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Revista grandes compradores e pequenos fornecedores - Sebrae SP

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Para diminuir as dificuldades no meu<br />

negócio, freqüentei cursos, seminários e<br />

palestras do <strong>Sebrae</strong>. Agora, a minha<br />

empresa vai pra frente. >><br />

O conhecimento que os empresários de micro e <strong>pequenos</strong> negócios precisam está no <strong>Sebrae</strong>.<br />

Juliana lutou muito para manter a sua loja aberta. Os altos e baixos do mercado influenciam nas vendas e no<br />

faturamento. Por isso, ela foi ao <strong>Sebrae</strong> em busca de aprimoramento para gerenciar melhor a sua empresa. Foi lá<br />

que conheceu os programas de capacitação. Ela fez cursos, aprendeu muito pela internet e ainda participou de<br />

seminários e palestras. O <strong>Sebrae</strong> também oferece material técnico, projetos coletivos, assessoria e consultoria,<br />

além de promover feiras e exposições Juliana sabe que, para crescer, todo tipo de informação é importante. Seja em<br />

revistas, jornais, internet e até por programas de rádio e TV. Bem mais preparada, Juliana ganhou um forte aliado<br />

para competir no mercado: o conhecimento.


0800 72 66 500<br />

w w w.sebrae.c om.br


Editorial<br />

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas é na prática<br />

uma agência de desenvolvimento dos <strong>pequenos</strong> negócios. Uma de suas<br />

diretrizes estratégicas é ampliar a participação deles no mercado.<br />

Outras atribuições do <strong>Sebrae</strong> para fortalecer e dar vida longa à pequena<br />

empresa são capacitar, dar orientação empresarial, promover o acesso<br />

à atualização tecnológica e a recursos financeiros. Nada disso valerá a<br />

pena, porém, se depois ela não encontra mercado, se não tem a quem<br />

vender.<br />

É por isso que temos, na nossa estrutura, a Unidade de Acesso a Mercados,<br />

cuja função é de justamente prover o Sistema <strong>Sebrae</strong> de conhecimento e<br />

soluções, fazer articulação e multiplicar parcerias buscando aumentar o<br />

mercado para os <strong>pequenos</strong> negócios.<br />

Há várias formas de se fazer isso, como compras governamentais, roda-<br />

das de negócios e participação em missões, feiras e exposições. Outro<br />

mecanismo bastante eficaz para expandir mercado à pequena empresa<br />

é incluí-la de maneira sustentável e competitiva em cadeias produtivas,<br />

como fornecedora de <strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong>.


E N T R E O S G R A N D E S<br />

P A U L O O K A M O T T O | D i r e t o r - P r e s i d e n t e d o S e b r a e<br />

Só para citar um exemplo, estamos atuando com sucesso na cadeia de<br />

petróleo e gás, envolvendo como <strong>fornecedores</strong> do setor em dez estados<br />

1.500 micro e pequenas empresas que dão emprego a quase 30 mil<br />

brasileiros.<br />

O <strong>Sebrae</strong> trabalha permanentemente com o conceito de cadeia produtiva<br />

e nessa linha patrocinou, recentemente, em São Paulo, o seminário Gran-<br />

des Compradores & Pequenos Fornecedores – A responsabilidade empresa-<br />

rial para o desenvolvimento.<br />

Representantes de <strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong> nacionais e internacionais, esta-<br />

tais e privados, como Petrobras, Vale do Rio Doce, Belgo Mineira, de go-<br />

vernos estaduais e prefeituras, de um lado, e pequenas empresas do país<br />

inteiro, de outro, se reuniram para elaborar uma agenda de trabalho.<br />

O objetivo central é estabelecer condições para que os <strong>pequenos</strong> se tor-<br />

nem <strong>fornecedores</strong> dos <strong>grandes</strong> com qualidade e prazo. Ganham as peque-<br />

nas empresas, ganham as <strong>grandes</strong> empresas, ganha sobretudo o Brasil,<br />

com mais emprego e renda a partir das cadeias produtivas.<br />

“Grandes Compradores<br />

& Pequenos Fornecedores<br />

– A responsabilidade<br />

empresarial para o<br />

desenvolvimento, foi<br />

o primeiro passo.”


Sumário<br />

10<br />

As micro e pequenas<br />

empresas representam<br />

20% do PIB. São<br />

5 milhões e 100 mil e<br />

empregam 57% da força<br />

de trabalho que atua no<br />

setor formal urbano.<br />

16<br />

Geração de cerca de<br />

790 mil empregos por<br />

ano com a possível<br />

participação de micro<br />

e pequenas empresas<br />

como <strong>fornecedores</strong> nas<br />

compras públicas.<br />

20<br />

900 famílias do Piauí<br />

que exportam mel<br />

para os Estados Unidos<br />

e Europa.


Avanços no acesso a<br />

novos mercados para<br />

as micro e pequenas<br />

empresas, a Lei Geral dos<br />

<strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong>.<br />

26<br />

Expediente<br />

Uma parceria para um<br />

país mais justo – Grandes<br />

Compradores e Pequenos<br />

Fornecedores.<br />

36<br />

Presidente do Conselho<br />

Deliberativo Nacional<br />

Armando de Queiroz Monteiro Neto<br />

Diretor-Presidente<br />

Paulo Tarciso Okamotto<br />

Diretor Técnico<br />

Luiz Carlos Barboza<br />

Diretor de Administração e Finanças<br />

César Acosta Rech<br />

Gerente da Unidade de<br />

Acesso a Mercados<br />

Raissa Rossiter<br />

Equipe Técnica<br />

Luis Augusto Castro Pacheco<br />

Robson José de Carvalho Schmidt<br />

Reportagem<br />

Paula Menna Barreto<br />

Luciana Vasconcelos<br />

Empregando quase<br />

30 mil funcionários,<br />

o Prominp reúne mais<br />

de 1.400 micro e<br />

pequenas empresas.<br />

42<br />

Edição<br />

Paula Menna Barreto<br />

(MTb DF2434)<br />

Projeto Gráfico, Diagramação e Ilustrações<br />

Compográfica<br />

Tiragem<br />

5.000 exemplares<br />

Fotolito e Impressão<br />

Corgraf


8 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

“As micro e pequenas<br />

empresas, urbanas e<br />

rurais, são hoje um<br />

exército de 20 milhões<br />

de negócios e<br />

para 2010 a expectativa<br />

é que estejam<br />

participando efetivamente<br />

do desenvolvimento<br />

do país.”<br />

Relações entre <strong>grandes</strong><br />

e pequenas empresas:<br />

fator de competitividade<br />

nas cadeias produtivas<br />

A responsabilidade social das gran-<br />

des corporações e das micro e pequenas<br />

empresas deve ser a da sustentabilidade.<br />

Por força do mercado e não apenas do<br />

ponto de vista da simples ação social.<br />

As micro e pequenas empresas, pela<br />

sua relevância econômica e social, se<br />

credenciam, cada vez mais, como im-<br />

portante foco estratégico para o desen-<br />

volvimento sustentável dos negócios e<br />

da sociedade. Assim, é possível exercer<br />

a responsabilidade social em micro e<br />

pequenas empresas e obter resultados<br />

expressivos nos mais diversos setores e,<br />

principalmente para as cadeias produti-<br />

vas de valor.<br />

Para 2010 a expectativa é que as mi-<br />

cro e pequenas empresas estejam partici-<br />

pando efetivamente do desenvolvimento<br />

do país, atuando em um ambiente favo-<br />

rável, com alto índice de formalização,<br />

competitividade e sustentabilidade. A<br />

recente aprovação da Lei Geral cria este<br />

ambiente favorável, com maior justiça,<br />

possibilitando um alto índice de forma-<br />

lização.<br />

As micro e pequenas empresas, urba-<br />

nas e rurais, são hoje um exército de 20<br />

milhões de negócios, mas a mortalidade<br />

Luiz Carlos Barboza *<br />

ainda é alta e diz respeito à sustentabili-<br />

dade dessas empresas. O <strong>Sebrae</strong> estimula<br />

e participa de várias ações para colaborar<br />

com a redução deste índice. Uma parte é<br />

a Lei Geral, a outra parte é a preparação<br />

das empresas.<br />

Nesse contexto, o relacionamento<br />

entre as <strong>grandes</strong> corporações e os peque-<br />

nos empreendimentos pode contribuir de<br />

forma decisiva para o desenvolvimento<br />

sustentável. São cerca de 500 mil novos<br />

negócios formais sendo criados por ano<br />

no Brasil, o mesmo número dos negócios<br />

nos Estados Unidos. E quando se conse-<br />

guir diminuir a mortalidade, muito mais<br />

<strong>pequenos</strong> negócios existirão, gerando<br />

renda de forma distribuída.<br />

Assim, as <strong>grandes</strong> corporações, que<br />

têm papel importante na sociedade para<br />

geração e distribuição de riqueza, têm<br />

também o desafio de desenvolver uma<br />

visão ampliada do conceito de respon-<br />

sabilidade social, passando do conceito<br />

de ação social para o de responsabilidade<br />

social e empresarial.<br />

O Estado e as <strong>grandes</strong> corporações<br />

têm um grande poder de compra que<br />

pode ser usado como indutor de desen-<br />

volvimento das micro e pequenas empre-


sas. E é importante o uso desse poder<br />

de compra para alavancar boas práticas,<br />

novos modelos de gestão. Alguns países<br />

já adotam o uso do poder de compra pelo<br />

Estado para beneficiar as micro e peque-<br />

nas empresas. Nos Estados Unidos, por<br />

exemplo, por força de lei federal, as com-<br />

pras até US$ 100 mil devem ser feitas de<br />

<strong>pequenos</strong> negócios. É possível garantir<br />

crescimento econômico, gerar emprego<br />

e renda e reduzir a pobreza, induzindo a<br />

um novo ciclo de desenvolvimento justo,<br />

equilibrado, inclusivo e sustentável.<br />

Segundo dados do governo federal,<br />

o Brasil gasta com contratações pú-<br />

blicas cerca de R$ 30,5 bilhões, sendo<br />

que 17% deste valor (R$ 5,5 bilhões)<br />

são com micro e pequenas empresas.<br />

Ainda é pouco comparado com outros<br />

países. Há muito o que fazer, preparar<br />

os <strong>compradores</strong> do governo, melhorar<br />

os processos burocráticos e informar as<br />

pequenas empresas para serem fornece-<br />

dores desses governos.<br />

No que se refere às <strong>grandes</strong> corpo-<br />

rações privadas, é preciso ter uma visão<br />

ampliada do conceito de responsabili-<br />

dade social e empresarial. É importante<br />

pensar a micro e pequena empresa como<br />

foco estratégico para o desenvolvimento<br />

sustentável dos negócios e da sociedade<br />

e inseri-las nas cadeias de valor com-<br />

petitivas, criando condições para que<br />

possam competir, como acesso a crédito,<br />

tecnologia, informação.<br />

Um convênio entre o <strong>Sebrae</strong> e a<br />

Petrobras, por exemplo, mostra como é<br />

possível uma grande corporação inserir<br />

os <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong> em seu siste-<br />

ma de produção. O convênio já capaci-<br />

tou mais de 1,4 mil empresas para serem<br />

fornecedoras da Petrobras, envolvendo<br />

cerca de 30 mil funcionários desses pe-<br />

quenos negócios. Na última Rodada de<br />

Negócios do setor, na Rio Oil & Gás, no<br />

Rio de Janeiro, em setembro de 2006,<br />

foram realizados mais de R$ 100 milhões<br />

entre pequenas e <strong>grandes</strong> empresas. Isso<br />

mostra que a pequena empresa tem con-<br />

dições de competitividade em qualquer<br />

setor desde que esteja preparada para o<br />

mercado.<br />

Outra ação, a metodologia da Ges-<br />

tão Estratégica Orientada para Resul-<br />

tados (Geor), foi desenvolvida para<br />

dar transparência, legitimidade aos<br />

projetos e seus resultados, facilitando<br />

a integração de ações e concentração<br />

de esforços, conferindo objetividade e<br />

precisão às parcerias dos vários agentes<br />

envolvidos.<br />

Atualmente estão na metodologia<br />

Geor 987 projetos em todo o Brasil, en-<br />

volvendo cerca de 200 mil empresas e<br />

que representam 70% dos recursos apli-<br />

cados pelo <strong>Sebrae</strong>. Isso significa mais<br />

recursos e mais apoio para que as micro<br />

e pequenas empresas se tornem mais<br />

competitivas.<br />

* Luiz Carlos Barboza é Diretor<br />

Técnico do <strong>Sebrae</strong> Nacional<br />

“O relacionamento entre<br />

as <strong>grandes</strong> corporações<br />

e os <strong>pequenos</strong><br />

empreendimentos<br />

pode contribuir de<br />

forma decisiva para<br />

o desenvolvimento<br />

sustentável. São cerca<br />

de 500 mil novos<br />

negócios sendo criados<br />

por ano no Brasil.”<br />

9 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


10 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

I Seminário<br />

Grandes Compradores<br />

& Pequenos Fornecedores<br />

A responsabilidade empresarial para o desenvolvimento<br />

“As micro e pequenas empresas representam<br />

99% do mercado brasileiro e 20% do PIB.<br />

Elas empregam 57% da mão-de-obra e são<br />

fundamentais para a estabilidade social do país.”


A Unidade de Acesso a Mercados<br />

(UAM), com o apoio da Unidade de Políti-<br />

cas Públicas (UPP), do Serviço Brasileiro<br />

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

(<strong>Sebrae</strong>), em parceria com o Instituto<br />

Ethos, a Fundação Instituto de Desenvol-<br />

vimento Empresarial e Social (Fides), a As-<br />

sociação Brasileira de Franchising (ABF),<br />

a Associação Franquias Solidárias (Afras)<br />

e a Associação Brasileira de Comunicação<br />

Empresarial (Aberje), realizou, em agosto<br />

de 2006, na capital paulista, o I Semi-<br />

nário Grandes Compradores & Pequenos<br />

Fornecedores – A responsabilidade em-<br />

presarial para o desenvolvimento.<br />

O encontro apresentou resultado<br />

imediato quanto à sensibilização dos<br />

<strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong> para com os pe-<br />

quenos <strong>fornecedores</strong>. E despertou em<br />

todos os participantes a necessidade de<br />

adequação aos processos de compra e<br />

investimentos na área.<br />

Para o superintendente do <strong>Sebrae</strong> <strong>SP</strong>,<br />

José Luis Ricca, o desafio da atualidade<br />

é vender, colocar produtos no mercado<br />

com qualidade e competitividade. E, se-<br />

gundo ele, tudo que se refere a acesso<br />

a mercados é fundamental para qualquer<br />

empresa. “As micro e pequenas empresas<br />

representam 99% do mercado brasileiro<br />

e 20% do PIB. Elas empregam 57% da<br />

mão-de-obra e são fundamentais para a<br />

estabilidade social do país”, salientou.<br />

José Ricca ressaltou ainda que o se-<br />

minário serviu para construir caminhos e<br />

para poder oferecer e aproximar as gran-<br />

des empresas das pequenas empresas.<br />

“Vai ter um número enorme de fornece-<br />

dores cada vez mais desenvolvido e com<br />

qualidade”, garante.<br />

O presidente do Instituto Ethos,<br />

Ricardo Young, também avaliou que os<br />

micro e <strong>pequenos</strong> negócios são essen-<br />

ciais para a cadeia produtiva nacional e<br />

entende que elas são um elo fundamen-<br />

tal na corrente de sustentabilidade. ”Não<br />

existe possibilidade de bons negócios em<br />

um país deteriorado. Ser micro neste país<br />

é optar por uma vida turbulenta, heróica.<br />

Uma estratégia competitiva pode evitar<br />

muitos dissabores, como, por exemplo, a<br />

informalidade. É preciso mudar o cenário,<br />

reduzir o cipoal de impostos e ações hos-<br />

tis, desprezo e sabotagem dos próprios<br />

consumidores. É preciso dar aos micro<br />

e <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong> condições de<br />

igualdade de competir junto a <strong>grandes</strong><br />

empresas e concorrentes”, observou.<br />

O seminário abordou a inserção de<br />

micro e <strong>pequenos</strong> na cadeia de forne-<br />

cimento. Para as MPE, os conhecidos<br />

empecilhos, a burocracia, a impraticável<br />

carga tributária, o escasso e quase sem-<br />

pre inexistente capital de giro, as limi-<br />

tações tecnológicas e de pessoal, são os<br />

principais problemas.<br />

Já para os <strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong>, tan-<br />

to públicos quanto privados, uma ques-<br />

tão levada em consideração para comprar<br />

de <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong> diz respeito às<br />

