Untitled - ISQ
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Director:<br />
J. M. Dias Miranda<br />
Coordenação:<br />
Marta Miranda<br />
Secretariado:<br />
Nazaré Almeida<br />
Revisão:<br />
Lília Brandão<br />
Redacção e Administração:<br />
<strong>ISQ</strong> - Instituto Soldadura e Qualidade<br />
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 33<br />
TAGUSPARK - OEIRAS<br />
2740 - 120 PORTO SALVO<br />
Tel. 214 228 100<br />
Fax 214 228 120<br />
Propriedade:<br />
<strong>ISQ</strong> - Instituto de Soldadura e<br />
Qualidade<br />
NIPC: 500 140 022<br />
Concepção Gráfica:<br />
SAR, Publicidade<br />
Paginação:<br />
Alexandre Rodrigues - <strong>ISQ</strong><br />
Patrícia Brito - <strong>ISQ</strong><br />
Impressão:<br />
Britográfica, Artes Gráficas Lda.<br />
Quinta do Corujinho, Armazén 13<br />
2685 Camarate<br />
Periodicidade: Trimestral<br />
Tiragem: 3 000 exemplares<br />
Depósito Legal: 36 587/90<br />
ISSN: 0871-5742<br />
Registo ICS: 108 273<br />
Editorial 04<br />
Entrevista<br />
António Vilarinho 05<br />
SAVE<br />
Guia do cliente SAVE 08<br />
Análise de Anomalias/Defeitos da Construção 10<br />
Redes de Gás 12<br />
ITED - Infra-estruturas de Telecomunicações<br />
em Edifícios 13<br />
CEE - Certificação Energética de Edifícios 14<br />
O Ruído dos Outros 16<br />
Águas e Saneamento 17<br />
Avaliação Métrica 20<br />
Homo Aprehendis<br />
SUMÁRIO<br />
e-Learning - Estratégias para implementação 22<br />
Edificações<br />
REN Gasodutos - O desafio 26<br />
Indústria<br />
Concepção das funções de segurança<br />
associadas aos sistemas de comando<br />
das máquinas SRP/CS 27<br />
I&D<br />
A opção nuclear deve ser discutida em Portugal<br />
sem mais demoras e sem preconceitos! 32<br />
END<br />
Avanços Recentes na Inspecção por Métodos<br />
Não Destrutivos 35<br />
Notícias <strong>ISQ</strong> 42
T & Q 62-63<br />
EDITORIAL<br />
4<br />
J. M. Dias Miranda<br />
Presidente do Conselho<br />
de Administração do <strong>ISQ</strong><br />
SAVE – Serviço de Avaliação e<br />
Valorização de Edifícios<br />
A Área de Edificações, constituída aquando da reorganização do <strong>ISQ</strong> efectuada<br />
há 3 anos e dirigida a partir da Delegação Norte do <strong>ISQ</strong>, tem vindo<br />
a revelar uma dinâmica de inovação, desenvolvendo soluções capazes de<br />
dar resposta às solicitações de mercados cada vez mais exigentes.<br />
Dotada de uma equipa de Colaboradores altamente qualificados e com<br />
competências diversificadas, a Área de Edificações apresenta agora um<br />
novo Serviço especializado e para o qual concorrem igualmente as valências<br />
de outras áreas de actividade dentro do <strong>ISQ</strong>.<br />
O SAVE propõe-se aglutinar as competências adquiridas pelo <strong>ISQ</strong> ao longo<br />
da sua carreira de inspecções técnicas e de controlo de qualidade para<br />
realizar auditorias técnicas integradas à qualidade dos edifícios, abrangendo<br />
todos os aspectos que se consideram relevantes para a avaliação da<br />
condição dos imóveis: qualidade da construção, das infra-estruturas de<br />
electricidade, telecomunicações, água e gás, elevadores, sistemas de<br />
AVAC, aquecimento, insonorização e eficiência energética.<br />
O Relatório SAVE proporciona aos potenciais compradores, vendedores e<br />
às outras entidades envolvidas no processo de compra e venda, o conhecimento<br />
dos elementos fundamentais em que possam alicerçar as suas<br />
decisões, com a confiança de um parecer emitido por uma entidade<br />
idónea e independente.<br />
Projecto desenvolvido a partir da Delegação Norte, mas de âmbito<br />
nacional, apresenta ainda a característica inovadora, dentro do <strong>ISQ</strong>, de<br />
congregar os esforços de equipas multidisciplinares, oriundas de várias<br />
áreas de actividade e de diversas regiões do País.
ENTREVISTA<br />
António Vilarinho<br />
O mês de Outubro correspondeu ao<br />
lançamento oficial do <strong>ISQ</strong> SAVE -<br />
Serviço de Avaliação e Valorização de<br />
Edifícios, pelo que se perfila como<br />
importante esta entrevista ao Engº.<br />
António Vilarinho, Director da Área de<br />
Edificações, no seio da qual nasceu<br />
este serviço.<br />
Tecnologia & Qualidade: Gostaríamos<br />
que nos enquadrasse o cenário que<br />
esteve na génese da criação do<br />
SAVE© - Serviço de Avaliação e<br />
Valorização de Edifícios.<br />
António Vilarinho: O sector da cons-<br />
trução civil debate-se desde há muito<br />
com um problema de credibilidade,<br />
quanto à qualidade da construção,<br />
constatando-se que quem adquire uma<br />
habitação é cada vez mais zeloso,<br />
exigindo garantias relativas à qualidade<br />
do bem adquirido, independentemente<br />
de se tratar de um edifício novo ou<br />
usado. Paralelamente, atendendo à<br />
enorme oferta do mercado, vender-se-<br />
-á mais rapidamente qualquer imóvel<br />
que possa assegurar uma qualidade<br />
de construção mais elevada e, consequentemente,<br />
oferecer mais garantias.<br />
A aquisição de uma habitação constitui<br />
para a larga maioria das famílias a<br />
compra mais significativa que alguma<br />
vez farão ao longo da vida e, atendendo<br />
às implicações financeiras associadas,<br />
melhor se compreendem os critérios<br />
de rigor e seriedade que cada vez mais<br />
devem presidir a esta decisão.<br />
Atentos a esta realidade e numa perspectiva<br />
de valorização das nossas competências<br />
internas, nomeadamente as<br />
de certificação da qualidade construtiva,<br />
alicerçadas na elevada credibilidade<br />
que a marca <strong>ISQ</strong> tem no mercado,<br />
entendemos que estavam reunidas as<br />
condições para aproveitar uma exce-<br />
5<br />
T & Q 62-63
T & Q 62-63<br />
lente oportunidade de negócio.<br />
TQ: Deduzimos, então, que se trata de<br />
um serviço inovador no panorama do<br />
imobiliário. Em que consiste efectivamente<br />
o SAVE?<br />
AV: O SAVE - Serviço de Avaliação e<br />
Valorização de Edifícios - entrega ao<br />
cliente o diagnóstico do estado real do<br />
seu imóvel, novo ou usado, sendo a<br />
metodologia aplicável tanto a fracções<br />
autónomas como a edifícios, vivendas,<br />
lojas, escritórios ou armazéns.<br />
Sendo um serviço prestado por uma<br />
equipa técnica do <strong>ISQ</strong>, altamente especializada,<br />
o SAVE visa detectar todo o<br />
tipo de patologias das principais infra-<br />
-estruturas de um imóvel, desde os<br />
isolamentos térmicos e acústicos,<br />
instalações eléctricas e telefónicas,<br />
elevadores, canalizações de água e<br />
esgotos, gás e aquecimento, até aos<br />
acabamentos finais.<br />
O Relatório de Diagnóstico Imobiliário<br />
SAVE, que resulta da análise do <strong>ISQ</strong>,<br />
esclarece quanto a defeitos de construção<br />
e a forma de optimizar o<br />
planeamento das intervenções correctivas,<br />
reabilitação e manutenção das<br />
infra-estruturas, possibilitando validar<br />
trabalhos executados, comprovar o<br />
nível de conforto, bem como a qualidade<br />
dos imóveis e, até, valorizar os mesmos<br />
perante as Seguradoras e<br />
Entidades Bancárias.<br />
TQ: O diagnóstico SAVE é uma<br />
Certificação?<br />
AV: No futuro poderá vir a ser uma<br />
Certificação, mas no momento actual<br />
não é, nem pretende ser.<br />
O diagnóstico SAVE conduz à elaboração<br />
de um documento técnico, de<br />
fácil leitura e compreensão por parte<br />
do Cliente, no qual são registadas<br />
todas as não conformidades detectadas,<br />
bem como todos os factores<br />
capazes de valorizar o edifício. O documento<br />
comporta a análise de todas as<br />
anomalias observadas, apontando<br />
medidas correctivas, acompanhadas<br />
por um amplo registo fotográfico e ter-<br />
6<br />
mográfico.<br />
A análise de todos os elementos<br />
inspeccionados serão alvo de uma<br />
ponderação, a que chamamos avaliação<br />
métrica, que resultará na<br />
atribuição de uma classificação final,<br />
expressa numa escala de 1 a 5, a que<br />
correspondem atribuições qualitativas<br />
que vão desde o péssimo ao excelente.<br />
TQ: Qual a principal mais-valia associada<br />
à emissão de um diagnóstico<br />
SAVE?<br />
AV: Eleger a principal mais-valia de um<br />
diagnóstico SAVE não é tarefa fácil,<br />
porque conseguimos vislumbrar nele<br />
um conjunto alargado de mais-valias.<br />
No entanto, acreditamos que o facto<br />
de permitirmos aos potenciais compradores<br />
conhecer exactamente o<br />
que estão a adquirir e, aos vendedores,<br />
garantir a segurança de um<br />
parecer isento e credível que destaca<br />
do mercado o imóvel em venda, constitui<br />
um factor diferenciador não negligenciável.<br />
Diríamos, de forma mais sintética, que<br />
o diagnóstico SAVE garante o conforto<br />
da tomada de decisão associada à<br />
compra ou venda de um imóvel.<br />
TQ: O SAVE esgota-se apenas nos<br />
diagnósticos produzidos com objectivos<br />
associados à compra ou venda<br />
de imóveis?<br />
AV: Essa talvez seja a face mais visível<br />
do SAVE, mas este não se esgota apenas<br />
nesse domínio.<br />
Nos trabalhos associados à avaliação<br />
da pertinência do lançamento deste<br />
serviço, tivemos oportunidade de contactar<br />
com inúmeros players do mercado<br />
imobiliário, o que nos permitiu<br />
alargar significativamente o âmbito de<br />
actuação do SAVE. Foram identificados<br />
vários outros domínios de actuação,<br />
destacando-se, por exemplo, o<br />
serviço que pode ser assegurado às<br />
empresas de Administração de<br />
Condomínios, que passam a dispor da<br />
possibilidade de recorrerem a uma<br />
entidade credível e idónea, que deter-<br />
mine as efectivas patologias dos edifícios<br />
e, posteriormente, determine o<br />
modo de as eliminar, passando a ter,<br />
deste modo, uma ferramenta adequada<br />
no sentido de garantir a resolução<br />
dos problemas de construção e<br />
manutenção, de forma eficaz e com<br />
menos custos, nomeadamente os que<br />
decorrem de intervenções erradas.<br />
Os processos derivados de anomalias<br />
na construção e os consequentes litígios<br />
entre os construtores e os utilizadores<br />
crescem, de forma significativa,<br />
nos tribunais. Também às organizações<br />
de defesa do consumidor<br />
chegam, diariamente, inúmeras reclamações<br />
resultantes da deficiente qualidade<br />
de construção, pairando, no<br />
entanto, sobre toda esta questão, uma<br />
enorme impunidade, traduzida normalmente<br />
pelo arrastar das situações,<br />
até que a parte lesada e mais fraca<br />
acabe por desistir, optando por<br />
assumir as reparações ou, paradoxalmente,<br />
tentando ludibriar outro incauto.<br />
Neste contexto, o diagnóstico SAVE<br />
perfila-se como uma excelente forma<br />
de ajudar a derimir as questões associadas<br />
a litígios decorrentes de problemas<br />
de construção, de auxiliar decisões<br />
tecnico-judiciais, permitindo uma<br />
resolução mais célere de situações de<br />
diferendo entre compradores e construtores.<br />
Verifica-se que nos edifícios novos<br />
cada vez mais se recorre ao chamado<br />
comissionamento final de obra, que<br />
consiste em efectuar a recepção provisória<br />
da obra, visando detectar possíveis<br />
defeitos de construção atempadamente,<br />
domínio em que o diagnóstico<br />
SAVE, pelas características<br />
do serviço, se revela como a solução<br />
mais eficaz.<br />
Finalmente, também as entidades<br />
bancárias passam a ter disponível um<br />
serviço que lhes permite avaliar e valorizar<br />
o edifício sobre o qual irão<br />
realizar a operação de financiamento,<br />
com maiores garantias, bem como as<br />
entidades seguradoras, que passam a<br />
poder recorrer a uma importante fer-
amenta que lhes permitirá, de forma<br />
mais nítida, avaliar o risco de sinistros,<br />
decorrentes, por exemplo, da principal<br />
causa de sinistros em edifícios - os<br />
danos por água resultantes do rebentamento<br />
de tubagens.<br />
TQ: Pode-se afirmar que o SAVE é uma<br />
prestação de serviços transversal ao<br />
<strong>ISQ</strong>?<br />
AV: Sem qualquer dúvida. O facto de o<br />
serviço de diagnóstico comportar<br />
competências e recursos provindos de<br />
três, e em alguns casos mesmo de<br />
quatro Áreas diferentes do <strong>ISQ</strong>, determinou<br />
a necessidade do estabelecimento<br />
de parcerias e acordos internos<br />
que garantissem a qualidade de<br />
serviço pretendida e que, ao mesmo<br />
tempo, fosse executado pelos melhores<br />
especialistas, com um preço de<br />
venda ao público inferior ao somatório<br />
do preço de venda das diversas especialidades<br />
de per si.<br />
Aliás, o SAVE constitui um excelente<br />
exemplo de que é possível promover,<br />
no <strong>ISQ</strong>, o aproveitamento das<br />
inúmeras competências internas e<br />
disponibilizar, aos nossos Clientes,<br />
serviços integrados sem qualquer<br />
paralelo no mercado.<br />
TQ: Entende que este projecto pode vir<br />
a constituir o início de uma presença<br />
mais marcante do <strong>ISQ</strong> junto do público<br />
e clientes?<br />
AV: Não sendo um objectivo nuclear<br />
do projecto, a verdade é que efectivamente<br />
o SAVE congrega um conjunto<br />
de abordagens inéditas na organização,<br />
nomeadamente ao nível da comunicação,<br />
que acreditamos possam vir<br />
a contribuir para a mudança do paradigma<br />
comunicacional do <strong>ISQ</strong>.<br />
TQ: Existe alguma abordagem<br />
estratégica que distinga este projecto<br />
de outros que o <strong>ISQ</strong> já tenha promovido?<br />
AV: Entendemos que existem várias<br />
diferenças, mas destacaríamos a<br />
decisão estratégica de eleger o canal<br />
de comunicação Internet como sendo<br />
a principal forma de os clientes<br />
chegarem até nós.<br />
Deste modo, a decisão de desenvolver<br />
o projecto alicerçado numa estratégia<br />
de e-Business determinou a contratação<br />
de uma empresa especializada<br />
na construção de web sites, com a<br />
qual foram desenvolvidos todos os conteúdos,<br />
atendendo a que um dos objectivos<br />
fundamentais desta estratégia<br />
determinava que a relação com os<br />
clientes e parceiros fosse estabelecida<br />
através do site, a começar pela solicitação<br />
de orçamentos, passando pela<br />
entrega dos relatórios, até ao pagamento<br />
final.<br />
Estamos a trabalhar afincadamente<br />
na divulgação do serviço no imenso<br />
mundo que é o espaço da Internet,<br />
através da colocação de banners nos<br />
principais sites ligados ao imobiliário,<br />
sem descurar a publicidade na imprensa<br />
generalista e em revistas da especialidade.<br />
TQ: Aparentemente existiu uma vontade<br />
de assegurar ao projecto uma<br />
identidade muito própria.<br />
AV: Sim, essa foi uma consciência tida<br />
desde início. Sempre se assumiu que<br />
este seria um produto com marca<br />
própria, mas intimamente ligado ao<br />
<strong>ISQ</strong>.<br />
Assim, o SAVE é uma marca registada,<br />
tendo também viaturas com decoração<br />
própria e perfeitamente adequada<br />
aos fundamentos do projecto, na<br />
qual predominam o verde alusivo ao<br />
desenvolvimento sustentável e o<br />
cinzento do betão e do cimento da<br />
construção civil.<br />
Para complementar a diferenciação e<br />
a identidade do serviço, foi ainda decidido<br />
promover a aquisição e disponibilização<br />
aos clientes de uma linha telefónica<br />
de apoio ao cliente directa, com<br />
o número 808 224 224.<br />
TQ: Referiu a má qualidade da construção<br />
e também as companhias<br />
seguradoras. De que forma o SAVE<br />
pode prestar um serviço às segurado-<br />
ras que se afirme como uma mais-<br />
-valia para os segurados?<br />
AV: Em França, por exemplo, constata-<br />
-se que os construtores são obrigados<br />
a manter em vigor um seguro de responsabilidade<br />
decenal actualizado, que<br />
não é mais do que um seguro que<br />
garante a reparação de danos, decorrentes<br />
da má construção, por um<br />
período de dez anos. Em Portugal, relativamente<br />
a esta matéria não existe<br />
rigorosamente nada, estando, por<br />
isso, os utilizadores expostos a situações<br />
de componente legal duvidosa.<br />
Aquele seguro, independentemente do<br />
apuramento de responsabilidades,<br />
prevê o pagamento da totalidade dos<br />
trabalhos de reparação pelos intervenientes<br />
responsáveis.<br />
Esta é uma das alterações legislativas<br />
que parece pertinente e tem vindo a<br />
ser reclamada, existindo grandes<br />
expectativas relativamente à sua publicação<br />
sob a forma de diploma legal,<br />
pelo que, até à sua publicação, os nossos<br />
esforços centrar-se-ão na tentativa<br />
de estabelecimento de protocolos<br />
com as entidades seguradoras, por<br />
forma a que os edifícios ou fogos que<br />
sejam alvo de um diagnóstico SAVE, e<br />
caso as conclusões obtenham um<br />
determinado valor, possam beneficiar<br />
de uma diminuição do preço do prémio<br />
do seguro, uma vez que há uma real<br />
diminuição do risco de sinistro, decorrente<br />
da análise efectuada.<br />
TQ: Este projecto foi concebido e<br />
desenvolvido na Delegação Norte do<br />
<strong>ISQ</strong>. Pretende-se que tenha apenas<br />
dimensão regional?<br />
AV: Por uma questão de optimização<br />
de recursos e testes ao modelo foi<br />
conveniente desenhá-lo na esfera de<br />
influência da DN. No entanto, um dos<br />
nossos objectivos mais imediatos é<br />
conferir-lhe uma dimensão nacional,<br />
nomeadamente através da constituição<br />
de equipas na Sede em Oeiras e<br />
ainda no Pólo de Loulé, locais onde<br />
geograficamente a construção ainda<br />
mantém níveis de vitalidade interessantes.<br />
7<br />
T & Q 62-63
T & Q 62-63<br />
SAVE<br />
Guia do Cliente SAVE<br />
8<br />
Comunicação<br />
Num cenário em que a qualidade da<br />
construção nem sempre é a esperada<br />
e onde cada vez mais se exigem garantias<br />
por parte de quem compra, quem<br />
