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Cirurgia Abdominal - Dra. Eloiza Quintela

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FRATURAS NO ANEL PÉLVICO<br />

ANATOMIA<br />

A pelve é composta por 4 estruturas ósseas:<br />

→ Duas hemi-bacias:<br />

- Cada hemi-bacia é composta por 3 ossos: íleo, ísquio e púbis.<br />

- Unidas anteriormente pela sínfise púbica e posteriormente pelas articulações sacro-ilíacas.<br />

- As estruturas ósseas são unidas por fortes ligamentos. Principais: ligamentos sacro-ilíacos, que juntam as asas do sacro à região articular do<br />

ilíaco, os ligamentos sacro-espinais e os ligamentos sacro-tuberositários. A lesão desses ligamentos define a instabilidade de uma fratura. Os<br />

acetábulos são as regiões da pelve que articulam com a cabeça femoral.<br />

→ Sacro<br />

→ Cóccix Cada hemi-bacia ou hemi-pelve é composta por três ossos: íleo, ísquio e púbis.<br />

ETIOLOGIA E COMPLICAÇÕES<br />

→ O mecanismo de trauma:<br />

- Pode envolver baixo índice de energia: comum em quedas domésticas, pessoas idosas, avulsão de espinhas ósseas em pacientes imaturos<br />

ou em traumas diretos na asa do ilíaco. Este tipo de fratura é considerado de bom prognóstico, e geralmente respondendo bem ao tratamento<br />

conservador.<br />

- Envolvendo alto índice de energia: são os acidentes automobilísticos, atropelamentos, acidentes motociclísticos e quedas de altura. Nestes<br />

casos configura-se uma situação de urgência médica devido ao alto índice de perda sangüínea. Fraturas fechadas da pelve seqüestram em<br />

média 1,5 a 2,0 litros de sangue, dependendo da região envolvida. Fraturas expostas geralmente levam à exangüinação do paciente sendo<br />

potencialmente fatais.<br />

→ Hemorragia é a complicação mais importante podendo ocorrer pela fratura ou devido a lesões vasculares associadas. A alta taxa de<br />

hemorragia pode ser explicada pela íntima relação da A. Ilíaca interna e seus ramos com a juntura sacro-ilíaca anterior. Pode ocorrer seqüestro<br />

de até 50% da volemia.<br />

→ As lesões urológicas são associações comuns, sendo mais prevalente em homens (21% contra 8% das mulheres). Podemos ter lesão da<br />

bexiga e da uretra, sendo importante na avaliação inicial verificar se há sangue no meato e/ou hematúria.<br />

→ Devemos também atentar para lesões genitais e gastrointestinais que podem passar despercebidas (principalmente lesões vaginais). As<br />

lesões neurológicas também podem ocorrer e devem ser sempre avaliadas.<br />

EXAME FÍSICO<br />

- O exame da estabilidade pélvica faz parte do atendimento inicial ao politraumatizado, sendo que as fraturas deste local correspondem à<br />

causa comum de sangramentos internos.<br />

- O paciente com a pelve fraturada apresenta-se com dor, impossibilidade de deambulação, crepitação na região da pelve, equimose ou<br />

edema perineal ou escrotal. Pelo sangramento e pela gravidade do trauma, geralmente, encontram-se inconscientes ou em hipovolemia<br />

severa.<br />

- Depois da inspeção, o primeiro exame a ser realizado é a compressão das asas dos ilíacos latero-lateralmente, ou seja, comprime-se uma<br />

hemi-pelve contra a outra, observando-se o movimento anormal entre estas estruturas. Esta manobra inicial evita a ruptura de eventuais<br />

hematomas tamponados na região sacro-ilíaca que ocorrem quando da compressão ântero-posterior das cristas ilíacas (movimento de<br />

abertura da bacia). Este erro de exame físico inicial é comum em pronto socorro. Depois de verificada a estabilidade latero-lateral, deve-se<br />

verificar a instabilidade ântero-posterior e palparem-se as estruturas ósseas, realizar um exame ginecológico (se for o caso), obrigatoriamente<br />

realizar um toque retal e o exame neurológico dos membros inferiores.<br />

RADIOLOGIA<br />

Além da radiografia em ântero-posterior (AP), que deve demonstrar as três últimas vértebras lombares, as duas hemi-pelves e o terço proximal<br />

do fêmur, são utilizadas algumas incidências especiais para a avaliação da pelve:<br />

→ Inlet – realizada inclinando-se a ampola 45º caudalmente, visualizando-se a pelve interna e desvios ântero-posteriores da região da sínfise<br />

púbica, além de avaliar muito bem a região das articulações sacro-ilíacas.<br />

→ Outlet – realizada inclinando-se a ampola 45º cefalicamente, visualizando-se desvios verticais nas hemi-bacias.<br />

CLASSIFICAÇÃO<br />

A classificação de Young é a mais utilizada e baseia-se no mecanismo de lesão.<br />

→ L.C. (lateral compression – compressão lateral): ocorrem como resultado de força direta exercida nas cristas ilíacas, comum em<br />

atropelamentos. É avaliada principalmente com o uso da radiografia em inlet onde se avalia o desvio das estruturas ósseas para dentro da<br />

pelve menor. Estas fraturas podem ser estáveis ou instáveis dependendo da ruptura das estruturas pélvicas posteriores. São graduadas de I a<br />

III.<br />

→ A.P.C. (anterior posterior compression – compressão ântero-posterior): comuns em casos de acidentes automobilísticos, são as fraturas<br />

que levam a maior perda sangüínea devido à ruptura dos vasos ilíacos junto à articulação sacro-ilíaca. Avaliadas principalmente pela<br />

radiografia em inlet. São graduadas de I a III sendo também chamadas de fraturas “em livro aberto”.<br />

→ V.S. (vertical shearing – cisalhamento vertical): ocorrem quando uma hemi-pelve ascende. Causadas por quedas sobre membros inferiores.<br />

São avaliadas pela radiografia em outlet, sendo muitas vezes sub-diagnosticadas.<br />

→ C.M. (combined mechanical – mecanismo combinado): lesões que não seguem classificação, sendo graduadas de acordo com sua<br />

estabilidade ou não.<br />

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