dificuldades em cumprir prazos e quanti-<br />

dade. Além disso, a falta de um rigoroso<br />

sistema de controle de qualidade e um<br />

pós-venda eficiente. Os <strong>grandes</strong> compra-<br />

dores avaliam ainda que, na tentativa de<br />

adequação às suas exigências, o peque-<br />

no fornecedor acaba transformando-se<br />

em um “especialista” em determinado<br />

produto e/ou serviço, sem permitir a<br />

expansão e maturidade do próprio negó-<br />

cio, criando assim a pior e mais temida<br />

dependência.<br />

Para o <strong>Sebrae</strong>, é possível para gran-<br />

des empresas fazer um trabalho de res-<br />

ponsabilidade social empresarial com a<br />

inserção de micro e pequenas empresas<br />

na sua cadeia de fornecimento, condu-<br />

11 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


12 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

zindo e promovendo o desenvolvimen-<br />

to local.<br />

André Friedhein, da Associação Brasi-<br />

leira de Franchising (ABF), que congrega<br />

empresas franqueadoras, franqueados e<br />

<strong>fornecedores</strong> do sistema de franchising,<br />

um sistema que cresceu e vem crescendo<br />

durante os últimos anos no Brasil, ressal-<br />

tou durante o Seminário que a ABF é tipi-<br />

camente composta por micro e pequenas<br />

empresas. “Representamos uma série de<br />

rede de franquias, formamos uma rede de<br />

negócios, e essa rede de negócios é ativa<br />

ando em algumas linhas interessantes.<br />

Uma é a adesão à lei do aprendiz, pro-<br />

posta pelo governo federal. Entendendo<br />

que a micro empresa não passa pelo<br />

regime de cotas, exigido pelo governo,<br />

mas pode dar essa contribuição para a<br />

sociedade”, relatou.<br />

Para Alberto Perazzo, da Fundação<br />

Instituto de Desenvolvimento Empre-<br />

sarial e Social (Fides), o objetivo do<br />

encontro deve ser também o estabele-<br />

cimento de um diálogo real, duradouro,<br />

prático entre grande e pequena empresa<br />

e a geração de trabalho. “Este diálogo<br />

entre pequeno, grande cliente e forne-<br />

cedor, é um elemento de base funda-<br />

mental para permitir essa geração de<br />

trabalho”, disse.<br />

Representando a Associação Brasilei-<br />

ra de Comunicação Empresarial (Aberje),<br />

Gilberto Galan disse que o tema compra-<br />

dores e <strong>fornecedores</strong> é responsabilidade<br />

social. “Responsabilidade social, prin-<br />

cipalmente, é um processo de diálogo.<br />

Questão de <strong>fornecedores</strong> e <strong>compradores</strong><br />

é um processo de diálogo”.<br />

Loreni Fracasso Foresti, diretora do<br />

Departamento de Logística e Serviços<br />

Gerais do Ministério do Planejamento,<br />

Orçamento e Gestão (MPOG), acredita<br />

que a iniciativa do I Seminário tenha<br />

sido importante. “O Ministério do Pla-<br />

nejamento já tem parceria com o <strong>Sebrae</strong><br />

desde 2003, quando começamos a pre-<br />

parar o projeto da lei geral de micro e<br />

pequenas empresas, e agora teremos um<br />

novo acordo de cooperação”, contou.<br />

O projeto visa à capacitação de com-<br />

pradores governamentais para comprar<br />

“O primeiro passo para promover a interação entre <strong>grandes</strong> e pequenas empresas foi<br />

dado com a realização do I Seminário Grandes Compradores & Pequenos Fornecedores.”<br />

no mercado, ela sempre está comprando<br />

e promovendo o sistema de franquias no<br />

Brasil”, disse, lembrando ainda que esta-<br />

va pronto para fazer novas parcerias com<br />

o sistema de franquias.<br />

A Associação Franquia Solidária<br />

(Afras) foi representada por Cláudio Tie-<br />

gui no I Seminário Grandes Compradores<br />

& Pequenos Fornecedores, que lembrou<br />

que a Afras congrega dentro do sistema<br />

de franchising cerca de 50 marcas que<br />

investem e se concentram de uma forma<br />

um pouco mais expressiva. “Estamos atu-<br />

de pequenas e microempresas, com o Se-<br />

brae capacitando os <strong>fornecedores</strong> para os<br />

governos, principalmente para o governo<br />

federal que no ano passado comprou R$<br />

21 bilhões, segundo Loreni Foresti. De<br />

acordo com a diretora, essa é uma gran-<br />

de possibilidade de inserir os <strong>pequenos</strong><br />

e micronegócios nas compras governa-<br />

mentais.<br />

Para Cândida Maria Cervieri, direto-<br />

ra do Departamento de Micro, Médias<br />

e Pequenas Empresas, do Ministério do<br />

Desenvolvimento, Indústria e Comércio


Exterior (MDIC), o acesso das micro e pe-<br />

quenas empresas ao sistema de compras<br />

corporativos e de governo foi um tema<br />

essencialmente oportuno, porque mostra<br />

a importância do setor. “São 5 milhões<br />

e 100 mil micro e pequenas empresas<br />

na formalidade e mais 10 milhões na in-<br />

formalidade. Sem falarmos de mais de 9<br />

milhões de artesãos no país, e pratica-<br />

mente todos na informalidade”, disse.<br />

A diretora lembrou questões como<br />

ética, transparência, responsabilidade<br />

social, acesso aos mercados, geração de<br />

emprego e renda, agregação de valor e<br />

redução das igualdades sociais no país.<br />

Destacou ainda o desenvolvimento com<br />

sustentabilidade e inclusão social. “Este<br />

é um Brasil que nós temos que construir,<br />

este é um Brasil que juntos começamos<br />

a tratar políticas públicas, com progra-<br />

mas concretos, com metas e com resul-<br />

tados.”<br />

A gerente da Unidade de Acesso a<br />

Mercados do <strong>Sebrae</strong> Nacional, Raissa<br />

Rossiter, acredita que o primeiro passo<br />

para que fossem defi nidas ações capazes<br />

de promover a interação entre <strong>grandes</strong> e<br />

pequenas empresas foi dado com a reali-<br />

zação do I Seminário Grandes Comprado-<br />

res & Pequenos Fornecedores. E com os<br />

projetos que já foram implementados. “A<br />

proposta é mobilizar todas as entidades<br />

parceiras e o setor empresarial em torno<br />

de um projeto que alargue a política já<br />

adotada por algumas <strong>grandes</strong> empresas<br />

de incluir o acesso das pequenas empre-<br />

sas às compras que realizam, dentro de<br />

um projeto de responsabilidade social”,<br />

assinalou Raissa.<br />

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM NÚMEROS<br />

5 milhões de empresas formais (99% das empresas formais)<br />

e 10 milhões de informais<br />

Ainda no setor formal, as micro e pequenas empresas<br />

empregam 57% da força de trabalho que atua no<br />

setor formal urbano (excluindo os empregados governamentais)<br />

No meio rural, as micro e pequenas empresas representam<br />

4,1 milhões de proprietários familiares<br />

26% da massa salarial<br />

20% do PIB<br />

17% do fornecimento para governos<br />

2% das exportações<br />

13 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


14 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

Crescer no mercado do poder público<br />

é fundamental, porque apesar de quase<br />

todas as 5 milhões de empresas formais<br />

no Brasil serem hoje micro e pequenas<br />

empresas, a participação no volume de<br />

compras governamentais, nas três ins-<br />

tâncias de administrações públicas é<br />

inferior a 20%.<br />

As micro e pequenas empresas de<br />

todo o país poderão ampliar sua parti-<br />

cipação no mercado de compras gover-<br />

namentais, estimado em R$ 260 bilhões,<br />

segundo o <strong>Sebrae</strong>. O objetivo é que, den-<br />

Compras Governamentais<br />

Micro e pequenas empresas de todo o país poderão ampliar sua<br />

participação de negócios de R$ 260 bilhões com governos<br />

tro de dois anos, as pequenas empresas<br />

possam participar em 32% das compras<br />

públicas, um aumento de 15% contra os<br />

17% atuais.<br />

Para isso, uma parceria entre o <strong>Sebrae</strong><br />

e o Ministério do Planejamento, prevê a<br />

capacitação de 10 mil <strong>fornecedores</strong> do<br />

segmento e de 500 funcionários públicos<br />

responsáveis pelas operações de compra<br />

de produtos e serviços do governo fede-<br />

ral, avaliado em mais de R$ 20 bilhões.<br />

Os empresários de micro e <strong>pequenos</strong><br />

negócios receberão orientações sobre<br />

como participar do processo de com-<br />

pras governamentais, especialmente por<br />

meio de pregão eletrônico, considerado<br />

mais econômico, menos burocrático e<br />

que oferece maior possibilidade de par-<br />

ticipação de todos os perfis de fornece-<br />

dores.<br />

Estudo realizado pela Unidade de<br />

Políticas Públicas do <strong>Sebrae</strong>, em parce-<br />

ria com o Ministério do Planejamento,<br />

projeta que há possibilidade de geração<br />

de cerca de 790 mil empregos por ano<br />

caso a participação das micro e pequenas


empresas nas compras públicas ampliem<br />

dos atuais 17% para 32%.<br />

Atualmente, segundo dados do Mi-<br />

nistério do Planejamento, dos processos<br />

de compras homologados pelo governo<br />

federal, 67% são relativos às micro e<br />

pequenas empresas. No entanto, a parti-<br />

cipação no valor monetário das compras<br />

da União cai para 28%, conforme regis-<br />

trado em 2005.<br />

COMPRAR E VENDER<br />

PARA GOVERNOS<br />

Há três anos Solange Vale do Castro,<br />

proprietária de pequena empresa de<br />

Manaus (AM), começou a vender para<br />

alguns órgãos do governo. Forneceu<br />

embalagens, como sacolas de papel,<br />

para o Corpo de Bombeiros e para a<br />

Manaustur, agência de turismo ligada à<br />

administração municipal. Ela conta que<br />

passou a vender para o governo depois<br />

que aumentou a organização da empre-<br />

sa. “Eles exigem muito. Então passamos<br />

a nos organizar mesmo”.<br />

A empresária também contou com<br />

o apoio do <strong>Sebrae</strong>, participou de ativi-<br />

dades de consultoria e cursos voltados<br />

para gerenciamento, produção e aten-<br />

dimento de qualidade e produção mais<br />

limpa. Solange diz que na sua empresa<br />

a venda para o governo não é alta, e<br />

que gostaria de expandir as vendas. No<br />

entanto, ela reclama que o pagamento<br />

feito por órgãos públicos muitas vezes<br />

demora, o que pode prejudicar o negó-<br />

cio. “Não temos como nos programar. É<br />

difícil ter de ficar esperando o dinhei-<br />

ro”, observa.<br />

A Infraero é um dos órgãos governa-<br />

mentais que compra de micro e pequenas<br />

empresas. A maior parte da compra feita<br />

pela Infraero é de material de consumo,<br />

como caneta, papel e lápis. Álvaro Luiz<br />

Miranda Costa, superintendente de Ad-<br />

ministração Geral da Infraero, afirma que<br />

na Infraero os pagamentos são feitos na<br />

data prevista.<br />

Entretanto, ao negociar com um em-<br />

presário de pequeno negócio, o superin-<br />

tendente da Infraero aponta como uma<br />

das dificuldades a garantia da pós-ven-<br />

da. Segundo ele, esse é um dos motivos<br />

para as exigências nos contratos serem<br />

rigorosas. “Decorre da necessidade de ter<br />

garantia da pós-venda”, alega. Segundo<br />

Álvaro Costa, existem muitos casos de<br />

“O objetivo é em dois<br />

anos aumentar para 32%<br />

a participação de micro e<br />

pequenas empresas em<br />

compras públicas.”<br />

micro e pequenas empresas que vendem<br />

e depois não são mais encontradas, fe-<br />

charam as portas.<br />

Costa conta ainda que há muitas<br />

micro e pequenas empresas que prestam<br />

um serviço de boa qualidade para a In-<br />

fraero.<br />

De acordo com o superintendente<br />

da Infraero, a quantidade de micro e<br />

pequenas empresas fornecedoras para a<br />

Infraero é grande. No entanto, relata que<br />

quando a demanda é alta, como a cons-<br />

trução de um terminal em um aeroporto,<br />

por exemplo, uma companhia maior é<br />

contratada. Nesse caso, a pequena tem<br />

dificuldade em competir.<br />

Durante o I Seminário Grandes Com-<br />

pradores & Pequenos Fornecedores – A<br />

responsabilidade empresarial para o de-<br />

senvolvimento, realizado em São Paulo,<br />

em agosto, as micro e pequenas empresas<br />

com experiência em vendas para <strong>grandes</strong><br />

<strong>compradores</strong> públicos e/ou de economia<br />

mista, sugeriram que haja maior agilida-<br />

de nos processos administrativos e que<br />

os contratos sejam divididos, gerando<br />

desenvolvimento local.<br />

15 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


16 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

Melhorar processos de compra<br />

pública é uma decisão política<br />

Manaus aperfeiçoou seus métodos e aumentou o percentual de micro<br />

“Micro e pequenas<br />

empresas representam<br />

32% das compras<br />

governamentais na<br />

capital amazônica.”<br />

e pequenas empresas como fornecedoras para empresas públicas<br />

Situada no meio da selva amazônica, com extraordinário estoque de recursos na-<br />

turais e mais de 1 milhão e meio de habitantes, uma população concentrada, Manaus<br />

tem um parque industrial apenas de montagens, segundo a secretária de Planejamento<br />

e Administração da Prefeitura, Rita Suely Bacuri de Queiroz. Sem indústrias pesadas, a<br />

cidade mostra que a modernidade das mais de 600 empresas pode conviver harmonio-<br />

samente com a paisagem local.<br />

E apresenta um dado invejável de participação de micro e pequenas empresas em<br />

processos de compras governamentais. Elas representam 32% nos processos de com-<br />

pras da capital amazônica contra a média nacional de 17%, segundo dados do Serviço<br />

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (<strong>Sebrae</strong>). Isso, segundo Rita de<br />

Queiroz, graças à implantação de um modelo de pregão presencial para a contratação<br />

de serviços e compra de materiais.