vende, quem promove, quem financia<br />
e, até mesmo, de quem segura um<br />
imóvel, o <strong>ISQ</strong>, atento a esta realidade e<br />
perante a lacuna existente no mercado,<br />
criou o SAVE - Serviço de Avaliação<br />
e Valorização de Edifícios.<br />
Trata-se de um serviço inovador,<br />
desenvolvido no sector de Inovação do<br />
<strong>ISQ</strong>, inserido na Área de Edificações, e<br />
que visa fornecer garantias adicionais<br />
relativamente ao estado dos imóveis,<br />
permitindo que os negócios se possam<br />
revestir de maior transparência.<br />
Através deste projecto, o <strong>ISQ</strong> passa a<br />
disponibilizar um serviço de elevada<br />
valia técnica, alicerçado no seu experiente<br />
corpo técnico e com a idoneidade<br />
e a credibilidade que são apanágio dos<br />
seus 43 anos de existência.<br />
O que é o SAVE?<br />
O SAVE consiste num diagnóstico do<br />
estado real de conservação de imóveis,<br />
prestado por técnicos especializados e<br />
com uma vasta experiência.<br />
Permite diagnosticar todo o tipo de<br />
anomalias/deficiências e as condições<br />
de segurança e funcionalidade das<br />
principais infra-estruturas de um imóvel<br />
ou edifício, desde os isolamentos<br />
térmicos e acústicos, instalações eléctricas<br />
e de telecomunicações, gás, ventilação,<br />
canalizações de água e esgotos,<br />
até aos acabamentos finais.<br />
* Decreto-Lei n.º 67/2003 de 8 de Abril de 2003<br />
Ana Santos<br />
Integração do SAVE no <strong>ISQ</strong><br />
O <strong>ISQ</strong> é uma entidade privada e independente,<br />
constituída em 1965, oferecendo<br />
serviços nas áreas de<br />
inspecção, formação e consultoria técnica,<br />
apoiados em actividades de investigação<br />
e desenvolvimento e em laboratórios<br />
acreditados.<br />
A criação de parcerias com entidades<br />
públicas e privadas, bem como a diversificação<br />
das nossas actividades,<br />
traduz-se no compromisso de<br />
prestação de serviços de elevada qualidade.<br />
Pautamos a nossa acção pelo desenvolvimento<br />
contínuo de conhecimento<br />
e tecnologia, tendo em vista a apresentação<br />
das melhores soluções globais e<br />
integradas para satisfação das necessidades<br />
dos nossos parceiros e<br />
clientes.<br />
O SAVE resulta da aplicação dos<br />
conhecimentos técnicos de várias<br />
áreas de intervenção do <strong>ISQ</strong>, nomeadamente<br />
das áreas Gás, Telecomunicações,<br />
Electricidade, Águas e Esgotos,<br />
Ruído e Construção Civil. No conjunto,<br />
obtemos, através da transversalidade,<br />
uma flexibilidade e prestação únicas no<br />
mercado, oferecendo um serviço de<br />
excelência com a marca <strong>ISQ</strong>.<br />
Quais as vantagens de fazer um<br />
diagnóstico SAVE?<br />
As principais vantagens são a possibilidade<br />
de:<br />
Determinar os eventuais defeitos<br />
da construção e infra-estruturas<br />
Fundamentar a exigência de
eparação dos defeitos de construção<br />
(garantia < 5 anos)*<br />
Optimizar o planeamento das intervenções<br />
correctivas, de reabilitação<br />
e de manutenção<br />
Validar os trabalhos executados<br />
para a recepção de obra<br />
Comprovar o nível de conforto e<br />
qualidade dos imóveis<br />
Tornar os negócios mais transparentes<br />
e rentáveis<br />
Garantir a Compra/Venda de um<br />
produto mais credível e com uma<br />
avaliação real, diferenciando-se do<br />
mercado<br />
Valorizar os imóveis perante as<br />
Seguradoras e Entidades<br />
Bancárias<br />
Como solicitar um orçamento<br />
para o serviço SAVE? Como contratar<br />
o SAVE?<br />
Poderá solicitar um orçamento através<br />
do site www.isq.pt/save ou através<br />
do número directo 808 224 224.<br />
O orçamento ser-lhe-á enviado por e-<br />
-mail, fax ou correio.<br />
Após contratar o SAVE o que<br />
acontece?<br />
Após a adjudicação do orçamento, é<br />
agendada uma data para a realização<br />
da inspecção de diagnóstico.<br />
O que é que o serviço diagnostica?<br />
O <strong>ISQ</strong>, através do SAVE, diagnostica as<br />
condições de Funcionalidade, Segurança,<br />
Qualidade e o Estado de Conservação<br />
das Infra-estruturas de Gás, Telecomunicações,<br />
Electricidade, Águas e<br />
Saneamento.<br />
Esse diagnóstico é ainda complementado<br />
com a verificação e análise das<br />
anomalias/deficiências existentes na<br />
construção (infiltrações, fissuração e<br />
humidade), verificação do estado de<br />
conservação dos elementos existentes,<br />
designadamente as peças sanitárias,<br />
os materiais de revestimento,<br />
elementos de vãos, carpintarias e serralharias,<br />
assim como por ensaios de<br />
medições acústicas para quantificação<br />
do isolamento sonoro.<br />
Após conclusão da auditoria técnica,<br />
será elaborado um relatório final interpretativo<br />
dos resultados, com indi-<br />
Tabela 1<br />
cação do estado geral do imóvel e as<br />
razões das anomalias detectadas.<br />
O Relatório<br />
O Relatório SAVE é um documento no<br />
qual serão registadas todas as não<br />
conformidades detectadas, assim<br />
como todos os factores que possam<br />
valorizar o imóvel ou edifício. As anomalias<br />
observadas e a sua análise<br />
serão acompanhadas por registos<br />
fotográficos e termográficos.<br />
Após a análise de todos os elementos<br />
inspeccionados, estes serão alvo de<br />
uma avaliação métrica, que resultará<br />
numa Classificação Detalhada do Nível<br />
de Conservação do imóvel ou edifício.<br />
Esta classificação será expressa numa<br />
escala de 1 a 5, de acordo com requisitos<br />
pré-definidos (Tabela 1).<br />
E se eu tiver dúvidas?<br />
Para o esclarecimento pessoal, estaremos<br />
ao seu dispor diariamente no <strong>ISQ</strong>,<br />
das 9h às 13h e das 14h às 18h ou<br />
poderá contactar-nos através do<br />
nosso número directo 808 224 224,<br />
ou através do e-mail save@isq.pt.<br />
Avaliação 5,00- 4,50 4,50- 3,50 3,50- 2,50 2,50- 1,50 1,50- 1,00<br />
Estado de<br />
Conservação<br />
Excelente Bom Médio Mau Péssimo<br />
9<br />
T & Q 62-63
T & Q 62<br />
SAVE<br />
Um dos factores que origina actualmente<br />
uma maior procura de serviços<br />
técnicos de peritagem a imóveis<br />
prende-se com defeitos de construção<br />
durante o período de garantia do imóvel,<br />
nomeadamente anomalias relacionadas<br />
com a vertente estrutural,<br />
infiltrações de águas e humidades<br />
superficiais (nos elementos estruturais,<br />
revestimentos e acabamentos).<br />
Deste modo, e indo de encontro a<br />
estas preocupações, uma das componentes<br />
analisadas aquando do diagnóstico<br />
SAVE, é a vertente da construção<br />
civil, onde se inclui a verificação, levantamento<br />
e análise de anomalias aos<br />
seguintes níveis:<br />
Estado dos elementos estruturais<br />
10<br />
Fissurações/Fendilhações<br />
Humidades<br />
Infiltrações<br />
Eflorescências<br />
Abaulamentos/Desaprumos<br />
Funcionalidade de elementos (caixilharias,<br />
vãos interiores, armários<br />
embutidos, etc.)<br />
Estado e adequação ao uso dos<br />
diversos materiais de revestimento<br />
O levantamento e diagnóstico das<br />
causas prováveis das anomalias detectadas<br />
são efectuados mediante<br />
inspecção visual, devidamente documentada<br />
por um registo fotográfico<br />
detalhado, e complementados com a<br />
realização de ensaios técnicos, recorrendo<br />
a equipamentos de alta tecnolo-<br />
gia, nomeadamente câmara termográfica,<br />
medidor de temperatura superficial<br />
e humidade relativa, bem como a<br />
equipamentos mais usuais, tais como<br />
o medidor/comparador de fissuras.<br />
O diagnóstico referente à vertente da<br />
construção civil é terminado com a<br />
enumeração das anomalias detec-<br />
Nelson Rocha<br />
Luísa Tavares<br />
Análise de Anomalias/ Defeitos da Construção<br />
Figura1 - Levantamento fotográfico e termográfico utilizando uma câmara termográfica<br />
Figura 2 - Medição de fissura utilizando um fissurómetro.<br />
tadas, complementada com a análise<br />
das possíveis proveniências das mesmas,<br />
podendo ainda ser incluída uma<br />
análise dos métodos de correcção e<br />
actuação.<br />
Este estudo está inserido no relatório<br />
SAVE apresentado ao cliente, sendo<br />
parte integrante deste.
T & Q 62-63<br />
SAVE<br />
Redes de Gás<br />
No âmbito de um diagnóstico SAVE, as<br />
infra-estruturas de gás serão tratadas<br />
de acordo com a Legislação e Normas<br />
aplicáveis em vigor:<br />
Diagnóstico das partes visíveis da<br />
instalação<br />
Realização do ensaio de<br />
estanquidade, com equipamento<br />
adequado e devidamente calibrado<br />
Análise das condições de ventilação<br />
e exaustão dos produtos da<br />
combustão<br />
Realização da medição de<br />
Monóxido de Carbono (CO), quando<br />
o imóvel a auditar esteja a consumir<br />
gás<br />
Verificação das condições de funcionamento<br />
dos aparelhos a gás e<br />
do estado das respectivas ligações<br />
Elaboração do relatório de<br />
inspecção SAVE<br />
São inúmeras as inspecções efectuadas<br />
pelo <strong>ISQ</strong>, ao longo de mais de uma<br />
década, na área do Gás. A importância<br />
da sua realização traduz-se no facto<br />
de, em quase 40% dos casos, terem<br />
sido detectados defeitos críticos, conforme<br />
definido pela legislação, sendo<br />
os mais comuns:<br />
Fugas de gás<br />
Excesso do teor de monóxido de<br />
carbono<br />
Ligações aos aparelhos de gás, não<br />
conformes com as normas em<br />
vigor, e fora do prazo de validade<br />
Estes defeitos, pela sua natureza ou<br />
localização, colocam em causa as<br />
condições de segurança da instalação<br />
de gás e, consequentemente, põem<br />
em risco a vida ou integridade de todos<br />
aqueles que usufruem da mesma.<br />
Simultaneamente, este tipo de defeitos<br />
leva ao corte imediato do fornecimento<br />
de gás pela empresa distribuidora.<br />
Em cerca de 35% das inspecções<br />
efectuadas pelo <strong>ISQ</strong>, verificou-se a<br />
existência de defeitos não críticos.<br />
Nesta situação, o cliente tem 90 dias<br />
para reparar os mesmos, sob pena de<br />
a empresa distribuidora de gás proceder<br />
ao corte de fornecimento, caso<br />
12<br />
a respectiva reparação não tenha<br />
ocorrido dentro deste prazo.<br />
O que nos propomos fazer é um diagnóstico<br />
de todo o estado da instalação<br />
de gás, por forma a que a<br />
aquisição ou transmissão de propriedade<br />
de um imóvel se torne num<br />
processo mais transparente, ficando o<br />
cliente na posse de uma informação<br />
clara e fidedigna no que concerne ao<br />
Sónia Pinto<br />
estado e conformidade com a legislação<br />
em vigor da sua instalação de<br />
gás. Caso se verifique essa necessidade,<br />
serão propostas medidas correctivas<br />
para que o cliente possa tornar a<br />
sua instalação de gás mais segura.<br />
No final, e de acordo com todos os pontos<br />
verificados, é emitido um Relatório<br />
de Inspecção SAVE.
SAVE<br />
ITED<br />
Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios<br />
Importância da inspecção à rede<br />
de telecomunicações<br />
Apesar das infra-estruturas de telecomunicações<br />
não ser uma das infra-<br />
-estruturas primárias dos edifícios,<br />
assumem nos dias de hoje um papel<br />
preponderante no nosso quotidiano. A<br />
ligação a uma rede de informação,<br />
como a Internet, que nos permite o<br />
acesso a um alargado leque de conteúdos,<br />
é considerada como sendo de elevada<br />
importância para o bem estar de<br />
qualquer um de nós. De igual forma, a<br />
possibilidade de desfrutar de diversos<br />
programas culturais temáticos, de<br />
programas de informação ou pelo simples<br />
entretenimento através de canais<br />
televisivos, é vista como um sinónimo<br />
de conforto.<br />
Não menos importante é o desejo que<br />
temos, nos dias de hoje, de comunicar<br />
com outras pessoas que se encontram<br />
geograficamente longe. Todas<br />
estas necessidades que sentimos, de<br />
comunicar e de nos integrarmos numa<br />
comunidade de partilha, só podem ser<br />
satisfeitas através do uso das redes de<br />
telecomunicações que temos nos nossos<br />
lares. A evolução tecnológica dos<br />
últimos anos permitiu o aparecimento<br />
de um elevado conjunto de serviços<br />
disponibilizados pelos diversos operadores.<br />
No entanto, para que esses<br />
mesmos serviços cheguem com a devida<br />
qualidade aos diversos clientes, é<br />
necessário que as redes de telecomunicações<br />
tenham sido executadas correctamente<br />
e que estejam num bom<br />
estado de conservação.<br />
Ciente dessa importância, o serviço<br />
SAVE avalia em diversos parâmetros o<br />
desempenho das redes de telecomunicações<br />
das edificações.<br />
Pontos verificados<br />
As infra-estruturas de telecomunicações<br />
em edifícios podem ser divididas<br />
em duas partes: a rede de<br />
tubagens, e a rede de cablagem.<br />
A rede de cablagem é a rede respon-<br />
sável pela transmissão dos sinais eléctricos<br />
e é ela a parte activa da nossa<br />
infra-estrutura. Esta rede de cablagem,<br />
tipicamente, aparece de duas formas:<br />
uma que é a rede de pares de cobre,<br />
tradicionalmente destinada aos<br />
serviços de voz e de dados; e a outra é<br />
a rede de cabos coaxiais usualmente<br />
utilizados para a transmissão de<br />
serviços multimédia, como a televisão.<br />
A qualidade destas duas redes influencia<br />
directamente a qualidade dos<br />
serviços que chegam aos utilizadores,<br />
razão pela qual são alvos de verificação<br />
através da realização de ensaios com<br />
equipamentos de teste especificamente<br />
desenvolvidos para o efeito.<br />
Por sua vez, a rede de tubagens tem<br />
como principal função a protecção física<br />
da rede de cablagens, de forma a<br />
garantir o seu bom estado de conservação<br />
ao longo do passar do tempo.<br />
Em simultâneo, é esta rede que<br />
fornece o espaço necessário para o<br />
alojamento dos diversos equipamentos<br />
de telecomunicações, assim como permite<br />
o acesso aos operadores, para<br />
poder passar os seus cabos até à rede<br />
privada dos clientes.<br />
Por fim, é também verificada a rede de<br />
protecção da infra-estrutura de telecomunicações,<br />
dada a sua importância<br />
para escoar correntes indesejadas.<br />
Principais problemas detectados<br />
A maior parte dos problemas detectados<br />
deve-se ao facto das instalações já<br />
serem antigas, e já terem sofrido<br />
várias intervenções sem qualquer tipo<br />
de respeito pelas normas técnicas<br />
aplicáveis. Podemos ver, na Figura 3, o<br />
estado de uma caixa pertencente à coluna<br />
montante da rede de pares de<br />
cobre de um edifício. Para além da<br />
completa falta de arrumação, podemos<br />
ver a existência de cablagem da<br />
rede coaxial, que foi indevidamente<br />
passada por esta tubagem, atrofiando<br />
por completo a passagem de outras<br />
cablagens da infra-estrutura.<br />
Nuno Couto<br />
Na Figura 4, pode-se ver a incorrecta<br />
interligação de cabos coaxiais, onde ao<br />
invés de se fazer uso de um<br />
derivador/repartidor da rede coaxial,<br />
foi utilizado um ligador usado nas instalações<br />
eléctricas.<br />
Fig. 1 - Ensaio à rede coaxial<br />
Fig. 2 - Ensaio à rede de pares de cobre<br />
Fig. 3 - Mistura de Tecnologias (pares de<br />
cobre/cabos coaxiais)<br />
Fig. 4 - Incorrecta conexão de cabos coaxiais<br />
13<br />
T & Q 62-63
T & Q 62-63<br />
SAVE<br />
CEE- Certificação Energética de Edifícios<br />
A Certificação Energética de Edifícios<br />
(CEE) é um dos Sectores Técnicos da<br />
Área de Edificações do <strong>ISQ</strong>.<br />
A principal actividade do sector de CEE<br />
é a realização de acções de Fiscalização,<br />
no âmbito do SCE - Sistema de<br />
Certificação Energética de Edifícios e<br />
Qualidade do Ar Interior, acções essas<br />
que se destinam a apoiar a ADENE –<br />
Agência para a Energia.<br />
Para fazer face a este trabalho, exigente<br />
e muito técnico, o Sector de CEE<br />
conta actualmente com um grupo de<br />
dez colaboradores, distribuídos pela<br />
Delegação Norte e Sede. Com uma formação<br />
base em Engenharia Mecânica,<br />
estes colaboradores são Peritos Qualificados<br />
nas áreas do RCCTE, RSECE –<br />
Energia e RSECE – Qualidade do Ar<br />
Interior. Para intervenções mais específicas,<br />
dois destes Técnicos têm também<br />
o Curso de Termógrafo Nível I.<br />
Os Edifícios, destinados a Serviços<br />
e/ou Habitação, são a área de intervenção<br />
do sector de CEE, mais especificamente,<br />
nas vertentes do consumo<br />
energético e conforto térmico dos<br />
mesmos.<br />
Em relação aos Edifícios Novos existem<br />
três formas distintas de intervenção,<br />
em função da fase em que se encontre<br />
a sua edificação.<br />
A primeira fase é a de Projecto. Nesta<br />
fase, a intervenção terá como objectivos<br />
o cumprimento dos Regulamentos<br />
e, simultaneamente, a identificação<br />
de eventuais problemas de interligação<br />
entre as diferentes especialidades<br />
envolvidas.<br />
A segunda fase é a de acompanhamento<br />
de obra. Nesta fase, os objectivos<br />
prendem-se com a verificação do<br />
cumprimento dos projectos / cálculos<br />
iniciais.<br />
14<br />
Visto que qualquer obra é passível de<br />
sofrer algumas alterações, é vital que<br />
exista uma análise, crítica e construtiva,<br />
da evolução da mesma. Deste<br />
modo, compete ao sector de CEE, também,<br />
propor medidas que permitam<br />
ultrapassar as dificuldades encontradas,<br />
mantendo sempre o respeito<br />
pelos Regulamentos e o acordo da<br />
equipa projectista.<br />
João Reis<br />
A terceira e última fase é a da verificação<br />
final de obra. Esta intervenção tem<br />
por objectivo o levantamento técnico<br />
do que foi construído, comparando-o<br />
com o que foi projectado.<br />
O principal Regulamento que deve ser<br />
cumprido, no caso de construção de<br />
edifícios novos para Habitação, é o<br />
