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2ª Edição - UFSCar

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Ano II - Nº 3<br />

DESTAQUES<br />

Bem-vindos calouros! O Bio-esfera,<br />

o jornal da biologia, dá as boas<br />

vindas ao bixos e bixetes e lhes<br />

deseja um ótimo início de semestre<br />

e uma produtiva leitura.<br />

Descubra a importância de se substituir<br />

os copos descartáveis por<br />

canecas duráveis.<br />

Saiba mais sobre a febre maculosa,<br />

doença transmitida pelo carrapato-estrela<br />

que tem sido motivo de<br />

apreensão na nossa faculdade e<br />

em todo o país.<br />

Abril 2007<br />

Abril 2007<br />

índice<br />

Editorial.......................2<br />

Por que usar canecas?....3<br />

Locke...........................5<br />

Febre maculosa............6<br />

Resenha de livro...........7<br />

Cruzadinha..................8<br />

Receita.........................9<br />

Poesia..........................9<br />

Ano II - N o 3


Bixos e bixetes, sejam bem-vindos!<br />

Nesta época onde tudo é novidade, onde<br />

a curiosidade domina muitos de vocês, nós do<br />

grupo PET-Bio vamos contar um pouquinho do<br />

que somos e do que fazemos por aqui...!<br />

O Programa de Educação Tutorial (PET) é<br />

composto por 12 petianos, 1 tutor, além de<br />

petianos voluntários, que se reúnem com o<br />

objetivo de organizar e promover atividades<br />

que enriqueçam a graduação, fomentem discussões<br />

e estimulem integração entre os próprios<br />

alunos e a comunidade de São Carlos.<br />

Uma das atividades preferidas dos bixos<br />

é o Zooenduro no Saltão, que como vocês já<br />

devem ter lido por aí, é uma gincana que ocorre<br />

ao longo do curso de um rio, revelando belas<br />

paisagens e muitas risadas!<br />

Uma outra atividade foi proposta devido<br />

à deficiência de saídas de campo na nossa graduação.<br />

Juntamente com o auxílio de alguns<br />

professores, ofereceremos, ainda no primeiro<br />

semestre, um curso multidisciplinar que possui<br />

sua parte prática no Parque Estadual Turístico<br />

do Alto do Ribeira (PETAR).<br />

Já no segundo semestre, em comemoração<br />

ao dia do biólogo, acontece o tradicional<br />

Bio na Praça, uma feira organizada juntamente<br />

com outros grupos da biologia, que busca<br />

mostrar um pouco do é nosso curso para a comunidade.<br />

E entremeadas a todas essas atividades,<br />

temos também diversas palestras, abordando<br />

diferentes temas, sendo algumas (conhecidas<br />

como alcaloses) ministradas pelos próprios<br />

petianos durante o horário de almoço.<br />

Outro resultado do esforço coletivo do<br />

grupo PET junto com os alunos é este jornal,<br />

que nesta edição traz matérias sobre ecologia<br />

social, o uso de canecas (informações importantes<br />

para os bixos!), resenha do surpreendente<br />

livro “A vida secreta das plantas”, além<br />

de uma divertida cruzadinha, uma deliciosa<br />

receita e uma inspiradora poesia! Ótima combinação<br />

para uma boa leitura...!<br />

2<br />

Abril 2007<br />

Editorial<br />

C R É D I T O S<br />

Universidade Federal de São Carlos<br />

Pró-reitoria da graduação<br />

Responsáveis<br />

Grupo PET-Biologia<br />

(Aline G. Zaffani; Amanda Faro;<br />

Clara di Martino; Dacyo Cavalcante;<br />

Flávia Fina Franco; Grasiella<br />

Angelina Andriani; Henrique Varella;<br />

Júlia Vilela; Marcelo Adorna<br />

Fernandes; Marco Bonamico; Milene<br />

de Paula Figueira; Monique<br />

Rezende; Pavel Dodonov)<br />

Amanda Baldochi Souza; Clarissa B.<br />

G. Ruas; Érika Molina; Máira<br />

Maia; Raquel Negrão.<br />

Editorial<br />

Amanda Faro<br />

Impressão<br />

Gráfica <strong>UFSCar</strong><br />

Diagramação e acabamento<br />

Dacyo Cavalcante Fernandes<br />

jornal.bioesfera@gmail.com<br />

http://www.pet-bio.com/bioesfera<br />

Ano II - N o 3


Por que usar canecas?<br />

Hoje é muito comum ver campanhas para a utilização<br />

de canecas duráveis em lugar de copos<br />

descartáveis. Muitas faculdades, escritórios e repartições<br />

públicas já adotaram essa medida. Na maioria<br />

dos lugares o que se percebeu é que houve uma diminuição<br />

dos custos, pois a quantidade de copinhos<br />

para água e café era imensa, e a caneca é uma só<br />

por pessoa e serve para todos os tipos de bebidas. O<br />