Com 70% da população do Amazo-<br />

nas concentrada em Manaus, a cidade<br />

tem um desafio significativo. Conside-<br />

rando a administração da cidade com<br />

foco no desenvolvimento municipal,<br />

Rita de Queiroz diz que a cidadania e<br />

inclusão social, desenvolvimento ur-<br />

bano e o desenvolvimento econômico<br />

sustentável, além de gestão pública,<br />

estratégica, moderna e participativa,<br />

são os principais objetivos da prefeitura<br />

da cidade.<br />

Defensora da vontade política como<br />

alicerce para o desenvolvimento eco-<br />

nômico, a secretária de Planejamento<br />

conta que a experiência das compras<br />

governamentais da prefeitura começou<br />

ainda como promessa de campanha. “Era<br />

prioridade dar oportunidade para as mi-<br />

cro e pequenas empresas participarem do<br />

processo de compras governamentais”,<br />

diz. “Houve um empenho na perspectiva<br />

de comprometer a gestão com as micro e<br />

pequenas empresas”.<br />

Um ponto-chave era inicialmente a<br />

estratégia de democratização e licitação,<br />

segundo Rita de Queiroz. Para ela, existia<br />

um problema de falta de transparência<br />

nos processos, que ela atribui a distância<br />

e à permanência de grupos políticos por<br />

muito tempo no poder. “Foi instituído o<br />

pregão presencial, imediatamente, e um<br />

processo depois simplificado para aquisi-<br />

ção de produtos”, explica.<br />

De acordo com a secretária, com a<br />

instalação do pregão presencial foi pos-<br />

sível mudar a antiga lógica da licitação e<br />

também acabar com o modelo que estava<br />

vigente. “Tinham empresas que vendiam<br />

da seringa ao pneu. Parece brincadei-<br />

ra, mas é exatamente isso”, conta. Ela<br />

explica que, como uma mesma empresa<br />

vendia praticamente todos os tipos de<br />

produtos e as licitações eram por lotes,<br />

as empresas ganhavam a licitação e ti-<br />

nham a hegemonia no mercado. “Eles<br />

terceirizavam. Ganhavam a licitação,<br />

compravam pães da cooperativa de pães,<br />

por exemplo, que nunca conseguiu par-<br />

ticipar, a um valor de 11 centavos e ven-<br />

diam para o município a 21 centavos”,<br />

conta. “No segundo pregão realizado, a<br />

cooperativa ganhou e conseguimos com-<br />

prar o pão por 18 centavos. Então veja<br />

bem, é relação ganha-ganha”.<br />

Para a secretária de Planejamento da<br />

Prefeitura de Manaus, é aí que entra a<br />

decisão política do município. Ela diz que<br />

foi a resolução de eliminar um formato<br />

de licitação viciada e da vontade de dar<br />

oportunidade de participação às micro e<br />

pequenas, de onde vem o sucesso do mo-<br />

delo de Manaus. “O modelo é exatamente<br />

esse: no item a item, não importa se daí<br />

17 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


18 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

“O sucesso do modelo<br />

de Manaus decorreu<br />

de uma decisão<br />

política, da vontade de<br />

dar oportunidade de<br />

participação às micro e<br />

pequenas empresas.”<br />

vai decorrer em 100 contratos, não im-<br />

porta”, relata Rita de Queiroz.<br />

Segundo ela, a instituição do proces-<br />

so simplificado para aquisição de bens<br />

de entrega imediata em qualquer moda-<br />

lidade licitatória, independentemente do<br />

valor e dos pregões feitos item a item,<br />

viabilizaram a participação de <strong>pequenos</strong><br />

<strong>fornecedores</strong>. Além disso, foi reduzida<br />

significativamente a quantidade de do-<br />

cumentos a serem apresentados pelas<br />

micro e pequenas empresas.<br />

Rita de Queiroz relata que há, em Ma-<br />

naus, uma preocupação em sensibilizar<br />

integrantes das comissões permanentes<br />

de licitações responsáveis pela elabora-<br />

ção dos editais. “E aí há um investimen-<br />

to do <strong>Sebrae</strong>, que também é parceiro, e<br />

é responsável direto pela formação dos<br />

pregoeiros, para acompanhar”, conta.<br />

“São turmas formadas sistematicamente,<br />

sem vícios, vão aprender tudo, estamos<br />

criando uma nova mentalidade no trato<br />

da coisa pública.”<br />

A secretária de Planejamento da<br />

Prefeitura de Manaus explica que não<br />

especificamente só em processos de li-<br />

citação, mas em ganhos reais para a<br />

Prefeitura, em 2005, conseguiu-se eco-<br />

nomizar R$ 52 milhões, revendo con-<br />

tratos e realizando pregões. Rita de<br />

Queiroz conta ainda sobre o processo<br />

simplificado para aquisição por meio de<br />

licitações. “Foi encontrada uma brecha<br />

na 8.666, que “A documentação pode-<br />

rá ser dispensada nos fornecimentos<br />

de bens para pronta entrega até 30<br />

dias”, isso favorece muito as micro”,<br />

revela. “Toda aquela burocracia que é<br />

impeditiva para que a micro possa par-<br />

ticipar”.<br />

Isso revela um pouco o caso de su-<br />

cesso de Manaus, segundo Rita Suely<br />

de Queiroz. “Orgulha-nos ter consegui-<br />

do alcançar um índice de 32% no ano<br />

passado com as nossas compras gover-<br />

namentais de micro e pequenas empre-<br />

sas”, lembra. “É um percentual muito<br />

satisfatório.”<br />

Para o diretor superintendente do<br />

<strong>Sebrae</strong> Amazonas, José Carlos Reston,<br />

os números positivos de Manaus se dão<br />

principalmente pelo envolvimento da<br />

prefeitura da cidade. “É uma grande con-<br />

quista alcançada e se deve pela grande<br />

participação da prefeitura”, diz. José<br />

Carlos Reston explica que com a mudança<br />

na legislação, as licitações sendo feitas<br />

por itens e não de forma globalizada e<br />

pelo menor preço, o segmento da micro e<br />

pequena empresa têm hoje a forma mais<br />

adequada de participar dos negócios com<br />

<strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong>.<br />

A Prefeitura de Manaus já realizou<br />

54 pregões em 2006, garante a secretá-<br />

ria. O valor estimado de itens licitados


Processo simplifi cado para aquisições por meio de licitações<br />

• Art. 32 § 1º da Lei 8.666/93 (...) A documentação poderá ser dispensada nos<br />

fornecimentos de bens para pronta-entrega (até 30 dias).<br />

• Instituição do Decreto nº 7.885, 04/05/2005 (Fornecimento de pronta-entrega).<br />

• Nas compras com entrega imediata (até 30 dias) e integral há considerável redução do número<br />

de documentos exigidos.<br />

• Dispensa na assinatura do contrato. Por quê? Livre do pagamento do extrato e da garantia.<br />

Fonte: Diário Ofi cial de Manaus – Janeiro a Junho de 2005.<br />

foi de R$ 41 milhões, e o valor licitado<br />

global de R$ 30 milhões. Uma economia<br />

aos cofres públicos de R$ 10 milhões já<br />

este ano.<br />

Entretanto, a secretária faz um co-<br />

mentário sobre o quadro encontrado<br />

atualmente com relação às micro e pe-<br />

quenas empresas. Para Rita de Queiroz,<br />

diferentemente de 2005, hoje, as micro e<br />

pequenas empresas estão se afastando.<br />

“Estão voltando aquelas <strong>grandes</strong> empre-<br />

sas que antes ganhavam todas”, revela.<br />

A secretária faz então um apelo ao Se-<br />

brae e a todos os empresários de micro<br />

e <strong>pequenos</strong> negócios que não deixem<br />

de participar de processos de licitação.<br />

“Não deixem de participar, porque exis-<br />

te essa história de carta marcada. Outra<br />

coisa importante é a documentação. Às<br />

vezes, é doloroso para nós termos de ex-<br />

cluir uma micro ou uma pequena empre-<br />

sa por conta da documentação não estar<br />

correta.”<br />

Segundo a secretária de Planeja-<br />

mento da Prefeitura de Manaus, traba-<br />

lhar com o desenvolvimento de micro e<br />

<strong>pequenos</strong> “é apaixonante”. Ela acredita<br />

que o compromisso hoje com a micro<br />

signifi ca um compromisso cidadão com<br />

o desenvolvimento do Brasil, que é um<br />

compromisso de todos.<br />

19 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


20 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

Mel produzido no Piauí<br />

ultrapassa fronteiras<br />

Como uma associação de produtores de mel exporta para os Estados Unidos<br />

No semi-árido nordestino um grupo<br />

de <strong>pequenos</strong> produtores de mel está de<br />

olho no mercado externo. É a Associação<br />

de Apicultores da Microrregião de Simplí-<br />

cio Mendes (AAPI), no Piauí, que já ven-<br />

deu mel para Estados Unidos e Europa.<br />

“Temos o melhor mel do Brasil”, afirma<br />

com orgulho Dionísio Moura, um dos res-<br />

ponsáveis pela administração da associa-<br />

ção. A AAPI conta com 930 famílias em<br />

29 comunidades rurais e assentamentos<br />

espalhados pela Microrregião de Simplí-<br />

cio Mendes.<br />

Os agricultores começaram a traba-<br />

lhar com a produção de mel há 15 anos.<br />

Na época, a Diocese de Oeiras-Floriano<br />

deu o impulso inicial para a atividade em<br />

três comunidades de Simplício Mendes.<br />

O resultado não poderia ter sido melhor<br />

e despertou a atenção para o potencial<br />

apícola da região. Em dezembro de 1994<br />

foi criada a Associação de Apicultores<br />

para facilitar a comercialização do produ-<br />

to e evitar atravessadores que ofereciam<br />

um preço insignificante pelo mel. Desde<br />

então, várias ações foram desenvolvidas<br />

para profissionalizar o trabalho e expan-<br />

dir a venda dos <strong>pequenos</strong> produtores.<br />

Nas comunidades foram construídas<br />

“Casas de Mel” para o beneficiamento<br />

do produto e um entreposto onde o pro-<br />

duto é processado e vendido. Hoje, cada<br />

uma das famílias da AAPI tem em mé-<br />

dia 10 colméias. O mel colhido garante<br />

renda extra às famílias que trabalham<br />

na agricultura e na criação de <strong>pequenos</strong><br />

animais.<br />

O <strong>Sebrae</strong> apóia a iniciativa oferecen-<br />

do capacitação gerencial e tecnológica,


além de prospecção de mercado e parti-<br />

cipação em feiras e eventos. Em 2001, a<br />

associação recebeu o selo de exportação<br />

do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do<br />

Ministério da Agricultura e passou a ven-<br />

der pequenas quantidades de mel para a<br />

Itália. Também já exportou cerca de 20<br />

mil quilos de mel para a Alemanha.<br />

Atualmente, a AAPI exporta aproxi-<br />

madamente 80% de sua produção para<br />

os Estados Unidos. Além disso, passou a<br />

comercializar para <strong>grandes</strong> grupos nacio-<br />

nais, como o Pão de Açúcar. A associação<br />

vende para o grupo sachês de 100 e 200<br />

gramas e bisnagas de 340 gramas. Pau-<br />

lo José da Silva, um dos representantes<br />

da AAPI, diz que, com o mel, o produtor<br />

pode receber por mês até R$ 300,00.<br />

“Para quem antes não tinha trabalho,<br />

passava necessidade, o impacto é gran-<br />

de”, afirma. Ele aproveita para elogiar o<br />

trabalho do <strong>Sebrae</strong> de apoio à associa-<br />

ção. “Se a gente não tivesse recebido a<br />

orientação que recebeu do <strong>Sebrae</strong>, não<br />

tinha chegado onde chegou.”<br />

A Associação dos Apicultores da<br />

Microrregião de Simplício Mendes tam-<br />

bém conta com apoio da Agência dos<br />

Estados Unidos para o Desenvolvimen-<br />

to Internacional (Usaid). Ano passado,<br />

a organização iniciou atividades de<br />

apoio a acesso a mercados externos<br />

em quatro setores: açaí, moda praia,<br />

castanha de caju e mel. E a AAPI foi<br />

um dos quatro escolhidos. Uma das pri-<br />

meiras ações foi o desenvolvimento de<br />

uma análise do setor de mel em nível<br />

mundial, procurando compreender o<br />

mercado, suas tendências, comporta-<br />

mento de oferta e demanda. O objetivo<br />

é estabelecer uma estratégia de longo<br />

prazo que capitalize as vantagens com-<br />

petitivas da associação.<br />

Dionísio Moura, conta que, com o<br />

mel, muitos produtores da região con-<br />

seguiram progredir e adquirir bens como<br />

geladeira e televisão. Além disso, o<br />

comércio local também foi impulsiona-<br />

do. Ele diz que há agricultor que, com<br />

a renda do mel, está deixando de lado<br />

o cavalo como meio de transporte e co-<br />

meçando a usar a moto. “Começa com<br />

cavalo e logo vai indo para a moto”, diz.<br />

Além disso, é possível perceber redução<br />

no êxodo rural, por ser uma atividade<br />

que atrai jovens e mulheres.<br />

Um dos segredos do sucesso é o<br />

trabalho em grupo desenvolvido pela<br />

associação. Por exemplo, na época da<br />

colheita, os trabalhadores se reúnem<br />

para fretar carro e ajudar seus vizinhos.<br />

É a “mão-de-obra familiar agregada com<br />

a mão-de-obra da boa vizinhança” que,<br />

segundo Dionísio, faz a diferença.<br />

LABORATÓRIO MÓVEL<br />

O Piauí ocupa o 6º lugar entre os maio-<br />

res exportadores de mel do país, fican-<br />

do atrás de São Paulo, Santa Catarina,<br />

Rio Grande do Sul, Ceará e Paraná. O<br />

<strong>Sebrae</strong> apóia diversas ações no esta-<br />

do de desenvolvimento da apicultura.<br />

Conta com o projeto Apis Arararipe, na<br />

microrregião de Picos; com o Projeto<br />

Serra da Capivara, na microrregião de<br />

São Raimundo Nonato e no litoral do<br />

estado.<br />

Uma das ações do <strong>Sebrae</strong>, em parce-<br />

ria com a Empresa Brasileira de Pesqui-<br />

sa Agropecuária (Embrapa) e Federação<br />

das Entidades (Feapi), foi a aquisição do<br />

primeiro laboratório móvel do país para<br />

atender os apicultores, realizando análi-<br />

se do mel e capacitação no Piauí.<br />

Outra iniciativa do <strong>Sebrae</strong> será a ins-<br />

talação, ainda este ano, da Casa Apis,<br />

uma Central de Cooperativas do Semi-<br />

Árido Brasileiro, com sede em Picos, a<br />

306 km ao sul de Teresina. “Hoje, todas<br />

as comunidades preservam a produção<br />

de mel de qualidade”, diz Francisco Ho-<br />

landa, gerente de carteira de projetos da<br />

Apicultura do <strong>Sebrae</strong> do Piauí.<br />

21 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


22 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

Entrevista<br />

Compras<br />

governamentais:<br />

oportunidade<br />

para as micro e<br />

pequenas empresas<br />

C Â N D I D A M A R I A C E R V I E R I<br />

Para participar desse mercado, as micro e pequenas empresas<br />

devem estar preparadas<br />

As micro e pequenas empresas têm pela frente uma excelente oportunidade de alavancar<br />

seus negócios se tornando <strong>fornecedores</strong> do governo e de <strong>grandes</strong> corporações.<br />

Para aumentar a participação das micro e pequenas empresas nesse mercado, várias<br />

ações vêm sendo desenvolvidas pelo governo, associações e entidades de classe. Vender<br />

ao governo requer que o pequeno empresário esteja preparado. É o que observa Cândida<br />

Maria Cervieri, diretora do Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas do Ministério<br />

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Nesta entrevista, ela ressalta<br />

a importância das micro e pequenas empresas estarem organizadas e capacitadas para a<br />

conquista de um mercado que pode render bons negócios.<br />

Cândida fala sobre o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno<br />

Porte, também conhecido como Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que foi aprovado<br />

na Câmara dos Deputados e tramita no Senado Federal em regime de urgência.