RCCTE – Regulamento das Caracterís-
ticas de Comportamento Térmico de<br />
Edifícios (Dec. Lei n.º 80/06). Com<br />
este novo regulamento, que anulou o<br />
Dec. Lei n.º 40/90, a área da Térmica<br />
de Edifícios deu um grande passo,<br />
tendo sido potenciada através do SCE<br />
e da classificação energética dos respectivos<br />
edifícios.<br />
Relativamente aos edifícios novos destinados<br />
a Serviços, o principal Regulamento<br />
a ser cumprido é o RSECE –<br />
Regulamento dos Sistemas Energéticos<br />
de Climatização de Edifícios (Dec.<br />
Lei n.º 79/06). Este Decreto anulou o<br />
Dec. Lei n.º 118 /98 que, até então,<br />
era referência para a especialidade de<br />
AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar<br />
Condicionado).<br />
O Sector de Certificação Energética de<br />
Edifícios (CEE) intervém no âmbito da<br />
Consultoria Técnica, através de análises<br />
Regulamentares e Qualitativas,<br />
onde tem como objectivo potenciar<br />
uma melhor classificação energética e<br />
um menor consumo de energia.<br />
Em edifícios novos para Habitação,<br />
para além da parte térmica, são realizados<br />
diferentes estudos para outras<br />
especialidades, tais como: o solar térmico<br />
e a sua relação com a água<br />
quente sanitária, outras energias renováveis,<br />
a ventilação natural ou mecânica<br />
e o aquecimento central. Todas<br />
estas especialidades são responsáveis<br />
por fornecer elementos para o RCCTE,<br />
o que implica a necessidade de um<br />
conhecimento transversal dessas<br />
matérias e a utilização de softwares<br />
específicos.<br />
Quanto aos edifícios novos destinados<br />
a Serviços, para além da parte de<br />
AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar<br />
Condicionado) e dos estudos para<br />
outras especialidades, referidos no<br />
parágrafo anterior, são também realizados<br />
estudos de iluminação, de con-<br />
sumo eléctrico dos principais componentes<br />
e a relação directa com a envolvente<br />
do edifício (parte térmica) e, para<br />
finalizar, a simulação dinâmica dos consumos<br />
energéticos, com a finalidade<br />
de fornecer elementos para o RSECE.<br />
Relativamente às intervenções de<br />
Consultoria Técnica do Sector de CEE<br />
em edifícios já existentes (não novos)<br />
poderão ser muito diversificadas, e<br />
estão directamente ligadas às solicitações<br />
que forem feitas. Damos como<br />
exemplos:<br />
Verificação do cumprimento de<br />
Regulamentos<br />
Análise de projecto das instalações<br />
/ construções<br />
Diagnóstico para indicação da<br />
origem de determinados problemas<br />
e apresentação de soluções<br />
Estudos energéticos que potenciem<br />
uma diminuição dos consumos<br />
e um aumento do conforto
T & Q 62-63<br />
SAVE<br />
O Ruído dos Outros<br />
Actualmente vivemos o dia a dia a uma<br />
velocidade estonteante.<br />
Com o regresso a casa, no final do dia,<br />
desejamos alguns momentos de lazer<br />
e serenidade, mas a realidade é bem<br />
diferente do esperado.<br />
Não sendo este um problema recente,<br />
muito contribuímos para o seu agravamento<br />
quando optámos por decorações<br />
minimalistas, abandonando a<br />
velha alcatifa e os sumptuosos reposteiros.<br />
Ensaios que determinam o nível de isolamento<br />
sonoro de uma habitação<br />
podem ser a garantia de conforto<br />
acústico que tanto ansiamos, fazendo<br />
a diferença na decisão de compra de<br />
uma habitação. Cada vez mais deixamos<br />
de nos encantar pelos equipamentos<br />
e acabamentos ditos de luxo e valorizamos<br />
as condições de conforto na<br />
nossa habitação, recordando sempre<br />
que os verdadeiros problemas são<br />
aqueles que estão encobertos.<br />
A qualidade acústica dos edifícios,<br />
locais onde passamos a maior parte do<br />
nosso tempo, seja em actividades de<br />
lazer, trabalho ou simples repouso, não<br />
é um mero aspecto circunstancial! É<br />
uma necessidade intrínseca dos tempos<br />
modernos e da evolução da qualidade<br />
de vida de todos nós.<br />
Na Tabela 1 estão exemplificados<br />
alguns dos ensaios aplicáveis a um<br />
edifício misto.<br />
O <strong>ISQ</strong> disponibiliza um conjunto de<br />
ensaios que determinam os níveis de<br />
isolamento acústico podendo, deste<br />
modo, garantir a avaliação da qualidade<br />
acústica do espaço/habitação que<br />
pretende adquirir.<br />
16<br />
Tabela 1<br />
Âmbito Geral Parâmetros<br />
a ensaiar<br />
Acústica<br />
de Edifícios –<br />
isolamento<br />
sonoro<br />
Acústica de<br />
Edifícios –<br />
Equipamentos<br />
colectivos<br />
DnT,w<br />
L’nT,w<br />
D2mnT,w<br />
LAR, nT<br />
Normas a<br />
aplicar<br />
NP EN ISO 140-4<br />
EN ISO 717-1<br />
NP EN ISO 140-7<br />
EN ISO 717-2<br />
NP EN ISO 140-5<br />
EN ISO 717-1<br />
ISO<br />
16032:2004<br />
Legislação correspondente<br />
Portaria<br />
232/2008 de<br />
11 de Março<br />
Decreto-Lei<br />
96/08 de 09<br />
de Junho<br />
Cristina Leão<br />
Observações<br />
Ensaios de<br />
Determinação dos<br />
índices de isolamento<br />
sonoro a sons de condução<br />
aérea<br />
Ensaios de<br />
Determinação dos<br />
índices sonoro a sons<br />
de percussão<br />
Ensaios de isolamento<br />
sonoro a sons de condução<br />
aérea de<br />
fachadas<br />
Avaliação de Ruído<br />
particular de equipamentos<br />
colectivos do<br />
edifício
Águas e Saneamento<br />
O sistema de distribuição de água para<br />
consumo sofreu nos últimos anos uma<br />
renovação sem paralelo. Os investimentos<br />
públicos e privados nesta área<br />
foram consideráveis, tendo os objectivos<br />
do Plano Estratégico de Abastecimento<br />
de Água e de Saneamento de<br />
Águas Residuais - PEAASAR I (2000-<br />
2006) sido cumpridos na generalidade.<br />
A cobertura da rede de distribuição<br />
de água é neste momento<br />
superior a 95%, sendo de cerca de<br />
80% a drenagem de águas residuais.<br />
O Despacho n.º 2339/2007 de 14 de<br />
Fevereiro aprovou um novo Plano<br />
Estratégico de Abastecimento de Água<br />
e de Saneamento de Águas Residuais<br />
para 2007-2013, conhecido como<br />
PEAASAR II. Este plano dá relevância<br />
aos impactos ambientais e à valorização<br />
dos recursos ambientais, o que<br />
por si só incentiva a reabilitação das<br />
redes mais antigas e o controlo das<br />
recentemente construídas.<br />
Relativamente à taxa de perda de<br />
água, e de acordo com o PEAASAR II,<br />
assume-se como objectivo para o ano<br />
de 2013 que a percentagem de perdas<br />
dos sistemas de distribuição seja<br />
inferior a 20%. Este valor ainda só foi<br />
alcançado por uma pequena percentagem<br />
de municípios. O concelho do<br />
Porto, por exemplo, tem uma taxa de<br />
perda de água de 50%, a mais elevada<br />
Ricardo Bessa<br />
do grande Porto e mais elevada do que<br />
a média nacional, de 42%, que no<br />
entanto se encontra muito longe da<br />
média a atingir.<br />
O PEAASAR II propõe o combate e<br />
diminuição da taxa de ineficiência dos<br />
sistemas como a prioridade máxima<br />
para as entidades gestoras, uma vez<br />
que os custos desta ineficiência impedem<br />
as entidades gestoras de investir<br />
em outros sectores.<br />
No que diz respeito à qualidade da<br />
água, tem havido um esforço nacional<br />
no sentido de se realizarem todas as<br />
análises necessárias para aferir a qualidade<br />
da água.<br />
17<br />
T & Q 62
T & Q 62<br />
18<br />
O valor médio de cobertura da rede de<br />
drenagem de águas residuais, a nível<br />
nacional, é de cerca de 73%, muito<br />
abaixo dos 90% estipulados pelo<br />
PEAASAR I como objectivo para 2006.<br />
Este panorama não é favorável, pois<br />
significa que uma grande percentagem<br />
da população nacional ainda não tem<br />
ligação à rede pública de esgotos,<br />
existindo casos de descargas ilegais, o<br />
que se vem a reflectir na deterioração<br />
da qualidade das águas superficiais ou<br />
subterrâneas. Serão necessários<br />
grandes investimentos para minimizar<br />
o atraso existente ao nível da rede de<br />
esgotos.<br />
Em 2000, o <strong>ISQ</strong> teve um repto, para<br />
aplicar o know-how adquirido nas redes<br />
de gás à construção de redes de água.<br />
Assim, criámos uma equipa dedicada<br />
às águas e saneamento com técnicos<br />
da área gás, para fazer acompanhamento<br />
de inspecção de construção de<br />
redes de água, tendencialmente em PE<br />
e Aço, para concessionárias junto à<br />
Grande Lisboa. Rapidamente fomos<br />
chamados a intervir na gestão de<br />
obras, avaliação funcional de instalações<br />
e supervisão de comissionamento<br />
em várias concessionárias.<br />
Com o PEAASAR II, e indo de encontro<br />
ao cumprimento das metas de qualidade<br />
por este estipuladas, surge a neces-<br />
sidade das Concessionárias de<br />
Distribuição de Água avaliarem com<br />
maior rigor o estado de conservação<br />
das suas infra-estruturas de distribuição<br />
de água, podendo assim<br />
decidir com maior acuidade as<br />
soluções tecnica e economicamente<br />
mais adequadas a aplicar.<br />
O PEAASAR II apareceu no início de<br />
2007, altura em que o <strong>ISQ</strong> já tinha feito<br />
a sua reestruturação por Áreas, entre<br />
elas a Área das Edificações, da qual faz<br />
parte o sector G.A.S. - Gás, Águas e<br />
Saneamento.<br />
A Área de Edificações não ficou imune<br />
ao desafio que o novo Plano<br />
Estratégico das Águas apresenta e,<br />
reiterando o espírito inovador que tão<br />
bem a define, desenvolveu uma<br />
estratégia de expansão, a nível<br />
nacional, com o desenvolvimento das<br />
nossas actividades na Delegação<br />
Norte e no Pólo do Algarve e, a nível<br />
internacional, com uma participação<br />
em Cabo Verde. Esta expansão geográfica<br />
deixou-nos a sensação de que<br />
podíamos fazer mais, o que nos levou a<br />
novo estudo de mercado. Este estudo<br />
indicou-nos dois pontos críticos:<br />
O consumo de água per capita tem,<br />
nos últimos anos, apresentado uma<br />
ligeira tendência de subida
As fugas nas redes de distribuição<br />
(redes em baixa) têm um peso<br />
importante nos resultados das distribuidoras,<br />
estando estas obrigadas<br />
a uma eficiência de 80%<br />
(percentagem de água captada que<br />
é efectivamente utilizada e não perdida)<br />
No que diz respeito ao aumento de<br />
consumo per capita de água, o sector<br />
GAS alargou as competências adquiridas,<br />
ao nível da análise de projecto e de<br />
fiscalização das redes prediais edificadas,<br />
e sensibilizou os técnicos que<br />
vão estar na casa do cliente para a<br />
necessidade de promover a informação<br />
dos consumidores (cliente<br />
final), no sentido de diminuir o consumo<br />
de um recurso tão escasso, bem<br />
como de introduzirem em suas casas<br />
medidas que desincentivem o desperdício.<br />
No que diz respeito à falta de eficiência<br />
das redes de distribuição, pelo que nos<br />
foi possível verificar, esta tem origem<br />
na idade das tubagens, nas deficiências<br />
dos aparelhos de manobra e<br />
acessórios e em deficientes processos<br />
de instalação. O desconhecimento da<br />
localização dos pontos exactos de rotura<br />
bem como da sua contabilização ,<br />
leva a que sejam ainda encontrados<br />
valores superiores a 35% de perda de<br />
água em determinadas distribuidoras.<br />
O facto de as redes estarem enterradas<br />
a profundidades variáveis e de<br />
serem redes, na maior parte das<br />
instalações, malhadas, não torna fácil<br />
a detecção dos pontos de fuga. É possível<br />
saber que existe fuga pela<br />
medição dos caudais entrados e saídos<br />
nos troços, mas não a localização.<br />
Nesta área o GAS alargou as suas<br />
competências, tanto ao nível dos materiais<br />
das tubagens e acessórios (PP,<br />
PP corrugado, PVC, PE e Aço), como<br />
da gestão de projectos, não esquecendo<br />
a criação de uma equipa para<br />
detecção de fugas e análise do estado<br />
de conservação das condutas por<br />
inspecção vídeo.<br />
Neste momento o <strong>ISQ</strong> tem técnicos a<br />
colaborar com várias concessionárias,<br />
salientando-se a EPAL, Águas do<br />
Oeste, Águas do Algarve e Veolia -<br />
Águas de Valongo, em diversas actividades:<br />
Coordenação de Obras - Águas do<br />
Oeste<br />
Inspecção de Obras de Redes de<br />
Renovação da EPAL / DRA<br />
Inspecção de Obras de Novos<br />
Abastecimentos da EPAL / NVA<br />
Fiscalização de Redes Prediais da<br />
EPAL /NVA<br />
Assistência Técnica da Rede de<br />
Transporte de Água da EPAL /<br />
DPO<br />
Inspecção de Obras de<br />
Saneamento da Águas do Algarve<br />
Assistência Técnica e Inspecção<br />
Integrada na Simarsul<br />
Análise de projecto de redes prediais<br />
na Veolia - Águas de Valongo<br />
Fiscalização da Construção de<br />
Reservatórios de Água na Veolia -<br />
Águas de Valongo<br />
19<br />
T & Q 62
T & Q 62-63<br />
SAVE<br />
Avaliação Métrica<br />
20<br />
Todas as especialidades avaliadas num<br />
diagnóstico SAVE serão alvo de uma<br />
avaliação métrica, que ditará uma classificação<br />
detalhada ao nível de conservação<br />
do imóvel ou edifício. Tal classificação<br />
será expressa numa escala de 1<br />
a 5, de acordo com as classificações<br />
patentes na Tabela 1.<br />
A obtenção dos valores acima referidos<br />
provém de uma ponderação<br />
atribuída a cada um dos "sub-temas"<br />
de uma determinada especialidade,<br />
tendo em conta a Segurança, Funcionalidade<br />
e Estado de Conservação de<br />
um determinado elemento/compartimento<br />
ou especialidade, sendo esta<br />
conferida pela respectiva média ponderada.<br />
Os valores atribuídos às anomalias<br />
detectadas seguem o seguinte critério:<br />
1,0 - Anomalia Muito Grave<br />
2,0 - Anomalia Grave<br />
3,0 - Anomalia Média<br />
4,0 - Anomalia Ligeira<br />
5,0 - Sem anomalias<br />
Anomalia Muito Grave<br />
Segurança<br />
A segurança está gravemente afectada,<br />
existindo necessidade de<br />
intervenção urgente<br />
Não cumpre as disposições legais<br />
aplicáveis<br />
Funcionalidade<br />
A funcionalidade é reduzida<br />
(redução inferior a 30% da funcionalidade)<br />
Tabela 1<br />
Nelson Rocha<br />
Estado de Conservação<br />
O estado de conservação compromete<br />
imediatamente a funcionalidade<br />
e segurança<br />
O estado de conservação prejudica<br />
gravemente o aspecto visual<br />
Anomalia Grave<br />
Segurança<br />
A segurança está afectada, existindo<br />
perigo a médio prazo<br />
É necessária intervenção atempada<br />
(risco inferior a 30%)<br />
Funcionalidade<br />
A funcionalidade não está de acordo<br />
com as funções a que se destina<br />
A funcionalidade é reduzida<br />
(redução inferior a 50% da funcionalidade)<br />
Estado de Conservação<br />
O estado de conservação compromete<br />
a funcionalidade e segurança<br />
O estado de conservação compromete<br />
o aspecto visual<br />
Anomalia Média<br />
Segurança<br />
Prevê-se que a segurança possa<br />
estar em risco a médio prazo<br />
Existe risco de segurança, embora<br />
com repercussões residuais (risco<br />
inferior a 20%)<br />
Funcionalidade<br />
A funcionalidade já não se adapta<br />
completamente ao fim a que se<br />
destina (redução inferior a 70% da<br />
funcionalidade)<br />
Avaliação 5,00- 4,50 4,50- 3,50 3,50- 2,50 2,50- 1,50 1,50- 1,00<br />
Estado de<br />
Conservação<br />
Excelente Bom Médio Mau Péssimo
Estado de Conservação<br />
O estado de conservação começa a<br />
dar sinais de comprometer a funcionalidade<br />
e segurança<br />
O estado de conservação compromete<br />
o aspecto visual, embora de<br />
forma não preocupante<br />
Anomalia Ligeira<br />
Segurança<br />
Existem aspectos ligeiros a melhorar<br />
relativamente à segurança<br />
(risco inferior a 5%)<br />
Funcionalidade<br />
A funcionalidade já não se adapta<br />
completamente ao fim a que se<br />
destina (redução inferior a 85% da<br />
funcionalidade)<br />
Estado de Conservação<br />
O estado de conservação compromete<br />
o aspecto visual, embora de<br />
forma ligeira<br />
Sem Anomalia<br />
Segurança<br />
Sem risco relativamente à segurança<br />
Funcionalidade<br />
A funcionalidade adapta-se ao fim a<br />
que se destina (redução inferior a<br />
95% da funcionalidade)<br />
Estado de Conservação<br />
Estado de conservação óptimo<br />
Após a ponderação de cada elemento<br />
analisado, e tendo em conta uma<br />
média ponderada, obtém-se uma<br />
parametrização para cada especialidade,<br />
de acordo com o Exemplo da<br />
Figura 1.<br />
Figura 1 - Exemplo relativo à parametrização da área de construção civil<br />
(Relatório SAVE)
T & Q 62<br />
HOMO APREHENDIS<br />
e-Learning<br />
Estratégias para implementação<br />
A implementação do<br />
e-Learning nas organizações<br />
não se pode resumir<br />
à mudança do formato de<br />
entrega dos conteúdos. A<br />
introdução da tecnologia<br />
ao serviço da actividade<br />
formativa não caracteriza,<br />
por si só, uma mudança<br />
de paradigma. Uma<br />
mudança de paradigma<br />
pressupõe mudanças de<br />
comportamento, conceitos,<br />
valores e acções,<br />
bem como uma mobilização<br />
de todos os intervenientes<br />
no processo.<br />
A sua organização está preparada<br />
para a realidade virtual em programas<br />
de formação e desenvolvimento?<br />
Muitas organizações limitam a problemática<br />
da formação ao fornecimento<br />
de cursos, maioritariamente em salas<br />
22<br />
de formação, no formato presencial.<br />
Os indicadores de desempenho que utilizam<br />
são o número de horas dispendidas<br />
na actividade formativa, a quantidade<br />
de conteúdos administrados e o<br />
número de pessoas formadas. A implementação<br />
do e-Learning neste contex-<br />
Margarida Nunes<br />
to não se pode resumir à mudança do<br />
formato de entrega dos conteúdos,<br />
devendo ser acompanhada de<br />
mudanças no comportamento de<br />
quem adere a estas soluções pedagógicas.
