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Cirurgia Abdominal - Dra. Eloiza Quintela

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→ Gastrintestinais<br />

- Esofagite cursa com dor retro-esternal que pode irradiar para a região dorsal.<br />

- Úlcera péptica duodenal normalmente ocorre na parede posterior do duodeno, parte deste órgão é retroperitonial, dessa forma a dor pode<br />

irradiar-se para a transição tóraco-lombar. Na pancreatite pode ocorrer o mesmo.<br />

- A cólica biliar, da mesma forma que a cólica renal, pode cursar com dor espasmódica na transição tóraco-lombar.<br />

- Dessa forma, ao se interrogar um paciente com dorso-lombalgia crônica, o hábito e a frequência alimentar podem estar relacionados com a<br />

queixa álgica.<br />

→ Infecciosas<br />

- A espondilodiscite infecciosa tanto específica (Tuberculosa/ mal de Pott), como a bacteriana inespecífica (S.aureus), são geralmente de<br />

origem hematogênica, secundárias a um foco primário distante.<br />

- Causam dor lombar intensa que não melhora com o repouso e piora à noite.<br />

- Muitas vezes vem acompanhadas de sinais sistêmicos de infecção e intensa contratura vertebral.<br />

→ Ortopédicas<br />

- De maneira geral, após uma boa história e um bom exame físico geral a maioria das causas sistêmicas de lombalgia e lombociatalgia, vistas<br />

anteriormente, podem ser diagnosticadas e o tratamento correto instituído.<br />

- Quando nenhuma dessas causas for observada, então provavelmente o paciente apresenta uma lombalgia ortopédica mecânica, sem dúvida<br />

a etiologia mais comum.<br />

- O requisito mais óbvio das lombalgias e/ou ciatalgias mecânicas é a sua relação bastante evidente com o movimento corporal.<br />

Caracteristicamente as lombalgias mecânicas pioram com o movimento, atividade e esforço físico e melhoram com o repouso. Indagar isso ao<br />

paciente é crucial e mandatório.<br />

- Quando estamos frente a um paciente portador de lombalgia mecânica de causa ortopédica, devemos tentar enquadrá-lo em um dos quatro<br />

grupos principais a saber, que podem ocorrer em conjunto ou isoladamente:<br />

- Dor lombar discogênica (lombalgia do compartimento anterior)<br />

- Dor lombar facetária (lombalgia do compartimento posterior)<br />

- Dor predominantemente ciática com sinais de radiculopatia<br />

- Dor da claudicação neurogênica<br />

- A dor lombar discogênica é a mais frequente de todas. Acomete indivíduos após a segunda década de vida sendo seu pico de incidência<br />

entre 30 e 50 anos. Sua etiologia está relacionada com a desidratação e degeneração dos discos intervertebrais, principalmente nos<br />

segmentos motores mais caudais (L4/L5 e L5/S1). Caracteristicamente, o indivíduo piora com a flexão do tronco e quando fica muito tempo<br />

sentado. Classicamente o indivíduo tem dor crônica leve diária, de repente, após um movimento banal (normalmente a flexão do tronco para<br />

elevar um peso) desenvolve uma dor aguda de grande intensidade (lumbago). Esta dor vem acompanhada de contratura muscular e escoliose<br />

antálgicas (o paciente sai do prumo), este quadro dura alguns dias e faz o indivíduo procurar o pronto-socorro para ser medicado. Passada a<br />

crise o indivíduo volta a situação anterior.<br />

Somente uma diminuta parcela desses indivíduos desenvolvem lombalgia crônica incapacitante e necessitam de tratamento cirúrgico. Na maior<br />

parte das vezes o tratamento conservador com AINH e reabilitação postural baseada em exercícios de extensão do tronco são suficientes. A<br />

história natural da instabilidade do segmento motor normalmente é benigna, ou seja, com o envelhecimento, este segmento motor evolui para<br />

uma fase de “estabilização” as custas dos osteofitos vertebrais (“bicos de papagaio”). Estes osteofitos estabilizam as vértebras diminuindo sua<br />

mobilidade e por conseguinte a dor melhora. Sendo assim, indivíduos idosos normalmente não apresentam lombalgia mecânica discogênica e<br />

os seus “bicos de papagaio” não são, nem nunca foram, a causa da sua dor lombar, muito pelo contrário.<br />

- A dor lombar facetária, menos freqüente, ocorre em indivíduos mais velhos, portadores de artrose das articulações zigoapofisárias. Devemos<br />

lembrar que cada vértebra apresenta 04 delas. Estas articulações são do tipo sinovial e portanto são bastante inervadas. Quando ocorre lesão<br />

das cartilagens articulares, substâncias algogênicas desencadeam a dor articular. Classicamente estes indivíduos pioram com a extensão do<br />

tronco e quando ficam muito tempo em pé. Melhoram com a flexão do tronco e quando sentados. O tratamento consiste no uso de AINH e<br />

reabilitação postural baseada em exercícios de flexão do tronco. Por vezes, a infiltração facetária com anestésicos+ corticóides, guiados pela<br />

TC pode ser útil.<br />

- Devemos sempre ter em mente que as patologias da coluna vertebral são dinâmicas, ou seja, a degeneração do segmento motor, como já<br />

vimos, evolui em fases. Entretanto, ainda na fase de instabilidade, o ânulo fibroso pode romper-se completamente ocasionando a clássica<br />

Hérnia discal (hérnia do núcleo pulposo).<br />

- Não se sabe ao certo porque, mas os indivíduos com hérnia discal extrusa melhoram da dor lombar discogênica, porém, começam a<br />

apresentar uma dor predominantemente ciática acompanhada de sinais de radiculopatia. Instala-se a dor no trajeto da raiz comprimida e<br />

inflamada pelo núcleo pulposo que herniou para o canal vertebral, pode ocorrer paresia dos músculos inervados por esta raiz e parestesia no<br />

dermátomo correspondente. A topografia da lesão deve ser suspeitada pelo quadro clínico e confirmada pelos exames de imagem. Quanto<br />

maior for o grau de compressão, mais evidentes serão os sinais de tensão radicular observados pelo sinal de Làsegue. Felizmente, mais de<br />

90% dessas hérnias discais reabsorvem e a ciática melhora num período de 1 a 3 meses. Quando isso não ocorre, esta indicada a laminotomia<br />

associada a discectomia.<br />

- Como já foi dito, a estabilização do segmento motor ocorre devida a formação de osteofitos e hipertrofia das facetas articulares. Isto melhora<br />

a dor discogênica, porém em alguns pacientes essa hipertrofia pode ser muito exuberante e causar diminuição da área do canal vertebral.<br />

Nesta situação diminui o espaço para as raizes da cauda eqüina, principalmente no nível L4/L5. A compressão das raizes nervosas altera o<br />

seu fluxo sangúíneo ocasionando uma congestão venosa. Clinicamente o paciente apresenta a dor da claudicação neurogênica dos MMII<br />

devido a estenose do canal vertebral.<br />

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