que muitos não percebem é a real função dessa substituição,<br />

usam a caneca por ser bonito, por estar na<br />

moda, para não ser diferente dos outros, não percebem<br />

que a real função é a diminuição de resíduos<br />

sólidos, a diminuição da quantidade de lixo.<br />

Vale ressaltar aqui que apesar de muitas vezes<br />

serem usados como sinônimos, resíduo e lixo não são<br />

a mesma coisa. Resíduo é aquilo que sobra de uma<br />

atividade qualquer, natural ou cultural, tudo o que é<br />

produzido após o consumo; lixo é aquilo que é descartado<br />

sem qualquer cuidado para que os valores<br />

potenciais sejam preservados, o que vai para a lata<br />

de lixo vai sem a preocupação ambiental, social e<br />

econômica. Existem diversos tipos de resíduo, inclusive<br />

o inservível, que após ser gerado não poderá ser<br />

nem reutilizado nem reciclado, mas a maioria dos<br />

resíduos, tanto sólidos quanto líquidos e gasosos, podem<br />

ser reutilizados e/ou reciclados.<br />

Mas aqui existe um grande engano cometido<br />

pela maioria das pessoas, muitas vezes por falta de<br />

informação. Acham que só por ser reciclável o resíduo<br />

será invariavelmente reciclado, mas para que<br />

isso ocorra é necessária a separação desse resíduo,<br />

assim como o encaminhamento para locais de coleta<br />

seletiva. Outro engano existente é achar que com a<br />

reciclagem todos os problemas ambientais serão resolvidos,<br />

que haverá uma diminuição da exploração<br />

dos recursos naturais, e assim o consumo pode ser<br />

aumentado. Isso não ocorre! Mesmo com uma alta<br />

taxa de reciclagem, os recursos continuam a ser explorados,<br />

porque há um aumento constante no consumo<br />

e na necessidade de mais matérias primas.<br />

A reciclagem também causa impactos<br />

ambientais, como alto consumo de energia e grande<br />

quantidade de água, já que os resíduos precisam ser<br />

lavados, e a maior parte dos processos industriais<br />

utiliza a água em algum momento. Muitas vezes, como<br />

no caso da lata de alumínio, o consumo de água na<br />

reciclagem é maior do que no processo de transformação<br />

da matéria-prima em produto. Não podemos<br />

esquecer que o grande problema mundial no próximo<br />

século (ou até mesmo nesse!) será a falta de água.<br />

Abril 2007<br />

Para a reversão desse quadro e o real auxilio à<br />

preservação do meio ambiente, se faz necessária uma<br />

mudança de atitudes, uma mudança de paradigmas.<br />

Uma boa idéia do que se deve fazer é o proposto<br />

pela pedagogia dos 3Rs, que são: reduzir, reutilizar e<br />

reciclar.<br />

Esse princípio nos leva a repensar nossas atitudes<br />

e ações cotidianas quanto à produção de resíduos.<br />

Os Rs são uma seqüência de prioridades que<br />

devem ser refletidas e adotadas, de modo integrado,<br />

e nunca somente um deles, pois seguem uma<br />

ordem cronológica no ciclo de produção e descarte<br />

de resíduos. O primeiro passo é a redução no consumo<br />

de bens e serviços, minimizando a produção individual<br />

de resíduos. Depois, se não foi possível evitar,<br />

o resíduo deve ser reaproveitado, atribuindo a<br />

ele uma nova função, ou a função original em um<br />

novo contexto. Depois que não é mais possível a<br />

reutilização, o resíduo, quando não inservível, deve<br />

ser encaminhado a coletas seletivas que o encaminham<br />

para a reciclagem.<br />

Alguns exemplos concretos do que se pode fazer.<br />

Primeiro R, em serviços, apagar as luzes ao sair<br />

de um cômodo, fechar a torneira para lavar louça ou<br />

tomar banho; em produtos, não aceitar sacolas plásticas<br />

em supermercados, não comprar produtos com<br />

embalagens excessivas, usar uma roupa ou sapato<br />

até que não seja mais possível, exigir produtos de<br />

melhor qualidade, que durem mais.<br />

No segundo R o que conta mesmo é a<br />

criatividade. Doações são bem vindas, além dos famosos<br />

artesanatos, como transformar garrafas pet<br />

em porta treco ou tecido, garrafas de vidro em vasos,<br />

retalhos de tecido em patchwork, além de usar<br />

o papel dos dois lados da folha. Quando um objeto<br />

também já não pode ser reutilizado é hora de<br />

reciclar, mas para que isso ocorra é necessário que<br />

se separe do lixo orgânico do inservível, assim como<br />