No modelo de ensino convencional, a<br />
aquisição do conhecimento realiza-se<br />
através da transmissão. Caracteriza-<br />
-se pela ênfase atribuída à figura do formador,<br />
como fonte de informação. É<br />
ele quem determina o nível e ritmo da<br />
sessão de formação, os conteúdos e a<br />
metodologia e a avaliação. A comunicação<br />
é unilateral: as tarefas de aprendizagem<br />
são padronizadas, sem terem<br />
em consideração as diferenças individuais.<br />
Os formandos têm de trabalhar<br />
ao mesmo ritmo, repetir as mesmas<br />
informações e adquirir os mesmos<br />
conhecimentos, executando somente<br />
as actividades e tarefas propostas. Ou<br />
seja, o conhecimento é reproduzido e<br />
não construído.<br />
A introdução da tecnologia ao serviço<br />
da actividade formativa não caracteriza,<br />
por si só, uma mudança de paradigma.<br />
Uma mudança de paradigma pressupõe<br />
mudanças de comportamento,<br />
conceitos, valores e acções, bem como<br />
uma mobilização de todos os intervenientes<br />
no processo. A tecnologia é um<br />
complemento auxiliar e sinérgico, pelo<br />
que é um meio e não um fim.<br />
O e-Learning representa uma mudança<br />
de paradigma em relação à formação<br />
convencional, presencial.<br />
Existem diferenças em todas as etapas<br />
que constituem essas duas modalidades,<br />
tanto a nível formal como a<br />
nível de conteúdo e de exigências.<br />
Existe, também, uma mudança de<br />
papéis no formando e no formador:<br />
enquanto o primeiro vê aumentada a<br />
sua responsabilidade sobre a aprendizagem,<br />
sendo-lhe exigida uma postura<br />
mais activa, o segundo passa a ser<br />
um facilitador, devendo garantir<br />
condições para atingir os seus objectivos.<br />
A necessidade de definição de<br />
uma estratégia<br />
A adesão ao e-Learning implica a<br />
definição de uma estratégia de implementação<br />
cujo foco seja a preparação<br />
das pessoas para esta nova realidade.<br />
A simples exposição a um estímulo<br />
pode não surtir efeitos nas pessoas<br />
que a ele são expostas.<br />
Eboli (2001) afirma que as promessas<br />
da tecnologia aplicada à educação/<br />
formação, permitindo que as pessoas<br />
aprendam mais, melhor e de uma<br />
forma mais rápida, tornando-se mais<br />
competentes, são tão sedutoras que<br />
muitas vezes se tornam um fim em si<br />
mesmas e não um recurso.<br />
Esta autora apresenta algumas<br />
questões que coloca como aspectos-<br />
-chave a verificar antes da adesão ao e-<br />
-Learning, no sentido de aferir se a<br />
organização está preparada para a<br />
realidade virtual em programas de formação<br />
e desenvolvimento e qual a<br />
estratégia a adoptar:<br />
O número de pessoas a serem formadas<br />
é expressivo?<br />
As pessoas estão dispersas<br />
geograficamente?<br />
Há necessidade de deslocações e<br />
custos com estadas para acesso à<br />
formação?<br />
Qual a relação das pessoas com os<br />
computadores e a tecnologia?<br />
Qual a tipologia dos conteúdos a<br />
administrar (domínio cognitivo,<br />
comportamental ou psicomotor)?<br />
Existem recursos tecnológicos na<br />
organização?<br />
Os recursos responsáveis pela formação<br />
vêem a aprendizagem a distância<br />
como uma ameaça ao<br />
próprio trabalho ou como uma<br />
oportunidade de crescimento?<br />
Qual a percepção que têm da tecnologia<br />
as chefias e a direcção da<br />
organização?<br />
A preparação para o e-Learning<br />
Para que o e-Learning se traduza em<br />
benefícios para a organização, é<br />
necessário proceder a uma cuidada<br />
análise do contexto e planeamento da<br />
estratégia.<br />
Paralelamente, é necessário identificar<br />
as barreiras que a organização precisa<br />
de superar para implementar a sua<br />
solução de e-Learning. Neste âmbito,<br />
Hall (2001) realça três aspectos que<br />
deverão ser tidos em conta:<br />
Identificar as dimensões a considerar:<br />
Gestão de Topo, Stakeholders,<br />
Conteúdo, Tecnologia e Formandos<br />
Identificar os factores promotores<br />
e as barreiras para cada uma das<br />
dimensões<br />
Considerar as estratégias de implementação,<br />
definindo uma estratégia<br />
para o e-Learning alinhada com<br />
a visão, negócio, recursos e objectivos<br />
da organização<br />
O desenvolvimento da estratégia<br />
Existem vários caminhos para traçar a<br />
estratégia de implementação do e-<br />
-Learning na organização, devendo<br />
estes ser correlacionados com a experiência<br />
que a mesma tem neste<br />
domínio. Todos estes caminhos devem<br />
23<br />
T & Q 62
T & Q 62-63<br />
ser sustentados numa metodologia<br />
que passe pela análise, concepção,<br />
desenvolvimento, implementação e avaliação<br />
de todo o projecto.<br />
A selecção do conteúdo e da tecnologia<br />
São vários os operadores no mercado<br />
de e-Conteúdos, devendo partir da<br />
organização a selecção do fornecedor,<br />
tendo presente a sua necessidade.<br />
Esta necessidade pode ser restrita ao<br />
desenvolvimento de objectos de aprendizagem<br />
com suporte em conteúdos de<br />
que a organização dispõe internamente<br />
ou ao aperfeiçoamento técnico do<br />
próprio conteúdo para posterior elaboração<br />
dos objectos de aprendizagem.<br />
Outra hipótese é a aquisição de cursos<br />
disponíveis no mercado, que ofereçam<br />
resposta às necessidades formativas,<br />
sem custos adicionais de desenvolvimento,<br />
só de licenciamento.<br />
No que se refere à tecnologia, a organização<br />
deve auscultar se se justifica<br />
adquirir um Sistema de Gestão da<br />
Formação ou se o aluguer do mesmo<br />
dá resposta à necessidade de controlo<br />
da actividade formativa.<br />
A "venda" do e-Learning na organização<br />
A simples exposição a novas ferramentas<br />
para aprendizagem e actualização<br />
de conhecimentos pode não ser a<br />
solução para a utilização do e-Learning.<br />
Para que um programa neste âmbito<br />
tenha sucesso, é fundamental que seja<br />
assumido pela Gestão de Topo e aceite<br />
pelos Colaboradores (Utilizadores<br />
Finais). A implementação do e-Learning<br />
deve ser acompanhada de um Plano de<br />
Comunicação estratégico, envolvendo<br />
todos os intervenientes no mesmo.<br />
A mensuração dos resultados<br />
Existem vários modelos para mensuração<br />
dos resultados da implemen-<br />
24<br />
tação da estratégia de e-Learning. Não<br />
pretendendo expor um modelo, importa<br />
realçar que é importante a organização<br />
avaliar o impacto da estratégia de<br />
e-Learning assumida, nomeadamente<br />
ao nível dos resultados da aprendizagem,<br />
da velocidade da aprendizagem e<br />
da evolução manifestada pelos<br />
Colaboradores com a aplicação dos<br />
conhecimentos adquiridos.<br />
Mais do que a redução de custos, a<br />
aposta no e-Learning deve ter em<br />
conta dois importantes factores com<br />
impacto no ROI: a eficiência e a velocidade.<br />
A eficiência da resposta formativa<br />
está vinculada ao facto de o formando<br />
poder aprender o que necessita,<br />
quando necessita e na altura em que<br />
tem maior disponibilidade mental para<br />
o fazer.<br />
Em relação à velocidade, o e-Learning<br />
permite fornecer respostas flexíveis,<br />
just-in-time, facilmente controladas<br />
através do LMS (Learning Management<br />
Systems), a necessidades continuamente<br />
emergentes nos actuais<br />
contextos organizacionais. Paralelamente,<br />
o LMS facilita a exportação do<br />
conhecimento organizacional, fazendo<br />
crescer o valor intangível do e-Learning.<br />
Desta forma, o tradicional conceito de<br />
ROI, tendencialmente focado na<br />
redução de custos (mais facilmente<br />
quantificável), passa a focar-se na criação<br />
de valor, ou seja, o retorno do<br />
investimento em aspectos como a<br />
melhoria do nível da organização, o<br />
posicionamento face à concorrência e<br />
o desenvolvimento da capacidade de<br />
inovação e de resposta rápida às<br />
imposições do mercado.<br />
A sua organização está pronta<br />
para o e-Learning?<br />
Deixo-vos com esta questão... A<br />
questão a que todos os que desejam<br />
aderir ao e-Learning devem conseguir<br />
responder...<br />
O e-Learning é muito mais do que a utilização<br />
das tecnologias de informação<br />
e comunicação na actividade formativa.<br />
Preparar o terreno para a implementação<br />
da estratégia de e-Learning adequada<br />
à sua organização é o primeiro<br />
obstáculo com que se vai deparar,<br />
obstáculo esse que deve ser transformado<br />
em desafio.<br />
Ao assumir que a sua estratégia formativa<br />
passa pelo e-Learning, inicie o seu<br />
projecto ponderando os seguintes<br />
aspectos:<br />
O que procuro?<br />
Ter a noção exacta das necessidades<br />
da organização.<br />
Qual o tipo de fornecedor de que preciso?<br />
Preciso de um fornecedor de conteúdos?<br />
Preciso de um fornecedor que<br />
desenvolva os objectos de aprendizagem?<br />
Preciso de um fornecedor com uma<br />
grande capacidade de resposta?<br />
Preciso de um fornecedor com<br />
soluções/ abordagens flexíveis?<br />
Preciso de um Sistema de Gestão<br />
da Formação?<br />
Tenho um Sistema de Gestão da<br />
Formação e só preciso de consultoria<br />
para o desenvolvimento de conteúdos<br />
e manutenção do sistema?<br />
Onde posso encontrar o que preciso?<br />
O mercado do e-Learning em<br />
Portugal é um mercado em crescimento,<br />
constituído por diversos<br />
operadores com abordagens distintas<br />
no que se refere ao foco da<br />
solução pedagógica. Confronte a<br />
oferta com aquilo de que necessita<br />
e não resuma a sua opção ao que<br />
lhe apresentam, pois a "melhor"<br />
solução para a generalidade das<br />
organizações pode não ser a mais<br />
eficaz para o seu caso específico.
T & Q 62<br />
EDIFICAÇÕES<br />
REN Gasodutos<br />
O DESAFIO<br />
Desde 1993, o <strong>ISQ</strong> tem vindo a participar<br />
com grande envolvimento nas<br />
infra-estruturas de gás natural em<br />
Portugal.<br />
É com bastante regozijo que podemos<br />
dizer que o <strong>ISQ</strong> se encontra presente<br />
de forma transversal em vários projectos<br />
ligados ao gás natural, com particular<br />
destaque para o contributo dado<br />
ao nível do Gasoduto Nacional,<br />
Armazenagem Subterrânea, Unidades<br />
Autónomas de Regaseificação de Gás<br />
Natural, Estações de Compressão de<br />
Gás Natural e das Redes de<br />
Distribuição e Utilização.<br />
Ao longo destes 15 anos de envolvimento<br />
com a indústria do gás, em<br />
Portugal, tem vindo a ser solicitado ao<br />
<strong>ISQ</strong> um maior grau de participação<br />
dentro da cadeia de valor, quer ao nível<br />
do desenvolvimento, quer ao nível de<br />
construção das infra-estruturas.<br />
O Gasoduto Nacional é sem dúvida um<br />
projecto emblemático e exemplar a<br />
nível nacional, no qual o <strong>ISQ</strong> se orgulha<br />
de ter tido participação activa.<br />
Inicialmente o <strong>ISQ</strong> começou por<br />
prestar trabalhos de 3ª parte (certificação)<br />
para a Transgás.<br />
Com a evolução dos projectos da rede<br />
de transporte de gás natural em<br />
Portugal e com o maior envolvimento<br />
de diversos técnicos do <strong>ISQ</strong> na construção<br />
da mesma, foi-nos sendo solicitada<br />
maior participação, com um grau<br />
de responsabilidade cada vez maior.<br />
Com a mudança de filosofia do sector<br />
Energético em Portugal em 2007 e<br />
com o aparecimento da REN Gasodutos,<br />
pertença da Rede Energética<br />
Nacional, mais uma vez foi feito um<br />
novo desafio ao <strong>ISQ</strong> para uma nova<br />
forma de colaboração nos novos projectos<br />
que vão ter lugar no próximo<br />
biénio.<br />
Assim, o <strong>ISQ</strong> envolveu-se com a REN<br />
Gasodutos ao nível das seguintes espe-<br />
26<br />
cialidades:<br />
Consultoria de Engenharia<br />
Revisão de Especificações<br />
Envolvimento ao Nível da Operação<br />
de Gasodutos<br />
Verificação de Materiais e<br />
Equipamentos durante a sua<br />
construção<br />
Chefia de Projectos<br />
Direcção de Obra<br />
Inspecção / Fiscalização de obras,<br />
em todas as vertentes<br />
De salientar que, durante 2008, o <strong>ISQ</strong><br />
iniciou este projecto com 4 elementos,<br />
tendo neste momento uma equipa de<br />
cerca de 19 pessoas que se distribuem<br />
pelas diferentes especialidades<br />
referidas.<br />
Tem sido um percurso evolutivo e complexo<br />
que redefiniu completamente o<br />
paradigma dos serviços prestados,<br />
que passaram da simples inspecção<br />
de qualidade, segundo normas<br />
Internacionais e Europeias bem como<br />
da legislação aplicável ao sector, para<br />
patamares onde impera a Gestão de<br />
Projectos e Direcção de Obra associados<br />
a todo o know-how existente no <strong>ISQ</strong><br />
ao nível tecnológico de construção<br />
mecânica e soldadura.<br />
Apesar de ser um projecto que se<br />
encontra no início, em que as<br />
Estêvão Leal<br />
primeiras obras se encontram na fase<br />
de conclusão, é possível desde já afirmar<br />
que tem sido um sucesso o acompanhamento<br />
das mesmas.<br />
No gasoduto para a Ar Líquido, em<br />
Estarreja, o <strong>ISQ</strong> esteve envolvido nas<br />
actividades de:<br />
Chefe de Projecto:<br />
- Luís Figueiredo (<strong>ISQ</strong>)<br />
Director de Obra:<br />
- Manuel Neves (<strong>ISQ</strong>)<br />
Inspecção/Fiscalização:<br />
- Jorge Castro (<strong>ISQ</strong>)<br />
- Abel Martins (<strong>ISQ</strong>)<br />
Inspecção da Intervenção em<br />
Carga:<br />
- Maria João Vaz (<strong>ISQ</strong>)<br />
- Tiago David (<strong>ISQ</strong>)<br />
Responsável pela operação do<br />
Gasoduto :<br />
- Rodrigo Cunha (<strong>ISQ</strong>)<br />
Com estes projectos da REN Gasodutos,<br />
mais uma vez o <strong>ISQ</strong>, e o departamento<br />
de G.Á.S. começam a preparar-<br />
-se para novos desafios que se adivinham,<br />
bem como para a internacionalização<br />
que pretende iniciar já em<br />
2009.
