2006_Dis_ CSALBUQUERQUE.pdf - Repositório Institucional UFC
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Nessa perspectiva, Magnani (2002) nos convida a pensar a cidade “de<br />
perto e de dentro” em oposição às análises que só focalizam os contextos<br />
macro, isto é, percepções “de fora e de longe”. A questão é procurar entender<br />
de forma mais integrada como se apresentam neste cenário contemporâneo as<br />
práticas sociais: Quais as lógicas participativas manifestadas nos rituais de vida<br />
pública? Como os moradores da metrópole vivenciam as experiências<br />
urbanas?<br />
Um desafio colocado foi perceber a dinâmica da cidade a partir dos<br />
próprios sujeitos, ou seja, as formas pelas quais os jovens transitam no espaço,<br />
os usos que fazem dos equipamentos e serviços urbanos. Foi preciso articular<br />
os dois pólos da relação com a cidade: tanto a partir dos sujeitos sociais e de<br />
suas práticas, como pela paisagem em que as práticas se desenvolvem. A<br />
experiência etnográfica se apresentou como uma estratégia em potencial para<br />
apreensão dos significados construídos pela vivência urbana, significados<br />
estes que só puderam ser compreendidos com profundidade numa opção de<br />
pesquisa “de perto e de dentro”.<br />
1. A cidade moderna-contemporânea e os estilos juvenis<br />
Numa caminhada pela cidade, como sugere Magnani (2002) logo se<br />
identifica uma multiplicidade de atores, personagens, hábitos, visões de mundo<br />
e estilos de vida, como por exemplo, as diversas formas de sociabilidades e de<br />
culturas juvenis. As “tribos urbanas” 33 – punks, darks, grafiteiros, skatistas,<br />
hippies, roqueiros, rappers, surfistas, rpgistas entre outros – são um exemplo<br />
de diversidade e de heterogeneidade presente nas juventudes urbanas, assim,<br />
contrapõem-se as perspectivas generalistas, homogeneizadoras e<br />
cristalizadoras da condição juvenil 34 num contexto globalizado. O importante<br />
33 As Tribos urbanas aqui são entendidas como uma metáfora utilizada para designar a<br />
experiência de sociabilidade em grupos de pares pelos jovens nas cidades, ou seja, quando<br />
compartilham, trocam, comunicam os signos de um universo simbólico em comum, a saber:<br />
vestimentas, ídolos, linguagem, consumo, lazer, um estilo de vida.<br />
34 Para Abad (2003) a condição juvenil reflete o modo como uma sociedade constitui e significa<br />
esse momento do “ciclo de vida”, diferente das situações juvenis que são os diversos percursos<br />
experimentados pelas juventudes no decorrer da condição juvenil, mas sob distintos recortes.<br />
Segundo o autor uma nova condição juvenil se constrói sob o pano de fundo da crise das<br />
instituições tradicionalmente consagradas à transmissão de uma cultura adulta hegemônica,<br />
cujo prestígio vem sendo desgastado pelo não-cumprimento das promessas e pela perda de<br />
sua eficácia simbólica no papel de ordenadores da sociedade. Essa desinstitucionalização da<br />
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