a entrega em locais adequados, de coleta seletiva.<br />

Cumprindo o 3Rs estaremos exercendo nossa<br />

cidadania, cidadania ecológica, cumprindo nossas<br />

responsabilidades quanto à vida na Terra, e respeitando<br />

o meio ambiente. Estaremos também garantido<br />

um planeta adequado às futuras gerações.<br />

Voltando as canecas...<br />

Elas se tornaram tão populares que viraram um<br />

símbolo dos ambientalistas e ecologistas. Vale aqui<br />

uma definição de esclarecimento, os ambientalistas<br />

são aquelas pessoas que conhecem o seu meio ambi-<br />

Ano II - N o 3<br />

3


ente e se utilizam desse conhecimento para auxiliar<br />

na gestão do planeta, têm uma consciência<br />

ambiental muito clara e muitas vezes mudam seu<br />

estilo de vida para se adequar a uma vida mais saudável<br />

ambientalmente. Os ecologistas são simpatizantes<br />

do projeto político ideológico que prega que<br />

o homem só poderá viver em harmonia com os outros<br />

seres vivos após uma mudança radical de sua<br />

sociedade industrial de consumo. Os ecólogos são<br />

os estudiosos das relações entre os organismos e<br />

destes com seu ambiente, são cientistas, teóricos<br />

ou práticos. Essas são classificações usadas para<br />

descrever as atitudes pessoais, mas não são<br />

excludentes dentro de uma mesma pessoa (em geral<br />

todos os ecólogos são ambientalistas, por exemplo).<br />

Existem alguns argumentos contra a utilização<br />

de canecas duráveis, principalmente das feitas<br />

de plástico. O principal é o aumento no consumo<br />

de água para se lavar essas canecas. Realmente a<br />

caneca aumenta o consumo doméstico de água, mas<br />

se pensarmos que a fabricação de copos descartáveis<br />

usa uma grande quantidade de água no processo,<br />

aproximadamente igual ao da produção da mesma<br />

quantidade de canecas, uma caneca em toda sua<br />

vida útil gastará menos água do que todos os copos<br />

descartáveis que seriam usados nesse mesmo período,<br />

portanto o uso de canecas é sim uma redução<br />

no consumo de água.<br />

Tornou-se emblemática por ser uma atitude<br />

também visual. A caneca é o símbolo, mas esse poderia<br />

ser outro, poderia ser a utilização de papel<br />

reciclado, poderia ser a produção de energia solar<br />

para consumo doméstico, entre diversos outros<br />

4<br />

Abril 2007<br />

exemplos que poderiam ser citados. Cabe a cada<br />

um pensar no seu dia a dia, no seu estilo de vida, e<br />

ver o que se pode fazer para termos um planeta<br />

mais saudável. A famosa frase de que se cada um<br />

fizer sua parte poderemos mudar o mundo pode<br />

até ser clichê, mas pode sim se tornar realidade!<br />

E uma boa maneira de ajudar é divulgando<br />

as idéias contidas nesse texto. Vamos reciclar nossas<br />

idéias! E ter uma atitude mais ecocêntrica (uma<br />

visão voltada ao ambiente, onde todos os organismos,<br />

incluindo o ser humano, interagem) e menos<br />

antropocêntrica.<br />

Clarissa Ruas, Bióloga, Ecóloga, Ambientalista<br />

(não ativista!) e algumas vezes Educadora Ambiental.<br />

(cbgruas@yahoo.com.br)<br />

Bibliografia Consultada e Recomendada:<br />

· CINQUETTI, Heloisa Chalmers Sisla (Org.); LOGAREZZI,<br />

Amadeu (Org.). Consumo e resíduo: fundamentos para o<br />

trabalho educativo. São Carlos: Ed<strong>UFSCar</strong>, 2006. 212 p.<br />

· LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo (Org.).<br />

Cidadania e meio ambiente. Salvador: Centro de<br />

Recursos Ambientais, 2003. 176 p. — (Construindo os<br />

Recursos do Amanha; v.1)<br />

· LAYARGUES, Philippe. O cinismo da reciclagem: o<br />

significado ideológico da reciclagem da lata de<br />

alumínio e suas implicações para a educação<br />

ambiental. In LOUREIRO, F.; LAYARGUES, P.; CASTRO, R.<br />

(Orgs.). Educação ambiental: repensando o espaço<br />

da cidadania. São Paulo: Cortez, 2002, 179-220.<br />

· TRIGUEIRO, André (Coord.). Meio ambiente no século<br />

21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas<br />

suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante,<br />

2003. 367 p.<br />

Ano II - N o 3<br />

Sites:<br />

· www.ambientebrasil.com.br<br />

· www.redeambiente.org.br


Locke, sustentabilidade<br />

e ecologia social<br />

“A ecologia não é nada se não se ocupa da interação entre as formas de vida para construir<br />

