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Cirurgia Abdominal - Dra. Eloiza Quintela

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LOMBALGIAS E LOMBOCIATALGIAS<br />

INTRODUÇÃO<br />

- A dor lombar é uma grande causa de morbidade e incapacidade, sendo sobrepujada apenas pela cefaléia na escala dos distúrbios dolorosos<br />

que afetam o ser humano. É também, depois da IVAS, a causa mais comum de absenteísmo no trabalho.<br />

- Define-se lombalgia como todas as condições de dor , com ou sem rigidez do tronco, localizadas na região inferior do dorso, em uma área<br />

situada entre o último arco costal e a prega glútea. Define-se ciatalgia / ciática, como a dor que tem início na raiz da coxa, uni ou<br />

bilateralmente, ultrapassando o(s) joelho(s) e alcançando, na maioria das vezes, o pé homolateral, seguindo uma localização dermatomérica<br />

específica (território L5 ou S1) acompanhada ou não de déficit motor e/ou sensitivo.<br />

- A caracterização etiológica da síndrome dolorosa lombar é um processo eminentemente clínico. Os exames complementares estão indicados<br />

para confirmação da hipótese diagnóstica e portanto somente devem ser levados em consideração se apresentarem estrita correlação com as<br />

suspeitas clínicas.<br />

- 70% dos casos de lombalgia são corretamente diagnosticados após uma boa anamnese, o índice de acerto sobe para 90% após um rigoroso<br />

exame físico. Firmamos o diagnóstico em 95% dos casos quando solicitamos e interpretamos adequadamente os exames subsidiários.<br />

LOMBALGIAS NÃO ORTOPÉDICAS<br />

→ Vascular<br />

- É infreqüente e normalmente é relacionada com aneurismas aorto-ilíacos, sendo a isquemia da musculatura para vertebral sua mais provavél<br />

causa. Músculos isquêmicos doem quando solicitados.<br />

- Os aneurismas dissecantes tóraco-abdominais, ocorrem em pacientes hipertensos e geralmente causam dor aguda, súbita e lancinante na<br />

região interescapular.<br />

- A claudicação intermitente das oclusões arteriais crônicas aorto-ilíacas, principalmente quando a isquemia compromete a musculatura glútea<br />

e das coxas, pode confundir-se, principalmente, com a dor irradiada das lombociatalgias por estenose do canal vertebral e com a dor<br />

neuropática da polineuropatia diabética. Muitas vezes os quadros podem estar associados. Dessa forma, questionar a presença de diabetes e<br />

palpar os pulsos dos MMII, são passos obrigatórios da propedêutica, principalmente nos idosos.<br />

→ Urológicas<br />

- A dor proveniente de um rim doente é relatada dorsalmente no ângulo costo-vertebral e na face anterior, no flanco abaixo do 12º arco costal.<br />

- Normalmente é uma dor em cólica, espasmódica e associada a sintomas gerais como febre e náuseas.<br />

- Exemplos: pielonefrite, hematomas e obstruções por cálculos.<br />

- A dor, obviamente, não tem relação com o movimento e não melhora com o repouso, característica óbvia das lombalgias ortopédicas<br />

mecânicas.<br />

- Se estiver associada a distensão ureteral, classicamente, encontramos a irradiação para o testículo ou grande lábio vaginal ipsilateral.<br />

Normalmente o sinal de Giordano é positivo.<br />

- As protatites e o câncer da próstata causam dor perineal com irradiação sacral. Como o câncer prostático normalmente dissemina-se por via<br />

hematogênica, a metástase óssea na coluna lombo-sacral é muito freqüente, e sempre deve ser suspeitada em homens acima de 60 anos que<br />

apresentem lombociatalgia súbita.<br />

→ Reumatológicas<br />

- Podem ser divididas em 03 grupos: as artrites degenerativas, artrites inflamatórias e os reumatismos de partes moles.<br />

- Artrites degenerativas: que causam dor lombar, incluem-se a osteoartrose clássica e a Hiperostose esquelética idiopática difusa (Doença de<br />

Forestier). Em ambas o processo degenerativo articular esta presente, normalmente cursam com rigidez matinal moderada e respondem bem<br />

ao uso de AINH. A primeira ocorre em indivíduos após a sexta década de vida, a segunda acomete indivíduos mais jovens que apresentam<br />

calcificação dos discos intervertebrais, porém, diferente dos indivíduos portadores de discopatia mecânica degenerativa, a altura discal esta<br />

preservada (coluna de bambú). A diminuição de amplitude de movimentos é evidente.<br />

- Artrites inflamatórias: destaca-se a Espondilite Anquilosante. Esta patologia acomete principalmente homens jovens, a sede da dor<br />

normalmente localiza-se nas articulações sacro-ilíacas e não na coluna vertebral lombar, dessa forma, é imperativa a avaliação desta<br />

articulação pelo teste de Patrick (FABERE). Como característica fundamental, a rigidez e a dor matinal são severas e com o passar das horas<br />

a dor e a mobilidade melhoram, diferente das lombalgias mecânicas que pioram com a movimentação e durante o decorrer do dia. A resposta<br />

ao uso de AINH, também é dramática.<br />

- Reumatismos de partes moles: encontramos a Fibromialgia e a Síndrome dolorosa miofascial. A fibromialgia é mais comum em mulheres,<br />

após os trinta anos de idade, caracteriza-se por dores difusas pelo corpo, em pontos específicos. Quase sempre vem acompanhada da<br />

Síndrome da fadiga crônica, de depressão e distúrbios do sono. O tratamento é baseado em exercícios físicos, uso de antidepressivos<br />

tricíclicos e psicoterapia comportamental. A Síndrome dolorosa miofascial, acomete os mais variados grupos músculares, e esta relacionada a<br />

contraturas dolorosas involuntárias desses músculos, normalmente devida a problemas ergonômicos e vícios posturais. Em ambas as<br />

patologias, os exames de imagem, laboratoriais e biópsias musculares são absolutamente normais. O diagnóstico é clínico.<br />

→ Ginecológicas<br />

- Os tumores pélvicos primários e as metástases podem dar dor por invasão óssea, acometimento do retroperitônio, compressão de raízes<br />

nervosas e do plexo lombosacral.<br />

- O hipoestrogenismo determinado pelo climatério diminui o trofismo ósseo e muscular, resultando em fadiga múscular e fraturas por<br />

osteoporose, ambas dolorosas.<br />

- A moléstia inflamatória pélvica (MIPA) pode levar à dor lombar por posição antálgica, dor irradiada ou compressão radicular.<br />

- A endometriose situa-se em diversos locais como, ligamento útero-sacro, peritônio e retroperitônio entre outros, podendo assim causar<br />

lombalgia. Em mais de 50% dos casos a dor lombar piora durante a menstruação, fato este que deve ser indagado à paciente na anamnese.<br />

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