INDÚSTRIA<br />
Concepção das funções de segurança associadas<br />
aos sistemas de comando das máquinas SRP/CS<br />
A crescente automação<br />
industrial das últimas<br />
décadas veio colocar à<br />
indústria novos desafios,<br />
nomeadamente na concepção<br />
das funções de<br />
segurança associadas aos<br />
sistemas de comando das<br />
máquinas, os denominados<br />
SRP/CS - Safety-<br />
-related part of a control<br />
system.<br />
Com este artigo pretendo<br />
abordar, de uma forma<br />
genérica, os princípios de<br />
concepção de cinco estruturas<br />
de SRP/CS que<br />
cobrem requisitos específicos<br />
em condições de<br />
falha, assim como o cálculo<br />
dos níveis de fiabilidade<br />
de cada uma dessas<br />
estruturas, recorrendo<br />
para tal à metodologia<br />
das normas EN 954 / ISO<br />
13849, por serem as<br />
mais divulgadas e de<br />
maior aplicação pelas<br />
PME na concepção e fabricação<br />
de máquinas.<br />
1. Estratégia de segurança<br />
As máquinas devem estar aptas a<br />
cumprir a função a que se destinam<br />
nas condições previstas pelo fabricante<br />
e sem expor os utilizadores a riscos de<br />
acidente. A segurança duma máquina<br />
é, pois, função:<br />
a) Do conjunto de situações potencialmente<br />
perigosas por:<br />
Gravidade das consequências<br />
Probabilidade de ocorrência<br />
b) Do comportamento do sistema:<br />
Modo de avarias<br />
Sequências e/ou coincidências de<br />
eventos e situações perigosas<br />
c) Dos sistemas de manutenção e<br />
exploração:<br />
Políticas de manutenção<br />
Factores humanos<br />
Para isso, o fabricante deverá identificar<br />
e avaliar todos os riscos que<br />
podem existir na sua máquina, com o<br />
objectivo de:<br />
Eliminar ou reduzir os riscos<br />
Figura 1 – Diagrama de avaliação de<br />
riscos de acordo com a norma EN ISO<br />
12100-1<br />
José Gomes Ferreira<br />
Tomar medidas de protecção contra<br />
os riscos que não podem ser<br />
eliminados<br />
Informar os utilizadores dos riscos<br />
residuais<br />
1.1. Avaliação de Riscos<br />
A avaliação de riscos de uma máquina<br />
é realizada de acordo com a norma EN<br />
ISO 12100-1 e compõe-se das seguintes<br />
fases:<br />
a) Determinação dos limites da<br />
máquina devendo-se especificar:<br />
Layout<br />
Características da(s) máquina(s)<br />
Parâmetros funcionais<br />
Uso previsto<br />
b) Identificação dos fenómenos<br />
perigosos:<br />
Pretende-se identificar quais os fenómenos<br />
perigosos existentes numa<br />
máquina (e as respectivas causas),<br />
ao longo do seu ciclo de vida, considerando<br />
os casos previsíveis de utilização.<br />
b.1 - Funcionamento normal:<br />
Modos de comando<br />
Modos de alimentação e movimentação<br />
de materiais (carga/descarga)<br />
b.2 - Funcionamento deficiente:<br />
Falha de componentes ou dos circuitos<br />
(hardware, software)<br />
Perturbações externas (eg:<br />
choques, vibrações, campos electromagnéticos)<br />
Perturbação na alimentação de<br />
energia, etc.<br />
b.3 - Mau uso previsível:<br />
Comportamento anormal previsível<br />
(negligência)<br />
Comportamento reflexo em caso de<br />
mau funcionamento, de falha, etc.<br />
Comportamento resultante da aplicação<br />
da “lei do menor esforço”<br />
27<br />
T & Q 62-63
T & Q 62-63<br />
c) Medidas de prevenção do risco:<br />
Prevenção intrínseca<br />
• Funções de segurança associada<br />
aos sistemas de comando<br />
• Fiabilidade das funções de segurança<br />
• Segurança passiva<br />
Medidas de Protecção<br />
• Protectores<br />
• Dispositivos de protecção<br />
Medidas de informação, formação e<br />
organização<br />
• Instruções de utilização<br />
• Informação sobre os riscos residuais<br />
• Procedimentos de Segurança:<br />
- Modos de trabalho<br />
- Consignação dos equipamentos<br />
- Utilização de EPI<br />
• Qualificação dos operadores<br />
• Manutenção de condição<br />
1.2. Prevenção intrínseca<br />
A prevenção intrínseca consiste em<br />
adoptar medidas de segurança na fase<br />
28<br />
de concepção e tem por finalidade:<br />
a) Evitar ou reduzir os fenómenos<br />
perigosos, mediante:<br />
Prevenção do risco mecânico<br />
Princípio da acção mecânica positiva<br />
de um órgão sobre um outro<br />
Princípios ergonómicos<br />
Princípios de concepção de sistemas<br />
de comando<br />
Prevenção do risco eléctrico<br />
b) Limitar a exposição de pessoas aos<br />
fenómenos perigosos, pela redução da<br />
necessidade de intervenção do operador<br />
nas zonas perigosas, através de:<br />
Fiabilidade do equipamento<br />
Mecanização das operações de<br />
carga / descarga<br />
2. Princípios de concepção de sistemas<br />
de comando<br />
A estrutura do circuito do sistema de<br />
comando deve assegurar basicamente<br />
Tabela 1 - Requisitos de Segurança por categoria de Comando<br />
Requisitos/Categorias B 1 2 3 4<br />
Regras de arte Sim Sim Sim Sim Sim<br />
Componentes<br />
comprovados<br />
N/Requerido Sim Sim Sim Sim<br />
Princípios de Segurança N/Requerido Sim Sim Sim Sim<br />
Vigilância ou verificação N/Requerido Manual<br />
Periódica<br />
Automática<br />
a Intervalos<br />
S/Vigilância C/vigilância<br />
contínua contínua<br />
Perda da função segurança<br />
em caso de<br />
defeito único<br />
Possível Possível<br />
Possível se<br />
não detectada<br />
entre<br />
intervalos<br />
Não Não<br />
Detecção de defeito<br />
único<br />
Perda da função<br />
Nenhum<br />
Manual a<br />
intervalos<br />
Automático<br />
a intervalos<br />
Possível parcialmente<br />
Antes da<br />
próxima<br />
solicitação<br />
segurança por<br />
acumulação de defeitos<br />
Possível Possível Possível Possível Não<br />
Figura 2 - Categorias de sistema de comando de acordo com a norma EN 954-1<br />
que:<br />
a) Um defeito acidental no circuito de<br />
comando não produza:<br />
Impossibilidade de parar os elementos<br />
móveis<br />
Neutralização das protecções dos<br />
elementos móveis<br />
b) Uma variação ou interrupção de<br />
energia não produza:<br />
Arranque intempestivo dos elementos<br />
móveis<br />
Movimentos incontrolados de<br />
órgãos<br />
Perda de sujeição de peças<br />
As ordens de paragem tenham prioridade<br />
sobre as ordens de arranque<br />
Na concepção dos sistemas de comando<br />
devemos ter em consideração as<br />
seguintes técnicas:<br />
Arranque intempestivo: Deve ser evitado<br />
o arranque intempestivo de uma<br />
máquina, quando é realimentada após<br />
uma interrupção de energia, se daí<br />
puder resultar algum risco.<br />
Fiabilidade dos componentes: Os componentes<br />
das funções de segurança<br />
devem ser capazes de suportar as perturbações<br />
e constrangimentos em certas<br />
condições e durante um dado período<br />
de tempo sem avaria na função<br />
requerida.<br />
Duplicação/redundância dos componentes<br />
“críticos”: Permite a utilização<br />
de componentes não intrinsecamente<br />
seguros para a realização de uma<br />
função de segurança, com a condição<br />
de que em caso de falha de um componente,<br />
um outro (ou outros) possa(m)<br />
continuar a assegurar esta função,<br />
garantido assim o nível de segurança<br />
requerido.<br />
Vigilância automática: A vigilância<br />
automática tem por efeito desencadear<br />
uma acção de segurança, se<br />
diminuir a aptidão de um componente<br />
para desempenhar a sua função e/ou<br />
se as condições do processo forem<br />
modificadas de tal forma que provoquem<br />
um risco. As acções de segurança<br />
podem ser:<br />
A paragem do processo perigoso<br />
Evitar novo arranque após a<br />
primeira paragem posterior à falha
do componente<br />
A activação de um alarme<br />
Redundância + auto-controlo: A associação<br />
destas duas técnicas assegura,<br />
ao mesmo tempo, a disponibilidade e a<br />
segurança da máquina:<br />
Com o auto-controlo, um primeiro<br />
defeito é detectado obrigatoriamente<br />
a partir do fim do ciclo, o que<br />
impede a reactivação de um novo<br />
ciclo<br />
A redundância faz com que sobre o<br />
primeiro defeito, o funcionamento<br />
não seja interrompido e a função<br />
segurança seja mantida<br />
Figura 3 - Estrutura da norma ISO 13849-1<br />
Figura 4 - Matriz de risco da Norma EN ISO 13849-1<br />
3. Norma EN 954 - 1<br />
A norma EN 954 - 1 é baseada em 5<br />
categorias de sistemas de comando,<br />
obtidas através de uma matriz de classificação<br />
dos riscos (de I a V) versus<br />
categorias de comando (B a 4).<br />
A classificação dos riscos é função dos<br />
seguintes parâmetros: S: Gravidade da<br />
lesão; F: Frequência de exposição; P:<br />
Possibilidade de evitar o dano (Fig.2).<br />
Para cada categoria de comando<br />
podemos sintetizar requisitos de segurança<br />
como especificado na Tabela 1.<br />
4. Norma EN ISO 13849-1<br />
4.1. Estrutura (Figura 3)<br />
4.2. Determinação do nível de<br />
fiabilidade requerido (PL r )<br />
O nível de fiabilidade requerido (PLr )<br />
obtém-se através de uma matriz de<br />
risco (Fig. 4) onde os parâmetros de<br />
avaliação do risco (gravidade da lesão,<br />
frequência e duração da exposição e<br />
possibilidade de reduzir o risco) não se<br />
modificam em relação aos da Norma<br />
EN 954-1.<br />
Na matriz de risco da Norma ISO<br />
13849-1, os parâmetros de risco já<br />
não se traduzem em categorias de<br />
comando (EN 954-1), mas em níveis de<br />
fiabilidade (PL).<br />
A Tabela 2 indica-nos os níveis de fiabilidade<br />
PL, expressos com a probabilidade<br />
de falha grave por hora - PFH d .<br />
4.3 – Determinação do nível de<br />
fiabilidade (PL)<br />
Na determinação do nível de fiabilidade<br />
do sistema de segurança há que ter<br />
em conta os seguintes aspectos:<br />
Estrutura da SRP/CS<br />
(MTTFd ) - “tempo médio até uma<br />
falha perigosa” - dependente da categoria<br />
(DC) - “cobertura de diagnóstico” - a<br />
partir da categoria 2<br />
(CCF) - “Gestão das falhas por<br />
causas comuns” - a partir da categoria<br />
2<br />
4.3.1 – Estrutura da SRP/CS<br />
Para facilitar a quantificação do PL, a<br />
norma proporciona um método simplificado<br />
baseado na definição de cinco<br />
estruturas de SRP/CS já conhecidas,<br />
estabelecidas e comprovadas das<br />
várias categorias de comando que se<br />
aplicam na norma EN 954-1, que<br />
Tabela 2 - Níveis de Fiabilidade<br />
Probabilidade média<br />
PL<br />
de falhas por hora 1/h<br />
a 10-5 a 10-4 b 3 x 10-6 a 10-5 c 10-6 a 3 x 10-6 d 10-7 a 10-6 e 10-8 a 10-7 29<br />
T & Q 62-63
T & Q 62-63<br />
Figura 5 - Desenho de uma SRP/CS<br />
Figura 6 - Diagrama de blocos<br />
cobrem critérios de desenho e comportamentos<br />
específicos em condições de<br />
falha. As Figuras 5 e 6 são um exemplo<br />
de um resguardo de segurança<br />
com encravamento de uma máquina,<br />
cuja função de segurança é parar o<br />
órgão perigoso quando se abre o resguardo.<br />
4.3.2 - Cálculo do MTTF d<br />
As SRP/CS conservam sempre um<br />
potencial de falha residual de efeito<br />
crítico para a seguranca (o potencial de<br />
falha por coincidência de falhas<br />
perigosas). Daí haver necessidade de<br />
controlar o risco residual, ou seja, de<br />
reduzi-lo a um nível aceitável.<br />
O MTTFd é um indicador de qualidade<br />
que se refere à fiabilidade dos componentes<br />
e dispositivos de segurança de<br />
uma SRP/CS.<br />
O MTTFd é uma medida estatística que<br />
representa o tempo de funcionamento<br />
sem avarias previsto por ano. Na<br />
30<br />
norma só se têm em conta as avarias<br />
com um componente perigoso.<br />
Para o cálculo MTTFd temos a considerar<br />
duas distribuições diferentes de<br />
vida útil:<br />
a) Distribuição exponencial - típica dos<br />
componentes electrónicos.<br />
O cálculo do MTTFd é obtido, somando<br />
os valores de MTTFdi individuais dos<br />
componentes do SRP/CS.<br />
A soma compara-se com os valores da<br />
Tabela 3 para indicar a qualidade da<br />
segurança de um canal individual de<br />
um SRP/CS.<br />
b) Distribuição Weibull - típica de componentes<br />
afectados por desgaste.<br />
Para os componentes afectados por<br />
desgaste, como por exemplo os dispositivos<br />
electromecânicos, pneumáticos,<br />
óleo-hidráulicos e mecânicos, tem de se<br />
converter o valor do MTTFd através do<br />
cálculo do valor B10d. O fabricante proporciona o valor B 10d<br />
para o componente (valor em ciclos de<br />
funcionamento, em que estatisticamente<br />
10% das amostras analisadas<br />
são falhas perigosas).<br />
Este valor equivale a uma espécie de<br />
índice de capacidade do ciclo funcional,<br />
que valoriza a aceitabilidade da função<br />
de segurança segundo o método<br />
Weibull.<br />
O valor B10d converte-se no MTTFd<br />
tendo em conta as condições da aplicação<br />
(duração do uso e a solicitação<br />
média da função de segurança do componente<br />
correspondente).<br />
n op : Média de ciclos de funcionamento por ano<br />
4.3.3 – Cobertura de diagnóstico<br />
(DC)<br />
A Cobertura de diagnóstico (DC) é a<br />
qualidade de detecção de defeitos, ou a<br />
eficácia das medidas para detectar as<br />
falhas num SRP/CS.<br />
A norma apresenta uma tabela de<br />
medidas comprovadas para detecção<br />
de defeitos com os correspondentes<br />
valores DC expressos em percentagens.<br />
Com esses valores estima-se a cobertura<br />
de diagnóstico média - DCavg (que<br />
reflecte a qualidade da detecção de<br />
defeitos de todas as partes de cada<br />
canal) mediante a seguinte fórmula:<br />
Através da correspondência do DC avg<br />
na Tabela 4 obtém-se o nível de cobertura<br />
de diagnóstico dum SRP/CS.<br />
4.3.4 - Gestão de falhas por causa<br />
comum (CCF)<br />
A CCF aplica-se só em estruturas de 2<br />
canais a partir da categoria 2, posto<br />
que está destinado a prevenir falhas<br />
numa SRP/CS, com uma causa e um<br />
efeito comuns.<br />
Estas falhas podem produzir a activação<br />
de um modo de falha crítico em<br />
ambos os canais ao mesmo tempo, por<br />
Tabela 3 - MTTF d<br />
Denominação<br />
MTTF d<br />
Intervalo MTTFd<br />
Baixo 3 anosMTTF d < 10anos<br />
Médio 10 anosMTTF d < 30anos<br />
Alto 30 anosMTTF d < 100anos<br />
Tabela 4 - Cobertura de diagnóstico (DC)<br />
da SRP/CS<br />
Denominação da<br />
DC<br />
Intervalo DC<br />
Nenhum DC < 60%<br />
Baixo 60% DC < 90%<br />
Médio 90% DC < 99%<br />
Alto 99% DC
exemplo, como consequência de um<br />
relâmpago (sobre tensão), afectando<br />
as saídas de semicondutores redundantes<br />
e produzindo como resultado a<br />
incapacidade de ambos os canais se<br />
abrirem ou fecharem. A forma mais<br />
fácil de analisar as medidas de prevenção<br />
de falhas CCF é a aplicação da<br />
Tabela 5 , cujo objectivo é atingir os 65<br />
pontos como mínimo.<br />
4.3.5 – Procedimento simplificado<br />
de cálculo do PL<br />
A Tabela 6 e/ou a Figura 7 permite-<br />
-nos obter graficamente o valor do nível<br />
de fiabilidade (PL) e compará-lo com o<br />
nível de fiabilidade requerido (PLr ) obtido<br />
através da matriz de risco descrito<br />
no ponto 4.2.<br />
5. Conclusões<br />
A norma ISO 13849 - 1 é um precioso<br />
auxiliar para o projectista de máquinas,<br />
no estabelecimento de uma estratégia<br />
de segurança coerente e integrada na<br />
concepção das funções de segurança<br />
associadas aos sistemas de comando<br />
das máquinas, e surge da necessidade<br />
de colmatar algumas das limitações<br />
apontadas à EN 954 - 1, nomeadamente,<br />
o facto de o seu enfoque determinístico<br />
e risco residual ser idêntico<br />
para todas as categorias de comando,<br />
independentemente do grau de risco<br />
associado. Por sua vez, a norma EN ISO<br />
13849-1 baseia-se em aspectos determinísticos<br />
e probabilísticos, substituindo<br />
as categorias de comando por níveis<br />
de fiabilidade, mas mantendo as cinco<br />
estruturas de SRP/CS que se aplicavam<br />
na norma EN 954-1.<br />
Referências<br />
EN ISO 12100 - 1 – Segurança de<br />
máquinas - Análise de riscos.<br />
EN 954 - 1: 1997- 06: Segurança de<br />
máquinas – Categorias de comando.<br />
Tabela 5 - Gestão de falhas por causa comum (CCF)<br />
Medidas de prevenção de falhas por causa comum (CCF)<br />
Separação das vias de sinal 15 pontos<br />
Diversificação 20 pontos<br />
Protecção ante sobre tensões ou sobrepressão 15 pontos<br />
Componentes comprovados 5 pontos<br />
FMEA (análise de modos e efeitos de falha) 5 pontos<br />
Competência/ formação do desenhador 5 pontos<br />
Compatibilidade electromagnética 25 pontos<br />
Temperatura, humidade, choques, vibrações, etc. 10 pontos<br />
Tabela 6 - Relação entre categorias DC, MTTF d e PL<br />
Categoria B 1 2 2 3 3 4<br />
DC avg nenhum nenhum baixo médio baixo médio alto<br />
MTTF d<br />
Baixo a * a b b c *<br />
Médio b * b c c d *<br />
Alto * c c d d d e<br />
ISO/FDIS 13849- 1: 2006<br />
Segurança de máquinas – Funções<br />
de segurança associadas aos sistemas<br />
de comando das máquinas -<br />
SRP/CS, Parte 1: Princípios gerais<br />
para o desenho. Figura 7 - Relação entre categorias DC, MTTF d e PL<br />
31<br />
T & Q 62-
T & Q 62-63<br />
Ao falar da Energia Nuclear em<br />
Portugal, convinha começar por fazer<br />
uma breve abordagem histórica deste<br />
tema que não tem tido um espaço de<br />
discussão séria no universo Português<br />
e que, por isso, é desconhecido das<br />
gerações com menos de 50 anos. De<br />
facto, esta forma de Energia há muito<br />
que é estudada em Portugal e pena é<br />
que as valências criadas ao longo de<br />
muitos anos se tenham perdido,<br />
porque o tema se tornou tabu durante<br />
cerca de três décadas.<br />
Na velha Faculdade de Ciências da<br />
Universidade de Lisboa, faziam-se estudos<br />
teóricos sobre o Nuclear, conduzidos<br />
pela Professora Branca Edmée<br />
Marques, que fora Assistente de Marie<br />
Curie no Laboratório Curie do Instituto<br />
de Radioquímica em Paris, durante<br />
três anos, onde demonstrou uma<br />
capacidade excepcional para a experimentação<br />
nestes domínios e onde fez<br />
o seu doutoramento em 1935 (dois<br />
anos após a morte de Marie Curie).<br />
Regressada a Portugal, forma na<br />
Faculdade de Ciências o Laboratório<br />
de Radioquímica que se tornaria, mais<br />
tarde, no Centro de Estudos de<br />
Radioquímica da Comissão de Energia<br />
Nuclear, órgão de que foi Directora até<br />
ser jubilada. A Professora Branca<br />
Edmée Marques soube rodear-se de<br />
uma excelente equipa, que continuou,<br />
durante muitos anos, o trabalho deixado<br />
pelo exemplo desta grande mulher<br />
que parece ter nascido fora do tempo,<br />
pelo menos em Portugal.<br />
A Professora Branca Edmée Marques,<br />
apesar de ter feito o doutoramento<br />
vinte anos antes, passou por todos os<br />
degraus da carreira académica e só<br />
veio a tornar-se Professora Catedrática<br />
em 1954. A sua nomeação<br />
acabou por ser oficializada apenas em<br />
1966, aquando da abertura de uma<br />
vaga. Minha Professora nos anos<br />
sessenta - mais precisamente em<br />
1967, um ano após a nomeação como<br />
32<br />
I&D<br />
Professora Catedrática -, recordo-a<br />
como uma pessoa de hábitos espartanos,<br />
que chegava todos os dias de<br />
eléctrico e era uma referência para<br />
toda a gente e, sobretudo, para o<br />
corpo docente e discente da velha<br />
Faculdade. No Laboratório por ela criado,<br />
no Departamento de Química, fazia<br />
Dias Lopes<br />
A opção nuclear deve ser discutida em Portugal<br />
sem mais demoras e sem preconceitos!<br />
experimentação em processos e, no<br />
Programa de Química Inorgânica de<br />
então, ensinava aos alunos como é que<br />
se extraía Urânio do minério que abunda<br />
no nosso país, pois fomos durante<br />
anos exportadores desta fonte de produção<br />
energética.