comunidades e desenvolverem-se como comunidades” (Murray Bookchin).<br />

Lá pelo fim do século XVII Locke dizia que o<br />

homem encontra-se naturalmente em um estado<br />

de liberdade...E todos são “providos de faculdades<br />

iguais, compartilhando de uma comunidade<br />

que é a natureza”. E mesmo sendo a natureza<br />

um bem comum, que produz frutos necessários à<br />

sobrevivência humana, é inevitável a apropriação<br />

desses frutos pelo homem no momento em que<br />

ele se utiliza dela individualmente ou dedica seu<br />

trabalho para sua transformação e posterior<br />

utilização. Ou seja, embora seja um bem comum<br />

naturalmente, “o trabalho de seu corpo e a obra<br />

de suas mãos são propriamente dele”. E desde<br />

que ainda haja bens igualmente e de boa qualidade<br />

para todos, o homem pode ter direito àquilo<br />

que se juntou.<br />

Guardar mais do que se necessita seria um<br />

ato um tanto quanto egoísta e desonesto...Os<br />

bens da natureza não podem ser desperdiçados,<br />

nem há necessidade de guardá-los em excesso!<br />

Mas o homem, espertinho como sempre foi, conseguiu<br />

tranqüilizar sua consciência... Inventou<br />

algo que pudesse ser armazenado sem culpa! Fez,<br />

então, o dinheiro e pôde acumula-lo sem desperdício,<br />

sem desrespeitar ninguém...Produz e retira<br />

da natureza o máximo que pode e acumula de<br />

uma forma “virtual”: acumula capital.<br />

E é em torno desse acúmulo que vivemos<br />

nossas vidas já há alguns séculos. E dedicamos<br />

nossas vidas (repare bem, dedicamos nossas Vidas<br />

(!!!), ou seja, somente o que de fato possuímos)<br />

para adquirir alguns bens e construir um belo<br />

túmulo para nossos corpos serem decompostos (só<br />

pra lembrar...). E na velocidade da luz retiramos<br />

do bem comum o máximo que pudemos antes que<br />

outro o faça, e a vida gira em torno disso! E ai de<br />

você se não achar necessário “batalhar” uma vida<br />

toda para aumentar seu capital e “melhorar de<br />

vida”. Somos animais (sim, somos...) que se não<br />

pagarmos por um lugar para viver, ficamos excluídos<br />

do mundo! E nem reivindicamos mais que a<br />

natureza é um bem comum... Perdemos nossas<br />

vidas visando objetivos impostos. E àqueles que<br />

não visam tais objetivos são dados inúmeros<br />

adjetivos...<br />

E agora todo mundo vem falar de<br />

Abril 2007<br />

sustentabilidade. Muito mais grave quando se fala<br />

em “desenvolvimento sustentável”, ai, isso é<br />

grave! Basta questionar que desenvolvimento é<br />

esse para perceber o quão paradoxal é esse<br />

termo: os EUA são desenvolvidos! Esse é nosso<br />

modelo de desenvolvimento. Pra quê, pra<br />

quem? Mas por que estamos falando tanto em<br />

sustentabilidade? Principalmente porque aprendemos<br />