É possível que as micro e pequenas<br />

empresas atinjam a participação de<br />

30% nas compras governamentais?<br />

Acredito ser possível chegarmos à participação<br />

de 30% das micro e pequenas<br />

empresas nas compras governamentais.<br />

Para isso, é necessário que haja um<br />

planejamento de curto, médio e longo<br />

prazo com definição de metas e ações<br />

envolvendo órgãos de governo, entidades<br />

de classe (federações, associações e<br />

confederações de microempresas e empresas<br />

de pequeno porte) e em especial<br />

o <strong>Sebrae</strong>, o Sistema “S” e a sociedade civil<br />

organizada. O objetivo comum deverá<br />

ser o da preparação dos empresários<br />

para os desafios desse mercado junto ao<br />

governo e às <strong>grandes</strong> corporações.<br />

Como as micro e pequenas empresas<br />

podem ter uma participação maior<br />

nesse mercado de compras governamentais?<br />

Esta resposta está diretamente relacionada<br />

à pergunta anterior. É fundamental<br />

termos presente que os <strong>pequenos</strong><br />

<strong>fornecedores</strong> precisam conhecer o funcionamento<br />

do processo de licitação do<br />

governo e as suas normas regulatórias<br />

e, para tanto, têm que estar organizados<br />

e preparados. Outro fator importante<br />

é o pequeno fornecedor ter um<br />

produto competitivo e com qualidade,<br />

com escala e preço, fazer uma análise<br />

do mercado e da concorrência e buscar<br />

novas formas de associativismo.<br />

Qual a maior dificuldade apresentada<br />

pelas micro e pequenas empresas para<br />

participarem desse mercado?<br />

Grande parte dessas empresas não tem<br />

consciência do mercado potencial que<br />

está se abrindo para elas. A maior dificuldade<br />

que elas encontrarão, como já<br />

foi dito anteriormente, será de se estruturarem<br />

para o processo licitatório e<br />

com isso, também, dominarem as normas<br />

regulatórias. Caberá ao governo,<br />

setor privado e associações de classe,<br />

conjuntamente, concentrarem esforços<br />

nessa tarefa de preparação dos empresários<br />

do setor, bem como na formulação<br />

de ações para sua capacitação.<br />

Esse incentivo gerará empregos?<br />

A geração de empregos e a inclusão são<br />

uma decorrência. Na medida em que as<br />

empresas aumentam suas vendas, alcançando<br />

novos mercados e expandindo<br />

seus negócios, gerarão um volume<br />

maior de receita, lucros e investimentos,<br />

com efeito multiplicador sobre o<br />

emprego e a renda.<br />

Hoje existem 5 milhões e 100 mil micro<br />

e pequenas empresas na formalidade<br />

e 10 milhões na informalidade.<br />

Como o governo está se preparando<br />

para trazer essas empresas para a formalidade?<br />

Um dos princípios básicos na concepção<br />

do Estatuto Nacional da Microempresa<br />

e Empresa de Pequeno Porte é o<br />

da formalização dos micro e <strong>pequenos</strong><br />

negócios. Nesse sentido, destacam-se<br />

medidas como a unificação do sistema<br />

de registro de empresa e recolhimento<br />

de tributos, conforme o projeto de criação<br />

da Rede Nacional de Simplificação<br />

do Registro e da Legalização de Empresas<br />

e Negócios – Redesim, a ampliação<br />

do setor de serviços no Simples e de<br />

outras atividades intensivas em mãode-obra<br />

(empresas de construção civil,<br />

contabilidade, informática, imobiliárias,<br />

escolas de idiomas, etc.), a instituição<br />

do Super Simples que engloba<br />

oito tributos (IRPJ, IPI, CSLL, COFINS,<br />

PIS, INSS sobre a folha de pagamentos,<br />

ICMS e ISS) e que permitirá uma redução<br />

de até 40% na carga tributária das<br />

empresas nele enquadradas (de 300 a<br />

400 mil), a preferência para as micro<br />

e pequenas empresas nas compras governamentais<br />

de até R$ 80 mil. Além<br />

dessas, devem ser citadas, também, a<br />

criação de um Sistema Nacional de Garantias<br />

de Crédito, com o objetivo de<br />

facilitar o acesso das micro e pequenas<br />

empresas ao crédito e a outros serviços<br />

junto às instituições financeiras, o<br />

estímulo à inovação, os consórcios de<br />

exportação e o acesso a tribunais específicos.<br />

É preciso ressaltar que o governo<br />

vem trabalhando de forma integrada e<br />

consensualizada. As ações, medidas e<br />

programas estão sendo discutidos, compartilhados<br />

e construídos com o setor e<br />

a sociedade civil organizada. Um exemplo<br />

concreto é a formulação das políticas<br />

no âmbito do Fórum Permanente das<br />

Microempresas e Empresas de Pequeno<br />

Porte e nos seus seis Comitês Temáticos<br />

(Racionalização Legal e Burocrática,<br />

Formação e Capacitação Empreendedora,<br />

Investimento e Financiamento, Tecnologia<br />

e Inovação, Comércio Exterior e Integração<br />

Internacional, e Informação).<br />

Como o Estatuto Nacional da Microempresa<br />

e Empresa de Pequeno Porte<br />

poderá melhorar as perspectivas para<br />

os <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong>?<br />

O Estatuto Nacional é um passo importante<br />

e inovador. Porém, não pode ser<br />

23 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


24 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

considerado único. Tem de vir agregado<br />

a políticas públicas, parcerias, fortalecimento<br />

do associativismo e cooperativismo,<br />

bem como de programas de<br />

capacitação e de normas regulatórias.<br />

Por isso, não se pode dizer que ele solucionará<br />

todos os problemas das micro e<br />

pequenas empresas deste país. Na verdade,<br />

percebe-se uma conscientização<br />

maior da sociedade em relação a elas.<br />

Este é, sem dúvida, um momento muito<br />

particular, pois alguns capítulos do<br />

Estatuto Nacional ainda precisarão ser<br />

regulamentados.<br />

Qual outro tipo de ação do governo<br />

para estimular as micro e pequenas<br />

empresas?<br />

O governo vem trabalhando na construção<br />

de políticas industriais, de tecnologia<br />

e inovação, no aperfeiçoamento das<br />

diretrizes para compras governamentais,<br />

em ações de sensibilização e capacitação<br />

voltadas aos empresários de<br />

micro e pequenas empresas, no fortalecimento<br />

do associativismo, em políticas<br />

educacionais positivas e inclusivas, no<br />

fortalecimento das escolas de ensino<br />

tecnológico, na criação de uma rede de<br />

agentes de desenvolvimento de políticas<br />

de compras no âmbito do Ministério<br />

do Planejamento, Orçamento e Gestão,<br />

na participação efetiva dos empresários<br />

na formulação de políticas públicas no<br />

Fórum Permanente das Microempresas e<br />

Empresas de Pequeno Porte.<br />

O Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior, através<br />

da Secretaria do Desenvolvimento da<br />

Produção, vem trabalhando 15 Fóruns<br />

de Competitividade Setoriais (têxtil e<br />

confecções, madeira e moveis, gemas<br />

e jóias, da construção civil, transformados<br />

plásticos, complexo eletrônico,<br />

biotecnologia, etc.), além do Fórum de<br />

Franquias.<br />

O fortalecimento das associações e<br />

federações de micro e pequenas empresas,<br />

também, é uma ação que o governo<br />

vem estimulando. Temos trabalhado no<br />

Ministério do Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio Exterior uma política<br />

de desenvolvimento, fortalecimento e<br />

consolidação dos APLs - Arranjos Produtivos<br />

Locais. Atualmente, os arranjos<br />

fazem parte do Plano Plurianual e das<br />

ações da Política, Industrial e Tecnológica<br />

do governo federal. O objetivo é<br />

promover o desenvolvimento integrado<br />

e aumentar a competitividade das micro<br />

e pequenas empresas que fazem parte<br />

destes conglomerados.<br />

Outras ações têm sido abordadas<br />

como o maior acesso ao crédito e garantias,<br />

o extensionismo e cooperativismo,<br />

programas de inovação, centrais de<br />

negócios, telecentros de informação e<br />

negócios, programas voltados ao agronegócio<br />

e à agricultura familiar, políticas<br />

voltadas ao artesão, entre outras.<br />

Esses são apenas alguns exemplos<br />

de ações que o governo vem desenvolvendo.<br />

As Micro e Pequenas Empresas estão<br />

aos poucos conseguindo entrar nesse<br />

mercado de <strong>grandes</strong> empresas?<br />

Esse é um processo lento e que precisa<br />

ser planejado. Grandes empresas como,<br />

por exemplo, a Petrobras, o Boticário,<br />

a Natura e outras que participaram do<br />

Seminário Grandes Compradores & Pequenos<br />

Fornecedores, promovido pelo<br />

<strong>Sebrae</strong>, com a participação do Institu-<br />

to Ethos, da Fides, ABF, Aberje e Afras,<br />

em São Paulo, são pontos de referência<br />

nesta discussão. Há, também, um aspecto<br />

social e econômico a ser levado<br />

em consideração: as micro e pequenas<br />

empresas representam 98% do tecido<br />

produtivo brasileiro e respondem por<br />

cerca de 40% da geração de emprego<br />

e renda. Existe, hoje, uma conscientização<br />

por parte da classe empresarial<br />

e econômica deste país da necessidade<br />

de se promover um espaço maior para o<br />

segmento.<br />

Há um mercado à frente das micro e<br />

pequena empresas. Para isso elas precisam...<br />

Estar organizadas, capacitadas e conscientes<br />

do momento que vivem. Precisam<br />

ter produtos e serviços competitivos,<br />

com qualidade, com preços compatíveis<br />

com os do mercado em que atuam<br />

e ter escala. Necessitam conhecer a<br />

concorrência, os canais de distribuição<br />

e, principalmente, trabalhar em redes<br />

de cooperação. Mas, infelizmente, neste<br />

momento, não conseguem fazer isso<br />

sozinhas. E é neste ponto que entram<br />

os governos, as agências de desenvolvimento,<br />

o Sistema “S”, a sociedade civil<br />

organizada, as entidades de classe e<br />

outras instituições, principalmente no<br />

estímulo à capacitação, à gestão e na<br />

preparação de suas empresas.<br />

Por fim, as lideranças precisam ter visão<br />

de longo curso e não de cabotagem.<br />

Então, se uma micro e pequena empresa<br />

quiser aumentar seu mercado<br />

deve procurar apoio?<br />

Sim. Mas deve ter presente o papel de<br />

cada uma das instituições envolvidas


com o setor e as suas demandas. Lembrando<br />

que o governo, as instituições<br />

de crédito, as agências de desenvolvimento,<br />

o Sistema “S” e, em especial,<br />

o <strong>Sebrae</strong>, entre outros, têm um papel<br />

fundamental junto às MEs e EPPs. Além<br />

disso, possuem programas, projetos e<br />

ações específicas voltadas para o segmento<br />

e técnicos preparados.<br />

Que ações podem ser destacadas nesse<br />

grupo que está pensando no fortalecimento<br />

das políticas públicas voltadas<br />

para compras governamentais das micro<br />

e pequenas empresas?<br />

Inicialmente, o Ministério do Planejamento,<br />

Orçamento e Gestão, o Ministério<br />

do Desenvolvimento, Indústria e<br />

Comércio Exterior, o <strong>Sebrae</strong>, associações<br />

de classe e entidades civis organizadas.<br />

Vou citar apenas algumas das políticas<br />

que estão em construção: o<br />

aperfeiçoamento das diretrizes de<br />

compras governamentais para MPEs, a<br />

identificação de experiências exitosas<br />

como as que foram apresentadas no<br />

Seminário Grandes Compradores & Pequenos<br />

Fornecedores, a revisão da Lei<br />

nº 8.666/93, de 21.06.93, que instituiu<br />

normas para as licitações e contratos<br />

da administração pública, incluindo<br />

a modalidade que contemple as compras<br />

governamentais para as MPEs, a<br />

instituição de um Grupo de Trabalho<br />

de compras governamentais no Fórum<br />

Permanente das Microempresas e Empresas<br />

de Pequeno Porte, a divulgação<br />

dos principais benefícios do Estatuto<br />

Nacional das Microempresas e Empresas<br />

de Pequeno Porte, a identificação de<br />

programas de qualificação e desenvolvimento<br />

de <strong>fornecedores</strong> no Brasil para<br />

disseminar as boas práticas de inserção<br />

de MPEs, a elaboração de estudo para<br />

incluir na legislação de licitações pontuação<br />

para as empresas que realizarem<br />

subcontratações de micro e pequenas<br />

empresas, bem como articulações nas<br />

diversas esferas públicas para definição<br />

de incentivos fiscais aos <strong>compradores</strong><br />

de micro e pequenas empresas.<br />

Que outras diretrizes?<br />

Destaco, também, a sensibilização de<br />

<strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong> públicos para divisão<br />

de lotes regionalizados que oportunizem<br />

o desenvolvimento local e a<br />

inserção de micro e pequenas empresas,<br />

o reforço da política de concessão de<br />

crédito, com juros baixos, facilidades<br />

de acesso ao crédito desburocratizado,<br />

como os já praticados por algumas<br />

instituições financeiras oficiais, a sensibilização<br />

das MPEs para que participem<br />

de associações, APLs e consórcios,<br />

como forma de se tornarem potenciais<br />

fornecedoras de <strong>grandes</strong> empresas e do<br />

governo.<br />

Há várias ações sendo pensadas<br />

e gestadas. Mas, como já manifestado<br />

anteriormente, elas precisam<br />

ser planejadas com metas de curto,<br />

médio e longo prazo. O governo tem<br />

uma preocupação muito grande com<br />

este segmento. E essa preocupação<br />

se traduz na proposição de ações<br />

concretas, justas, transparentes e<br />

responsáveis.<br />

As ações dependem apenas do governo?<br />

Algumas ações dependem do governo,<br />

outras dependem da parceria do governo<br />

com a iniciativa privada, entidades<br />

de classes, <strong>Sebrae</strong>, <strong>grandes</strong> corporações,<br />

sistema financeiro. Enfim, com<br />

as instituições que de alguma forma<br />

tenham uma interface com as micro e<br />

pequenas empresas.<br />

Costumo dizer que políticas públicas<br />

se constroem em parceria, respeitando<br />

os papéis institucionais, e que todos,<br />

como cidadãos brasileiros, temos uma<br />

parcela importante na construção dessas<br />

proposições.<br />

25 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


26 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

As micro e pequenas empresas têm<br />

agora a garantia de melhores condições<br />

para participar de um mercado de quase<br />

R$ 300 bilhões. É o que assegura o projeto<br />

da Lei Geral das Micro e Pequenas Empre-<br />

sas, que já passou pela Câmara, deve ser<br />

aprovado pelo Senado e sancionado ainda<br />

este ano pelo presidente da República.<br />

São algumas soluções para que pos-<br />

sam ser aperfeiçoadas as diretrizes de<br />

compras governamentais, ampliando de<br />

A Lei Geral dos<br />

<strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong><br />

Avanços no acesso a novos mercados para as micro<br />

17% para 32% a participação das micro<br />

e pequenas empresas como fornecedo-<br />

res nesse mercado, o que possibilitaria<br />

a criação de mais de 1 milhão de novos<br />

postos de trabalho direto e 3 milhões in-<br />

diretos. “Um impacto sistêmico na eco-<br />

nomia, na sociedade”, diz Bruno Quick,<br />

gerente da Unidade de Políticas Públicas<br />

do <strong>Sebrae</strong> Nacional.<br />

Para empresários de <strong>pequenos</strong> negócios<br />

com experiência em vendas para <strong>grandes</strong><br />

e pequenas empresas<br />

<strong>compradores</strong> públicos e/ou de economia<br />

mista, as licitações deveriam ser mais cla-<br />

ras e específicas quanto ao detalhamento<br />

do produto e serviço. Segundo André Silva<br />

Spínola, consultor da Unidade de Políticas<br />

Públicas do <strong>Sebrae</strong> Nacional, se as licita-<br />

ções fossem feitas por itens já permitiria<br />

a participação de micro e pequenas empre-<br />

sas. “Quanto mais produtos agregados ao<br />

lote, menos acesso a pequena empresa tem<br />

para participar da licitação”, diz.