Paralelamente, o Governo de então<br />
forma, em Junho de 1954, a Junta de<br />
Energia Nuclear (JEN) e, logo de seguida,<br />
em 1955, cria o LFEN - Laboratório<br />
de Física e Energia Nuclear. O primeiro<br />
Reactor Nuclear (ainda hoje activo, foi<br />
recentemente objecto de uma obra de<br />
manutenção para permitir a continuidade<br />
do seu funcionamento)<br />
entrou em actividade em 1961 (a obra<br />
fora adjudicada em 1957) e atingiu a<br />
potência máxima de 1 MW, em 1963.<br />
Ao tempo, era intenção do Governo<br />
prosseguir os estudos nesta área, de<br />
modo a instalar uma Central Nuclear<br />
que produzisse Energia a custos mais<br />
baixos. Na área Científica, por exemplo,<br />
o Professor Veiga Simão fez o seu<br />
Doutoramento na Área Nuclear.<br />
Há poucos anos houve uma reconversão<br />
do que restou do LFEN, entretanto<br />
transformado em INETI. Esta reconversão<br />
não contemplou a valência<br />
Nuclear, que se transformou no ITN -<br />
Instituto de Tecnologia Nuclear, embora<br />
com competências mais reduzidas,<br />
relativamente aos anos sessenta. Há<br />
que recordar as valências criadas<br />
antes, o retrocesso dos anos setenta e<br />
o posterior abandono da Opção<br />
Nuclear.<br />
Na SOREFAME e na MAGUE, no final<br />
dos anos sessenta e início dos anos<br />
setenta, foram criadas estruturas<br />
para o projecto e construção de<br />
equipamentos ligados ao nuclear. Tive<br />
a oportunidade de, em 1972, quando<br />
comecei a trabalhar na SOREFAME<br />
como jovem engenheiro, estudar<br />
muitos dos documentos desses projectos.<br />
Não quero ser pretensioso ao<br />
abordar este tema, pois não era mais<br />
do que um dos cerca de quatrocentos<br />
quadros superiores que então aí trabalhavam<br />
(e, no meu caso, tinha<br />
acabado de sair da Universidade), mas<br />
deu-me a possibilidade de pelo menos<br />
me aperceber que era possível fazer<br />
algo que, na altura, estava no topo da<br />
tecnologia e do conhecimento.<br />
As áreas da Engenharia da Qualidade<br />
tiveram, nesses anos, um avanço significativo<br />
em Portugal. A SOREFAME e a<br />
MAGUE investiram, nos seus Quadros,<br />
em Projecto e em meios de fabricação,<br />
valores substanciais que permitiriam<br />
uma aquisição e transferência de<br />
Tecnologia ao nível do que se fazia nos<br />
Países que já detinham essa<br />
Tecnologia.<br />
Mas nem tudo se perdeu nessa altura,<br />
pois a SOREFAME fabricou parte dos<br />
equipamentos para o Programa<br />
Nuclear Francês (e.g., Caixas de<br />
Escape e Corpos de Baixa Pressão,<br />
onde foi necessário inovar ao nível dos<br />
processos de fabricação). Anos antes,<br />
a SOREFAME tinha fabricado e montado<br />
uma grande parte da Ponte sobre<br />
o Tejo em Lisboa (na primeira metade<br />
dos anos sessenta).<br />
A OPÇÃO DO NUCLEAR<br />
Nos anos setenta, Portugal detinha<br />
recursos naturais (Urânio e processos<br />
de enriquecimento), conhecimento e<br />
capacidade produtiva, em toda a<br />
cadeia de valor - desde a Física<br />
Nuclear, iniciada cerca de quarenta<br />
anos antes pela Professora Branca<br />
Edmée Marques e continuada pela<br />
sua equipa de Investigação, à capacidade<br />
de Produção instalada na SORE-<br />
FAME e na MAGUE -, sendo, por isso,<br />
capaz de encarar a opção Nuclear,<br />
cujos custos de produção de energia<br />
são, ainda hoje, mais baixos, mesmo<br />
tendo em conta o problema dos resíduos.<br />
No entanto, e por razões conjunturais,<br />
este projecto foi abandonado há<br />
cerca de trinta anos.<br />
Os restantes países Europeus investiram<br />
e continuam a investir nesta<br />
forma de Energia, tendo Portugal ficado<br />
para trás, optando pelos investimentos<br />
nos recursos fósseis, mesmo<br />
já depois da crise do Petróleo de<br />
1973 - que viria a repetir-se no início<br />
dos anos oitenta - e que fazia antever<br />
uma crise energética a médio prazo.<br />
A questão da segurança das<br />
Instalações de Produção de Energia<br />
Nuclear não impediu o investimento<br />
maciço da Europa Ocidental e dos<br />
Países do Leste Europeu. Se sobrepusermos<br />
um mapa das Instalações<br />
em serviço ainda hoje sobre o mapa da<br />
Europa, pode-se verificar que a nossa<br />
vizinha Espanha tem duas Centrais a<br />
cerca de 50 km de Madrid e, em<br />
França, onde a densidade destas<br />
Instalações é bastante maior, a maioria<br />
encontra-se relativamente próxima<br />
dos centros consumidores. Portugal<br />
importou, durante décadas, energia de<br />
França - onde o Nuclear é dominante e<br />
onde havia excedentes de produção.<br />
Será que todos esses países são suicidas,<br />
ao instalar nas seus limites territoriais<br />
Centrais Nucleares? Seria, no<br />
mínimo, irrealista, pensar que os diversos<br />
Países são irresponsáveis. O problema,<br />
muitas vezes enunciado, é o de<br />
que a construção de centrais<br />
Nucleares deveria ser feita no litoral,<br />
para permitir a instalação dos sistemas<br />
de arrefecimento do vapor<br />
vindo das turbinas, mas que se tratam<br />
de zonas geologicamente de alto risco.<br />
Contudo, o arrefecimento pode ser<br />
feito através de torres comuns, em<br />
Centrais Térmicas, com grande parte<br />
dessa água a operar em circuito fechado.<br />
Hoje, quando a opção Nuclear se torna<br />
cada vez mais uma necessidade, não<br />
só para produzir Energia Eléctrica,<br />
mas também para obter hidrogénio a<br />
baixo custo, tão necessário para<br />
preencher o hiato de outras formas de<br />
energia que representam cerca de<br />
75% do consumo total, seria<br />
necessário começar do zero e, se não<br />
houver cuidado em criar uma fileira (se<br />
a opção passar por uma fracção<br />
Nuclear de 20 ou 25%), à semelhança<br />
do que se está a fazer com a Energia<br />
Eólica, poder-se-á perder mais uma<br />
oportunidade, como muitas outras.<br />
A UE anunciou, através do respectivo<br />
Comissário Europeu para a Energia,<br />
Andris Pielbalgs, que os Países membros<br />
devem pelo menos discutir esta<br />
33<br />
T & Q 62-63
opção nas suas estratégias de produção<br />
de energia, por forma a diminuir<br />
as emissões de CO2 e a dependência<br />
de Países e mercados de alto risco.<br />
Se Portugal não o fizer, será mais uma<br />
vez um País adiado nas soluções que<br />
deve tomar, com o devido tempo, e os<br />
exemplos são muitos, como o Alqueva,<br />
o Novo Aeroporto de Lisboa, as<br />
Plataformas Logísticas como o Eixo<br />
Sines - Beja, a rede Ferroviária, ou,<br />
mesmo, repensar o Projecto de Foz<br />
Côa.<br />
Há muitos interesses pessoais e privados,<br />
escondidos nos chamados espíritos<br />
"verdes" e, se tivermos de esperar<br />
pela Quarta Geração do Nuclear<br />
(ITER), que ainda vai demorar pelo<br />
menos mais quarenta anos até ser<br />
comercializada, vamos pagar bem<br />
caro o atraso sucessivo de resoluções<br />
adiadas, sem ao menos fazermos uma<br />
discussão séria deste problema, facto<br />
que nos fará recuar até níveis de<br />
desenvolvimento dos mais baixos da<br />
OCDE e que irá seguramente hipotecar<br />
o futuro das novas gerações, que<br />
tanto têm sofrido ultimamente com o<br />
desemprego ou a precariedade, sem<br />
objectivos de vida definidos.<br />
ENERGIAS RENOVÁVEIS<br />
Portugal tem investido, e bem, nas<br />
chamadas Energias Renováveis e deverá<br />
fazê-lo até ao limite considerado rentável,<br />
i.e., tendo em conta que o apoio<br />
Estatal terá um fim. A aposta nesta<br />
fileira, sobretudo a do Grupo EDP, foi<br />
estrategicamente bem pensada,<br />
dando a Portugal a possibilidade de<br />
criar valor e conhecimento.<br />
Ainda existem muitas outras fontes<br />
por explorar, mas terão de, mais cedo<br />
ou mais tarde, se posicionarem com<br />
as alternativas existentes. Não se<br />
pode, em Portugal, deixar de utilizar os<br />
meios de transporte particulares, pois<br />
qualquer transformação que se opere<br />
neste sector demora, seguramente,<br />
mais de dez anos. Qualquer transformação<br />
de fundo que se pretenda no<br />
modelo de transportes usado actualmente<br />
pelos Portugueses, ou seja, o<br />
automóvel privado, terá inevitavel-<br />
pub britográfica<br />
mente uma reacção negativa da população<br />
e será, no mínimo, considerada<br />
demagógica.<br />
Se o Governo não quer, por motivos<br />
políticos ou financeiros, iniciar esta discussão,<br />
deverá deixar liberdade aos<br />
privados para o fazer e não deverá<br />
obstruir soluções que se venham a<br />
colocar, a curto prazo, acautelando<br />
que os estudos de impacto ambiental,<br />
ou outros, venham a ser realizados por<br />
entidades terceiras (não Nacionais),<br />
pois o nosso sistema actual não é suficientemente<br />
independente para o<br />
fazer.<br />
A União Europeia está pronta a iniciar<br />
esta discussão e o mínimo que devemos<br />
fazer é participar nela, pois os<br />
nossos recursos em energia são<br />
reduzidos e totalmente dependentes<br />
de outros Países.<br />
E, ironia do destino, Portugal foi no passado<br />
exportador de Urânio e possui<br />
ainda reservas para fazer face ao<br />
potencial consumo.
END<br />
As crescentes exigências, tanto na produção<br />
como na manutenção, têm colocado<br />
desafios no sentido de desenvolver<br />
técnicas de inspecção não destrutiva<br />
cada vez mais rápidas e fiáveis. De<br />
entre estas, as técnicas de Ultra-sons<br />
têm sofrido desenvolvimentos significativos<br />
com a emergência de novas técnicas,<br />
como, por exemplo: ElectroMagnetic<br />
Acustic Transducer - EMAT, Guided<br />
Waves - GW, Time of Flight Diffraction-<br />
ToFD e Phased Array - PA.<br />
Neste artigo apresenta-se o estado de<br />
arte destas técnicas, as vantagens e<br />
inconvenientes que cada uma apresenta,<br />
bem como exemplos de aplicações<br />
industriais.<br />
Palavras-Chave: Ultra-sons; Transdutor<br />
Acústico Electromagnético - EMAT;<br />
Ondas Guiadas - GW; Tempo de<br />
Percurso da Onda Difractada - ToFD;<br />
Phased Array - PA.<br />
BREVE NOTA HISTÓRICA<br />
Como ensaio não destrutivo e com o<br />
objectivo de verificar a integridade de<br />
materiais, a aplicação dos ultra-sons<br />
data de 1929, quando Solokov e<br />
Mulhauser utilizaram a técnica de<br />
transmissão para a detecção de<br />
defeitos.<br />
A grande revolução dos Ensaios Não<br />
Destrutivos (END) e a sua indiscutível<br />
importância como ferramenta de produção<br />
ocorreu durante a 2ª Guerra<br />
Mundial, como resultado do elevado<br />
número de fracturas do tipo frágil dos<br />
navios Liberty, levando à necessidade<br />
de testar e melhorar as propriedades<br />
dos materiais.<br />
Esta exigência resultou numa vasta aplicação<br />
dos métodos existentes até<br />
então e impulsionou o aparecimento de<br />
novas técnicas.<br />
É nesta altura que ocorre também o<br />
desenvolvimento dos ultra-sons, quan-<br />
Liliana Silva Pedro Barros Luísa Quintino Rosa Miranda<br />
Avanços Recentes na Inspecção por<br />
Métodos Não Destrutivos<br />
do, em 1940, Firestone desenvolve um<br />
equipamento que já se baseava na<br />
reflexão de impulsos. Desde então, o<br />
crescimento não tem parado, observando-se<br />
a utilização de: ondas transversais,<br />
ondas superficiais, ensaios de<br />
imersão, ensaios com registo, ToFD,<br />
Phased Array, etc..<br />
Actualmente, os ultra-sons, como<br />
ensaio não destrutivo, são aplicados<br />
com o objectivo de detectar descontinuidades<br />
existentes no interior das<br />
peças, o que constitui uma das características<br />
que tornam este método bastante<br />
vantajoso, quando comparado<br />
com outras técnicas baseadas em<br />
diferentes princípios físicos.<br />
AS TÉCNICAS AVANÇADAS<br />
1.Transdutor Acústico<br />
Electromagnético - EMAT<br />
Tradicionalmente, a técnica de Ultra-<br />
-sons utiliza um transdutor piezoeléctrico<br />
para gerar ondas ultra-sonoras no<br />
material a ensaiar. É aplicada uma corrente<br />
eléctrica ao cristal piezoeléctrico,<br />
que é convertida em impulsos mecânicos.<br />
Para transmitir este impulso<br />
mecânico à peça, é necessário um elemento<br />
acoplante, tal como água, óleo,<br />
glicerina, etc.. A necessidade do<br />
acoplante pode, em alguns casos, inviabilizar<br />
a aplicação desta técnica. A técnica<br />
de Transdutor Acústico Electromagnético<br />
- EMAT apresenta distintas vantagens,<br />
permitindo gerar ultra-sons<br />
sem necessitar de estar em contacto<br />
com a superfície do material e sem elemento<br />
acoplante, através da interacção<br />
entre o campo magnético e as correntes<br />
de Eddy, que são induzidas no<br />
material [1] por meio de um íman e de<br />
uma bobine (Figura 1).<br />
A excitação acústica electromagnética<br />
dos Ultra-sons pode ocorrer através de<br />
dois princípios físicos: a indução de<br />
forças de Lorentz e o efeito<br />
Magnetoestrictivo, ou a combinação de<br />
ambos os elementos [2].<br />
Figura 1 - Ultra-sons utilizando um transdutor<br />
piezoeléctrico versus o transdutor<br />
acústico electromagnético<br />
O Transdutor Acústico Electromagnético<br />
é composto essencialmente por dois<br />
elementos fundamentais: o elemento<br />
magnético (íman) e uma bobine condutora.<br />
No transdutor acústico electromagnético,<br />
segundo a indução de forças de<br />
Lorentz - EMAT Lorentz, a bobine, quando<br />
sujeita a uma corrente eléctrica<br />
alternada, produz correntes de Eddy na<br />
superfície do material. Por sua vez, o<br />
elemento magnético permanente produz<br />
um campo magnético. A interacção<br />
entre o campo magnético estático e as<br />
correntes de Eddy sujeita o material a<br />
forças de Lorentz, que oscilam com a<br />
mesma frequência e direcção das correntes<br />
de Eddy.<br />
As forças de Lorentz provocam colisões<br />
na rede cristalina, produzindo ondas<br />
ultra-sonoras que se propagam em<br />
direcções opostas, no material a ensaiar.<br />
A Magnetoestricção é um fenómeno<br />
que ocorre apenas em materiais ferromagnéticos<br />
e consiste na deformação<br />
da estrutura cristalina do material<br />
quando sujeito a um campo magnético.<br />
É com base neste fenómeno que opera<br />
o EMAT Magnetoestrictivo.<br />
O transdutor é composto por uma<br />
bobine circular que, quando sujeita a<br />
uma corrente eléctrica alternada, gera<br />
um campo magnético dinâmico, e por<br />
35<br />
T & Q 62-63
T<br />
T & Q 62<br />
um íman permanente que, por sua vez,<br />
produz um campo magnético estático.<br />
A interacção entre ambos resulta numa<br />
distorção atómica do material, ocorrendo<br />
a conversão da energia eléctrica em<br />
energia mecânica [3].<br />
A Figura 2 esquematiza a produção de<br />
ondas Ultra-sonoras através de: a)<br />
Forças de Lorentz e b) Efeito<br />
Magnetoestrictivo.<br />
A técnica de EMAT, além de apresentar<br />
a vantagem de não usar acoplante, não<br />
necessita de limpeza superficial significativa<br />
e apresenta-se como uma alternativa<br />
eficaz aos ultra-sons convencionais<br />
aplicados manualmente, cujo<br />
processo se torna moroso e inviável em<br />
inspecções de grande extensão. Com o<br />
EMAT é possível uma maior velocidade<br />
de ensaio, bem como uma amostragem<br />
de resultados significativamente superior,<br />
possibilitando, em muitas aplicações,<br />
um controlo de 100% da superfície<br />
a inspeccionar.<br />
O design do transdutor, especificamente<br />
da bobine, e a direcção do<br />
campo magnético, permitem gerar<br />
diferentes tipos de ondas: longitudinais,<br />
transversais, Rayleigh, superficiais, etc.,<br />
conferindo grande versatilidade à técnica<br />
e, consequentemente, diversificando<br />
as aplicações possíveis.<br />
O EMAT é também conhecido como<br />
uma técnica de não contacto. Segundo<br />
o seu princípio de funcionamento, as<br />
ondas ultra-sonoras são geradas no<br />
próprio componente e não no transdutor,<br />
permitindo que a inspecção seja<br />
feita sem necessidade de um perfeito<br />
Figura 2 - Esquema de produção das ondas ultrasonora<br />
36<br />
acoplamento sonda-componente.<br />
A aplicação em ambientes hostis, a<br />
temperaturas e pressões extremas,<br />
conferem a esta técnica uma vantagem<br />
comparativamente aos ultra-sons convencionais.<br />
A saturação magnética no componente<br />
a inspeccionar resulta numa diminuição<br />
da amplitude do sinal obtido, o que explica<br />
a fraca sensibilidade e a baixa eficiência<br />
na detecção dos defeitos. A necessidade<br />
de equipamento electrónico<br />
especial e a dependência do tipo de<br />
material a inspeccionar, impõem a esta<br />
técnica restrições que limitam a sua<br />
aplicabilidade e constituem aspectos<br />
importantes para futuros desenvolvimentos.<br />
No que respeita às aplicações, o EMAT<br />
Lorentz tem como finalidade detectar<br />
defeitos do tipo fissuras e corrosão por<br />
picadas - pitting. O EMAT Magnetoestrictivo<br />
é, maioritariamente, aplicado<br />
na avaliação e dimensionamento da<br />
perda de espessura das paredes dos<br />
tubos de caldeira, por fenómenos de<br />
corrosão e/ou erosão.<br />
É sobre a aplicação do EMAT<br />
Magnetoestrictivo que recaem os mais<br />
recentes desenvolvimentos. Tal como o<br />
<strong>ISQ</strong>, outras instituições [3] têm-se<br />
debruçado no desenvolvimento da aplicação<br />
do EMAT Magnetoestrictivo no<br />
controlo de tubagens em caldeiras. A<br />
tubagem utilizada nas caldeiras vai, ao<br />
longo do tempo de serviço, desenvolvendo<br />
uma camada de óxido superficial que<br />
reveste as suas superfícies interna e<br />
externa. Tradicionalmente, esta cama-<br />
da necessita de ser removida de modo<br />
a acoplar convenientemente a sonda,<br />
nos ultra-sons convencionais. A sua difícil<br />
remoção torna o processo moroso e,<br />
em consequência, raramente a superfície<br />
total dos tubos é inspeccionada.<br />
Com a técnica EMAT Magnetoestrictivo,<br />
a presença da camada superficial é<br />
vantajosa para o operador, pois actua<br />
como um elemento activo do EMAT,<br />
usada como forma de propagação/geração<br />
dos ultra-sons no componente,<br />
evitando o processo de remoção<br />
da camada superficial.<br />
A camada de óxido de ferro é alinhada<br />
ao longo do campo magnético estático,<br />
gerado pelo íman permanente. Por sua<br />
vez, o campo magnético dinâmico<br />
induzido pela bobine provoca a sua<br />
tracção e compressão, ao mesmo<br />
tempo que o transdutor é pulsado pela<br />
corrente eléctrica alternada, produzindo<br />
ondas transversais incidentes normalmente<br />
à superfície dos tubos, como<br />
se mostra na Figura 3.<br />
O EMAT possui a vantagem de não<br />
necessitar de estar em contacto com a<br />
superfície a inspeccionar, podendo<br />
estar afastado desta, uma vez que o<br />
som continua a propagar-se normalmente<br />
à superfície. Isto significa também<br />
que o mesmo transdutor pode ser<br />
usado para diferentes diâmetros de<br />
tubagens, sendo independente o seu<br />
posicionamento e a área de contacto,<br />
continuando o som a propagar-se perpendicularmente<br />
ao diâmetro do tubo e<br />
eliminando, assim, a necessidade de<br />
múltiplos transdutores para diferentes<br />
diâmetros.
