Cirurgia Abdominal - Dra. Eloiza Quintela
Cirurgia Abdominal - Dra. Eloiza Quintela
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VARIZES<br />
As varizes constituem a mais comum de todas as doenças vasculares. Sua incidência é de cerca de 15% na população adulta. As<br />
varizes são veias permanentemente dilatadas, tortuosas e sem função. Incidem 3 vezes mais nas mulheres do que nos homens em<br />
decorrência de fatores hormonais. São raras antes dos 14 anos de idade e geralmente, quando ocorrem em crianças, fazem parte de<br />
deformidades vasculares congênitas. A partir da puberdade há aumento progressivo na incidência das varizes, sendo que acima dos 70<br />
anos, cerca de 70% das pessoas apresentam dilatações venosas nos membros inferiores.<br />
Anatomia:<br />
Existem três sistemas de veias nos membros inferiores, a saber: o sistema superficial, o profundo e o das veias perfurantes.<br />
→ Sistema superficial: é constituído pelas veias safenas interna, externa e por suas colaterais. Estão situadas logo abaixo da pele (poucos<br />
milímetros) e são a sede habitual das varizes. São veias pouco importantes na drenagem do sangue dos membros inferiores, pois somente<br />
15% dele retorna ao coração por esse sistema.<br />
→ Sistema profundo: é constituído por veias situadas junto aos ossos e músculos e representa o mais importante sistema de circulação<br />
venosa dos membros inferiores, pois aproximadamente 85% do sangue que chega às pernas, retorna ao coração por ele.<br />
→ Sistema das veias perfurantes: comunica o sistema superficial com o profundo e também têm válvulas que, em condições normais, só<br />
permitem o fluxo do sangue do sistema venoso superficial para o profundo.<br />
Classificação:<br />
→ Primárias: constituem a maioria das varizes vistas na prática médica. Elas decorrem de fatores hereditários, e associados aos fatores<br />
desencadeantes (GESTAÇÃO, PROFISSÕES que requeiram longos períodos em pé).<br />
→ Secundárias: decorrem, em geral, da obstrução das veias profundas (principais) causadas por um processo de tromboflebite.<br />
Quadro clínico:<br />
Depende de sua extensão, duração e da presença de complicações.<br />
Dor em peso ou desconforto doloroso nas pernas quando em posição ereta. Essa sensação dolorosa costuma melhorar quando o paciente<br />
anda e com a elevação das pernas. Nos casos mais avançados pode aparecer edema (inchaço) nas pernas, que se acentua com o passar<br />
do dia, tornando-se mais evidente no final da tarde, causando mais desconforto nas pernas.<br />
Complicações:<br />
- Tromboflebite superficial: inflamação da parede da veia com formação de coágulos no seu interior. A veia torna-se endurecida,<br />
avermelhada, quente e muito dolorosa, impedindo o paciente de andar adequadamente. Em geral não existe maior gravidade, constituindo<br />
apenas uma complicação incomodativa do doente. No entanto, quando ela ocorre nas veias safenas, pode apresentar maior gravidade pela<br />
possibilidade de originar embolia pulmonar.<br />
- Hiperpigmentação (manchas escuras da pele): ocorre em casos crônicos. Localizam-se nas pernas, no seu terço inferior ou sobre trajetos<br />
venosos varicosados. Não causam dor, não desaparecem após a operação das varizes.<br />
- Sangramento pelas veias varicosas (varicorragia): consiste no sangramento por rompimento de uma veia varicosa. Em geral ocorre<br />
naquelas dilatações venosas bem superficiais, com parede muito fina. É ocasionada por traumas hiperpigmentação (manchas escuras da<br />
pele).<br />
- Eczema: caracteriza-se por lesão avermelhada e descamativa na pele das pernas, acompanhada de prurido (coceira). Em geral se<br />
acentua com o uso de pomadas a base de antibióticos ou sulfa, que intensificam a reação alérgica, podendo, em alguns casos, tornar o<br />
eczema disseminado por todo o organismo.<br />
- Úlcera de pele (úlcera varicosa ou de estase): é a complicação mais grave das varizes. Na grande maioria das vezes, ela se localiza no<br />
terço inferior da perna, na parte interna, junto ao tornozelo. Podem surgir após leves traumatismos que, em indivíduos não varicosos, não<br />
teriam maiores conseqüências. Tornam-se particularmente dolorosas quando se infectam e são de difícil cicatrização<br />
Diagnóstico:<br />
Pelo simples exame clínico, na maioria dos casos, pode-se identificar as veias varicosas e determinar sua origem. Os exames<br />
complementares ficam restritos a casos em que hajam dúvidas.<br />
Os testes empregados atualmente são:<br />
Doppler venoso: avalia a presença de um bloqueio no sistema venoso profundo.<br />
Eco-Doppler: permite a vizualização de obstruções de veias ou artérias.<br />
Flebografia: usado quando o exames anteriores não sãosuficientes para o diagnóstico. Consiste em injetar contraste no sistema venoso<br />
para se detectar bloqueios nas veias e avaliar a função das válvulas.<br />
Tratamento:<br />
→ Clínico:<br />
- utilização de compressão elástica: meias ou bandagens visa comprimir as veias insuficientes<br />
- exercício físico regrado;<br />
- evitar longos períodos em posição ereta;<br />
- perda de peso, se necessário.<br />
→ Cirúrgico:<br />
Consiste na retirada das veias superficiais doentes. Os objetivos são: eliminar a dor e o grau de desconforto e evitar futuras complicações.<br />
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