Por uma normatização ortográfica de palavras latinas ... - UFF
Por uma normatização ortográfica de palavras latinas ... - UFF
Por uma normatização ortográfica de palavras latinas ... - UFF
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
44<br />
Prado, João Batista Toledo.<br />
<strong>Por</strong> <strong>uma</strong> <strong>normatização</strong> <strong>ortográfica</strong> <strong>de</strong> <strong>palavras</strong> <strong>latinas</strong> incorporadas ao português<br />
substantivo masculino invariável, o que significa que sua forma permanece<br />
a mesma no plural.<br />
Esse último fato sugere que a entrada do termo no léxico <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong><br />
línguas novi<strong>latinas</strong>, além <strong>de</strong> ser recente e a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> ser tomada diretamente<br />
do latim, <strong>de</strong>u-se pela via <strong>de</strong> seu emprego em inglês (como ocorreu há já<br />
algum tempo com o verbo americano to <strong>de</strong>lete, que, assumindo flexão verbal da<br />
língua nacional, se tornou “<strong>de</strong>letar”, na língua portuguesa do Brasil), porém,<br />
apesar <strong>de</strong>, em inglês, o termo ter-se anglicizado, e <strong>de</strong> ter-se cristalizado como<br />
forma invariável em italiano, em português po<strong>de</strong>-se supor que algum acadêmico<br />
que teve latim em sua formação, <strong>de</strong> todo bem intencionado, mas equivocado<br />
nesse ponto, lembrou-se <strong>de</strong> que o latim é <strong>uma</strong> língua <strong>de</strong>clinatória e,<br />
por isso, resolveu que o “correto” seria evocar o paradigma do nominativo<br />
singular/plural também em português, esquecendo-se ou mesmo ignorando<br />
que a evocação <strong>de</strong> apenas um par do paradigma <strong>de</strong>clinatório do latim implica<br />
todo o resto da <strong>de</strong>clinação possível.<br />
Os dicionários <strong>de</strong> uso da língua portuguesa, como registram os empregos<br />
e acepções <strong>de</strong> <strong>palavras</strong> que compõem o léxico português, não podiam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
registrar tal ocorrência que foi implantada, como se diz popularmente, <strong>de</strong> cima<br />
para baixo, ou seja, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> prática acadêmica e/ou escolar irrefletida para a<br />
norma geral dos dicionários que, também irrefletidamente, passaram a adotar<br />
tal prática sem ressalvas, sem senso <strong>de</strong> relativo e sem fazer-lhe a merecida crítica.<br />
Afinal, para a consciência do falante comum da língua, o plural <strong>de</strong> câmpus<br />
será também câmpus e, para o falante bem alfabetizado, <strong>de</strong>veria grafar-se com<br />
acento circunflexo, assim como já acontece com bônus, cáctus, célsius, cítrus, fícus,<br />
húmus, lócus, lúpus, ônibus, pínus, rébus e tantos outros termos latinos já<br />
aportuguesados, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> serem, ao que tudo indica, muito menos freqüentes<br />
do que câmpus, córpus, etc.<br />
Já está mais do que na hora <strong>de</strong> os dicionários <strong>de</strong> uso da língua portuguesa<br />
terem um mínimo <strong>de</strong> coerência em relação à forma com que registram <strong>palavras</strong><br />
<strong>de</strong> origem latina já incorporadas ao léxico nacional, e consignarem, por isso e <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> vez por todas, as formas acentuadas câmpus, córpus e congêneres, por favor!<br />
<strong>Por</strong>ém, se os dicionários regulam o uso a partir do usado, usemos nós, doravante,<br />
tais grafias, perfeitamente autorizadas pela coerência com a história da ortografia<br />
adotada para <strong>palavras</strong> com características semelhantes, e cujo caminho se<br />
encontra já apontado nos próprios dicionários, como acabou <strong>de</strong> ficar <strong>de</strong>monstrado.<br />
Proce<strong>de</strong>r assim terminará por disseminá-las, até que passem a fazer parte