Figura 3 - Inspecção dos tubos de<br />
caldeira<br />
A técnica EMAT tem-se apresentado<br />
como uma alternativa aos ultra-sons<br />
convencionais no controlo de tubos de<br />
caldeira, principalmente por apresentar<br />
consideráveis vantagens em termos de<br />
custos e benefícios técnicos. A flexibilidade<br />
deste sistema é mais um ponto a<br />
favor, podendo, conforme a necessidade,<br />
ser aplicado através de uma busca<br />
rápida de um valor mínimo da espessura<br />
do tubo, sem registo gráfico,<br />
através de uma aquisição de dados<br />
ponto a ponto, com registo gráfico que<br />
representa o perfil da perda de espessura<br />
da parede do tubo ou, ainda,<br />
através do mapeamento da perda de<br />
espessura dos tubos que permite obter<br />
uma vista global de toda a caldeira.<br />
2.Guided Waves<br />
A corrosão nas tubagens é um dos<br />
maiores problemas enfrentados pela<br />
indústria petrolífera e outras correlacionadas.<br />
A inspecção de grandes<br />
estruturas com os métodos de ultra-<br />
-sons convencionais é um processo<br />
moroso e extremamente dispendioso.<br />
Considerando que uma parte destas<br />
estruturas se encontra enterrada ou<br />
isolada, o processo convencional torna-<br />
-se de difícil aplicabilidade.<br />
A recente técnica de Guided Waves -<br />
Ondas Guiadas, tem sido aplicada na<br />
inspecção rápida de longos comprimentos<br />
de linhas de tubagem, sendo a principal<br />
característica desta técnica a<br />
capacidade de inspeccionar um grande<br />
comprimento de linha, a partir de uma<br />
localização remota, evitando a necessidade<br />
do acesso directo a toda a área<br />
de inspecção.<br />
Esta técnica consiste na colocação de<br />
um anel de transdutores numa linha de<br />
tubagem, que geram, simultaneamente,<br />
ondas longitudinais e torsionais que se<br />
propagam axialmente ao longo da<br />
parede do tubo, percorrendo distâncias<br />
consideráveis em ambas as direcções.<br />
Os transdutores emitem ondas longitudinais<br />
que, ao encontrarem as paredes<br />
da tubagem, sofrem conversão de<br />
modo, passando a propagar-se ao longo<br />
do tubo ondas longitudinais e transversais.<br />
Parte da interferência causada<br />
pelas ondas longitudinais e transversais<br />
é destrutiva e a parte construtiva origina<br />
a propagação ao longo do tubo de<br />
uma onda do tipo Lamb (Figura 4).<br />
As ondas guiadas, ao encontrarem uma<br />
superfície de separação de dois meios<br />
com características acústicas diferentes,<br />
como seja a superfície de uma<br />
descontinuidade, sofrem reflexão.<br />
Quando detectada, essa reflexão permite<br />
posicionar e localizar a descontinuidade<br />
na linha de tubagem, como se<br />
esquematiza na Figura 5.<br />
Maioritariamente aplicada à inspecção<br />
de tubagem de elevado comprimento, e<br />
contrariamente aos ultra-sons convencionais,<br />
a técnica de Guided Waves permite<br />
a detecção de corrosão interna e<br />
externa de tubagens, sem necessidade<br />
de fluido acoplante, nem preparação<br />
Figura 4 - Princípio de propagação das ondas guiadas<br />
Figura 5 - Propagação das ondas guidas na parede de um tubo<br />
superficial, além da necessária para a<br />
colocação do anel, permitindo a<br />
inspecção de 100% da linha.<br />
Tipicamente, é possível, através de uma<br />
única aquisição, a inspecção de cerca<br />
de 25m em ambas as direcções, que<br />
em condições ideais poderá atingir os<br />
100m. Os resultados obtidos com a<br />
técnica de Guided Waves permitem<br />
saber a posição e severidade da indicação,<br />
além de permitirem diferenciar<br />
entre indicações concentradas (mais<br />
críticas) e indicações com extensão circunferencial.<br />
Quando comparada com<br />
os ultra-sons convencionais, esta técnica<br />
possui uma maior velocidade de<br />
inspecção, resultando numa redução<br />
nos custos de inspecção e de programas<br />
de manutenção [4].<br />
Como técnica muito recente, enfrenta<br />
ainda a necessidade de desenvolvimentos,<br />
no que se refere à sensibilidade aos<br />
defeitos consecutivos. O alcance da<br />
inspecção depende das condições da<br />
linha de tubagem, especificamente do<br />
conteúdo da mesma, do tipo de isolamento<br />
e da existência de suportes de<br />
soldadura que reduzem significativa-<br />
37<br />
T<br />
T & Q 62
T<br />
T & Q 62<br />
mente a propagação da onda sonora e<br />
torna a interpretação dos resultados<br />
pouco fiável. A relativamente baixa sensibilidade<br />
a defeitos longitudinais, a<br />
fraca resolução entre defeitos consecutivos,<br />
a não detecção de corrosão<br />
abaixo de 5% da perda de material na<br />
secção transversal do tubo e as geometrias<br />
complexas, constituem as principais<br />
limitações na precisão desta técnica.<br />
Contudo, a capacidade de inspeccionar<br />
linhas em locais de difícil acesso ou<br />
mesmo inacessíveis, torna esta técnica<br />
fortemente aplicável na inspecção das<br />
linhas de tubagem nas refinarias, centrais<br />
eléctricas e petroquímicas [5-7].<br />
Devido aos resultados obtidos com a<br />
aplicação desta técnica, têm sido feitos<br />
desenvolvimentos com vista a aplicações<br />
específicas. A mais recente<br />
baseia-se na aplicação das Guided<br />
Waves para detecção de defeitos em<br />
tubos de permutadores de calor [7].<br />
Esta variante das Guided Waves apresenta-se<br />
como uma ferramenta importante<br />
na avaliação destes componentes,<br />
pois minimiza a necessidade de<br />
limpeza dos mesmos, resultando numa<br />
redução de custos associados à técnica.<br />
A Figura 6 apresenta esquematicamente<br />
a aplicação da técnica de Guided<br />
Waves a tubos de permutadores de<br />
calor.<br />
Neste teste, é inserida uma sonda de<br />
configuração especial no interior dos<br />
tubos do permutador de calor, de modo<br />
a gerar ondas guiadas que se<br />
propagam ao longo do tubo sem a<br />
necessidade de fluido acoplante. Ao<br />
encontrarem alterações na secção<br />
Figura 6 - Esquema do princípio da inspecção de Guided Waves em tubos de permutadores<br />
de calor<br />
Figura 7 - Representação D-Scan, na inspecção de uma soldadura com chanfro em X de<br />
acordo com o software TDScan.<br />
38<br />
transversal do tubo, as Guided Waves<br />
são reflectidas e esses sinais são detectados<br />
pela sonda e processados em<br />
representação A-Scan. A grande vantagem<br />
da utilização desta técnica em<br />
tubos de permutadores de calor é a<br />
rapidez na identificação dos tubos sem<br />
defeitos, a reduzida limpeza necessária,<br />
diminuindo o tempo de paragem do permutador<br />
e, consequentemente, os custos<br />
associados à inspecção [7].<br />
3.ToFD - Time of Flight Diffraction<br />
A técnica baseada no Tempo de<br />
Percurso da Onda Difractada (Time of<br />
Flight Diffraction - ToFD) prosperou no<br />
âmbito dos END, devido à falta de precisão<br />
no dimensionamento dos defeitos,<br />
apresentada pelas técnicas convencionais<br />
de eco-pulsado. A técnica ToFD<br />
foi desenvolvida pelo Dr. Maurice Silk<br />
em 1970 [8] com o objectivo de<br />
melhorar a detecção, precisão no<br />
dimensionamento e localização dos<br />
defeitos [9].<br />
O ToFD baseia-se na medição do tempo<br />
de percurso das ondas difractadas<br />
pelas extremidades do defeito, de modo<br />
a determinar a sua profundidade no<br />
material. Nesta técnica é utilizado um<br />
conjunto de duas sondas, funcionando<br />
um transdutor como emissor e outro<br />
como receptor, mantendo entre ambos<br />
uma distância fixa. Devido a este posicionamento<br />
e à configuração emissão-<br />
-recepção, são gerados três sinais: o<br />
primeiro - a onda lateral causada pela<br />
propagação do som entre o transdutor<br />
emissor e o receptor e que se propaga<br />
à superfície do material; o segundo sinal<br />
corresponde ao primeiro eco de fundo<br />
causado pela reflexão directa da onda<br />
longitudinal; e o terceiro sinal corresponde<br />
ao eco de fundo da onda transversal,<br />
originado pela conversão de<br />
modo na superfície oposta. Quando<br />
existe um defeito, o sinal aparece na<br />
linha base de tempos, entre a onda lateral<br />
e o eco de fundo da onda longitudinal.<br />
Na Figura 7 está representado o sinal<br />
típico na inspecção ToFD.<br />
Quando o impulso sonoro incide num<br />
defeito, ocorre difracção da energia nas<br />
extremidades da descontinuidade, adicionalmente<br />
à reflexão normal. Esta<br />
difracção surge segundo uma vasta<br />
gama de ângulos, o que permite ser
detectada pela sonda, apesar da fraca<br />
amplitude do sinal [11].<br />
Medir a amplitude dos sinais reflectidos,<br />
como método de dimensionamento<br />
dos defeitos, é um processo pouco eficiente,<br />
uma vez que a amplitude do sinal<br />
é fortemente dependente da orientação<br />
do defeito. Contrariamente aos ultra-<br />
-sons convencionais, a técnica ToFD<br />
apresenta-se como uma técnica de elevada<br />
precisão no dimensionamento e<br />
localização das descontinuidades. Em<br />
vez da amplitude, o ToFD utiliza o tempo<br />
de percurso do feixe sonoro para determinar<br />
a posição da descontinuidade. A<br />
profundidade do defeito é calculada<br />
através de simples trigonometria,<br />
conhecendo o tempo de percurso da<br />
onda longitudinal e a distância entre<br />
sondas, e é uma das vantagens da aplicação<br />
desta técnica.<br />
Figura 8- Disposição das sondas na técnica<br />
ToFD<br />
Figura 9 - Disposição das sondas na aplicação<br />
conjunta da técnica ToFD e Phased<br />
Array simultaneamente<br />
Figura 10 - Precisão na detecção<br />
Uma vez que não recai na energia<br />
reflectida pelos defeitos, o ToFD é independente<br />
da amplitude do sinal e, consequentemente,<br />
não é susceptível às<br />
condições da superfície e do acoplante,<br />
como nos ultra-sons convencionais. O<br />
ToFD apresenta a vantagem de ser altamente<br />
sensível aos vários tipos de<br />
defeitos, incluindo pequenas descontinuidades<br />
como porosidades, independentemente<br />
da sua orientação relativamente<br />
ao ângulo nominal da sonda e<br />
com elevada precisão no dimensionamento.<br />
Além das vantagens já apresentadas,<br />
a aplicação da técnica ToFD permite<br />
uma elevada velocidade de<br />
inspecção com visualização dos dados<br />
em tempo real e é aceite, segundo a<br />
norma ASME code case 2235, como<br />
alternativa à Radiografia Industrial, na<br />
inspecção de soldaduras em reservatórios<br />
de pressão [12].<br />
Contudo, apesar da elevada sensibilidade<br />
aos defeitos, a técnica ToFD apresenta<br />
limitações na detecção de<br />
defeitos localizados nas superfícies<br />
interna e externa, devido à existência de<br />
zonas mortas da onda lateral e do eco<br />
de fundo, que podem ocultar as descontinuidades.<br />
A interpretação dos resultados<br />
apresenta-se, em alguns casos, de<br />
difícil análise, sendo necessário um<br />
operador experiente. A difícil aplicabilidade<br />
em geometrias complexas e em<br />
materiais que apresentam anisotropia<br />
acústica, como é o caso dos aços inoxidáveis,<br />
associado ao baixo nível sinal-<br />
-ruído, conferem à técnica limitações a<br />
ter em consideração.<br />
O ToFD é, actualmente, uma das técnicas<br />
de END mais utilizadas no controlo<br />
de soldaduras, tanto na construção<br />
como na manutenção, com o objectivo<br />
de detecção e dimensionamento de<br />
defeitos [12, 13].<br />
De modo a ultrapassar as limitações e<br />
compreender as necessidades de um<br />
mercado cada vez mais exigente, tem<br />
sido desenvolvida a aplicação da técnica<br />
ToFD simultaneamente com a mais<br />
recente técnica de Phased Array [14-<br />
-17]. Obviamente, como técnica de<br />
ultra-sons, o Phased Array apresenta<br />
as mesmas limitações que o ToFD,<br />
embora a sua principal vantagem seja a<br />
capacidade de focalizar o feixe sonoro<br />
num determinado ponto ou a uma<br />
determinada profundidade, aumentando<br />
assim a probabilidade de detecção e<br />
a precisão no dimensionamento.<br />
A aplicação da combinação ToFD/Phased<br />
Array na inspecção de soldaduras<br />
em tubos de elevado diâmetro [17]<br />
demonstrou um aumento na probabilidade<br />
de detecção e dimensionamento.<br />
Como se mostra na Figura 9, nesta aplicação<br />
as sondas ToFD são colocadas<br />
junto às sondas Phased Array.<br />
A Figura 10 evidencia uma maior probabilidade<br />
na detecção dos defeitos aplicando<br />
a combinação ToFD/Phased<br />
Array [14 - 17].<br />
Além disso, enquanto o ToFD apresenta<br />
uma excelente precisão no dimensionamento<br />
da altura dos defeitos, o Phased<br />
Array proporciona a localização e distribuição<br />
dos defeitos, necessárias para<br />
a caracterização dos mesmos. Esta<br />
combinação demonstrou uma redução<br />
no tempo de sondagem, maior precisão<br />
no dimensionamento e probabilidade de<br />
detecção dos defeitos próxima de<br />
100% [18].<br />
Phased Array<br />
A maioria das técnicas de Ultra-sons<br />
convencionais usam sondas com um<br />
único cristal e feixes divergentes.<br />
Apenas em alguns casos se utilizam<br />
sondas de dois cristais ou sondas de<br />
um cristal mas com lentes focalizadas,<br />
de modo a reduzir a zona morta da<br />
sonda e aumentar a resolução na<br />
detecção dos defeitos [19, 20]. Em<br />
ambos os casos, o campo ultra-sonoro<br />
propaga-se ao longo do meio com apenas<br />
um ângulo de refracção. Um único<br />
ângulo de varrimento limita a capacidade<br />
de detecção e dimensionamento<br />
dos defeitos (Figura 11).<br />
A técnica Phased Array diferencia-se<br />
dos Ultra-sons convencionais na forma<br />
39<br />
T<br />
T & Q 62
T<br />
T & Q 62<br />
como é gerada a onda ultra-sonora.<br />
Assumindo que o monocristal convencional<br />
é cortado em vários elementos e<br />
que cada elemento tem uma largura<br />
superior ao seu comprimento, cada um<br />
desses pequenos cristais é excitado<br />
individualmente com um tempo diferente,<br />
controlado electronicamente,<br />
considerando como uma fonte linear de<br />
Figura 11 - Ultra-sons utilizando um<br />
único ângulo de refracção versus sonda<br />
de multi-elementos<br />
Figura 12 - Disposição posicional dos<br />
cristais na técnica de Phased Array<br />
Figura 13 - Aplicação das Leis de Atraso<br />
de modo a focalizar o feixe num dado<br />
ponto<br />
Figura 14 - Tipos de Focalização<br />
Figura 15- Varrimento electrónico, Sectorial e focalização do feixe<br />
40<br />
ondas cilíndricas. As frentes de onda<br />
desse conjunto acústico vão interferir<br />
construtivamente e gerar uma frente<br />
de onda.<br />
O conceito do Phased Array consiste na<br />
utilização de transdutores constituídos<br />
por multi-elementos com a capacidade<br />
de direccionar e focalizar o feixe sonoro,<br />
sendo possíveis múltiplos ângulos focalizados<br />
num ponto ou numa zona, a partir<br />
de um único transdutor [21]. Este<br />
transdutor pode apresentar diferentes<br />
formas (Figura 12).<br />
O Phased Array tem a capacidade de<br />
excitar sequencialmente os elementos<br />
ou grupo de elementos em diferentes<br />
intervalos de tempo conhecidos como<br />
'delays' ou atrasos. A excitação dos<br />
impulsos desfasados no tempo propaga-se<br />
segundo uma frente de onda na<br />
direcção desejada no material [20-22].<br />
A utilização de software apropriado permite<br />
definir ângulos e/ou pontos focais,<br />
designados por Leis de Atraso (Delay<br />
Laws) ou Leis Focais (Focal Laws).<br />
O facto de se excitar individualmente<br />
cada transdutor permite gerar, dentro<br />
de certos limites, com uma mesma<br />
sonda, diferentes ângulos, diferentes<br />
pontos focais, diferentes aberturas de<br />
feixe e aumentar ou diminuir o campo<br />
próximo. Desta forma pode-se, numa<br />
mesma inspecção, utilizar ferramentas<br />
que não estão disponíveis no controlo<br />
tradicional, como sejam a alteração do<br />
ponto focal e/ou do ângulo de incidência<br />
do som no componente. A Figura 14<br />
apresenta os diferentes tipos de focalização<br />
possíveis na técnica Phased<br />
Array.<br />
Aplicando diferentes leis de atraso em<br />
cada ciclo, é possível que o feixe sonoro<br />
varra uma série de ângulos - designado<br />
por Varrimento Sectorial (Sectorial<br />
scanning) - ou através da utilização de<br />
um único ângulo, mas ao longo de todo<br />
o comprimento do transdutor - designado<br />
por Varrimento Electrónico<br />
(Electronic scanning) [19-24], (Figura<br />
15). A conjugação de todos estes<br />
aspectos do Phased Array permite controlar<br />
electronicamente o Campo<br />
Sonoro.<br />
O Phased Array tem a vantagem de<br />
apresentar os resultados em tempo<br />
real e segundo diversas representações,<br />
como A-Scan, B-Scan, C-Scan,<br />
D-Scan e a particular S-Scan, única do<br />
Phased Array. A representação S-Scan<br />
(Sectorial ou azimutal scan) consiste na<br />
representação 2D de todos os A-Scan,<br />
corrigidos no tempo e segundo o ângulo<br />
de refracção, permitindo visualizar a<br />
posição real das descontinuidades. A<br />
possibilidade de visualização constitui<br />
uma mais valia na correcta detecção e<br />
localização das descontinuidades [23,<br />
24].<br />
Outra vantagem face aos ultra-sons<br />
convencionais, consiste nas ferramentas<br />
de simulação desenvolvidas para<br />
aplicação desta técnica. O software<br />
CIVA® - Software de simulação para<br />
ensaios não destrutivos, permite simular<br />
todo o processo de inspecção, desde<br />
a definição dos parâmetros de<br />
inspecção, à modelação do feixe sonoro<br />
e zona varrida pelo mesmo, bem como<br />
a computação das Leis de Atraso [23] e<br />
as respostas dos possíveis defeitos<br />
detectados, antes de ser aplicado em<br />
obra. Este software constitui uma ferramenta<br />
importante na aplicabilidade do<br />
método, permitindo uma maior compreensão<br />
dos sinais obtidos em campo.<br />
A conjugação da grande quantidade de<br />
dados adquiridos a elevadas velocidades<br />
de inspecção com a capacidade<br />
de, com apenas uma sonda, produzir<br />
diferentes ângulos, confere à técnica<br />
maior precisão na detecção e uma<br />
maior produtividade relativamente aos<br />
ultra-sons convencionais.<br />
O Phased Array é um método de ultra-<br />
-sons que necessita de operadores<br />
qualificados e experientes. Como técnica<br />
recente, apresenta ainda um défice<br />
de normalização na aplicação da<br />
própria técnica. Inevitavelmente, são<br />
necessários desenvolvimentos, com<br />
vista a potenciais novas aplicações.