Assim, é importante que a Lei Ge-<br />

ral seja regulamentada nos municípios,<br />

estados e governo federal para que, por<br />

exemplo, as certidões negativas exigidas<br />

para as micro e pequenas empresas sejam<br />

apresentadas somente caso elas vençam<br />

a licitação. E, mesmo vencendo, se surgir<br />

algum problema, que seja concedido ao<br />

empresário de micro e pequeno negócio<br />

quatro dias úteis para resolver as pen-<br />

dências.<br />

DESTAQUES NA LEI GERAL<br />

No caso de um empate por preço entre<br />

pequena e grande empresa participante<br />

de licitação, será assegurado, como cri-<br />

tério de desempate, a preferência de con-<br />

tratação para as micro e pequenas empre-<br />

sas quando o preço oferecido for maior<br />

que a da grande empresa em até 10%.<br />

O conhecido empenho, uma declara-<br />

ção de pagamento referente a compra,<br />

poderá ser descontado na rede bancária,<br />

como um cheque ou duplicata, por exem-<br />

plo. “Há bons pagadores, mas também<br />

existem muitas prefeituras, órgãos públi-<br />

cos que não pagam em dia e/ou deixam<br />

de pagar”, explica André Spínola. A micro<br />

Lei Geral aprovada na Câmara<br />

A aprovação na Câmara do projeto de Lei Geral da<br />

Micro e Pequena Empresa é uma importante injeção de<br />

ânimo para os que acreditam no reconhecimento do<br />

trabalho das mais de 10 milhões de micro e pequenas<br />

empresas brasileiras que sobrevivem na informalidade. É<br />

especialmente um ganho para todo o Brasil que poderá,<br />

em 2007, quando a lei for promulgada, ter a formalização<br />

de 13 milhões de trabalhadores do setor que não têm a<br />

carteira de trabalho assinada. A formalização vai benefi -<br />

ciar diretamente a 23 milhões de pessoas e indiretamente<br />

e a pequena empresa poderá então, após<br />

30 dias do vencimento, receber os valo-<br />

res empenhados, é a emissão da cédula<br />

de crédito microempresarial, prevista na<br />

Lei Geral.<br />

A idéia é que em contratações públi-<br />

cas seja dado um tratamento diferenciado<br />

e simplifi cado para as micro e pequenas<br />

empresas para promover o desenvolvi-<br />

mento econômico e social no município<br />

e na região. Assim, aumenta-se também<br />

a efi ciência das políticas públicas e o in-<br />

centivo à inovação tecnológica, prevê a<br />

Lei Geral, mas desde que previsto e re-<br />

gulamentado na legislação do respectivo<br />

ente municipal e/ou regional.<br />

Em contratações de até R$ 80 mil<br />

e havendo no mínimo três empresas de<br />

micro e <strong>pequenos</strong> negócios competin-<br />

do pela conta, a preferência será dada<br />

às pequenas. De acordo com o <strong>Sebrae</strong>,<br />

assim, as prefeituras poderão realizar as<br />

licitações com compras de empresas da<br />

própria cidade, o que benefi cia a econo-<br />

mia local.<br />

Outra questão considerada importan-<br />

te é a possibilidade de subcontratação<br />

nos <strong>grandes</strong> contratos, como obras ou<br />

contrato de publicidade, por exemplo,<br />

desde que não exceda a 30% do total<br />

licitado. “Não o trabalho estratégico,<br />

mas tudo o que a empresa tem de com-<br />

prar de terceiros poderá ser incluído,<br />

inclusive contará pontos para ganhar o<br />

edital”, diz André Spínola. O consultor<br />

do <strong>Sebrae</strong> explica que já na proposta,<br />

a micro e pequena empresa incluirá os<br />

itens subcontratados e isso valerá como<br />

ponto positivo para desempate na licita-<br />

ção. Além disso, o licitante poderá pagar<br />

direto ao subcontratado, uma facilidade<br />

signifi cativa, segundo Spínola.<br />

De acordo com o consultor do Se-<br />

brae, existem aqui fundamentos só-<br />

cio-econômicos muito embasados que<br />

justifi cam comprar da micro e pequena<br />

empresa. A Lei Geral terá abrangência<br />

nas três esferas do poder público. O que<br />

signifi ca ser aplicada no âmbito federal,<br />

estadual, distrital e municipal, trazendo<br />

mais efi cácia e resultados concretos para<br />

os <strong>pequenos</strong> negócios, que passarão a<br />

ser regidos por um sistema legal unifor-<br />

me, em uma espécie de consolidação de<br />

todo o conjunto de obrigações em único<br />

sistema.<br />

a 69 milhões de brasileiros que dependem das micro e<br />

pequenas empresas. De acordo com o relator do projeto,<br />

deputado Luiz Carlos Hauly, o Brasil prepara o caminho<br />

para um futuro sistema tributário compatível com os melhores<br />

sistemas tributários do mundo. “Com essa lei o<br />

Brasil passa a ter uma das mais modernas leis voltadas ao<br />

incentivo das micro e pequenas empresas e à geração de<br />

emprego e renda”. O projeto de Lei Geral deve ser aprovado<br />

pelo Senado, podendo ser sancionado ainda esse ano<br />

pelo presidente.<br />

27 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


28 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

Petrobras e <strong>Sebrae</strong> – parceiros<br />

das micro e pequenas empresas<br />

No Prominp são 1.431 micro e pequenas empresas participando dos<br />

projetos, empresas que empregam praticamente 30 mil funcionários<br />

“São R$ 27 milhões<br />

comprometidos no<br />

programa, incluindo<br />

valores de<br />

51 parceiros, uma<br />

surpresa agradável.”<br />

Há mais de 10 anos o Programa de<br />

Mobilização da Indústria de Petróleo e<br />

Gás Natural (Prominp), uma parceria da<br />

Petrobras e o <strong>Sebrae</strong>, com a iniciativa do<br />

Ministério de Minas e Energia, promove a<br />

inserção competitiva e sustentável de Mi-<br />

cro e Pequenas Empresas (MPEs) na cadeia<br />

produtiva de petróleo, gás e energia.<br />

São R$ 27 milhões comprometidos<br />

no programa, incluindo valores de 51<br />

parceiros. “No início do programa ima-<br />

ginamos conseguir uma adesão em torno<br />

de 3 milhões e hoje tem em termos de<br />

comprometimento em torno de 27 mi-<br />

lhões”, conta Marco Aurélio da Rosa Ra-<br />

mos, gerente-executivo de materiais da<br />

Petrobras. “Isso foi uma surpresa muito<br />

agradável, significa que tem mais gente<br />

no mesmo barco que nós”.<br />

Para a gerente da Unidade de Aten-<br />

dimento Coletivo – Indústria, do <strong>Sebrae</strong><br />

Nacional, Miriam Zitz, o principal aspec-<br />

to dessa parceria é a oportunidade dada<br />

para as micro e pequenas empresas de<br />

participar dos negócios. “Para os próxi-<br />

mos cinco anos a Petrobras estima que o<br />

mercado movimente U$ 87 bilhões. Um<br />

volume significativo para o desenvolvi-<br />

mento dos micro e <strong>pequenos</strong> empreendi-<br />

mentos”, diz.<br />

Segundo o gerente da Petrobras,<br />

inicialmente o projeto foi desenvolvido<br />

porque a empresa percebeu que, além<br />

da responsabilidade social, uma lógica<br />

econômica precisava estar presente na<br />

operação da Petrobras nas próprias ci-<br />

dades onde atuava. “A nossa inserção<br />

dentro das comunidades locais não era<br />

só uma questão de uma boa inserção,<br />

muito mais, uma solução mais barata por<br />

conseguir solução local, e solução local<br />

quer dizer micro e pequenas empresas,<br />

locais”, explica.<br />

Rosa Ramos lembra-se do tempo em<br />

que era necessário encontrar uma solução<br />

para o descarte de lâmpadas fluorescen-<br />

tes, que tem um gás que afeta a camada<br />

de ozônio. A Petrobras tinha uma em-<br />

presa em São Paulo que fazia a retirada<br />

do gás, entretanto, mandar as lâmpadas<br />

do Rio Grande do Norte ou Salvador, por<br />

exemplo, não era prático. “No meio do<br />

caminho quebrava a metade, o objetivo<br />

todo se perdia. Então seria ótimo se a<br />

gente tivesse soluções locais”, diz ele.<br />

O gerente-executivo da Petrobras<br />

conta que a percepção dessa realidade<br />

foi tomando corpo dentro da companhia<br />

e as diversas iniciativas que vinham sen-<br />

do tomadas nas muitas unidades ope-<br />

racionais, se transformaram. “Acabaram<br />

desaguando numa iniciativa de caráter<br />

institucional, onde a corporação Petro-<br />

bras fez um convênio com o <strong>Sebrae</strong>, a<br />

nível nacional”, diz. Miriam Zitz explica<br />

que a parceria com a Petrobras é uma<br />

conquista muito grande e importante e<br />

contém um olhar de responsabilidade so-<br />

cial. “É como se as empresas estivessem<br />

sendo certificadas, elas ganham em qua-<br />

lidade, aprimoram o processo produtivo”,<br />

diz a gerente.<br />

Segundo Rosa Ramos, a Petrobras tem<br />

atuação em praticamente todos os esta-<br />

dos brasileiros, mas cita alguns estados<br />

onde se concentra a atividade industrial<br />

como exemplos dessa parceria. “Na região<br />

da Amazônia tem a refinaria em Manaus e<br />

uma atividade de exploração e produção


de gás e óleo. Lá no Ceará tem uma fá-<br />

brica de lubrificantes, a Luminor”, conta.<br />

Listando os estados brasileiros de<br />

atuação da empresa, o executivo diz que<br />

no Rio Grande do Norte/Ceará também<br />

existe uma área de exploração e produção<br />

de óleo e gás. Assim como na região de<br />

Sergipe/Alagoas tem uma unidade de ne-<br />

gócios nessa atividade de exploração de<br />

óleo e gás e na Bahia existe a refinaria e<br />

uma série de outros trabalhos do setor.<br />

Segundo ele é importante citar ainda<br />

Minas Gerais, com a refinaria da Gabriel<br />

Paz; o Espírito Santo também com a ex-<br />

ploração e produção de óleo e gás. Sem<br />

mencionar o estado do Rio de Janeiro,<br />

que tem refinaria, centro de pesquisas,<br />

produção e é o maior pólo produtor de<br />

óleo e gás da Petrobras e do país. Além<br />

disso, em São Paulo, tem uma quanti-<br />

dade enorme de refinarias. Como no Rio<br />

Grande do Sul existe a Refap e, no Para-<br />

ná, a refinaria do Paraná.<br />

De acordo com Marco Aurélio da Rosa<br />

Ramos, gerente de Materiais da Petro-<br />

bras, não adianta proceder de maneira<br />

desorganizada, o importante nesse pro-<br />

cesso é ter uma ação estruturada e uma<br />

ação de mobilização, que gere por si só<br />

movimento. “A gente não vai conseguir<br />

conduzir esse processo isoladamente,<br />

esperamos que esse processo inicie, que<br />

possamos ajudar a iniciar e que o próprio<br />

mercado o carregue”, defende.<br />

O convênio tem algumas etapas. Uma<br />

delas é identificar a cadeia produtiva local,<br />

focar no que interessa, no que tem relação<br />

direta com a empresa e onde ela vê como<br />

maior potencial, identificando, portanto,<br />

o que tem na cadeia produtiva. Existe<br />

ainda a parte de capacitação e desenvol-<br />

vimento, que é a preparação das micro e<br />

pequenas empresas para acessarem esse<br />

mercado específico de óleo e gás. Além<br />

disso, mais adiante no processo, tem as<br />

redes de cooperação. “São as diversas em-<br />

presas e micro-empresas que se associam<br />

de alguma forma no sentido de prover uma<br />

solução completa que individualmente<br />

não conseguiriam ou até mesmo, às ve-<br />

zes, de suprir demandas que sozinhas não<br />

conseguem”, explica Rosa Ramos.<br />

29 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


30 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

(*) Expectativa<br />

A articulação em rede é um aspecto im-<br />

portante, segundo o gerente da Petrobras.<br />

Rosa Ramos diz que assim é possível dar<br />

ao empresário de micro e pequena empre-<br />

sa algum poder de fôlego para que assim<br />

possam enfrentar as dificuldades típicas de<br />

quando se trabalha sozinho.<br />

Outra questão, de acordo com Rosa Ra-<br />

mos, é a mobilização de maiores fornecedo-<br />

res com o próprio engajamento das micro e<br />

pequenas empresas como sub<strong>fornecedores</strong><br />

locais. “É carrear para dentro desse pro-<br />

cesso outras entidades, outras empresas,<br />

outras corporações que se interessem pelo<br />

assunto, quer dizer, não é intenção da Pe-<br />

trobras fazer uma iniciativa isolada com<br />

o SEBRAE, é ao contrário, gostaríamos de<br />

alavancar isso, porque se está dando resul-<br />

tado conosco, certamente vai dar resultado<br />

com outros também”, defende o gerente.<br />

Para o gerente da Petrobras, devem-se<br />

capacitar as empresas para atender às de-<br />

mandas. Segundo ele, a Petrobras já tem<br />

em seu cadastro 210 micro e pequenas<br />

empresas em condições de integrar a lis-<br />

ta de <strong>fornecedores</strong> qualificados. “Até agora<br />

13% dessas empresas conseguiram êxito<br />

sem muita dificuldade, as outras estão em<br />

processo, precisam se qualificar ainda em<br />

um ponto ou outro, com o tempo a gente<br />

consegue um resultado maior”, espera.<br />

Os números do Prominp impressio-<br />

nam. Várias rodadas de negócios, diag-<br />

nósticos empresariais, empresas assisti-<br />

das, cursos de formação e capacitação.<br />

Existem atualmente 1.431 micro e peque-<br />

nas empresas participando dos projetos<br />

dos convênios. Empresas que empregam<br />

praticamente 30 mil empregados. E, com<br />

a expectativa em termos de negócio que<br />

foram fechados ou que estão sendo fe-<br />

chados em rodadas, na faixa de R$ 93<br />

milhões, segundo a Petrobras.


Rio Oil & Gás 2006<br />

A rodada de negócios realizada na<br />

13ª edição da Rio Oil & Gás nos dias 12<br />

e 13 de setembro pode ser considerada<br />

um sucesso, segundo o Serviço Brasileiro<br />

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas<br />

(<strong>Sebrae</strong>). Foram negociados R$ 100,3<br />

milhões entre 163 micro, pequenas e<br />

médias empresas fornecedoras e 25 em-<br />

presas, como Petrobras, Shell, El Paso<br />

e Halliburton. Na primeira edição, em<br />

2004, foram negociados contratos no<br />

valor de R$ 25 milhões ao longo de todo<br />

o ano.<br />

O evento realizado no Rio de Janeiro<br />

foi organizado pelo <strong>Sebrae</strong> e a Organi-<br />

zação Nacional da Indústria do Petróleo<br />

(Onip). No total, participaram da rodada<br />

cerca de 200 micro e pequenas empresas,<br />

a maioria do Rio de Janeiro. As demais<br />

vieram dos estados do Rio Grande do Sul,<br />

Minas Gerais, Alagoas, Bahia, Rio Grande<br />

do Norte, Amazonas, Sergipe, Espírito<br />

Santo e São Paulo.<br />

Mais de 800 itens foram ofertados,<br />

desde materiais elétricos, ferramentas<br />

mecânicas e válvulas, até suprimentos<br />

de informática, mobiliário, tintas, con-<br />

fecção de brindes e equipamentos de<br />

proteção individual.<br />

O principal objetivo da realização<br />

de rodadas como essa é aproximar os<br />

<strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong> dos <strong>grandes</strong> com-<br />

pradores. As micro e pequenas empresas<br />

ainda atuam timidamente no mercado<br />

de petróleo e gás. Para se ter uma idéia,<br />

em 2005, a Petrobrás realizou US$ 11,4<br />

bilhões em aquisições, mas dos 6 mil for-<br />

necedores de seu cadastro, apenas 10%<br />

são micro e pequenas empresas.<br />

As <strong>grandes</strong> empresas participantes<br />

foram: Petrobras, Transpetro, BR Distri-<br />

buidora, Shell, El Paso, Ipiranga, Halli-<br />

burton, Schulumberger, Repsol YPF, Sta-<br />

toil, Maersk, Transocean, Brasil Supply,<br />

Brasken, Chevron, Coester, Hanover, TBG,<br />

Turbomeca, Petroquímica Triunfo, Petro-<br />

recôncavo, UTC Engenharia, Metalmec,<br />

Sprink e Altus.<br />

Em entrevista concedida à imprensa<br />

após a rodada, o diretor-superintendente<br />

do <strong>Sebrae</strong>/ RJ, Sergio Malta, disse que<br />

houve um amadurecimento dos <strong>pequenos</strong><br />

<strong>fornecedores</strong> e que os ofertantes se pre-<br />

pararam para atender às demandas dos<br />

<strong>compradores</strong>, identificadas previamente<br />

pela organização.<br />

31 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


32 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

Uma das dificuldades encontradas<br />

por empresários brasileiros de <strong>pequenos</strong><br />

negócios é chegar a <strong>grandes</strong> corpora-<br />

ções para comercializar seu produto. A<br />

atividade que pode parecer complicada<br />

no início vem sendo estimulada pelo<br />

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e<br />

Pequenas Empresas (<strong>Sebrae</strong>) em diver-<br />

sos locais do país.<br />

No Rio de Janeiro, o <strong>Sebrae</strong> vem<br />

promovendo rodadas de negócio, dentro<br />

do projeto Compra Rio, da Secretaria de<br />

Desenvolvimento do Estado, que conta<br />

com apoio da Federação das Indústrias<br />

do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e<br />

Federação do Comércio do Estado<br />

do Rio de Janeiro (Fecomércio). Um dos<br />

objetivos do programa é fazer com que<br />

empresas cariocas comprem de micro e<br />

pequenas empresas do próprio estado.<br />

Desde o ano passado, o <strong>Sebrae</strong> já<br />

promoveu cinco rodadas de negócio com<br />

a mesma característica – durante um dia<br />

inteiro, o departamento de compras de<br />

uma grande empresa é colocado em con-<br />

tato direito com micro e <strong>pequenos</strong> pro-<br />

dutores, potenciais <strong>fornecedores</strong>. Já par-<br />

ticiparam das rodadas <strong>grandes</strong> empresas<br />

como, Pão de Açúcar, Wal Mart, Leader<br />

Magazine, além da Universidade Estácio<br />

de Sá e Metrô do Rio. O número de par-<br />

ticipantes pode variar de acordo com a<br />

demanda da empresa. Em geral, são de<br />

90 a 120 <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong>.<br />

Do Rio para o Rio<br />

Grandes <strong>compradores</strong> e <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong><br />

atuando juntos no estado<br />

Segundo o gerente da área de Aces-<br />

so a Mercados do <strong>Sebrae</strong> (RJ), Marcus<br />

Maurell, as rodadas facilitam o acesso<br />

de <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong> a <strong>grandes</strong><br />