em ecologia que a vida se equilibra e se<br />

sustenta dentro de ciclos... uma fuga constante<br />

da entropia. A forma como interagimos com ela só<br />

bagunça tudo isso. E subentendido nessa preocupação<br />

está a ironia dessa moda. A preocupação<br />

surge pois corremos o risco (quase certo) de não<br />

termos mais o que explorar, e aí nossa vida perderá<br />

esse ilusório sentido. Queremos manter nosso<br />

way of life, por isso as coisas têm que ser sustentáveis<br />

para continuarmos explorando! É claro!<br />

Mas não precisamos pensar muito para perceber<br />

que, nas atuais condições, isso é impossível. De<br />

acordo com Murray Bookchin, grande autor do<br />

movimento anarquista e ecologista, essas inúmeras<br />

ações rumo à sustentabilidade são “freadas”<br />

que só adiarão a destruição da Terra. Isso não<br />

significa que são desnecessárias, são importantes<br />

para “ganharmos tempo” para acordar. Parece<br />

dramático, mais é isso mesmo... Basta olhar os<br />

dados que já estão bem divulgados, até em nossas<br />

próprias pesquisas, mas nem nos sensibilizamos<br />

mais...Mas e aí? Pois é, Bookchin fala de uma tal<br />

de “ecologia social”, a qual baseia-se na mudança<br />

de uma “mentalidade que começou a desenvolver-se<br />

muito antes do capitalismo e que esta<br />

absorveu completamente”. Ao mesmo tempo em<br />

que devemos parar de ver a natureza como um<br />

quadro, não podemos nos esquecer de que o ser<br />

humano é um ser social único entre todas as<br />

espécies, de forma que a aplicação desse pensamento<br />

não pode ignorar nossa atual realidade e<br />

suas relações sociais. Talvez essa seja nossa única<br />

esperança: a mudança de valores humanos e o<br />

surgimento de um conseqüente “pensamento<br />

ecológico”.<br />

Como? Reciclando? Não, por favor! Não<br />

estamos falando disso... Precisamos perceber que<br />

somos parte da natureza e que com esse sistema<br />

Ano II - N o 3<br />

5


de dominação - que é extremamente aceito sem<br />

que percebamos - nunca alcançaremos a liberdade<br />

a que todos os seres terráqueos deveriam ter o<br />

direito. Sem a intervenção direta de todos os seres<br />

humanos nessas complexas redes sociais, buscando<br />

sempre a cooperação ao invés da competição (tão<br />

estimulada por tudo e por todos!), continuaremos<br />

Abril 2007<br />

Febre maculosa<br />

“Descreve-se um caso de febre maculosa brasileira numa paciente adulta, previamente saudável, que evoluiu<br />

para o óbito apresentando um quadro de exantema petequial associado à insuficiência respiratória e renal<br />

após 12 dias de doença caracterizada por febre, cefaléia, mialgia e diarréia. Teste de imunofluorescência<br />

indireta realizado em amostra de sangue foi reativo para IgM e IgG anti-Rickettsia rickettsii. “ (Lemos et al. 2002)<br />

