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2006_Dis_ CSALBUQUERQUE.pdf - Repositório Institucional UFC

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humanos: “civilizados” ou “primitivos” (Magnani, 2000). Com o passar dos<br />

tempos a antropologia se distanciou da perspectiva evolucionista e passou a<br />

ter outras preocupações, porém, nunca abandonou a preocupação inicial: a<br />

diversidade cultural. Agora, deixando de associar o diferente ao atrasado, a<br />

antropologia voltou-se também para a análise das culturas urbanas, sobretudo,<br />

pela busca dos significados de tais práticas: o trabalho, o lazer, a sociabilidade,<br />

a religiosidade etc.<br />

É certo que faz parte da história da antropologia e das ciências sociais<br />

estudar sobre “os outros”, as denominadas “comunidades primitivas” ou<br />

“tradicionais”, as classes populares, os pobres, as tribos urbanas, objetos de<br />

estudo que certamente trazem estranheza e curiosidade aos pesquisadores.<br />

Mas para mim, o processo foi inverso. O que me causou estranheza foi<br />

justamente algo que, de certa forma, sempre fez parte da minha vida: o<br />

universo do surfe.<br />

Ainda que o surfe fosse algo extremamente familiar para mim, sempre<br />

existiram questões que me instigavam conhecer: como pode um surfista se<br />

desligar de tudo e de todos por causa de boas ondas? Que “energia” é essa<br />

vivenciada pelos surfistas, chamada “adrenalina”, que faz deste esporte um<br />

verdadeiro “vício” para os que o praticam? Como um jovem pode “abdicar” de<br />

tantas coisas em nome do surfe? Que tipo de investimento é este? Por que a<br />

maioria dos surfistas tem o mesmo gosto, escutam as mesmas músicas, até a<br />

tonalidade da voz ao pronunciar “meu irmãããão”? Por que são tão parecidos,<br />

mas ao mesmo tempo tão diferentes, com suas trajetórias, expectativas e<br />

visões de mundo diversas?<br />

Foi a partir da disciplina sociologia urbana nesse programa de pós-<br />

graduação, que comecei a ter um novo olhar para minha cidade e percebê-la<br />

como uma grande arena de espetáculos urbanos intrigantes, e ainda, que nós<br />

todos somos os personagens dessas cenas cotidianas; daí a percepção,<br />

conforme Geertz (1997), de que agora somos todos nativos. Por esse olhar,<br />

começaram a me causar estranhamento, as formas pelas quais “meus amigos<br />

surfistas” percebiam e viviam no espaço urbano e como nele/e com ele se<br />

relacionavam. O mais fascinante nesse universo cultural, o “mundo do surfe”,<br />

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