empresas. “Abre portas. É uma forma de<br />

fazer com que a micro e pequena empre-<br />

sa tenha acesso ao mercado de grande<br />

empresa”, afirma. “A grande empresa,<br />

muitas vezes se surpreende quando co-<br />

nhece a pequena empresa, que às vezes<br />

está na mesma rua e ela não conhece,<br />

e pode oferecer produto de qualidade e<br />

no prazo”.<br />

Alceir José Corrêa, empresário de<br />

pequeno negócio, já participou de duas<br />

rodadas de negócios do <strong>Sebrae</strong> promo-<br />

vidas com <strong>grandes</strong> empresas. A primeira<br />

experiência não teve êxito, mas ele não<br />

se sentiu desestimulado e, da segunda<br />

vez, um encontro com a rede de lojas Wal<br />

Mart, conseguiu comercializar seu pro-<br />

duto - um acendedor de churrasqueira.<br />

“É uma bolinha, pouco menor que uma<br />

jujuba que ajuda a acender o fogo. Dis-<br />

pensa técnicas como pão misturado com<br />

álcool, que é perigoso e nem sempre traz<br />

resultados”, explica.<br />

O produto também é vendido para<br />

hotéis da região serrana do estado e no<br />

Rio Grande do Sul, onde é utilizado, usu-<br />

almente, em lareiras.<br />

Alceir diz que a parceria com o Wal<br />

Mart está crescendo. A empresa come-<br />

çou a vender para duas lojas do Rio de<br />

Janeiro, e recentemente, em caráter ex-<br />

perimental, oferece o produto para uma<br />

filial em São Paulo. Por mês, consegue de<br />

R$ 1,5 mil a R$ 2 mil e espera conseguir<br />

aumentar as vendas e alcançar outras lo-<br />

jas da grande empresa. “Temos um bom<br />

potencial, o produto tem uma imagem<br />

boa. Queremos ir para a Lua”, diz.<br />

Mesmo quando o negócio não é fe-<br />

chado, os <strong>pequenos</strong> empresários não<br />

desistem. É o caso de André Vidal, que<br />

participou da rodada com a Universida-<br />

de Estácio de Sá. Segundo ele, não foi


possível fechar um acordo, mas conta<br />

que não se arrepende de ter participado<br />

e pode ir a outras rodadas. “Tenho inte-<br />

resse”, afirma.<br />

RODADA DE NEGÓCIOS<br />

A próxima rodada de negócios está<br />

marcada para o dia 25 de outubro. Será<br />

com o Mundo Verde. A empresa é uma<br />

grande rede de lojas franqueadas de<br />

produtos naturais que possui mais de<br />

113 lojas em diversas cidades do Brasil.<br />

O Mundo Verde tem 20 segmentos de<br />

produtos, incluindo alimentação natu-<br />

ral, produtos orgânicos, suplementos<br />

alimentares, cosmética natural, dieté-<br />

ticos, complementos alimentares, pro-<br />

dutos ecológicos, produtos para o bem-<br />

estar, CDs e livros.<br />

Para participar da rodada de negó-<br />

cio, a micro e pequena empresa deve<br />

estar registrada, assim como o produto<br />

a ser oferecido. O responsável deve le-<br />

var também uma tabela de preços com<br />

as condições de pagamentos praticados<br />

no mercado.<br />

As inscrições são gratuitas e devem<br />

ser feitas pela internet até o dia 20 de<br />

outubro no site: www.sebraerj.com.br<br />

COMPRA RIO<br />

O projeto “Compra Rio” atua e incentiva<br />

negócios em mais duas frentes. A primei-<br />

ra nas compras efetuadas pela adminis-<br />

tração pública. Nesse caso, as empresas<br />

do Rio de Janeiro têm isenção de ICMS.<br />

Além disso, o programa estimula o<br />

morador do estado a comprar produtos<br />

fabricados no Rio de Janeiro.<br />

33 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


34 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

“As micro e pequenas<br />

empresas têm apenas<br />

17% de participação no<br />

volume de cerca de R$<br />

260 bilhões de compras<br />

governamentais.”<br />

Pequenos <strong>fornecedores</strong>:<br />

o tamanho realmente<br />

importa no mercado?<br />

No esforço de consolidar sua parti-<br />

cipação em mercados mais diferencia-<br />

dos e complexos, as micro e pequenas<br />

empresas (MPE) necessitam adotar cada<br />

vez mais estratégias orientadas para seg-<br />

mentos específicos para a oferta de seus<br />

produtos e serviços.<br />

As 500 maiores empresas divulgadas<br />

na edição especial da <strong>Revista</strong> Exame, Maio-<br />

res e Melhores, de julho de 2006, faturaram<br />

em 2005 cerca de US$ 577 bilhões. O PIB<br />

naquele ano foi de US$ 796.284.000,00<br />

(setecentos e noventa e seis bilhões e du-<br />

zentos e oitenta e quatro milhões de dóla-<br />

res), segundo relatório do IBGE. Portanto,<br />

esse faturamento representa 72,4% do PIB<br />

brasileiro. Não há estatísticas consolidadas<br />

sobre a participação das pequenas nesses<br />

mercados. Por outro lado, sabe-se que as<br />

MPE têm apenas 17% de participação no<br />

volume de cerca de R$ 260 bilhões das<br />

compras governamentais.<br />

Dentro dessa lógica, fica simples per-<br />

ceber a existência de boas oportunida-<br />

des de negócios para micro e pequenas<br />

empresas nas cadeias de suprimentos<br />

dos <strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong>, privados ou<br />

públicos. Com o aumento da competi-<br />

tividade, <strong>grandes</strong> empresas acabaram<br />

terceirizando alguns de seus processos,<br />

repassando-os, muitas vezes, para os<br />

próprios empregados.<br />

Atualmente, é possível observar<br />

crescente número de empresas de grande<br />

porte no Brasil que começam a desenvol-<br />

ver iniciativas pontuais com o objetivo<br />

de inclusão de <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong> em<br />

suas cadeias de suprimento de produtos<br />

e serviços. São, sem dúvida, oportunida-<br />

des de novos e substantivos mercados<br />

que se abrem para as MPE.<br />

No entanto, as micro e pequenas<br />

empresas que não surgiram a partir de<br />

processos de terceirização carecem ain-<br />

da de oportunidades para inserção na<br />

cadeia de suprimentos das <strong>grandes</strong> em-<br />

presas. Um dos motivos mais fortes que<br />

contribuem para a exclusão das MPE é a<br />

falta de orientações com relação às es-<br />

pecificações dos insumos que as <strong>grandes</strong><br />

exigem para atender aos seus padrões de<br />

qualidade.<br />

Como forma de suprir essa lacuna,<br />

surgiram os Programas de Qualificação<br />

ou de Desenvolvimento de Fornecedores,<br />

os quais têm estreitado as relações entre<br />

<strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong> e <strong>grandes</strong> com-<br />

pradores com vantagens para ambos. O<br />

que se busca é o aumento do volume de<br />

fornecimento das MPE e o atendimento<br />

das especificações exigidas. Além disso,<br />

para os <strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong>, é funda-<br />

mental a redução do tempo de produção<br />

e a necessidade de estoques.<br />

Raissa Rossiter *


Esta relação “ganha-ganha” é que<br />

tem possibilitado o crescimento desses<br />

programas, mas ainda de forma incipien-<br />

te para a necessidade do país em termos<br />

de aumento de competitividade.<br />

Nos países desenvolvidos, há muita<br />

experiência acumulada e diversas corpo-<br />

rações públicas e privadas de grande por-<br />

te já possuem políticas definidas para o<br />

fortalecimento de <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong><br />

nas suas estratégias de compras, como<br />

prática de sistemática de negócios. Nos<br />

Estados Unidos, Japão e Alemanha, por<br />

exemplo, a capacitação tecnológica e de<br />

inovação das micro e pequenas empre-<br />

sas sofrem processos de incentivos das<br />

<strong>grandes</strong> empresas e do governo, como<br />

forma de se obter ganhos de qualidade,<br />

produtividade e competitividade visando<br />

à inserção dos <strong>pequenos</strong> em outros blo-<br />

cos econômicos.<br />

No Brasil, estamos caminhando nes-<br />

sa direção, mas ainda há etapas impor-<br />

tantes a percorrer. Na ótica das <strong>grandes</strong><br />

empresas, apesar do interesse, freqüen-<br />

temente são citadas dificuldades de com-<br />

prar dos <strong>pequenos</strong>, tal como desconheci-<br />

mento sobre informações fundamentais.<br />

Ou seja, onde estão, quem são e qual a<br />

capacidade de entrega dos potenciais<br />

<strong>fornecedores</strong> de pequeno porte, em face<br />

da menor capacidade de suprimento e<br />

de uma política de comunicação ainda<br />

tímida e não-dirigida das pequenas junto<br />

aos seus potenciais clientes. Do ponto<br />

de vista da gestão, muitas <strong>grandes</strong> ainda<br />

não possuem registro de porte de forne-<br />

cedores em seus cadastros, mas poderão,<br />

como clientes, estruturar mecanismos<br />

mais sistemáticos de relacionamento<br />

com seus <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong>.<br />

Outra dificuldade dos <strong>grandes</strong> é como<br />

compatibilizar a necessidade de compra<br />

de uma quantidade menor e mais qualifi-<br />

cada de <strong>fornecedores</strong>, garantindo prazos,<br />

preços e quantidades compatíveis com<br />

suas demandas. Por isso, as estratégias<br />

de colaboração horizontal entre pe-<br />

quenos <strong>fornecedores</strong> são fundamentais<br />

para ajudá-los a criar mecanismos de<br />

organização coletiva de compra e ven-<br />

da, respondendo de forma apropriada às<br />

exigências de <strong>grandes</strong> clientes públicos<br />

e privados.<br />

Por todas as evidências observadas,<br />

o tamanho da empresa ainda importa,<br />

sim, e é fator restritivo no Brasil para<br />

acesso a mercados de compras corpo-<br />

rativas. Ser um fornecedor de pequeno<br />

porte, pelas limitações internas e ex-<br />

ternas que enfrenta, ainda é uma con-<br />

dição que restringe o acesso a informa-<br />

ções, oportunidades, e, o que é mais<br />

decisivo para sua sustentabilidade, aos<br />

negócios existentes em mercados de<br />

compras corporativas. Para resolver<br />

essas questões é que o <strong>Sebrae</strong> busca<br />

articular esforços com parceiros públi-<br />

cos e privados.<br />

Conscientes desse cenário de mui-<br />

tos desafios para as MPE e, em última<br />

instância, para a economia brasileira<br />

como um todo, pelo grande desequi-<br />

líbrio entre os <strong>grandes</strong> e os <strong>pequenos</strong><br />

<strong>fornecedores</strong>, é que o <strong>Sebrae</strong> e parcei-<br />

ros estarão trabalhando um plano de<br />

ação compartilhado, fruto da suges-<br />

tão de mais de 100 representantes de<br />

MPE, <strong>grandes</strong> empresas públicas, de<br />

economia mista, do setor privado e vá-<br />

rias entidades de classe. O objetivo é<br />

obter uma participação mais justa do<br />

segmento das empresas de menor porte<br />

nesses mercados.<br />

Sem dúvida, <strong>grandes</strong> empresas po-<br />

dem atuar como indutoras para a maior<br />

competitividade das MPE no mercado.<br />

Essas, por sua vez, podem se constituir<br />

no maior reduto de geração de riqueza,<br />

empregos e redução de desigualdades<br />

sociais caso participem de forma mais<br />

permanente e duradoura das compras<br />

governamentais e das <strong>grandes</strong> empre-<br />

sas. É a partir desse valioso e necessá-<br />

rio engajamento de <strong>grandes</strong> comprado-<br />

res e <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong>, apoiados<br />

por programas e políticas públicas ade-<br />

quadas, que poderemos consolidar no<br />

país práticas de negócios éticas, sus-<br />

tentáveis e comercialmente recompen-<br />

sadoras. Bom para os <strong>pequenos</strong>, bom<br />

para os <strong>grandes</strong>, ótimo para o desenvol-<br />

vimento do país.<br />

“O tamanho da empresa<br />

ainda importa, sim, e é<br />

fator restritivo no Brasil<br />

para acesso a mercados de<br />

compras corporativas.”<br />

* Raissa Rossiter é gerente da<br />

Unidade de Acesso a Mercados<br />

do <strong>Sebrae</strong> Nacional.<br />

35 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


36 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

“São 1.550 micro,<br />

pequenas e médias<br />

empresas que fornecem<br />

tudo que for necessário<br />

para o desenvolvimento<br />

de uma obra.”<br />

Grandes <strong>compradores</strong>,<br />

<strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong><br />

Uma parceria para um país mais justo – ajustes para<br />

Mercado atrativo. A grande compra-<br />

dora Construtora Norberto Odebrecht,<br />

comprou em 2005 U$ 300 milhões e já<br />

projeta crescimento de 20% para 2007.<br />

A empresa tem projetos de engenharia<br />

em 18 países, principalmente na América<br />

do Sul e África. “Tudo o que a obra pre-<br />

cisa e não há no local, compramos por<br />

aqui”, diz Bruno Wegmann, responsável<br />

pelo planejamento estratégico da área de<br />

exportação, o departamento encarregado<br />

das compras, de logística e exportação.<br />

São 1.700 <strong>fornecedores</strong> que a Ode-<br />

brecht tem cadastrado atualmente, entre<br />

atender às exigências do mercado<br />

eles, 1.550 são micro, pequenas e médias<br />

empresas. Os <strong>fornecedores</strong> da Odebrecht<br />

são principalmente as pequenas e mé-<br />

dias empresas. “Fornecem basicamente<br />

produtos alimentícios, de limpeza, ves-<br />

tuário, higiene, para obras, para operá-<br />

rios, enfim, tudo o que é necessário para<br />

o desenvolvimento do projeto”, explica<br />

Wegmann.<br />

A Odebrecht faz uma análise do for-<br />

necedor, uma pontuação. É um cadastro<br />

de avaliação. “Encontramos ainda pro-<br />

blemas principalmente com relação a<br />

cumprimento de prazos e embalagem”,


diz Bruno Wegmann. Como o material<br />

comprado pela empresa será exportado<br />

para os locais das obras, é importante<br />

que a embalagem seja adequada senão a<br />

Odebrecht precisa embalar novamente.<br />

A empresa está implantando a cota-<br />

ção online. Com o novo sistema a Ode-<br />

brecht espera agilizar o trabalho de com-<br />

pras. “Ainda tem fornecedor que manda<br />

a cotação por fax, isso atrasa, prejudica<br />

o trabalho”, explica o responsável pelo<br />

planejamento estratégico da área de<br />

exportação. Para ele é importante o de-<br />

senvolvimento tecnológico por parte dos<br />

<strong>fornecedores</strong>. “Alguns nem têm acesso à<br />

internet e prejudica a operação, perde-<br />

mos agilidade”.<br />

A tendência da Odebrecht é reduzir<br />

o número de <strong>fornecedores</strong>, concentrar<br />

nas empresas que já apresentam me-<br />

lhores índices de avaliação. A empresa<br />

não acredita que vá aumentar o núme-<br />

ro de <strong>fornecedores</strong> de micro e pequenas<br />

empresas, principalmente por conta<br />

das compras em grande escala e em<br />

função do perfil de compra da própria<br />

Odebrecht. “Acabamos direcionando<br />

para os <strong>grandes</strong> <strong>fornecedores</strong>, somen-<br />

te compras pulverizadas vão para os<br />

micro e <strong>pequenos</strong> empresários”, relata<br />

Wegmann.<br />

O PEQUENO<br />

FORNECEDOR<br />

Há 15 anos a Instaladora Tocantins tra-<br />

balha com materiais elétricos e presta<br />

serviços na área. Hoje são apenas oito<br />

funcionários em uma empresa que já<br />

chegou a ter 20 empregados e faturou<br />

R$ 1,5 milhão por ano. “Os anos de 2004<br />

e 2005 foram os melhores, quando tra-<br />

balhava com <strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong>”, diz<br />

