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2006_Dis_ CSALBUQUERQUE.pdf - Repositório Institucional UFC

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culturais e de hibridação de culturas e subculturas que dão lugar a<br />

identidades novas sem apego as velhas territorialidades e<br />

percebidas desde temporalidades curtas e precárias (Barbero, 2004,<br />

p.237).<br />

A experiência etnográfica me proporcionou uma estratégia em<br />

potencial para apreensão dos significados construídos pela participação dos<br />

jovens nesse grande universo simbólico a qual identifico como sendo o “mundo<br />

do surfe”, significados estes que só podem ser compreendidos com<br />

profundidade numa opção de pesquisa “de perto e de dentro”. É nessa<br />

perspectiva, que Magnani (2002) nos convida a pensar a cidade e suas<br />

experiências, em oposição às análises que só focalizam os contextos macro,<br />

isto é, percepções “de fora e de longe”.<br />

Geertz (1997) ao discutir os conceitos de “experiência-próxima” e de<br />

“experiência-distante”, expressa a necessidade de complementaridade na<br />

relação entre ambas, mas, sobretudo, a superação de uma suposta<br />

contradição entre dois pontos de vistas opostos, trata-se, portanto, de ver as<br />

coisas do ponto de vista dos nativos.<br />

Para captar conceitos que, para outras pessoas, são de experiênciapróxima,<br />

e fazê-lo de uma forma tão eficaz que nos permita estabelecer<br />

uma conexão esclarecedora com os conceitos de experiência-distante<br />

criados por teóricos para captar os elementos mais gerais da vida social,<br />

é, sem dúvida, uma tarefa tão delicada, embora um pouco menos<br />

misteriosa, que colocar-se “embaixo da pelo do outro” (p. 88).<br />

Seguindo a recomendação do autor de que o que é importante é<br />

descobrir que diabos eles acham do que tão fazendo, o cotidiano dos surfistas,<br />

seus rituais, suas sociabilidades, os significados atribuídos às coisas, suas<br />

percepções etc., passou a ser por mim, cuidadosamente observado, registrado,<br />

analisado. Pois ninguém sabe disso tão bem quanto eles próprios, daí o desejo<br />

de surfar nas suas experiências e de alguma forma ter a ilusão de que foi<br />

“irado”, de que “foi o melhor surfe da minha vida”, como dizem os surfistas<br />

(Geertz, 1997).<br />

Bourdieu (1990) observa que um grande problema colocado à<br />

sociologia do esporte é,<br />

De um lado existem pessoas que conhecem muito bem o esporte na forma<br />

prática, mas que não sabem falar dele, e, de outro, pessoas que conhecem<br />

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