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Por uma normatização ortográfica de palavras latinas ... - UFF

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Prado, João Batista Toledo.<br />

<strong>Por</strong> <strong>uma</strong> <strong>normatização</strong> <strong>ortográfica</strong> <strong>de</strong> <strong>palavras</strong> <strong>latinas</strong> incorporadas ao português<br />

<strong>de</strong>ixou tais universida<strong>de</strong>s, em particular as do Estado <strong>de</strong> São Paulo, com<br />

<strong>uma</strong> carência <strong>de</strong> docentes pesquisadores como nunca antes na história,<br />

embora, dizia-se, tudo isso seja mesmo verda<strong>de</strong>, é no mínimo discutível o<br />

aparente “erro” citado pelo jornalista C. Brickmann, com relação à palavra<br />

campus, pelas razões que exponho a seguir:<br />

1) Em primeiro lugar, parte-se, naquele texto, da alegação <strong>de</strong> que campus seja<br />

latim; seria, <strong>de</strong> fato, um disparate discordar <strong>de</strong> que sejam latinos os étimos<br />

da maioria das <strong>palavras</strong> empregadas em português; porém, diante da mera<br />

afirmação <strong>de</strong> que, no contexto contemporâneo <strong>de</strong> seu uso português,<br />

“campus é latim”, caberia perguntar: em que sentido, “latim”? No <strong>de</strong> que a<br />

imensa maioria das <strong>palavras</strong> da língua portuguesa também o seja? Se for<br />

isso, então, teríamos <strong>de</strong> reivindicar a latinização <strong>de</strong> todas aquelas <strong>palavras</strong><br />

<strong>latinas</strong> que sigam o mesmo paradigma e, aí, haveria pelo menos dois<br />

grupos:<br />

1.a) o das <strong>palavras</strong> que <strong>de</strong>rivaram do grupo temático –o–, ou<br />

seja, aquelas que, no latim clássico, assumiam, por mecanismo<br />

<strong>de</strong> flexão, a forma -us no nominativo singular, cujo plural<br />

equivale, <strong>de</strong> fato, à forma terminativa –i (p. ex.: campus/campi;<br />

dominus/domini; uilicus/uilici, etc.); nesse grupo, entraria a maior<br />

parte das <strong>palavras</strong> do léxico português em –o (p. ex.: lobo, criado,<br />

carneiro, etc.) que, mesmo tendo <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> étimos<br />

pertencentes ao latim vulgar (cf.: lupu-; creatu-; carnariu- 4 , etc.),<br />

variante do latim aristocrático – chamado clássico – e que partilha<br />

com ele as mesmas sincronias, <strong>de</strong>veria, por acaso, fazer também<br />

um excêntrico plural em –i (cf. lobi, criadi, carneiri, etc.)?!? <strong>Por</strong><br />

óbvio, sabemos que não se trata disso, o que sugere se passe<br />

diretamente a consi<strong>de</strong>rar o próximo grupo;<br />

1.b) o das <strong>palavras</strong> que são tomadas, em qualquer momento da<br />

história do português, diretamente <strong>de</strong> <strong>palavras</strong> <strong>latinas</strong>, o que,<br />

no caso em tela, equivaleria ao rol das <strong>palavras</strong> cujas terminações<br />

<strong>de</strong> nominativo singular sejam –us (p. ex.: ângelus, ânus, <strong>de</strong>us, etc.,<br />

mas também Vênus – computado, aí, também o adjetivo venéreo<br />

– ônus, vírus, etc.) ou seja, àquelas que, como se constata pelos<br />

4 Cf. informações etimológicas nos verbetes correspon<strong>de</strong>ntes (i. e.: lobo, criado, carneiro) do<br />

Dicionário Eletrônico HOUAISS da Língua <strong>Por</strong>tuguesa (versão 1.0 – Dezembro <strong>de</strong> 2001).

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