Anderson Rodrigo dos Santos, um dos<br />

sócios da Instaladora.<br />

Anderson dos Santos conta que a em-<br />

presa não conseguiu renovar um grande<br />

contrato, dos que mantinha com gran-<br />

des empresas de telefonia celular, e os<br />

funcionários foram dispensados. Segun-<br />

do ele, a instaladora já prestou serviços<br />

também para indústrias e construtoras.<br />

De acordo com o empresário do pe-<br />

queno negócio, uma dificuldade é o ge-<br />

renciamento. E, para isso, está estudan-<br />

do e fazendo cursos de aperfeiçoamento<br />

para atender às exigências de mercado.<br />

“Fiz inclusive alguns cursos no <strong>Sebrae</strong>,<br />

espero fazer com que a empresa cresça e<br />

supere as dificuldades”, descreve.<br />

A Instaladora Tocantins sofre ainda<br />

uma grande dificuldade, o fluxo de cai-<br />

xa. O empresário relata que muitas vezes<br />

o pagamento proveniente de um grande<br />

comprador pode levar 60 dias ou mais.<br />

“Nessas condições fica difícil manter o<br />

negócio”. E por isso Anderson dos San-<br />

tos disse que está procurando preparar<br />

a empresa para casos assim. “No início<br />

fomos muito penalizados porque eu não<br />

esperava a demora de alguns pagamen-<br />

tos. Quando o contrato é grande então,<br />

se atrasa fica ainda mais complicado”,<br />

pondera o empresário.<br />

Ainda assim ele diz que a pequena<br />

empresa está otimista. Estão trabalhan-<br />

do para fechar um novo contrato com<br />

uma grande empresa de telefonia. “Nos<br />

pediram que fizéssemos manutenção<br />

preventiva de rede”, comemora o em-<br />

presário, afirmando que também está<br />

estudando novas frentes de atuação<br />

com outras empresas no estado e lotea-<br />

mentos onde pode fazer eletrificação de<br />

média tensão.<br />

37 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


38 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

“A comercialização<br />

desses produtos<br />

artesanais tem<br />

uma característica<br />

fundamental,<br />

tem como base o<br />

comércio justo.”<br />

O projeto “Ponto Solidário”, que<br />

funciona na rede Yázigi Internexus, vem<br />

desde 2002 atuando com artesãos, asso-<br />

ciações e pequenas empresas que traba-<br />

lham com artesanato.<br />

A idéia do projeto surgiu porque a<br />

missão da rede de ensino de idiomas<br />

contempla a formação do cidadão, e para<br />

isso lança mão de uma série de recur-<br />

sos, quer seja na proposta educacional,<br />

na elaboração dos temas que vão para<br />

os seus livros, quer na atitude dentro das<br />

escolas ou no espaço arquitetônico onde<br />

funcionam as escolas.<br />

Tudo começou com a matriz da rede<br />

Yázigi, em São Paulo, onde existe uma das<br />

lojas com as peças artesanais em exposi-<br />

ção. “Temos, por exemplo, um acervo de<br />

artesanato indígena trazido pelos irmãos<br />

Villas Boas, em exposição permanente”,<br />

diz Cláudio Tieghi, diretor da Associação<br />

de Franquias Solidárias (Afras).<br />

Ele explica que o material causa<br />

impacto. “Os nossos próprios colabora-<br />

dores, funcionários da matriz, queriam<br />

entender um pouco mais o que era essa<br />

ação”, relata. Cláudio conta que, aos<br />

poucos, as pessoas, independentemente<br />

de fazerem cursos no Yázigi, passaram a<br />

ir até as lojas para conhecer e comprar os<br />

trabalhos artesanais. “A comercialização<br />

desses produtos tem uma característica<br />

fundamental, tem como base o comércio<br />

justo”, conta.<br />

O trabalho da rede Yázigi compre-<br />

ende dar oportunidade ao artesão, à<br />

pequena cooperativa e às associações<br />

que desenvolvem trabalho com arte-<br />

sanato, a possibilidade de expor seus<br />

trabalhos em um espaço privilegiado e<br />

assim comercializá-los a melhores pre-<br />

ços. “Muitas vezes a comunidade produz<br />

um artesanato de altíssima qualidade e<br />

não consegue vendê-lo na própria comu-<br />

nidade”, ressalta.<br />

Para Cláudio Tieghi, é possível obter<br />

o artesanato de alto nível preservando<br />

as questões culturais, preservando a co-<br />

munidade, resgatando valores por vezes<br />

perdidos. “Isso tem um valor próprio<br />

de característica social e tem um valor<br />

comercial também”, diz. Ele explica que<br />

Ponto Solidário<br />

Preservando as questões culturais, uma característica<br />

social com valor comercial<br />

o conceito de comércio justo signifi ca<br />

que o material artesanal chega à loja do<br />

Ponto Solidário e passa por uma refl exão<br />

de origens de materiais. “Por exemplo,<br />

tudo que é oferecido no Ponto Solidário<br />

e que leva madeira é acompanhado para<br />

saber se essa madeira é ou não fruto de<br />

desmatamento ou de qualquer outra ação<br />

desordenada”, conta.<br />

Segundo Cláudio, o Ponto Solidário<br />

leva em consideração a produção e a pró-<br />

pria sustentabilidade da loja. O projeto<br />

tem hoje produção artesanal de todo o<br />

Brasil, desde comunidades indígenas no<br />

Mato Grosso até as do sul do país.<br />

São duas lojas, em São Paulo e em<br />

Vitória, com apoio do <strong>Sebrae</strong> do Espírito<br />

Santo, e, de acordo com Cláudio, a produ-<br />

ção tem reconhecimento internacional.<br />

“É muito comum encontrar estrangeiros,<br />

pessoas de outras cidades que incluem<br />

na sua programação de passeio turístico<br />

em São Paulo, por exemplo, uma passa-<br />

dinha no Ponto Solidário para fazer uma<br />

compra justa, para fazer uma compra que<br />

transforma e para contribuir no desen-<br />

volvimento das nossas pequenas comu-<br />

nidades, desses <strong>pequenos</strong> <strong>fornecedores</strong>”,<br />

exalta.<br />

O diretor da Afras diz que o projeto<br />

do Ponto Solidário é uma onda constante<br />

de transformação, preservação de cultu-<br />

ra, sustentabilidade de comunidades e<br />

sensibilização do consumidor.


DM9 É DDB


40 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

Gestão socialmente responsável<br />

voltada a mercados<br />

A responsabilidade social empresa-<br />

rial está diretamente relacionada com<br />

o desenvolvimento. Entretanto, o com-<br />

portamento empresarial responsável nem<br />

sempre tem por trás a mais nobre das in-<br />

tenções com relação à sociedade, segun-<br />

do Patrícia Sogayar, do Instituto Ethos.<br />

O presidente da Integrare, Silas Ce-<br />

zar da Silva, partilha da mesma opinião.<br />

“A responsabilidade social não é só para<br />

o bem do país, é porque é bom para a<br />

empresa”, afirma. O que quer dizer que<br />

responsabilidade social empresarial é<br />

uma forma de gestão. E esse conceito<br />

de gestão para a sustentabilidade deve<br />

estar no centro das estratégias dos ne-<br />

gócios, de acordo com o presidente do<br />

Instituto Ethos, Ricardo Young.<br />

Segundo o Instituto Ethos, a res-<br />

ponsabilidade social empresarial agrega<br />

valor à marca da empresa, contribui para<br />

melhorar desempenho (produtividade e<br />

Responsabilidade social empresarial é uma forma de gestão<br />

e deve estar no centro das estratégias dos negócios<br />

comércio) e posiciona a empresa estra-<br />

tegicamente no mercado.<br />

Tanto o Instituto Ethos, que hoje<br />

agrega 1.200 associados, quanto a In-<br />

tegrare, uma associação empresarial com<br />

mais de 3.600 corporações, defendem o<br />

acesso qualificado das micro e pequenas<br />

empresas às <strong>grandes</strong> cadeias produtivas.<br />

“Quando falamos de responsabilidade<br />

social e empresarial, falamos de resgate<br />

do poder de as empresas poderem ser<br />

agentes de transformação social ao mes-<br />

mo tempo melhorando tanto o ambiente<br />

onde elas estão, quanto o próprio negó-<br />

cio delas, sustentabilidade tanto da so-<br />

ciedade quanto dos negócios”, comenta<br />

Patrícia Sogayar, do Instituto Ethos.<br />

A vantagem das micro e pequenas<br />

empresas, de acordo com o presidente da<br />

Integrare, Silas Cezar da Silva, é que elas<br />

são mais ágeis, mais criativas, rapidamen-<br />

te se adaptam ao cliente, além de serem<br />

flexíveis. “Não são pesadas e o custo em<br />

algumas operações é menor”, afirma. Silas<br />

Cezar da Silva defende o trabalho de micro<br />

e pequenas empresas que sejam formadas<br />

por negros, deficientes e indígenas, e diz<br />

que a sociedade é feita de grupos distin-<br />

tos. “Grupos tradicionalmente excluídos<br />

que pouco atuam como empreendedores,<br />

por exemplo”, conta ele.<br />

Sugestões como implantar uma car-<br />

ta de princípios, melhorar o processo de<br />

governança de gestão, realizar investi-<br />

mento social privado, é um começo tam-<br />

bém considerado por Patrícia como uma<br />

forma de levar responsabilidade social<br />

empresarial a todas as empresas. “São<br />

parcerias com organizações não-gover-<br />

namentais, políticas públicas, etc., que<br />

falamos do comportamento sustentável<br />

e socialmente responsável na cadeia de<br />

valor”, diz.<br />

Engajamento governamental, com<br />

legislação específica e políticas públicas,<br />

é o que o presidente da Integrare diz ser<br />

necessário. Ele pede mais proatividade<br />

por parte do Governo. “Hoje a máquina<br />

governamental está atrasada”, afirma.<br />

Para Silas Cezar da Silva, algumas empre-<br />

sas do mercado estão fazendo um bom<br />

trabalho, mas ainda não há conscienti-<br />

zação por parte de todos. “Estão fazendo<br />

sem incentivo governamental, imagine<br />

se tivesse”, indaga.


INTEGRARE – Centro de Integração de Negócios<br />

Uma organização que promove a intermediação en-<br />

tre <strong>grandes</strong> empresas e empresas de grupos sociais tra-<br />

dicionalmente excluídos. “Só portadores de deficiência<br />

são 20 milhões no Brasil”, destaca Silas Cezar da Silva,<br />

presidente da Integrare. Ele ressalta que os grupos pre-<br />

cisam se organizar.<br />

TEAR – Tecendo Redes Sustentáveis<br />

Um programa do Instituto Ethos de Empresas e<br />

Responsabilidade Social e o Banco Interamericano de<br />

Desenvolvimento (BID), com o apoio do <strong>Sebrae</strong> e a<br />

adesão de 120 pequenas e médias empresas, além das<br />

<strong>grandes</strong>.<br />

A idéia é disseminar o conhecimento sobre res-<br />

ponsabilidade social e aumentar as oportunidades de<br />

mercado das pequenas e médias empresas nos pró-<br />

ximos três anos com um orçamento de US$ 2,600<br />

milhões.<br />

Na busca do empreendedorismo, do acesso quali-<br />

ficado às <strong>grandes</strong> cadeias produtivas, a Integrare pro-<br />

move o desenvolvimento empresarial, a integração e<br />

negócios sustentáveis entre empresas pertencentes a<br />

pessoas negras, indígenas e portadoras de deficiência<br />

(EFIs - Empresas Fornecedoras da Integração) e empre-<br />

sas e corporações comprometidas com o desenvolvi-<br />

mento sustentável do Brasil.<br />

Valorizar a diversidade humana, étnica, de gênero,<br />

entre outras, nos negócios e na sociedade é uma busca<br />

constante da Integrare que já tem 30 corporações que<br />

apóiam e participam do programa.<br />

É uma organização atuante no desenvolvimento<br />

empresarial e dos negócios, com qualidade e compe-<br />

titividade, que reconhece a importância dos valores<br />

humanos.<br />

Assim, é incentivada a gestão socialmente res-<br />

ponsável nas pequenas e médias empresas que atuem<br />

na cadeia de valor de empresas estratégicas em sete<br />

setores da economia: petróleo e gás; energia elétrica;<br />

varejo; construção civil; mineração; siderurgia; e açúcar<br />

e álcool. Em cada um destes segmentos, foi identificada<br />

uma “empresa-âncora”, com experiências avançadas em<br />

responsabilidade social empresarial, que seleciona 15<br />

pequenas e médias empresas da sua cadeia de valor, e<br />

com as quais se compromete a trabalhar para a incor-<br />

poração / ampliação da gestão socialmente responsável<br />

nos processos internos destas pequenas e médias em-<br />

presas e no relacionamento entre as partes.<br />

Em paralelo ao trabalho desenvolvido com as pe-<br />

quenas e médias empresas, o Programa Tear também<br />

vai buscar envolver parceiros que possam multiplicar<br />

a experiência para outros setores, tornando o conheci-<br />

mento disponível a todos os interessados e induzindo a<br />

adoção da responsabilidade social empresarial por mais<br />

empresas de cada um dos setores.<br />

41 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


42 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

<strong>Sebrae</strong> impulsiona<br />

Programa de Desenvolvimento<br />

de Fornecedores no ES<br />

No Espírito Santo, o Programa de<br />

Desenvolvimento de Fornecedores (PDF)<br />

procura aproximar empresas locais aos<br />

<strong>grandes</strong> <strong>compradores</strong> e detentores de<br />

tecnologia que atuam na região. O PDF<br />

foi criado em 1995 pela DVF Consultoria e<br />

tomou novo impulso este ano com apoio<br />

do <strong>Sebrae</strong>, que serviu para incrementar o<br />

programa e proporcionar a participação<br />

de micro e pequenas empresas.<br />

A meta do PDF é atingir 300 micro e pequenas empresas de<br />

10 municípios capixabas fazendo aproximação de <strong>fornecedores</strong>,<br />

<strong>grandes</strong> empresas compradoras, governo e associações de classe<br />

O PDF tem quatro <strong>grandes</strong> empresas-<br />

âncoras: Aracruz Celulose, Companhia<br />

Siderúrgica de Tubarão (CST), Companhia<br />

Vale do Rio Doce (CVRD) e Samarco Mine-<br />

ração. Tem como meta atingir 300 micro<br />

e pequenas empresas de 10 municípios.<br />

O <strong>Sebrae</strong>, que vem ajudando a im-<br />

plantar o programa no estado, promoveu<br />

este ano seis eventos com as <strong>grandes</strong><br />

empresas e detentores de tecnologia.<br />

Participaram dos encontros mais de 400<br />

pessoas e foram feitos mais de 250 con-<br />

tatos entre os <strong>fornecedores</strong> locais e as<br />

<strong>grandes</strong> corporações e detentores de tec-<br />

nologia.<br />

A metodologia envolve a aproxima-<br />

ção de <strong>fornecedores</strong>, <strong>grandes</strong> empresas<br />

compradoras, governo e associações de<br />

classe, uma vez que todos estes, mes-<br />

mo que por motivos diferentes, têm<br />

A figura mostra as formas de interação e operacionalização dos atores envolvidos pelo PDF:<br />

Fonte: DVF Consultoria


interesse no desenvolvimento local. “A<br />

idéia é fortalecer as empresas locais e<br />

ver como ampliar o desenvolvimento da<br />

empresa local”, afirma Evandro Barrei-<br />

ra Milet, diretor técnico de Produto do<br />

<strong>Sebrae</strong>/ES.<br />

Ele explica que o programa busca fa-<br />

zer em primeiro lugar um diagnóstico dos<br />

<strong>fornecedores</strong> locais e das compras das<br />

Um dos fatores que ajudam as micro e pequenas em-<br />

presas a comercializar com <strong>grandes</strong> corporações são certi-<br />

ficados que garantem a qualidade da produção. No Espírito<br />

Santo, existe o Programa de Desenvolvimento e Qualificação<br />

de Fornecedores (Prodfor) que desde 1997 atende empresá-<br />

rios da região com a intenção de organizar o seu Sistema de<br />

Gestão da Qualidade em Fornecimento (SGQF).<br />

O apoio e coordenação do programa é da Federação<br />

das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) e Ins-<br />

tituto Euvaldo Lodi (IEL-ES). O Prodfor<br />

é uma ação conjunta das principais em-<br />

presas instaladas no estado. Tem como<br />

objetivo estabelecer e implementar um<br />

sistema integrado para desenvolver e<br />

qualificar <strong>fornecedores</strong> de bens e servi-<br />

ços para as empresas mantenedoras, e<br />

contribuir para a melhoria de fornecimento. Além disso,<br />

busca promover a melhoria e o desenvolvimento das em-<br />

presas fornecedoras instaladas no estado.<br />

Participam como mantenedoras 12 <strong>grandes</strong> empresas<br />

que estão no Espírito Santo: Aracruz Celulose, Nexen, Com-<br />

panhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), Choco-<br />

lates Garoto, Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, Com-<br />

panhia Siderúrgica de Tubarão (CST), Companhia Vale do<br />

Rio Doce, Espírito Santo Centrais Elétricas, Flexibrás Tubos<br />

Flexíveis, Petrobras, Samarco Mineração e Telemar - Teleco-<br />

municações do Espírito Santo S.A.<br />

<strong>grandes</strong> empresas. Depois é identificada<br />

a demanda atendida e não por empresas<br />

locais. São verificados ainda os pontos<br />

fracos que impedem essas empresas de<br />

garantir fornecimento às maiores.<br />

Em terceiro lugar, é construído um<br />

plano de trabalho contemplando a ca-<br />

pacitação e certificação de empresas,<br />

trabalhadores e gestores; a promoção e<br />

Atualmente, 239 empresas já implantaram o Sistema<br />

de Gestão da Qualidade em Fornecimento (SGQF), que possui<br />

os mesmos requisitos da norma ISO 9001. A expectativa é<br />

alcançar até o fim do ano 300 empresas, sendo que a maio-<br />

ria é um micro ou pequeno negócio.<br />

Para o coordenador executivo do Prodfor, Luciano Rai-<br />

zer Moura, o programa representa uma “revolução” para o<br />

estado. Segundo ele, há dez anos 1% das empresas locais<br />

negociavam com as <strong>grandes</strong>, e hoje esse número já chega a<br />

30%. Luciano Moura acredita que se não<br />

fosse o Prodfor, o aumento seria menor.<br />

Ele explica que a certificação garan-<br />

te um produto de qualidade uma vez que<br />

antes de implantar o SGQF, o participante<br />

passa por treinamentos e consultoria. “O<br />

programa trouxe competência requerida<br />

para o fornecedor local atender às <strong>grandes</strong> empresas”, diz.<br />