Figura 16 - ITER<br />
Figura 17 - Simulação efectuada no controlo<br />
das soldaduras por Phased Array<br />
A capacidade de detectar pequenos<br />
defeitos lineares e/ou inclusões<br />
volumétricas confere à técnica uma<br />
enorme possibilidade de aplicações.<br />
Essencialmente aplicada no controlo de<br />
soldaduras em tubagens, reservatórios<br />
de pressão ou tanques de armazenagem,<br />
o Phased Array tem comprovado<br />
uma elevada eficiência e fiabilidade<br />
de resultados, bem como uma elevada<br />
capacidade na detecção de descontinuidades.<br />
Recentemente, o <strong>ISQ</strong> desenvolveu<br />
um estudo preliminar na aplicação<br />
do Phased Array no controlo das<br />
soldaduras do reservatório de pressão<br />
do reactor do projecto ITER [24]. O ITER<br />
é um projecto de I&D internacional que<br />
consiste no desenvolvimento de um<br />
reactor para produção de Energia<br />
baseado na fusão nuclear (Fig.16).<br />
O estudo realizado pretendeu definir as<br />
tarefas necessárias ao desenvolvimento<br />
de um procedimento automático no<br />
controlo das soldaduras em aço inoxidável<br />
que compõem o reservatório de<br />
pressão. Nas simulações efectuadas, o<br />
Phased Array apresentou uma elevada<br />
capacidade na detecção dos defeitos<br />
internos neste tipo de soldadura, com<br />
uma espessura de 60mm, bem como a<br />
sua aplicabilidade na inspecção de<br />
geometrias complexas (Fig.17).<br />
CONCLUSÃO<br />
O Controlo Não Destrutivo tornou-se um<br />
instrumento vital na engenharia moderna,<br />
contribuindo significativamente para<br />
um aumento da segurança e fiabilidade<br />
e, consequentemente, convergindo<br />
para uma redução dos custos de produção<br />
e manutenção.<br />
Nos últimos anos tem-se assistido a um<br />
crescente desenvolvimento de técnicas<br />
baseadas em princípios físicos já conhecidos<br />
e utilizados no controlo não<br />
destrutivo convencional. Os avanços<br />
informáticos registados nos últimos<br />
anos no desenvolvimento de software<br />
de apoio às técnicas, bem como o<br />
desenvolvimento de simuladores, têm<br />
impulsionado esta área importante da<br />
engenharia que, ao longo dos anos, tem<br />
sido continuamente melhorada, com o<br />
objectivo de aumentar a eficiência da<br />
inspecção, conjuntamente com a fiabilidade,<br />
maior rapidez e menor custo.<br />
Paralelamente, têm sido desenvolvidos<br />
métodos e equipamentos, particularmente<br />
sondas, que reduzem as limitações<br />
conhecidas dos ultra-sons convencionais,<br />
nomeadamente na localização<br />
e dimensionamento de defeitos,<br />
bem como em materiais difíceis de<br />
inspeccionar como os aços inox<br />
austeníticos.<br />
As técnicas apresentadas e discutidas<br />
neste artigo estão em franco desenvolvimento<br />
e apresentam um forte<br />
potencial de inserção industrial.<br />
Referências<br />
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of thickness reduction of<br />
plates and pipes using EMAT-generated guided wave; IV<br />
Conferencia Panamericana de END, Buenos Aires -<br />
Outubro 2007, pág. 1-7.<br />
2 G.J. Nakoneczny et. al; - Application of EPRI/B&W developed<br />
EMAT systems for assessing boiler tubes"; Int.<br />
Conference on Life Management and Life Extension of<br />
Power Plant, Xi'an, P.R. China, Maio 2000, pág. 1-3.<br />
3 BOYNARD, César, LOPES, Eduardo, ESTANISLAU, Sandra<br />
- Tecnologia EMAT ao serviço da inspecção em Tubos de<br />
Caldeira. Revista Tecnologia & Qualidade Série III, Nº 56,<br />
<strong>ISQ</strong>, Abril/Junho 2006, pág. 7-10.<br />
4 DEMMA, A; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC. B.- Testing of<br />
Buried Pipelines Using Guided Waves; 3rd MENDT -<br />
Middle East Nondestructive Testing Conference &<br />
Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-7<br />
5 VOGT, T; ALLEYNE, D;. PAVLAKOVIC, B.- Application of<br />
Guided Wave Technology to Tube Inspection; 9th<br />
European Conference on Non-Destructive Testing,<br />
Working paper No. Th.3.1.5, Berlin, Novembro 2006,<br />
pág 1-8.<br />
6 DEMMA, A; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC. B.- Testing of<br />
Buried Pipelines Using Guided Waves; 3rd MENDT -<br />
Middle East Nondestructive Testing Conference &<br />
Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-7.<br />
7 VOGT,T; ALLEYNE, D; PAVLAKOVIC, B.- Application of<br />
Guided Wave Technology to Tube Inspection; 9th<br />
European Conference on Non-Destructive Testing,<br />
Working paper No. Th.3.1.5, Berlin, Novembro 2006,<br />
pág 1-8.<br />
8 CHARLESWORTH, J. P., TEMPLE, J. A. - Engineering<br />
Applications of Ultrasonic Time-of-Flight Diffraction,<br />
Second Edition. Ed. Research Studies Press Ltd, 2001,<br />
ISBN 0 86380 239 7, pág. 2-10.<br />
9 SHITOLE, N., ZAHRAN, O. NUAIMY, W. - Combining fuzzy<br />
logic and neural networks in classification of weld defects<br />
using ultrasonic time-of-flight diffraction; 45th Annual<br />
British Conference on NDT, Insight Vol 49 No 2,<br />
Fevereiro 2007, pág. 74-97.<br />
10AGR Field Operations, United Kingdom<br />
11MARTINEZ-OÑA, Rafael, VIGGIANIELLO, Sylvain, BLEUZE,<br />
Alexandre - On Qualification of TOFD Technique for<br />
Austenitic Stainless Steel Welds Inspection; 9th<br />
European Conference on Non-Destructive Testing,<br />
Working paper No. Tu.2.3.3, Berlin, Novembro 2006,<br />
pág 1-7.<br />
12SUBBARATNAM, R; VENKATRAMAN, B; RAJ, B - Time of<br />
Flight Diffraction - An Alternative to Radiography<br />
Examination of Thick Walled Stainless Steel Weldments;<br />
12th A-PCNDT 2006 - Asia-Pacific Conference on NDT,<br />
New Zealand, Novembro. 2006, pág. 1-7.<br />
13SHIROSHITA, S.; YOKONO, Y. - A Flaw Sizing Technique for<br />
Austenitic Stainless Steel Welds using Creeping Wave<br />
Probe; 12th A-PCNDT 2006 - Asia-Pacific Conference on<br />
NDT, New Zealand, Novembro 2006, pág. 1-8.<br />
14Quimby, R. - Practical limitations of TOFD on power station<br />
main steam pipework; Insight Vol 48 No 9, NDT in<br />
Power Generation, Setembro 2006, pág. 559-563.<br />
15Development of Advanced Ultrasonic Inspection System<br />
for High Energy Steam Piping; Principal Research<br />
Results, Janeiro 2006, pág. 12,13.<br />
16Moles, M., Labbé, S. - Ultrasonic Inspection of Pressure<br />
Vessel Construction Welds using Phased Array; 3rd<br />
MENDT - Middle East Nondestructive Testing Conference<br />
& Exhibition, Bahrain, Novembro 2005, pág. 1-17.<br />
17Fukutomi, H., Lin, S. and Nitta, A. - Ultrasonic examination<br />
of type IV cracking in high energy steam piping using<br />
ToFD and Phased Array techniques; Central Research<br />
Institute of Electric Power Industry, Tokyo, Japan, 2006,<br />
pág. 1-8.<br />
18Penso, J., Owen, R. and Oka, M. - ToFD Automatic<br />
Ultrasonic Testing for condition Monitoring of Coke<br />
Drums - Simultaneous Acquisition and Analysis for the<br />
Flaw Propagation Monitoring by Phased Array and ToFD;<br />
2003 ASME Pressure Vessels & Piping Conference, pág.<br />
1-8.<br />
19R/D Tech - Basic Concepts of Phased Array Ultrasonic<br />
Technology. R/D Tech Guideline; Agosto 2004, pág 6-19.<br />
20R/D Tech - Main Concepts of Phased Array Ultrasonic<br />
Technology. R/D Tech Guideline; Agosto 2004, pág. 5-<br />
28.<br />
21NEL, Mark - Ultrasonic Phased Arrays: An Insight into an<br />
Emerging Technology; Proc. National Seminar on Non-<br />
Destructive Evaluation Dezembro, 2006, Hyderabad, pág.<br />
1-4.<br />
22REINERSMANN, Jörg - Phased Array technology for standard<br />
ultrasonic testing; 3rd MENDT - Middle East<br />
Nondestructive Testing Conference & Exhibition, 2005,<br />
pág. 1-8.<br />
23LE BER, L, ROY, BENOIST, P., - Ultrasonic Phased Array<br />
inspection modeling with CIVA: reconstruction and simulation<br />
of data, M2M - CEA, France, pág. 2-7.<br />
24MOLES, M.; FORTIER, G. - Phased Array for Pipelines Girth<br />
Weld Inspection; IV Conferencia Panamericana de END,<br />
Buenos Aires, Outubro 2007, pág. 1-9.<br />
41<br />
T<br />
T & Q 62
T<br />
T & Q 62<br />
Nova Delegação em Loulé<br />
Foram inauguradas as novas instalações da<br />
Delegação do <strong>ISQ</strong> em Loulé, no passado dia 13 de<br />
Novembro. A cerimónia de inauguração contou com<br />
a presença de vários colaboradores e da<br />
Administração do <strong>ISQ</strong>.<br />
Seminários <strong>ISQ</strong><br />
Segurança Industial - Directiva ATEX<br />
Nos dias 16 e 30 de Setembro, no <strong>ISQ</strong> - Grijó, e no dia 28<br />
de Outubro, no <strong>ISQ</strong> – Oeiras, realizaram-se os seminários<br />
sobre a temática “Segurança Industrial - Directiva ATEX”.<br />
Estes eventos contaram com a presença de 104 participantes,<br />
entre os quais representantes de empresas de<br />
vários sectores da indústria e de organismos públicos de<br />
referência nas áreas da Segurança e do Ambiente,<br />
nomeadamente, a Autoridade para as Condições de<br />
Trabalho (ACT) e a Inspecção-Geral do Ambiente e do<br />
Ordenamento do Território (IGAOT).<br />
Estes seminários visaram sensibilizar o público para a<br />
necessidade de dar resposta à implementação do Decreto-Lei<br />
nº. 236/2003 de 30 de Setembro - Transposição<br />
da Directiva 1999/92/CE de 16 de Dezembro -, que<br />
estabe-lece as regras de protecção dos trabalhadores<br />
contra os riscos de exposição a atmosferas explosivas,<br />
assim como divulgar a actividade do <strong>ISQ</strong> neste domínio.<br />
Na primeira parte deste evento foram abordados os requisitos<br />
que as empresas terão de cumprir para dar resposta<br />
à legislação, seguindo-se a apresentação de alguns<br />
exemplos práticos de aplicação. Foram explicitadas a abordagem,<br />
metodologia e as ferramentas adoptadas pelo <strong>ISQ</strong>,<br />
bem como as medidas de prevenção e protecção a implementar,<br />
por forma a minimizar o risco de explosão.<br />
Atendendo ao interesse demonstrado por esta temática, é<br />
objectivo do <strong>ISQ</strong> levar a cabo iniciativas semelhantes,<br />
alargando-as a outros potenciais interessados.<br />
42<br />
Dia das Edificações<br />
Decorridos três anos sobre a constituição da Área de Edificações, perfilou-se<br />
como fundamental efectuar o balanço da experiência vivida e,<br />
paralelamente, projectar uma estratégia futura.<br />
O Dia das Edificações, evento que decorreu no passado dia 11 de<br />
Novembro e contou com um elevado número de participantes, constituiu<br />
um espaço aberto para o conhecimento desta Área de actividade,<br />
permitindo a divulgação do conjunto de serviços actualmente disponibilizados<br />
junto dos Convidados – Clientes, Organizações e Instituições<br />
Públicas e Privadas, Empresas participadas pelo <strong>ISQ</strong>, outras Áreas do<br />
<strong>ISQ</strong>.<br />
Após o enquadramento efectuado pela Administração do <strong>ISQ</strong>, o Director<br />
da Área, Eng.º António Vilarinho, fez uma introdução genérica da actividade<br />
das Edificações, que precedeu as apresentações feitas por cada<br />
um dos responsáveis dos diversos serviços nela englobados: Gás, Águas<br />
e Saneamento - Análise de Projectos e Redes de Utilização - Redes de<br />
Distribuição e Águas e Saneamento - Redes de Transporte e Trabalhos<br />
Especializados; Núcleo de Inspecções a Instalações Eléctricas e de<br />
Telecomunicações - Análise de Projectos e Inspecções Eléctricas -<br />
Certificação de Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios;<br />
Certificação Energética e Inovação.<br />
No âmbito do desenvolvimento estratégico que se pretende no futuro, foi<br />
dado especial ênfase ao tema “A Qualidade e Gestão de Processos”,<br />
dando a conhecer um modelo conceptual de Gestão de Processos aliada<br />
à Qualidade, modelo que se reputa como determinante para uma eficaz<br />
gestão, potenciando o crescimento da área de uma forma equilibrada e<br />
sustentada e que, decerto, criará alicerces sólidos para que as<br />
Edificações avancem de forma consistente para a internacionalização,<br />
alinhando desta forma com a estratégia de crescimento além fronteiras<br />
do <strong>ISQ</strong>.<br />
No final do dia, os participantes confraternizaram, festejando o Dia de S.<br />
Martinho.