A febre maculosa, causada pela bactéria<br />

Rickettsia rickettsii, tem este nome devido às<br />

manchas que aparecem na pele do doente. O seu<br />

nome original, em inglês, é “Rocky Mountains Spotted<br />

Fever”, ou seja, febre maculosa das Motanhas<br />

Rochosas. No Brasil, um dos nomes que a doença<br />

recebeu foi “Febre de São Paulo”, estado no qual<br />

foi descoberta aqui pela primeira vez. Nos Estados<br />

Unidos da América é a riquetsíase mais grave e com<br />

maior freqüência de fatalidades; no Brasil a situação<br />

não é diferente, e se a doença não for diagnosticada<br />

a tempo o paciente pode ter apenas duas semanas<br />

de vida.<br />

Riquétsias, junto com um outro grupo, as<br />

Clamídias, são bactérias parasitas intracelulares<br />

obrigatórios; diferentementes destas últimas, no<br />

entanto, as riquétsias são transmitidas por vetores<br />

animais, sobrevivendo muito pouco tempo fora deles.<br />

No caso da febre maculosa, o vetor é o<br />

carrapato-estrela (Amblyomma cajenense), parasita<br />

ávido pelo sangue de diversos animais,<br />

principalmente carraptos e cavalos. Não sendo<br />

exigente, ele se alimenta de sangue humano na falta<br />

de opções melhores (ou até mesmo na sua<br />

abundância, como acontece no caso do laguinho da<br />

<strong>UFSCar</strong>). A doenças é transmitida não apenas pelo<br />

carrapto adulto, mas também pelos jovens;<br />

diferentemente do adulto, a picada destes é indolor,<br />

difícil de ser percebida.<br />

Feita a picada e a transmissão da bactéria, a<br />

incubação (período antes do aparecimento dos<br />

primeiros sintomas) dura em média uma semana,<br />

podendo variar de 2a14dias. Os sintomas iniciais<br />

são febre moderada a alta, dor de cabeça, dores<br />

musculares, calafrios e dores abdominais. A seguir<br />

podem surgir pequenas manchas na pele de mãos,<br />

pés e tornozelos (na melhor das hipóteses), áreas<br />

com necrose (morte celular), até torpor, pressão<br />

6<br />

nessa ilusão do acúmulo e na correlação ilusória da<br />

felicidade com o consumo. E enquanto isso os bens<br />

comuns vão se esgotando em benefício de poucos,<br />

que ainda nos iludem dizendo que precisamos de<br />

muito. É preciso um despertar...<br />

baixa, inchaço das pernas, comprometimento das<br />

funções nervosas, coma e morte (na pior das<br />

hipóteses).<br />

É muito importante ficar atento aos sintomas<br />

iniciais depois de uma possível exposição ao carrapato,<br />

mesmo que nenhuma picada tenha sido percebida, já<br />

que as picadas dos jovens são indolores (os jovens<br />

não são muito grandes e só ficam no corpo do<br />

hospedeiro por alguns dias, até saciar sua fome e se<br />

preparar para passar para a próxima fase da sua vida).<br />

Os exames sorológicos são difíceis e demoram até duas<br />

semanas para dar resultados.<br />

160 casos de febre maculosa, com 70 óbitos,<br />

foram registradoss em SP de 1985 a 2004; é provável<br />

que tenha havido vários outros que não foram<br />

registrados, ocorrendo em áreas rurais etc. Uma das<br />

causas de sua incidência em certas regiões é a<br />

quantidade de capivaras presentes; a ESALQ<br />

(Piracicaba) possui um programa de controle de<br />

capivaras. Na <strong>UFSCar</strong>, onde as capivaras são muito<br />

menos abundantes, a situação não é tão grave; mas,<br />

mesmo assim, é importante tomar cuidado, pois o<br />

carrapato-estrela já foi encontrado na <strong>UFSCar</strong>, perto<br />

do lago e entre o lago e os alojamentos (onde as<br />

capivaras gostam de passear).<br />

Ano II - N o 3<br />

Máira Maia


Alguns cuidados pare se evitar a febre maculosa:<br />

