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Cirurgia Abdominal - Dra. Eloiza Quintela

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- Primeiro sinal dessa herniação: dilatação da pupila ipsilateral, que resulta da compressão do N. oculomotor.<br />

- À medida que a herniação progride, há compressão da A. cerebral posterior, resultando em hemianopsia<br />

conseqüente à isquemia do lobo occipital.<br />

- A insinuação da porção medial do lobo temporal no forame de Pacchione comprime o mesencéfalo, diminuindo a<br />

luz do aqueduto de Sylvius, o que leva à retenção e LCR acima desse nível.<br />

- A compressão do pedúnculo cerebral causa hemiparesia ou hemiplegia contralateral por comprometimento da<br />

via piramidal ipsilateral. Quando a hérnia é suficiente para empurrar fortemente o mesencéfalo, pode ocorrer<br />

comprometimento da via piramidal contralateral, com déficit motor ipsilateral à lesão (falso sinal de localização).<br />

- A compressão e distorção progressiva do mesencéfalo levam ao coma, reação de descerebração e óbito.<br />

- Hérnia transtentorial central: resulta do deslocamento no sentido caudal do diencéfalo e porção superior do mesencéfalo<br />

através do buraco de Pacchioni. É encontrada nos processos difusos supratentoriais com grande aumento da PIC ou em<br />

lesões situadas na linha mediana. Traciona a haste hipofisária, resultando em necrose hipofisária, diabete insípido e paralisia<br />

do olhar vertical para cima. Após surgem alterações importantes do nível de consciência, dilatação das pupilas, atitude em<br />

descerebração e óbito.<br />

- Hérnias cerebelares: podem se dirigir para cima, insinuando-se no buraco de Pacchioni – hérnia cerebelar superior (ocorre<br />

quando há aumento da PIC no compartimento infratentorial; comprime o aqueduto de Sylvius, provocando retenção de LCR<br />

acima desse nível), ou para baixo, através do forame magno – hérnia cerebelar inferior, tonsilar ou amigdaliana (insinuação<br />

das tonsilas cerebelares no buraco occipital comprimindo o bulbo; ocorre PCR súbita)<br />

- Observação: as hérnias encefálicas transtentoriais e cerebelares que obstruem o buraco de Pacchioni ou forame magno<br />

interrompem a comunicação entre a cavidade intracraniana e o espaço intra-raquídeo, explicando a ausência de aumento da<br />

pressão do LCR quando esta é medida no espaço subaracnóideo espinal mesmo na vigência de HIC franca. Esse fato<br />

também justifica a contra-indicação da coleta de LCR na cisterna magna ou no fundo-de-saco lombar quando existe HIC,<br />

porque esse procedimento pode agravar ou desencadear hérnia encefálica com todas as suas conseqüências.<br />

– Relação entre HIC e FSE:<br />

- Primeiro mecanismo: a ação direta da HIC sobre os vasos encefálicos provoca aumento da RVE e diminuição do FSE;<br />

seguem-se vasodilatação, aumento de FSE e agravamento da HIC.<br />

- Segundo mecanismo: elevação da PA (reação vasopressórica); à medida que a isquemia se acentua, ocorre<br />

comprometimento da reação vasopressórica. Cái a PA, diminuindo a PPE, o que acentua a isquemia. A falência desse<br />

mecanismo vasopressórico causa a morte.<br />

– Tríade de Cushing: a HIC provoca aumento da PA, e em seguida ocorre alteração do ritmo respiratório, e por último bradicardia, esses<br />

últimos por isquemia do bulbo. A bradicardia é o último sinal a aparecer, e traduz alta gravidade e péssimo prognóstico.<br />

▫ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA HIC – 4 FASES<br />

− Fase 1: assintomática, porque há deslocamento de um dos comportamentos normais do conteúdo intracraniano para compensar o<br />

volume acrescido. Há diminuição do LCR (diminui a produção por falta de ATP, e a reabsorção, que é um processo passivo, é mantida)<br />

e do volume de sangue venoso.<br />

− Fase 2: oligossintomática; os mecanismos compensatórios já estão se esgotando, há comprometimento do FSE, isquemia dos centros<br />

bulbares, surgem as ondas em platô e os primeiros sintomas e sinais da HIC, com redução da freqüência cardíaca. Há diminuição da<br />

PPE, com diminuição do volume de sangue arterial (↓FSE). Há vasodilatação pelo aumento da pCO2, com piora da HIC<br />

− Fase 3: descompensação; ocorre aumento da PIC e comprometimento da PPC. Ondas em platô mais freqüentes e com maior<br />

amplitude, e o comprometimento do tono vascular e a paralisia do mecanismo vasopressórico acarretam aumento do volume<br />

encefálico, acentuando a HIC; os sintomas e sinais da HIC tornam-se exuberantes, há comprometimento do nível de consciência,<br />

alterações da PA, da freqüência cardíaca e ritmo respiratório. Há redução do volume encefálico (compressão e atrofia se HIC crônica,<br />

hérnias se HIC aguda). Ainda há possibilidade de regressão do quadro clínico, desde que a HIC seja tratada adequadamente.<br />

− Fase 4: irreversibilidade; a PA cai, o ritmo respiratório e os batimentos cardíacos são irregulares, surge o coma, as pupilas tornam-se<br />

midriáticas e paralíticas e a morte ocorre por PCR. (falência do mecanismo vasopressor de elevação da PA para manter o FSE,<br />

cessando-no).<br />

− Sinais e sintomas gerais:<br />

- Cefaléia: decorre da dilatação e tração das grandes artérias e veias, compressão e distenção de nervos cranianos e da<br />

dura-máter por eles inervadas. Em tumores, tem caráter progressivo e é mais intensa durante a noite, explicado pela<br />

vasodilatação secundária à retenção de CO2 noturna. Não tem valor de localização.<br />

- Vômitos: decorrem do aumento da PIC ou do deslocamento e torção do tronco encefálico, bem como da irritação dos<br />

centros do vômito no bulbo pela acidose do LCR. Mais freqüente pela manhã, ao despertar. Alivia a cefaléia pela diminuição<br />

do edema cerebral decorrente da hiperventilação que se segue ao ato de vomitar. Em jato apenas em 20% dos pacientes<br />

com vômitos.<br />

- Edema de papila: resulta da compressão da veia central da retina pelo LCR contido no espaço subaracnóideo que envolve<br />

os nervos ópticos. A ausência de pulso venoso já indica aumento da PIC. É o sinal mais característico da HIC, e demora de 5<br />

a 6 dias para se formar. Quando progride rapidamente, é acompanhado por hemorragia retiniana. Se a HIC não for<br />

corretamente diagnosticada e tratada, o papiledema evolui para atrofia secundária da papila e cegueira.<br />

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