Uma empresa que retirou o certificado do Prodfor é<br />

a Cofervil Indústria e Comércio de Ferros que comerciali-<br />

za 80% da sua produção para a Companhia Siderúrgica de<br />

Tubarão CST. O fornecedor, que possui cerca de 160 funcio-<br />

nários, trabalha com sucata. De acordo com a assessora de<br />

qualidade da Cofervil, Jenecke Piffer, a empresa teve cres-<br />

cimento após a parceria, além de ter um produto com mais<br />

qualidade. “Tem mais controle e inspeções durante todo o<br />

processo produtivo. Com isso diminuiu o re-trabalho, ou<br />

seja, ter que fazer de novo”, observa.<br />

divulgação das empresas participantes.<br />

E por fim, assessoria às negociações<br />

por meio de workshops com <strong>grandes</strong><br />

empresas e detentores de tecnologia e<br />

empresas locais. Ao final está prevista a<br />

implantação dos planos de ação.<br />

Em 1998 o PDF foi levado também a<br />

Minas Gerais, Maranhão, Pará, Bahia, e<br />

em 2005, chegou à Bolívia.<br />

CERTIFICAÇÃO AJUDA FORTALECIMENTO<br />

DE EMPRESAS NO E<strong>SP</strong>ÍRITO SANTO<br />

43 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


44 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES<br />

Responsabilidade empresarial,<br />

responsabilidade social<br />

“Cada vez mais as <strong>grandes</strong><br />

empresas estão se<br />

tornando conscientes e,<br />

por isso, estão ainda mais<br />

preocupadas com sua<br />

cadeia de <strong>fornecedores</strong> e<br />

com as micro e pequenas<br />

empresas, que são um elo<br />

fundamental nas correntes<br />

de sustentabilidade. Elas<br />

vão ocupar gradativamente<br />

um lugar decisivo para a<br />

prosperidade das próprias<br />

<strong>grandes</strong> empresas.”<br />

Muitas vezes olha-se para uma pe-<br />

quena empresa como se ela estivesse no<br />

fim de uma cadeia de valor, no fim de<br />

uma cadeia de <strong>fornecedores</strong> e não se per-<br />

cebe o quanto ela mesma é determinante<br />

para o sucesso e a competitividade das<br />

<strong>grandes</strong> empresas. A qualidade da micro<br />

e pequena empresa é fundamental para<br />

ganhos de competitividade em todos os<br />

segmentos da economia.<br />

Cada vez mais as <strong>grandes</strong> empresas<br />

estão se tornando conscientes e, por<br />

isso, estão ainda mais preocupadas com<br />

sua cadeia de <strong>fornecedores</strong> e com as mi-<br />

cro e pequenas empresas, que são um elo<br />

fundamental nas correntes de sustenta-<br />

bilidade. Elas vão ocupar gradativamente<br />

um lugar decisivo para a prosperidade<br />

das próprias <strong>grandes</strong> empresas.<br />

Neste cenário a responsabilidade so-<br />

cial empresarial como uma nova forma de<br />

gestão torna-se imprescindível. Não esta-<br />

mos falando de uma ação isolada de uma<br />

empresa com a sua comunidade ou do<br />

apoio a algum projeto social específico.<br />

Estamos falando em incorporar ao pla-<br />

nejamento estratégico as demandas dos<br />

públicos de interesse e, de modo geral,<br />

da sociedade. Estamos, por isso, falando<br />

de construir diálogos com os vários atores<br />

sociais num processo ético e transparente<br />

capaz de forjar uma relação solidária, de<br />

verdadeira entre empresa e sociedade.<br />

Faz parte da decisão socialmente<br />

responsável de mudar a maneira de gerir<br />

os negócios, por exemplo, adotar a di-<br />

versidade como critério fundamental da<br />

política de Recursos Humanos; ou esta-<br />

belecer um novo tipo de relacionamento<br />

com <strong>fornecedores</strong>, integrando-os de fato<br />

a uma cadeia produtiva que compartilhe<br />

resultados com todas as partes interes-<br />

sadas.<br />

É preciso entender responsabilidade<br />

social empresarial como gestão para a<br />

sustentabilidade, isto é, como um com-<br />

promisso permanente, por parte do em-<br />

presário, em adotar comportamento éti-<br />

co e contribuir para o desenvolvimento<br />

econômico junto com qualidade de vida<br />

para seus empregados e familiares, bem<br />

como para a comunidade local e a socie-<br />

dade em geral.<br />

Num mundo de incertezas, a melhor<br />

forma de competir e sobreviver é cons-<br />

truir e manter relações de confiança.<br />

São elas que permitem o enfrentamen-<br />

to de crises, de conflitos, das mudanças<br />

bruscas no cenário macroeconômico no<br />

conjunto das empresas e dos mercados.<br />

Portanto, as metas empresariais compa-<br />

tíveis com o desenvolvimento sustentá-<br />

vel consideram que a responsabilidade da<br />

empresa vai além da produção de resul-<br />

tado econômico.<br />

Ricardo Young *<br />

INDO ALÉM DO LUCRO<br />

Por mais inquestionável que seja a im-<br />

portância dos resultados econômicos,<br />

eles não são suficientes para que uma


empresa alcance um patamar de sus-<br />

tentabilidade no longo prazo. Há pelo<br />

menos uma década, o mundo vem discu-<br />

tindo o conceito do triplo resultado dos<br />

negócios, que é a agregação de valor<br />

econômico (resultados do seu processo<br />

produtivo ou de serviço) ao valor so-<br />

cioambiental. A união do econômico<br />

com as vertentes social e ambiental<br />

mostram qual o impacto da atividade da<br />

empresa na sociedade, o que seus pro-<br />

cessos, produtos e serviços contribuem<br />

(ou não) para um desenvolvimento que<br />

distribua riqueza.<br />

Num mundo de miséria, desemprego,<br />

meio ambiente degradado, corrupção e<br />

violência, gestão socialmente respon-<br />

sável e sustentabilidade dos negócios<br />

deixam de ser opções para as empresas.<br />

São necessidades estratégicas. Não há<br />

possibilidade de negócios num ambien-<br />

te deteriorado, não há empresa saudá-<br />

vel em sociedades doentes. É impossível<br />

fazer bons negócios em países que estão<br />

com suas instituições deterioradas, que<br />

estão com doenças sociais graves, que<br />

estão vivendo instabilidade política ou<br />

mesmo, como no Brasil, esta tragédia<br />

da corrupção.<br />

A corrupção emperra a competitivi-<br />

dade e faz mal à saúde das instituições<br />

democráticas. Num ambiente corrupto,<br />

ser bom empresário, desenvolver negó-<br />

cios, empreender visões, semear riqueza<br />

e produzir para o conjunto da sociedade<br />

torna-se praticamente uma batalha.<br />

Daí a importância da gestão que olha<br />

para o triplo resultado (econômico, so-<br />

cial e ambiental). Empresariar hoje está<br />

intimamente ligado à responsabilidade<br />

das empresas pela qualidade da gestão<br />

pública. As empresas são hoje a prin-<br />

cipal força organizada das sociedades.<br />

Entre os 100 maiores PIBs mundiais, 30<br />

são de empresas, ou seja, as empresas<br />

são maiores que países, estão em vários<br />

países, têm comando, causam impacto<br />

em várias cadeias de valor, influem em<br />

várias legislações.<br />

Para as pequenas e microempresas,<br />

a concorrência se realiza num ambiente<br />

institucional deteriorado e hostil, com<br />

impostos insuportáveis, propostas de<br />

suborno no meio público e condições<br />

extremamente duras para participar da<br />

cadeia produtiva das <strong>grandes</strong> empre-<br />

sas. Temos muitas esperanças de que a<br />

Lei Geral das PMEs corrija uma série de<br />

desvios. No entanto, os <strong>pequenos</strong> e mi-<br />

croempresários podem adotar os princí-<br />

pios da gestão socialmente responsável<br />

e levar o negócio a um novo patamar<br />

de competitividade, lançando as bases<br />

para a consolidação da sustentabilidade<br />

no longo prazo.<br />

Tecnologias, sistemas de informação,<br />

redes de apoio e aprendizado dinâmico e<br />

coletivo são também algumas das ferra-<br />

mentas importantes para garantir a com-<br />

petitividade do negócio. Se uma micro-<br />

empresa tem acesso à tecnologia de uma<br />

rede de franquia, por exemplo, e agrega<br />

a isso a gestão socialmente responsável,<br />

vai conseguir uma condição competitiva<br />

fantástica.<br />

Muitos empreendedores ainda acre-<br />

ditam que a RSE é “coisa para empresa<br />

grande”. Algo para o qual se deve dar<br />

atenção “depois que o negócio crescer”.<br />

No mundo atual, não há crescimento<br />

sem gestão socialmente responsável,<br />

principalmente para as PMEs. Gestão<br />

socialmente responsável é a estratégia<br />

competitiva para este segmento. Primei-<br />

ro, por exigir a aplicação de critérios de<br />

ética e transparência, evita a informa-<br />

lidade, o achaque dos fiscais, o cipoal<br />

de corrupção, golpes e fraudes dos seus<br />

funcionários, ações hostis dos seus pró-<br />

prios concorrentes, o esquecimento dos<br />

consumidores. Em segundo lugar, porque<br />

uma micro e pequena empresa social-<br />

mente responsável passa a ter igualdade<br />

de condições na concorrência e nas lici-<br />

tações. Várias <strong>grandes</strong> empresas já estão<br />

adotando a RSE como um dos critérios<br />

para definição de <strong>fornecedores</strong>. E as lici-<br />

tações públicas também avançam neste<br />

sentido.<br />

Portanto, a adoção de um sistema<br />

de gestão socialmente responsável para<br />

a sustentabilidade não é privilégio das<br />

<strong>grandes</strong> empresas, é uma condição para<br />

negócios duradouros e para modelos de<br />

desenvolvimento de países como um<br />

todo. A empresa – independentemente<br />

do porte ou do setor onde atue – que<br />

ainda não adotou a gestão socialmente<br />

responsável deve fazê-lo, porque é um<br />

rio de competitividade, um rio de opor-<br />

tunidades. Então, você quer continuar<br />

perdendo ou vamos começar a ganhar<br />

todos nós?<br />

* Ricardo Young é presidente<br />

do Instituto Ethos<br />

45 GRANDES COMPRADORES & PEQUENOS FORNECEDORES


Quer conhecimento? Tem sempre um <strong>Sebrae</strong> pertinho de você.


O <strong>Sebrae</strong> está no Brasil inteiro, sempre de portas abertas para receber os empreendedores que já<br />

têm ou sonham em abrir um negócio. Com essa lista de endereços, vai ficar muito fácil encontrar a<br />

instituição que dá apoio e orientação aos donos de <strong>pequenos</strong> negócios de todo o país. Você encontra<br />

o <strong>Sebrae</strong> no site www.sebrae.com.br ou em uma cidade bem pertinho de você.<br />

ACRE - Rua Rio Grande do Sul, 109 - Centro<br />

CEP: 69903-420 - Rio Branco/AC - Fone: (68) 3216-2100<br />

ALAGOAS - Rua Dr. Marinho de Gusmão, 46 - Centro<br />

CEP: 57020-560 - Maceió/AL - Fone: (82) 3216-1600<br />

AMAPÁ - Av. Ernestino Borges, 740 - Bairro do Laguinho<br />

CEP: 68908-010 - Macapá/AP - Fones: (96) 3214-1400/1408<br />

AMAZONAS - Rua Leonardo Malcher, 924 - Centro<br />

CEP: 69010-170 - Manaus/AM - Fone: (92) 2121-4900<br />

BAHIA - Travessa Horácio César, 64 - Largo dos Aflitos<br />

CEP: 40060-350 - Salvador/BA<br />

Fones: (71) 3320-4300/0800-284000<br />

CEARÁ - Av. Monsenhor Tabosa, 777 - Praia de Iracema<br />

CEP: 60150-010 - Fortaleza/CE - Fone: (85) 3255-6600<br />

DISTRITO FEDERAL - SIA Trecho 03 - Lote 1580<br />

CEP: 71200-030 - Brasília/DF - Fone: (61) 3362-1600<br />

E<strong>SP</strong>ÍRITO SANTO - Av. Jerônimo Monteiro, 935 - Centro<br />

CEP: 29010-003 - Vitória/ES - Fone: 0800-399192<br />

GOIÁS - Av. T-3 N, 1000 - Setor Bueno<br />

CEP: 74210-240 - Goiânia/GO - Fone: (62) 3250-2000<br />

MARANHÃO - Av. Prof. Carlos Cunha, s/nº - Jaracaty<br />

CEP: 65076-820 - São Luís/MA - Fone: (98) 3216-6166<br />

MATO GROSSO - Av. Historiador Rubens de Mendonça, 3999 -<br />

CPA - CEP: 78050-904 - Cuiabá/MT - Fone: (65) 3648-1200<br />

MATO GROSSO DO SUL - Av. Mato Grosso, 1661 - Centro<br />

CEP: 79002-950 - Campo Grande/MS<br />

Fones: (67) 2106-5511 / 08007035511<br />

MINAS GERAIS - Av. Barão Homem de Melo, 329 - Nova Suíça<br />

CEP: 30460-090 - Belo Horizonte/MG - Fone: (31) 3269-0180<br />

PARÁ - Rua Municipalidade, 1461 - Bairro do Umarizal<br />

CEP: 66050-350 - Belém/PA - Fone: (91) 3181-9000<br />

PARAÍBA - Av. Maranhão, 983 - Bairro dos Estados<br />

CEP: 58030-261 - João Pessoa/PB - Fone: (83) 3218-1000<br />

PARANÁ - Rua Caeté, 150 - Prado Velho<br />

CEP: 80220-300 - Curitiba/PR - Fone: (41) 3330-5800<br />

PERNAMBUCO - Rua Tabaiares, 360 - Ilha do Retiro.<br />

CEP: 50750-230 - Recife/PE - Fone: (81) 2101-8400<br />

PIAUÍ - Av. Campos Sales, 1046 - Centro Norte<br />

CEP: 64000-300 - Teresina/PI - Fone: (86) 3216-1300<br />

RIO DE JANEIRO - Rua Santa Luzia, 685 - 7º, 8º e 9º<br />

andares - Centro - CEP: 20030-041 - Rio de Janeiro/RJ<br />

Fone: 0800-782020<br />

RIO GRANDE DO NORTE - Av. Lima e Silva, 76 - Lagoa Nova<br />

CEP: 59075-970 - Natal/RN - Fones: (84) 3616-7900/<br />

3616-7954 / 0800-842020<br />

RIO GRANDE DO SUL - Av. Sete de Setembro, 555 - Centro<br />

CEP: 90010-190 - Porto Alegre/RS - Fone: (51) 3216-5006<br />

RONDÔNIA - Av. Campos Sales, 3421 - Bairro Olaria<br />

CEP: 78902-080 - Porto Velho/RO - Fone: (69) 3217-3800<br />

RORAIMA - Av. Major Willians, 680 - São Pedro<br />

CEP: 69301-110 - Boa Vista/RR - Fone: (95) 3623-1700<br />

SANTA CATARINA - Av. Rio Branco, 611 - Centro<br />

CEP: 88015-203 - Florianópolis/SC - Fones: (48) 3221-0800/<br />

0800-483300<br />

SÃO PAULO - Rua Vergueiro, 1117 - Paraíso<br />

CEP: 01504-001 - São Paulo/<strong>SP</strong> - Fone: 0800-780202<br />

SERGIPE - Av. Tancredo Neves, 5500 - América<br />

CEP: 49080-480 - Aracaju/SE - Fone: (79) 2106-7700<br />

TOCANTINS - 102 Norte Av. LO 4 Lote 1, cj. 2<br />

Plano Diretor Norte. CEP: 77006-006 - Palmas/TO<br />

Fone: (63) 3223-3300<br />

www.sebrae.com.br


Para ampliar meu<br />

negócio, participei de<br />

feiras e exposições do<br />

<strong>Sebrae</strong>. Agora, a minha<br />

empresa vai pra frente >><br />

O conhecimento que os empresários de micro e <strong>pequenos</strong> negócios precisam está no <strong>Sebrae</strong>.<br />

A pequena indústria do Antônio Oliveira está indo muito bem. Mas para crescer é preciso ampliar a rede de novos clientes e<br />

<strong>fornecedores</strong>. Por isso mesmo, ele conheceu as feiras e exposições promovidas pelo <strong>Sebrae</strong>. O Antônio expôs os seus produtos,<br />

se relacionou com outros empresários do seu setor e comercializou parte do seu estoque. Ele acredita no poder de<br />

negócio das feiras e no conhecimento. O <strong>Sebrae</strong> também oferece cursos, seminários, palestras, publicações, consultorias,<br />

inclusão em grupos de negócios e acesso à tecnologia. O Antônio sabe que,<br />

para sua empresa crescer, todo tipo de informação é importante. Seja em<br />

revistas, jornais, internet e até por programas de rádio e TV. Com mais informação,<br />

o Antônio vai dar o passo certo, só que bem mais preparado.<br />

0800 72 66 500<br />

w w w.sebrae.c om.br

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