- Evitar caminhar em áreas conhecidas por<br />

seresm infestadas de carrapatos, principalmente onde<br />

há capivaras e outros hospedeiros do carrapatoestrela,<br />

como cavalos e vacas;<br />

- Usar equipamento individual de proteção<br />

quando se caminha por essas áreas: calças compridas<br />

claras ou macacões; repelente; botas são bem-vindas,<br />

principalmente se as calças estiverem fixadas a elas<br />

com fita adesiva, por fora;<br />

- Vistoriar o corpo em busca de carraptos em<br />

intervalos de 3 horas;<br />

- O carrapato deve ser retirado do corpo de<br />

preferência com uma pinça, com leves torções para<br />

liberar as peças bucais. Espremer o carrapto pode<br />

provocar a entrada do seu sangue em alguma ferida<br />

na pele da pessoa, transmitindo assim a doença.<br />

“A vida secreta das plantas” é um livro<br />

incomum que busca dialogar a respeito de diversas<br />

esferas da vida vegetal. Apesar de<br />

as plantas serem muitas vezes consideradas<br />

seres inferiores, este livro<br />

nos mostra diversos estudos científicos<br />

realizados a mais de dois<br />

séculos envolvendo a relação planta/ser<br />

humano, inteligência e sentimentos<br />

das plantas, sensibilidade,<br />

memória, vontades, comunicação e<br />

até mesmo preferência por gêneros<br />

musicais.<br />

Interessados pelos estudos realizados<br />

por Cleve Backster, técnico<br />

do FBI, em 1967, os autores resolveram<br />

se aprofundar na vida misteriosa<br />

e por nós desconhecida das<br />

plantas. Backster descobriu através<br />

de um detector de mentiras utilizado<br />

em seu escritório que estes seres<br />

respondiam a estímulos emocionais<br />

de forma semeljante aos humanos. Quando<br />

estas eram ameaçadas entravam em pânico e quando<br />

eram cuidadas ficavam tranquilas.<br />

A partir deste primeiro contato, os autores<br />

Abril 2007<br />

Bibliografia<br />

Capivaras, carrapatos e febre maculosa:<br />

Esclarecimentos à população de Piracicaba e<br />

Região. Disponível em www.esalq.usp.br/instituicao/docs/<br />

esclarecimentos.pdf?PHPSESSID=f750c5a8f1ab5a335b<br />

252d70dcbce549 (é mais fácil procurar por febre<br />

maculosa capivara no google)<br />

Lemos, Rozental, Villela. Brazilian spotted fever:<br />

description of a fatal clinical case in the State of Rio de<br />

Janeiro. Rev Soc Bras Med Trop vol 35 no 5, 2002.<br />

Imagens retiradas de:<br />

http://www.cdc.gov/ncidod/eid/vol7no1/images/raoult<br />

1b.jpg<br />

http://www.arcabrasil.org.br/imagens/carrapatinhos.jpg<br />

Resenha do Livro ”A vida Secreta das Plantas”<br />

de Peter Tompkins e Christopher Bird, 1974<br />

entraram a fundo nos estudos realizados com plantas<br />

em todo o mundo, chegando a conhecer, por<br />

exemplo, os experimentos de Sir<br />

Jagadis Chandra Bose que, ainda no<br />

século XIX, descobria que apesar da<br />

aparência apática as plantas eram<br />

altamente sensitivas. E já nessa épo-<br />

Pavel Dodonov ca os estudos desta natureza eram<br />

ridicularizados ou ignorados por<br />

grande parte do corpo científico do<br />

mundo.<br />

O livro trata ainda de diversos assuntos<br />

como o plantio orgânico e a<br />

relação da planta com o solo bem<br />

tratado e cultivado, a reação delas<br />

às radiações e até mesmo estudos<br />

fotográficos do campo energético<br />

das plantas e sua capacidade de<br />

transmutar elementos químicos.<br />

É um livro que pode vir a transformar<br />

a sua relação com estes belos e<br />

desconhecidos seres que há muito habitam o planeta<br />

Terra e muito têm a nos ensinar.<br />

Ano II - N o 3<br />

Pavel Dodonov<br />

Júlia Vilela<br />

7


1- Evento realizado em comemoração ao dia<br />

