
a família da enfermeira. “Ainda<br />
não consegui parar de pensar<br />
no que aconteceu. E lembro-me<br />
de que a minha pergunta foi<br />
‘ela era mãe?’”, partilhou Mel<br />
Greig. Jacintha Saldanha tinha<br />
dois fi lhos e um marido, Benedict<br />
Barboza, de 49 anos. “Estou devastado<br />
com a trágica perda da<br />
minha amada mulher”, escrevia<br />
ele na sua página do Facebook.<br />
Seguiam-se vários familiares<br />
e amigos a lamentar o sucedido<br />
à imprensa. Celine D’Souza, a<br />
cunhada, considerou estranhas<br />
as circunstâncias da sua morte:<br />
“Ela era tão boa. Era uma mulher<br />
forte. E não pode ter tomado<br />
esta decisão de ânimo leve.”<br />
Já Carmine Barboza, a sogra,<br />
disse que não conseguia ainda<br />
“acreditar no que aconteceu”.<br />
“Ainda não sabemos se vão<br />
trazer o seu corpo para a Índia,<br />
mas esperamos que sim”,<br />
partilhou a matriarca, de 69 anos.<br />
Jacintha Saldanha nasceu em<br />
Shirva, uma aldeia indiana no<br />
Estado de Karnataka, onde a<br />
infl uência portuguesa ainda está<br />
muito presente. Neste caso, nos<br />
apelidos e na prática da religião<br />
católica por parte da família.<br />
A enfermeira casou-se em 1993<br />
com Benedict Barboza e há<br />
cerca de dez anos mudaram-se<br />
para o Reino Unido, após uma<br />
breve passagem por Omã,<br />
onde têm família. Instalaram-se<br />
na cidade britânica de Bristol,<br />
e Benedict arranjou trabalho no<br />
NHS (Serviço Nacional de Saúde).<br />
Jacintha passava, no entanto, a<br />
maior parte do tempo em Londres,<br />
pois trabalhava no Hospital<br />
“Sinto a tua falta.<br />
Amo-te„ Desabafo<br />
da fi lha no Facebook<br />
Em cima, o hospital onde<br />
a enfermeira se enforcou, e os<br />
locutores de rádio inconsoláveis.<br />
Num inquérito feito por um<br />
jornal australiano, dois terços dos<br />
entrevistados não responsabilizam<br />
a dupla pelo sucedido. Em baixo,<br />
Jacintha com os dois fi lhos
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