do biólogo.<br />

2- Darwin graduou-se em Medicina e ________<br />

3- Campeonato de futebol anual da Biologia.<br />

4- Produto inventado por brasileiros utilizado<br />

para descobrir manchas de sangue.<br />

5- Festa mais popular da Biologia.<br />

6- Professora da primeira turma de Biologia que<br />

leciona atualmente. (escrito ao contrário)<br />

7- Nome do antigo jornal da Biologia, realizado<br />

pelo C.A.<br />

8- Nome da fazenda em que a <strong>UFSCar</strong> foi<br />

construída.<br />

9- Idade com que Darwin publicou “A origem<br />

das espécies”.<br />

8<br />

verticais<br />

Abril 2007<br />

Cruzadinha<br />

horizontais<br />

1- Lei da ________. Cria regras para realização<br />

de atividades de biotecnologia.<br />

2- Última vice-coordenadora dos cursos de<br />

bacharelado e licenciatura.<br />

3- Mês em que fica o dia do biólogo.<br />

4- Número de alunos com a qual a <strong>UFSCar</strong> foi<br />

inaugurada.<br />

5- Grupo da Biologia relacionado aos Sistemas<br />

Agroflorestais.<br />

6- Número de departamentos que o Curso de<br />

Ciências Biológicas possui.<br />

Ano II - N o 3


Rosca de leite condensado<br />

INGREDIENTES:<br />

- 4 ovos<br />

- 4 tabletes de fermento<br />

- 1 lata de leite condensado<br />

- 1 lata de leite<br />

- ½ lata de óleo (mede - se na lata de leite<br />

condensado)<br />

- 1 pitada de sal<br />

- 2 colheres de açúcar<br />

- 1 kg de farinha de trigo<br />

MODO DE PREPARO:<br />

- Bata todos os ingredientes.<br />

- Depois coloque a farinha de trigo e misture<br />

bem.<br />

- Deixe descansar 2 horas.<br />

- Enrole as roscas como quiser e ponha no sol<br />

para crescer.<br />

- Coloque uma bolinha de massa num copo<br />

d’água, quando este subir você poderá assar<br />

as roscas em forno quente.<br />

- Quando estiverem quase assadas polvilhe<br />

açúcar e leve novamente ao forno até corar<br />

hummm..............<br />

Participe do Bio-esfera!<br />

Abril 2007<br />

CERRADO ADENTRO<br />

Se você gostou de alguma das nossas matérias, entre em contato<br />

conosco. O jornal Bio-esfera está aberto à sua participação. Colabore com as<br />

próximas edições! Escreva para os endereços de e-mail presentes nos créditos<br />

do jornal ou nos contate pessoalmente - a sala do Pet fica no 2º andar do<br />

CCBS, no final do corredor à frente da escada. O Bio-esfera te espera!<br />

Vejo afora do mato ralo,<br />

o mato seco<br />

raso<br />

o mato turvo, curvado,<br />

parecido morto<br />

mato calado.<br />

Se lá fora não havia o espaço desejado<br />

construído, moldado,<br />

não importava se fora queimado<br />

o mato seco<br />

esturricado, dali preconceituado.<br />

Motivado, pelo desenvolvimento empenhado<br />

me coloquei adentro<br />

o machado empunhado<br />

fogo marcado,<br />

no meio, entre, dentro<br />

me meti,<br />

cego humano ocupado<br />

mas vi aí<br />

atento atônito<br />

outro legado:<br />

Cerrado aflorado<br />

o mato bravo<br />

a beleza escondida sem corcovado<br />

beleza em curva, crua<br />

mato matuto, retorcido, não resignado.<br />

Canto em concerto de Seriema<br />

chuva de cheiro<br />

cheiro de guará notado<br />

Lobeira em beira de trilha<br />

gosto de pequi ,gabiroba<br />

Quaresmeira em punho cerrado<br />

flor comunista<br />

foice resistente em colorido declarado.<br />

Parte,<br />

como uma parte<br />

de Cerrado desfrutado, desbravado<br />

uma mulher, um homem, humano humanizados<br />

em natureza plena<br />

o meio vivo<br />

o todo<br />

em Cerrado<br />

visto de dentro, adentro<br />

cerrado avivado.<br />

Ano II - N o 3<br />

RAQUEL NEGRÃO<br />

9

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